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Emprestando O Desejo: A Terra

Dr. Michael LaitmanA Torá, “Levítico”, 25:25 – 25:27: Se alguém do seu povo empobrecer e vender parte da sua propriedade, seu parente mais próximo virá e resgatará aquilo que o seu compatriota vendeu. Se, contudo, um homem não tiver quem lhe resgate a terra, mas ele mesmo prosperar e adquirir recursos para resgatá-la, calculará os anos desde que a vendeu e devolverá a diferença àquele a quem a vendeu; então poderá voltar para a sua propriedade.

A terra deve retornar aos seus donos originais e a pessoa não deve fazer um esforço para conquistá-la. Ela não deve ser tomada de volta à força, mas sim devolvida conforme acordos que levam em conta todos os detalhes.

Basicamente, não se trata de um pedaço de terra, mas de uma pessoa e seu desejo. É difícil entender o que significa alugar o desejo. Será que eu deixo o meu desejo a alguém e ele trabalha nele? O que eu ganho com isso? Como ele pode me pagar?

Por exemplo, há pessoas que podem corrigir o meu desejo no nível espiritual do trabalho agrícola, e há aquelas que possuem a terra e podem se beneficiar dela alugando seus desejos aos outros para que eles trabalhem e recebam a colheita.

A fim de compreender o significado de alugar os meus desejos a alguém, nós temos que pensar em como as pessoas devem se relacionar entre si, a fim de alcançar a correção juntas. Como elas compram e vendem? Como elas se conectam e se incorporam uma na outra, a fim de atingir o jubileu?

Comentário: Se dissermos que nada é meu, eu viso o jubileu de qualquer maneira. Eu tenho um objetivo, que é chegar ao Templo, Bina, e ignoro o fato de que o caminho para isso é sujo e que bêbados estão deitados na calçada, por exemplo, uma vez que estou caminhando para a meta.

Resposta: Não, você não vai alcançá-la se não olhar para os lados, já que atingir Bina significa ser incorporado em todos, levando-os à correção em suas costas. Então, onde está o seu atributo de doação? Com que base você o cultiva, organiza e aumenta? Afinal de contas, não é uma caminhada rumo à Bina, mas criá-la dentro de você. Ela não existe fora de você.

Pergunta: Será que isso significa que eu só posso subir se incluir tudo dentro de mim e processá-lo?

Resposta: É claro! Tudo dentro de você deve ser organizado de tal maneira que você é levado ao atributo de Bina. Isto significa que, internamente, você alcançou um estado que você elevou dentro de si e que não existe fora em nenhuma forma ou lugar, já que o mundo inteiro está dentro de você. Portanto, você não pode ignorar os bêbados e a sujeira e não corrigi-los. É muito fácil fazer isso mutuamente. A principal coisa é alcançar a reciprocidade.

O primeiro nível é o mais difícil. Depois disso, tudo se torna muito mais fácil e simples, e ao mesmo tempo muito mais difícil. É porque quanto mais elevado o nível de uma pessoa, maior o seu desejo e as interrupções que ela encontra. Por um lado, ela já tem um livro guia interior que a ajuda a compreender e encontrar o caminho de volta, mas, ao mesmo tempo, há uma maior confusão e problemas maiores.

Pergunta: Qual é o significado de alugar minha terra ou vender minha terra?

Resposta: Significa agarrar-se a outras pessoas, para que junto com elas, que parecem estranhas, eu possa corrigir a terra, pois, caso contrário, não posso corrigi-la sozinho.

Somente ao se conectar com outra pessoa é que eu posso corrigir a parte da natureza inanimada do meu desejo, que é a terra, e, depois, nós dois podemos nos tornar donos temporários da terra. A fim de fazer isso, nós temos que aceitar os desejos dos outros como desejos comuns e, portanto, cultivar a terra (a Terra). Isso significa que tudo é destinado ao amor ao próximo, à conexão com os outros, até que nos tornemos um todo comum. Todas as leis da Torá apontam nesse sentido.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 13/08/14

E Então Vocês Ouvirão Música

Dr. Michael LaitmanA Torá, “Levítico 25:19”: Então a terra dará o seu fruto, e vocês comerão até fartar-se e ali viverão em segurança.

Se nós estivermos em conformidade com o programa geral da natureza, nós começaremos a viver em harmonia com ela. Nada vai ficar confuso na natureza: você vai semear o campo, a chuva vai cair, virá o tempo para a colheita das culturas, o sol vai sair, e tudo ficará normal.

Nós precisamos dirigir o vasto organismo da natureza, de modo que ele nos influencie positiva e beneficamente na saúde, família, animais, colheita, e em tudo. Diante de nós, está um imenso mecanismo e nós podemos direcioná-lo de modo que a chuva caia ou o sol saia.

Tudo vai soar harmonioso, como um instrumento musical bem afinado. É necessário investir apenas um pouco de esforço, mas principalmente entender como alcançar a harmonia. E depois de entendermos isso, vamos dedilhar algumas cordas e você vai ouvir a música.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 13/08/14

O Método Para Descobrir O Criador

Dr. Michael LaitmanPergunta: Eu sempre senti que algum tipo de força superior existe que move tudo. Mas nós não sentimos isso claramente, e certamente nem todo mundo sente que ela existe. Por que ela não é revelada? Ela está se escondendo de nós?

Resposta: Isso é o que está escrito: “… um Deus que oculta….” (Isaías 45:15). Mas o problema é que nós temos que estar adaptados à descoberta desta força superior, o Criador.

De todas as formas na natureza em que vivemos, nós percebemos apenas uma pequena fração, um fragmento minúsculo de toda a natureza, dependendo de quanto entra nos nossos cinco sentidos; visão, audição, olfato, paladar e tato. Ao expandir a gama de absorção destes cinco sentidos, com a ajuda de todos os tipos de instrumentos diferentes, nós sentimos um pouco mais, vemos maiores distâncias, ouvimos outras faixas de frequência, através do rádio, etc.

Para perceber a força superior, o Criador, nós também precisamos expandir nosso aparelho perceptivo; caso contrário, não identificam essa força. Da mesma forma, em torno de nós existe uma infinidade de fenômenos naturais que não podemos reconhecer.

Portanto, há um método chamado a sabedoria da Cabalá (Cabalá vem da palavra “recepção”), que nos ajuda a receber, descobrir, a força superior. Assim, ela também é chamada de sabedoria secreta, porque tudo o que foi escondido antes de nosso envolvimento com este método se revela.

Assim, quando uma pessoa está envolvida com o estudo da sabedoria da Cabalá, ela expande seus sentidos na direção certa para descobrir o Criador, descobrindo a força superior. A pessoa começa a sentir-la e, assim, todas as suas questões são resolvidas. Ela entende por que está viva, como viver de maneira correta, o que é possível alcançar nesta vida, e sua vida começa a ser mais feliz, porque ela já não vive como uma pobre pessoa cega que habita na escuridão total.

Do Programa da Radio Israelense 103FM, 08/01/15

A Limpeza Diária No Coração

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que é tão importante celebrar Pessach (Páscoa Judaica) e observar suas condições?

Resposta: Este feriado judaico não é para comemorar um determinado dia na história. Pelo contrário, cada dia você tem que sentir como se saísse do Egito, tudo de novo.

Sair do exílio não é um evento antigo que nunca vai acontecer de novo. Todos os dias você tem que subir ainda mais acima de seu egoísmo e unir-se com outras pessoas através de laços de bondade.

O que nós celebramos em Pessach é o fato de que temos esta oportunidade. Nenhuma nação além de Israel tem a oportunidade de subir acima de seu egoísmo, para se unir e começar a sentir realmente como nós subimos acima da nossa natureza.

Pergunta: Então, os feriados são um tipo de lembrete?

Resposta: Os feriados são um programa com o qual temos que trabalhar dia após dia. Tudo depende de qual nível a pessoa se encontra. Nós estamos sempre em movimento, através de estados interiores especiais chamados Pessach, Sucot, Shavuot, Tu Bishvat,  dia 9 de Av, e assim por diante.

Pergunta: Por que há uma tradição que é passada de uma geração para a outra de realizar a refeição festiva de Pessach, quando os pais dizem aos seus filhos sobre o êxodo da escravidão no Egito?

Resposta: É porque nós precisamos aprender – ensinar os outros – sobre a ordem de sair do Egito, ou a ordem em que nos elevamos acima do nosso egoísmo e nos unimos com os outros, alcançando finalmente a garantia mútua e a unidade em torno do Monte Sinai (a montanha de ódio mútuo). O pai tem que ensinar seu filho a maneira certa de se unir com os outros.

Tanto pai quanto filho (meu estado ontem e meu estado hoje) estão dentro de mim todos os dias. Tudo acontece dentro da pessoa e no interior da nação.

Pergunta: O que você diria a uma pessoa moderna que não vê qualquer outra coisa neste mundo que não seja ela mesma e seu telefone celular? Como você lhe diria sobre a conexão entre as pessoas, sobre os diferentes tipos de relacionamentos? Que tipo de nova vida você pode prometer-lhe?

Resposta: A harmonia universal, a conexão entre as pessoas, é semelhante a um time de futebol perfeitamente coordenado, ou até mesmo a máfia, que estão ligados por laços estreitos. Esta conexão sempre faz a pessoa se sentir confiante, feliz, lhe dá um bom senso de unidade e de inclusão mútua nos desejos dos outros. Ela pode chegar a uma unidade de tal magnitude que desde dentro ela vai saber tudo o que os outros sabem.

Como todos nós estamos dentro de um sistema, o conhecimento e as sensações do mundo inteiro podem fluir entre nós, sem qualquer limitação. Os cientistas estão revelando que o nosso cérebro é um modem conectando-nos ao repositório comum de informação que está no ar.

Pergunta: Por que as crianças de hoje não são tão felizes?

Resposta: Porque elas atingiram um nível de egoísmo que não podem encontrar satisfação. No passado, se uma família tinha um quarto para morar, isso era suficiente para que eles fossem felizes. Mas hoje cada pessoa precisa de um apartamento separado e um carro para dar uma volta sozinha. Nós estamos sempre nos isolando e cada pessoa se encerra dentro de si.

Ninguém se sente feliz, e a razão para isso é o nosso isolamento. A felicidade só pode ser sentida quando você sente como  a energia, a força, e o calor fluem dentro da nossa conexão com o outro.

A solidão é a escravidão egípcia e vale a pena sair dela.

Do Programa da Radio Israelense 103FM, 15/03/15

Anti-Vida É A Vitória Sobre A Morte

laitman_569_01Hoje, uma pessoa percebe a vida apenas como recepção, absorção, consumo, aquisição e realização para si mesma. É assim que ela anda por aí até que se cansa dessa vida, se aposenta, passa alguns anos nas filas nos postos de saúde, e, finalmente, morre.

Mas existe a possibilidade de se elevar a um outro nível de existência: conduzir a vida através da doação e não do consumo. E isso não é por meio de benevolência e caridade, onde você ajuda os pobres monetariamente; pelo contrário, é a vida além do nosso ego. A vida fora do ego dá um sentimento de anti-vida, anti-morte, anti-mundo, como é dito: “Eu vi um mundo de cabeça para baixo” (Baba Batra 10b).

Existe outra forma de vida paralela ao nosso mundo. A sabedoria da Cabalá nos ensina como atingir a nova forma de vida. Essa é uma vida de cabeça para baixo, não dentro do ego, que engole e absorve tudo para si, e nem dentro do desejo de receber e desfrutar, mas dentro do desejo de doar, de amar.

Esse não é o mesmo amor egoísta que é familiar para nós neste mundo. Amor é quando eu saio de mim mesmo e estou incluído nos desejos dos outros e, assim, vivo dentro desses desejos, sem levar em conta a mim mesmo. Um estilo de vida como esse não é limitado pela intensidade do prazer que você pode obter.

Esse não é o prazer dentro do corpo físico, que não pode comer e beber sem limite. Na doação eu não sou limitado por nada, porque saio aos outros. Eu não estou limitado pela vida deste corpo biológico, mas estou fora dele e é onde eu sinto a minha vida.

Meu corpo permanece, mas ele vive perto de mim, como um animal domesticado que vive ao lado de um ser humano. A minha parte interior que sai de mim e está incluída nos outros é chamada de Adam (Homem). E essa parte de mim, o corpo biológico e bestial que permanece, vive como de costume. Vive o seu tempo previsto, indo aos médicos até que seja levado para o cemitério.

Comentário: Mas uma pessoa lutando com problemas físicos diários não está interessada em conceitos elevados, como a vida fora do corpo.

Resposta: Cada pessoa está preocupada com as mesmas questões da vida e da morte. Mas até mesmo a vida normal é impossível organizar hoje sem estar incluído na rede correta, sem equilibrar a nossa recepção e doação, e sem se conectar uns com os outros com as conexões mútuas corretas. A sabedoria da Cabalá nos obriga a organizar nossas vidas dessa maneira.

Do Programa da Radio Israelense 103FM, 08/03/15

Como Um Feixe De Juncos —Pluralmente Falando, Parte 5

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 9: Pluralmente Falando

Afetando a Coesão Social Através do Ambiente Social

O Legado Do Guerreiro Deixado À Sua Descendência

Hoje, um número suficiente de pessoas compreende que o único modo de evitar uma catástrofe global é se unir. Isso pode ser chamado por outros termos, tais como “colaboração”, “coordenação”, ou “consideração”, mas qualquer que seja o termo, é justo dizer que já compreendemos que somos interdependentes e interconectados. Esta realidade cria uma situação onde estamos de fato unidos em todos os nossos sistemas globais. Contudo, na medida em que estamos conectados, estamos também emocionalmente alienados e rancorosos com a situação.

Uma maneira de resolver este contraste é tentar nos “desglobalizar”. Embora não haja dúvida que desmontar a corrente de abastecimento dos países em desenvolvimento e produzir tudo nacional causaria enormes desafios econômicos e financeiros, alguns dizem que valeria o preço. Talvez, mas valendo a pena ou não, ninguém nega que o isolacionismo teria um preço robusto. Além do mais, aos olhos de alguns, esta noção é completamente irrealista. O economista Mark Vitner, pessoalmente, descreveu a tentativa de desatar a interconexão global como “tentar reconstituir ovos mexidos. Não pode ser feito facilmente”. [i]

A opção contrária à desglobalização é abraçar a globalização, expandi-la, coordena-la, aperfeiçoa-la, e ao mesmo tempo aprender a se gostar para que todos se beneficiem da prosperidade. Tudo o que nós precisamos para alcançar isso é do método pelo qual mudamos nossos padrões de pensamento de eu (concentrado em mim mesmo), para nós (concentrado em todas as outras pessoas), para um (concentrado na sociedade como uma única entidade).

Hoje, praticamente 4000 anos depois da fuga de Abraão da Babilônia o mundo está pronto para escutar. Nós sofremos o suficiente, e nos tornamos demasiado espertos para pensar que podemos fazer isso sozinhos, que podemos mostrar à Mãe Natureza (ou a Deus) que não precisamos dela porque somos mais fortes e espertos.

[i] Associated Press, “A recessão provavelmente será a mais longa na era pós-guerra”, MSNBC (março de 2009), http://www.msnbc.msn.com/id/29582828/wid/1/page/2/