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Um Juramento Que Não Pode Ser Quebrado

laitman_528_02A Torá, “Levítico”, 23:24-23:25: …No dia primeiro do sétimo mês vocês terão um dia de descanso (Shabat), uma reunião sagrada, comemorada com toques de trombeta (Shofar). Não realizem trabalho algum, mas apresentem ao Senhor uma oferta preparada no fogo.

A pessoa é um desejo de receber, de desfrutar. Não há nada nela, exceto um desejo egoísta. Isso significa que ela tem que se limitar de alguma forma e sacrificar seu ego. Eu, por exemplo, parei de fumar, se é que isso pode ser contado como um sacrifício de certos prazeres.

Na verdade, não é um sacrifício, mas um cálculo simples: eu quero ser mais saudável, o que significa que sob a influência do ambiente a pessoa calcula o que é mais benéfico e o ambiente aumenta os benefícios desta ação específica. Foi o que aconteceu quando eu parei de fumar. Eu estava com um casal de amigos e nós juramos um ao outro que iríamos parar de fumar. Todo mundo jogou seu maço de cigarros no centro do círculo e nós juramos que nos empenharíamos em manter o juramento.

Em outras palavras, se eu prometi aos meus amigos no círculo, eu tenho que manter a minha promessa, uma vez que se tratava de uma ação espiritual que eu estava prestes a realizar com os amigos com quem cheguei a esta decisão unificada. Eu queria estabelecer uma conexão ainda maior com eles através dessa ação, que é a preparação para o sentimento da revelação do Criador, e assim eu vejo isso como uma ação espiritual.

Não há maior traição do que quebrar um juramento (promessa), porque é trocar um estado pelo outro quando elevamos a decisão terrena ao nível espiritual. De um modo geral, com tal anseio pela unidade nós podemos nos comprometer com qualquer coisa e isso vai ser alcançado. Isso já depende das pessoas.

Pergunta: Por que as pessoas às vezes quebram seus juramentos (promessas)?

Resposta: A pessoa se desprende do círculo. Existem duas abordagens que ela deveria constantemente renovar internamente e até mesmo cultivar: primeiro, ela se agarra ao ponto de vista de que agora ela é muito mais do que plena, perfeita, mais pura e superior em comparação com o estado em que estava antes, quando fumava, por exemplo, e, assim, atinge um novo nível. Em segundo lugar, ela tem que sentir constantemente que está na frente de seus amigos e que não pode traí-los, já que o Criador é um testemunho desse juramento.

Se eu continuo me encorajando de que estou num nível superior ao que estava antes, ou que estou diante dos amigos e prometo-lhes (na verdade, não para eles, mas para mim mesmo) que nunca mais vou fumar um cigarro, isso me dá energia e eu sinto que nada é tão difícil. Eu sei que poderia sofrer muito se não fosse pelos amigos, uma vez que a fisiologia de uma pessoa não muda. Mas é, na verdade, porque eu imagino que estou comprometido com eles que não tenho nenhum problema.

Para nós foi uma lembrança de Israel. Nós entendemos que havíamos nos reunido não simplesmente para parar de fumar, mas que também pudéssemos usar este meio (o grupo), a fim de nos purificarmos ou até mesmo para percebermos que isso era possível, com a ajuda da sabedoria da Cabalá e nosso avanço.

Pergunta: A que se refere o toque do Shofar neste caso?

Resposta: O toque do Shofar refere-se a algo que não pode ser expresso, que decorre do coração, não de um indivíduo, mas de todos juntos. O toque do Shofar simboliza esse estado, que decorre de Malchut que quer que o Criador apareça, a fim de realizar uma conexão espiritual e dar à Luz ao próximo nível.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 11/06/14

Uma Deficiência Digna Do Nosso Esforço

Dr. Michael LaitmanNós temos que tentar dar o nosso melhor ao máximo, a fim de avançar à meta da criação. Afinal de contas, esta estrada é muito mais do que o nosso desenvolvimento natural.

Uma Noz Dura

A natureza nos empurra para frente e desenvolve diferentes desejos e deficiências em nós; e nós, é claro, corremos atrás e buscamos o que nos falta. O que nos falta são prazeres que estão associados à comida, sexo, família, dinheiro, honra e conhecimento.

Esta é também a forma como os macacos constantemente cuidam de suas necessidades, e de sua lista de necessidades semelhantes às nossas. Na verdade, nós temos um estilo de vida comum: estabelecemos a mesma hierarquia social na sociedade humana; amamos o poder, e, além disso, amamos dinheiro. A natureza nos obriga a fazer isso e é assim que avançamos.

Mas nós não temos avançado de forma significativa nesta forma natural e não mudamos a sociedade humana de forma significativa nos últimos 5 a 50000 anos.

Se falamos da meta da criação, no entanto, trata-se de se tornar equivalente ao Criador, aderir-se a Ele. O Criador é uma força oposta à nossa natureza. Nós temos uma ligeira inclinação a ela que está envolta numa variedade de “vestes” muito sutis, cobertas por uma casca como uma noz.

Para alcançar a meta da criação, nós temos que estar equipados com uma nova deficiência não prevista pela natureza. Esta deficiência, o anseio pela meta da criação, não vai crescer em nós por si só; nós precisamos desenvolvê-la dentro de nós por nossos próprios esforços, certamente com a ajuda dos meios que nos foram dados: a sociedade, o método (a Torá), e o professor.

O problema é que muito poucas pessoas querem isso, menos ainda tendem a verdadeira busca, e menos ainda alcançam o que é desejado.

Saindo da Selva

A verdade é que hoje as coisas estão mudando, pois estamos diante de golpes globais que ameaçam toda a humanidade. Esses golpes nos obrigaram a pensar numa nova sociedade que não está organizada de acordo com uma hierarquia ou classes sociais que sempre elevam aqueles que são mais ricos e poderosos.

As coisas estão igualmente dispostas no mundo animal. De um modo geral, esta é a estrutura natural de um grupo, uma nação, uma sociedade, a humanidade: o maior babuíno bate no peito e exige submissão e obediência dos outros. Nós somos iguais: vivemos numa selva geral divididos em bandos.

Mas a nova natureza, a meta da criação, exige uma nova organização e reforma de nós; ela exige que nos tornemos um círculo, conectados, uma sociedade. Ela exige novos valores que não são baseados sequer no desejo de conhecimento, o que também dá um pouco de força, mas no amor e doação, no cuidado mútuo geral.

Ela exige que todos possam estar em pé de igualdade com os outros em vez de tentar dominar o outro. Em contraste com o velho paradigma, quanto mais uma pessoa sai de si mesma em direção ao cuidado do outro, ela pode se tornar mais adaptada à verdadeira meta da nossa evolução, que é o que devemos alcançar.

É hora de ser equipado com uma nova deficiência que se torna um círculo, uma conexão fora de mim, onde eu não tenho interesses próprios.

O Nascimento do Homem

Mas para eu florescer, algo chamado Adão (homem) precisa ser revelado; há a necessidade de um ambiente diferente que me forneça os exemplos corretos dos novos valores. Onde eu posso obter a necessidade disso? A natureza não me equipa com ela porque senão eu permaneceria um babuíno ainda que de outro tipo.

No entanto, um ser humano não é apenas uma estrutura social diferente, nem apenas a igualdade com os outros. Não, é uma atitude, uma inclinação; essa relação, conexão mútua, deve ser consciente de minha parte, para que eu queira a doação por causa de seu valor especial. Além disso, eu não tenho nenhuma inclinação por ela, nenhum poder que me desperte e me obrigue a desejá-la.

Aqui nós devemos de alguma forma estar equipados com um desejo, com uma nova direção, para a qual não temos nenhum desejo. A fim de fazer isso, há a força superior, a natureza, o plano da criação, que prepara uma ajuda para mim de uma maneira oposta, de modo que durante o processo de reconhecimento do mal, eu ainda seja capaz de compreender quem e o que eu sou. Gradualmente, por fases muito difíceis na ordem de causa e efeito, eu vou entender que deficiência eu tenho que desenvolver dentro de mim, a fim de continuar o meu avanço acima dela.

Quando eu entendo o problema que estou enfrentando na construção de um ser humano a partir do estado de um babuíno, eu considero esta nova deficiência como uma coisa muito valiosa. Se ela é revelada em mim, pelo menos até certo ponto, eu estou muito feliz porque é assim que um ser humano nasce, que está pronto para ascender acima da criação.

Exatamente o Oposto

Nós temos que nos relacionar com a deficiência que aparece em nós através da inclinação ao mal que o Criador criou. Ela é chamada por diferentes nomes: Faraó, Bilam, Balak, e Amaleque. Há 70 nomes para a inclinação para o mal, e em todos os níveis e em todos os estados, eles servem como ajuda contra, oposta à meta, e me permite avançar em direção a ela.

Esta ajuda invoca uma inclinação, um desejo em mim, que está focado justamente na meta. Isso me ajuda de forma qualitativa para que eu possa gradualmente entender como é diferente esta nova meta de meus sentimentos e mente atuais. Portanto, nós temos que nos relacionar com todas as perturbações que são invocadas em nós com grande sensibilidade.

Dias Vermelhos no Calendário

A mesma coisa se refere a todos os feriados judaicos e os dias vermelho no calendário. Rosh Hashana, Yom Kipur, Sucot, Simchat Torá, Tu Bishvat, Purim, Pessach, Lag Ba’omer, Shavuot e o dia 9 de Av são todos estados ao longo do caminho em que uma nova deficiência é revelada, uma revelação do novo mal que nos permite usá-lo corretamente, de forma intencional e consciente.

Isso é revelado dentro de nós desta maneira para que possamos ser livres em nosso avanço rumo à meta de uma forma consciente, como seres humanos e não como babuínos que a natureza empurra e que correm à frente apenas pela força do ego. Nós descobrimos diversas forças e equilíbrio entre elas.

A principal coisa que podemos aprender com estes feriados é que deficiências especiais nós precisamos descobrir a fim de ascender a todos os níveis que os feriados e dias especiais representam. Eles exigem uma deficiência que está focada em atingir a meta.

Essa deficiência decorre do nível humano que é externo a nós. Se olharmos corretamente para os problemas que surgem, vamos discernir a ajuda contra a força criativa dentro deles.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 02/03/15, Escritos do Rabash

Ação De Disseminação Não É Fácil

laitman_254_02Pergunta: Por que muitos grupos de Cabalá não estudam artigos do Baal HaSulam, tais como a “Entrega da Torá”,”Arvut“, etc., mas se concentram no Talmud Eser Sefirot e O Livro do Zohar?

Resposta: É porque isso não os obriga a fazer nada. Ao estudar o TES ou O Livro do Zohar, eles não pensam no principal mandamento que é “Ama teu amigo como a ti mesmo”, que deve se espalhar por todo o Israel. Isso ocorre porque a nação de Israel, e mais tarde o mundo inteiro, precisa retornar à unidade geral, ao Criador.

Pergunta: Será que nós vemos ao menos algum movimento e progresso em direção a isso deles? Se, por exemplo, eu estou ocupado com os meus pensamentos mais corrigidos ao fazer algum mandamento físico, será que com isso eu corrijo a minha relação com os amigos ou a minha atitude para com o mundo?

Resposta: Com o meu ser ocupado apenas na correção pessoal, eu me torno um egoísta maior, porque sinto como se estivesse fazendo alguma coisa. E lembre-se, quando um homem é puxado para a disseminação, ele inicialmente sente uma enorme resistência a ela, até que começa a sentir que, exatamente nesta ação, se encontra a base da correção. Não temos outro caminho senão disseminar ao grande público, o que para nós é o principal. Como está escrito: “Quando o Messias virá? Quando a Torá for disseminada em toda a nação”.

Se nos colocarmos na ação de mandamentos rígidos com intenções sem entender seus significados internos, nós nos limitamos e nos restringimos tanto que nunca seríamos capazes de sair às pessoas com este método. Elas não receberiam de nós, nem nos compreenderiam; em vez disso, nos perceberiam como um culto ou apenas como pessoas religiosas que, além de tudo o resto, também estudam a sabedoria da Cabalá.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 14/05/15

A Deficiência Pela Imagem Daquele Que Doa

laitman_236_01Pergunta: O que é uma deficiência pela equivalência com o Criador? Pelo que eu devo ansiar?

Resposta: Eu tenho que descobrir qual a forma daquele que doa deve ser revelada sob as condições de cada ocultação quando sinto que algo dói ou quando algo dá errado. Se uma determinada deficiência (ou seja, que eu sinto que me falta algo) é revelada neste mundo, que é todo o meu desejo, isso significa que me falta apenas uma coisa: a revelação do Criador.

Mas eu tenho que determinar exatamente o caminho. Eu não simplesmente grito que me sinto mal. Isso é totalmente errado. Eu estou inclusive contente que sinto uma deficiência e sou grato pela mente e os sentimentos que me foram dados, que me permitem compreender que essa é uma deficiência pelo Criador. Isso foi feito de propósito para que eu preste atenção nele.

Assim, eu desenvolvo uma deficiência pela imagem de quem doa, não para me sentir bem no meu ego, mas para ter a oportunidade de descobrir o Criador e para agradá-Lo. Eu nem quero sentir isso; eu não quero receber uma recompensa desta forma.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 02/05/14, Escritos do Rabash

A Luz Da Torá E A Influência Da Mitzvah

laitman_527O Zohar com o “Comentário Sulam“, “Parshat Tzav“, parágrafo 50: Além disso, “O fogo arderá continuamente sobre o altar…”. Esta é a Torá; isso é o que é dito sobre ela. “Certamente, as minhas palavras são como fogo”, diz o Criador, você certamente não vai extingui-las, pois uma transgressão não extingue a Torá. Mas uma transgressão extingue uma Mitzvah….

Há Torá e há Mitzvah. Torá é a Luz geral que age sobre nós e nos faz avançar. Este é o sistema geral.

Suponha que no mundo físico, a física e as leis em que nós existimos nos ajudam a explorar algum espaço. O mesmo ocorre com a Luz da Torá. Ela nos mantém em níveis espirituais o tempo todo; não faz diferença se estamos acima, abaixo, numa descida ou subida. Nós estamos em descidas e subidas o tempo todo, uma vez que devemos cair constantemente no ego e transformá-lo em altruísmo até nos movermos por todo o nosso ego e corrigi-lo por meio do altruísmo.

As intenções “a fim de receber” são deixadas de lado e nós movemos nossos desejos para o outro lado com as intenções “a fim de doar”. A queda no ego e a nossa saída dele são semelhantes ao movimento de um pistão para cima e para baixo, do menor ponto crítico ao ponto mais alto onde nos encontramos em estados contrastantes: com uma intenção altruísta ou uma intenção completamente egoísta. A fim de sair deste estado existe uma força geral chamada Torá, a Luz que nos avança.

A queda num estado inferior é chamada de pecado. A subida para o estado mais elevado é chamada de Mitzvah, correção. Nós estamos constantemente entre o pecado e a correção, pecado – correção. Por isso, diz, “Não há Tzadik (justo) na terra que faça o bem e não tenha pecado” (Midrash Rabá Kohelet 7), e só depois que ele corrige o pecado é que se torna um Tzadik. O estado em que eu me encontro no ponto alto depois de ter corrigido o pecado é chamado de Mitzvah. É assim que a ignição é criada em mim. Da mesma maneira que um êmbolo que atinge o ponto mais alto quando comprime a mistura de combustível e entra em ignição, a Luz também aparece em mim, que é uma força adicional pela qual eu avanço.

Graças a esse poder de movimento, eu começo a entender mais, a reconhecer, a ver, ser integrado em tudo. É exatamente isso que me ajuda e me obriga a descer para a próxima situação, num ponto ainda mais baixo, num ego maior. Afinal, se eu acumular energia suficiente, eu posso descer, perceber meu desejo egoísta, descer na escuridão absoluta, passar pelo ponto mais baixo e subir novamente.

A Mitzvah é um estado elevado, uma Luz adicional que é criada como resultado da queima do meu poder egoísta, transformando-o em altruísmo. Isto significa que na Luz geral da Torá é adicionada a Luz chamada Mitzvah. Tanto a Torá como a Mitzvah existem apenas na parte superior. A Luz adicional possibilita que eu desça na parte mais baixa e egoísta. Mas quanto mais eu desço, o poder da Luz da Mitzvah também desce. Então, quando eu chego à parte inferior, eu estou pronto para passar por ela só porque tenho uma pequena Ohr Makif (Luz Circundante) geral, que é chamada de Luz da Torá. Ela me atinge a partir do ambiente, do grupo, tal como um líquido que flui de um vaso para outro.

Pergunta: Por que não podemos explicar isso às pessoas?

Resposta: Depende da própria pessoa a produção de todos esses estados dentro de si. Caso contrário, as minhas palavras só vão continuar sendo um bom exemplo para ela. Depois de um dia ou dois, mesmo depois de dois minutos, ela vai esquecer tudo. Mas, apesar de tudo, ela ainda deve pesquisar e se obrigar a passar por esses estados, como uma criança que recebe intencionalmente uma tarefa de modo que sue e tente, e assim cresça. Os exemplos prontos não ajudam.

Pergunta: Mas será que uma pessoa está preparada para lidar com isso sozinha?

Resposta: Não, ela só pode fazer isso com a ajuda do grupo. Para onde eu iria dirigir a Luz que recebi depois que desci? Ao grupo, assim como um receptáculo.

Por exemplo, o torque do virabrequim opera o pistão. O torque rotativo que acumula a energia é o grupo. Portanto, eu sempre posso avançar para cima e para baixo através de movimentos para trás e para frente em relação ao grupo.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 27/11/13

Como Um Feixe De Juncos – Dispensáveis, Parte 2

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 6: Dispensáveis

Antissemitismo Contemporâneo

Os Escritos na Parede

Todavia, no começo do século XX, os judeus haviam se afastado tanto da sua pretendida vocação que eles se tornaram ou totalmente preocupados com a meticulosa observação dos mandamentos práticos, esquecendo-se e rejeitando seu significado interno, ou totalmente absortos em desejos mundanos e materiais, esquecendo-se ou rejeitando sua vocação irrevogável. Num tempo em que o egoísmo atingiu níveis que ameaçaram a paz mundial, nenhuma das vias era desejável, e alguns dos grandes líderes espirituais da nação começaram a alertar que o tempo era fugidio, que tínhamos que despertar para nossa missão e realiza-a antes que a calamidade se revelasse.

O grande acadêmico humanista, e Cabalista, Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook, desesperadamente tentou alertar os judeus do crescente antissemitismo. Ele alertou-os que nenhum país no mundo seria seguro para eles, e que Israel era a única opção segura. Em retrospectiva, o conteúdo de sua premonição é alarmante, nos dando um vislumbre nas profundezas da clareza de visão de tais pessoas.

O tratado no qual ele suplicou aos Judeus que viessem para Israel foi chamado, “O Grande Chamamento para a Terra de Israel”. Tome nota não só de seu pedido, mas também do seu aviso a respeito do futuro possível dos judeus nas suas pátrias: “Venham para a terra de Israel, doces irmãos, venham para a terra de Israel. Salvem suas almas, as almas de suas gerações, e a alma de nossa nação inteira. Salvem-na da desolação e do esquecimento; salvem-na da decadência e degradação; salvem-na da sujeira e maldade, de cada problema e peste que possa recair sobre todos os países das nações sem exceção.

“‘Venham à terra de Israel’! Clamaremos com alta e terrível voz, com o som do trovão e uma grande voz, uma voz que agita tempestade e abala os céus e a terra, uma vez que rasga cada parede no coração. Corram por vossas vidas e venham para a terra de Israel. A voz do Senhor nos chama, Sua mão está esticada para nós, Seu espírito está nos nossos corações, e Ele nos reúne, encoraja e impele a clamar alto com uma terrível e poderosa voz: ‘Nossos irmãos, filhos de Israel, queridos e amados irmãos, venham para a terra de Israel. Reúnam-se um a um, não esperem palavras e ordens formais; não esperem permissões dos reconhecidos. Façam o que puderem, fujam e reúnam-se, venham para a terra de Israel. Pavimentem o caminho para nossa amada e oprimida nação. Mostrem-lhe que seu caminho já está pavimentado, esticado perante ela. Ela não deve repousar, ela não tem nada que exigir; ela não tem muitos caminhos e rotas. Há um caminho perante ela, e este é aquele em que ela marchará; é aquele que ela deve marchar, especificamente para a terra de Israel’”. [i]

O Rav Kook não estava só na sua preocupação. Na Polônia, um brilhante e jovem dayan (juiz ortodoxo) em Varsóvia – no tempo da maior e mais proeminente comunidade Judaica na Europa – Rav Yehuda Ashlag, que mais tarde se tornou um comentador reconhecido do Livro do Zohar, não se contentou apenas em anunciar publicamente que todos os judeus deviam fugir da Europa. Ele organizou a compra de 300 cabanas de madeira da Suécia e um lugar para elas serem erguidas na Terra de Israel (que era chamada de “Palestina”).

Mas eis que seu plano foi impedido pela oposição dos líderes da congregação judia na Polônia. A consequência trágica do fracasso de Ashlag de trazer seus companheiros judeus com ele foi de todos os judeus que contemplaram vir com Ashlag, somente Ashlag e sua família emigraram no final. O resto das famílias permaneceu na Polônia e pereceu no Holocausto. [ii]

Tanto o Rav Kook e o Rav Ashlag (Baal HaSulam) exprimiram como percebiam a ascensão do Nazismo ao poder, especificamente Hitler. Tenham em mente que o Rav Kook morreu em 1935, quatro anos antes que a 2ª Guerra Mundial irrompesse. Abaixo estão as palavras editadas de Rav Kook (para torna-las mais amigáveis ao leitor, devido ao tamanho do texto e seu estilo anacrônico), seguidas das palavras de Baal HaSulam.

O profeta previu um grande Shofar da redenção. [Um Shofar é um chifre de carneiro usado para o sopro festivo, mas também um clarim]. Nós oramos especificamente pelo sopro do grande Shofar. Há vários graus num Shofar da redenção – um grande Shofar, um Shofar médio e um pequeno Shofar. O Shofar do Messias é considerado o Shofar de Rosh Hashaná [A Noite do Fim de Ano Judaico]. A Halachá [Lei Judaica] distingue três graus no Shofar de Rosh Hashaná: 1) Um Shofar de Rosh Hashaná que é feito de um chifre de carneiro; 2) Em retrospectiva, todos os Shofarot são kosher, 3) Um Shofar de uma besta impura, bem como um Shofar de bestas de idolatria de um gentio não-kosher. Contudo, se um homem soprou tal Shofar, fez o seu dever.

É permitido soprar qualquer Shofar, kosher ou não, desde que a pessoa não abençoe sobre ele, e os graus explicados na lei do Shofar de Rosh Hashaná coincidam com os graus do Shofar da redenção.

Todavia, o que é um Shofar da redenção? Pelo termo, “Shofar do Messias”, nós nos referimos ao despertar e à confiança que causa a reanimação e redenção do povo de Israel. É este despertar que reúne os perdidos e rejeitados, e os leva à montanha da santidade em Jerusalém.

Durante as gerações, houve aqueles em Israel que sentiram o despertar que deriva do desejo de fazer o desejo de Deus, que é a redenção completa de Israel [levar todos de Israel à qualidade de doação]. Este é o delicado e grande Shofar, o desejo do povo de ser redimido.

Às vezes, o desejo esmorece e o zelo pelas noções sublimes da santidade não é tão fervente. Contudo, a natureza humana saudável permanece e desencadeia um simples desejo na nação de estabelecer seu governo na sua terra. Esse desejo natural é o Shofar médio, comum, que está presente em todo o lugar. Esse, também, ainda é um Shofar kosher.

Porém, há um terceiro grau ao Shofar do Messias, que é comparável ao Shofar de Rosh Hashaná: ele é o Shofar pequeno, não-kosher, que é soprado somente se um Shofar kosher não puder ser encontrado.

Assim, se o zelo pela santidade e o anseio pela redenção que derivam dele desapareceram por completo, e se o desejo nacional natural por uma vida nacional também diminuiu, e nenhum Shofar kosher se encontre com o qual soprar, os inimigos de Israel vêm e sopram nos nossos ouvidos pela nossa redenção. Eles nos forçam a escutar a voz do Shofar; eles alertam e chocalham nos nossos ouvidos, e não nos dão repouso no exílio.

[Esta parte está citada em completo]. “Assim, o Shofar da besta imunda torna-se o Shofar do Messias. Amaleque, Petlura [Líder Ucraniano suspeito de ser antissemita], Hitler, e assim por diante, despertam para a redenção. Aquele que não escutou a voz do primeiro Shofar, ou a voz do segundo… pois seus ouvidos estavam bloqueados, escutará a voz do Shofar impuro, o imundo [não-kosher]. Ele escutará contra sua vontade… Embora exista redenção nesse chicote, também, nos apuros dos judeus, a pessoa não deve abençoar tal Shofar. [iii]

Baal HaSulam também fez várias referências ao Nazismo, incluindo como ele acreditava que este podia ser derrubado. Em suas palavras, “É impossível derrubar o Nazismo senão através de uma religião de altruísmo”. [iv] Observe que quando Baal HaSulam fala de “religião de altruísmo”, ele não quer dizer que devemos realizar certos rituais ou observar determinadas condutas.  Pelo contrário, com “religião de altruísmo” ele pretende dizer que a pessoa mudou a sua natureza para aquela do altruísmo. Ao mesmo tempo, as pessoas escolherão se ficam ou não nas suas denominações formais, independentemente desta transformação.

Baal HaSulam também disputa a noção de que a Alemanha Nazista foi um evento único na história. Este pode ter sido o primeiro, mas ele acreditava que a menos que façamos o que devemos, não será o último. Nas suas palavras, “Acontece que as pessoas pensam erradamente que o Nazismo é apenas um rebento da Alemanha… todas as nações são iguais nisso, e é totalmente fútil esperar que os Nazitas pereçam com a vitória dos Aliados, pois amanhã os Anglo-Saxões abraçarão o Nazismo”. [v]

À Luz do pico no antissemitismo a nível mundial, seria sábio considerar seriamente as palavras destes homens sábios. Afinal, nós certamente podemos ver que o antissemitismo não desapareceu, nem o Nazismo ou o chamado para se livrar dos judeus.

[i] Rav Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah), Ensaios do Raaiah , vol. 2, “Ao Grande Chamado à Terra de Israel”, 323.

[ii] Aaron Soresky, “O ADMOR, Rabino Yehuda Leib Ashlag ZATZUKAL – Baal HaSulam: 30o Aniversário da Sua Partida”, Hamodia, 9, Tishrey, TASHMAV (24 de Setembro de 1985).

[iii] Rav Avraham Yitzchak HaCohen Kook (o Raaiah), Ensaios do Raaiah , vol. 1, pp 268-269.

[iv] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “Os Escritos da Última Geração” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 853.

[v] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “Os Escritos da Última Geração” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 841.