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A Economia Do Futuro Infeliz

laitman_220Opinião (Robert B. Reich, Professor de Políticas Públicas da Universidade da Califórnia em Berkeley e membro sênior do Centro Blum para Economias em Desenvolvimento): “Como você gostaria de viver numa economia onde os robôs fazem tudo o que pode ser previsivelmente programado com antecedência, e quase todos os lucros vão para os proprietários dos robôs?”.

“Enquanto isso, os seres humanos fazem o trabalho que é imprevisível – biscates, projetos de plantão, buscar e consertar, conduzir e entregar, minúsculas tarefas necessárias a qualquer hora – e ir compondo apenas o suficiente para viver.

“Preparem-se. Esta é a economia para a qual estamos nos dirigindo agora…

“As novas tecnologias de software estão permitindo que quase todo o trabalho seja dividido em tarefas distintas que possam ser parceladas aos trabalhadores quando necessárias, com a remuneração determinada pela demanda por esse trabalho específico naquele momento particular.

“Os clientes e os trabalhadores são combinados online. Os trabalhadores são classificados em qualidade e confiabilidade. O grande dinheiro vai para as corporações que possuem o software. Os restos vão para os trabalhadores sob demanda (on demand).

“Considere o serviço ‘Mechanical Turk’ da Amazon. A Amazon chama isso de “um mercado de trabalho que exige inteligência humana’.

“Na realidade, é um quadro de trabalho na Internet oferecendo salário mínimo para pequenos biscates estupidamente chatos. Os computadores não podem fazê-los porque eles requerem algum julgamento mínimo, de modo que os seres humanos os fazem por migalhas – digamos, escrever uma descrição do produto, por US $ 3; ou escolher o melhor de várias fotografias, por 30 centavos; ou decifrar escrita, por 50 centavos. A Amazon leva um fatia saudável de cada transação.

“Este é o culminar lógico de um processo que começou 30 anos atrás, quando as empresas começaram a substituir empregos em tempo integral por trabalhadores temporários, contratados independentes, free-lancers e consultores.

“Foi uma maneira de transferir os riscos e incertezas aos trabalhadores – trabalho que possa implicar mais horas do que o planejado, ou mais estressante do que o esperado.

“E uma forma de burlar as leis trabalhistas que estabelecem padrões mínimos para os salários, horas e condições de trabalho. E isso permitiu que os funcionários se unissem para negociar melhores salários e benefícios.

“O novo trabalho sob demanda muda totalmente os riscos para os trabalhadores, e elimina completamente os padrões mínimos.

“Com efeito, o trabalho sob demanda é uma reversão para o trabalho por peça do século XIX – quando os trabalhadores não tinham poder, nem direitos legais, assumiam todos os riscos, e trabalhavam todas as horas por quase nada.

“O Mechanical Turks da Amazon trabalha literalmente por centavos. Salário mínimo? Pagar 1,5 vezes por hora extra? A Amazon diz que apenas conecta compradores e vendedores, e, portanto, não é responsável.

“Os defensores do trabalho sob demanda enfatizam sua flexibilidade. Os trabalhadores podem se encaixar em qualquer hora que quiserem, trabalhar em torno de seus horários, preencher o tempo de inatividade em seus calendários…

“Uma oportunidade de fazer algum dinheiro extra pode parecer poderoso e atraente numa economia cujo salário médio está estagnado há 30 anos e quase todos ganhos econômicos foram para o topo…

“Nesta medida, a economia “que divide migalhas” (share-the-scraps economy) está nos arremessando para trás”.

Meu Comentário: Eu tenho que repetir mais uma vez que sem conectar as pessoas através da educação integral, elas vão inutilmente e infinitamente explorar uma a outra até voltar à Idade da Pedra. Estão reservados para nós sofrimentos que nos mostram uma maneira de sair deste beco sem saída, para onde o egoísmo nos impulsiona. Mas este é o caminho do sofrimento.

O caminho da Luz também é possível – atraindo-se a força da correção pela nossa unidade na educação integral. Assim que começarmos a implementá-la, vamos descobrir imediatamente as suas propriedades notáveis ​​em todos os aspectos de nossas vidas.

O Que É A Alma?

Dr. Michael LaitmanA alma é o desejo de amar e de doar, que uma pessoa desenvolve dentro de si mesma. Desta forma, ela começa a sentir o mundo espiritual.

Nós agora só temos o desejo de receber e apreciar, atraindo a nós mesmos tudo o que nos parece bom, ao passo que o desejo de doar indica que eu incluo os desejos de outras pessoas e começo a satisfazê-los.

Com isso, eu adquiro a minha alma, pois a alma se encontra fora do meu corpo e não dentro dele. Eu não me identifico com este mundo, mas com o meu desejo de doar. Eu saio de mim mesmo e sinto a realidade externa. Desta maneira eu começo a perceber a realidade espiritual, o próximo nível.

Baal HaSulam escreve em Pri Hacham (O Fruto do Sábio), “A Emanação da Alma:” Toda pessoa foi criada somente para atingir a alma completa e iluminada do Criador, abençoado seja Ele, digna de adesão constante e eterna.

Do Programa da Rádio Israelense 103 FM, 01/02/15

Por Que Estamos Vivendo Neste Mundo?

Dr. Michael Laitman“Por que estamos vivendo neste mundo?” Toda criança faz esta pergunta por volta dos cinco anos de idade, e isso é porque dentro de nós se encontra um Reshimo (reminiscência), um gene espiritual que deve ser desenvolvido. Ele nos empurra desde dentro.

Este gene, este desejo, exige preenchimento, uma resposta para a pergunta: “Para que nós estamos vivendo? Qual é o sentido da vida?” Mais tarde, nós esquecemos essa pergunta, e em nossa busca da vida, não voltamos mais a ela uma vez que não temos tempo para pensar nela e a consideramos como um pensamento inútil.

No entanto, nós vemos que esta pergunta constantemente chama a atenção em todos os tipos de situações ao longo de nossas vidas, e considerando quantas pessoas estão em desespero, se divorciando, precisando de drogas e de antidepressivos, vemos que, apesar de tudo, esta pergunta ainda é muito forte.

Este gene está plantado em nós, porque no final do nosso desenvolvimento, de nossa evolução, nós precisamos chegar a um estado em que todos nós nos questionamos: “Para que estamos vivendo? Por que vivermos? Qual é o significado de vida?”.

É possível fazer esta pergunta de outra maneira: “Por que a natureza, que é tão perfeita e proposital, cria uma pessoa com um potencial tão grande, mas a deixa sem uma resposta para as perguntas de como construir a própria vida, e o que alcançar na vida?”.

Nós vemos que sabedoria tremenda está latente em cada célula, em cada corpo, na conexão entre nós, e vemos a quantidade de informação que ainda não descobrimos! No entanto, mesmo daquilo que descobrimos com a ajuda da ciência, vemos uma sabedoria tão maravilhosa escondida em todo este rico mecanismo, e ainda assim, nós que estamos no cume desta ciência, no seu auge, não vemos qualquer significado em nossas vidas. Como é possível uma coisa dessas? Sem dúvida há um propósito para a nossa existência, mas não sabemos o que é e precisamos descobri-lo.

Assim, alguém que se pergunta sobre o sentido da vida, em última análise atinge a sabedoria da Cabalá.

Do Programa da Rádio Israelense 103 FM, 18/01/15

O Que Acontece Com A Alma Da Pessoa Quando Ela Morre?

laitman_760_2Uma vez eu fiz a mesma pergunta ao meu professor, o Rabash: “O que acontece com a alma da pessoa quando ela morre?” E ele respondeu que é como quando você tira uma camisa suja no final do dia e a joga na máquina de lavar…

Portanto, também no final da vida você tira o corpo da alma e o descarta. O corpo apodrece, enquanto que a alma continua a viver. Afinal de contas, você permanece vivo depois que tira a camisa velha. Desta forma você continua vivo mesmo depois de tirar o corpo físico.

Pergunta: Como a alma existe sem um corpo?

Resposta: A alma existe inclusive agora sem um corpo. Ela só o acompanha e não o toca. A alma existe em outra dimensão que você não sente.

Baal HaSulam escreve no artigo, “A Paz”, que: “Assim, em nosso mundo, não há almas novas da forma como os corpos se renovam, mas apenas certa quantidade de almas que encarnam… Portanto, no que diz respeito às almas, todas as gerações desde o início da criação até o fim da correção são como uma geração que estendeu a sua vida ao longo de vários milhares de anos…”

O período do desenvolvimento da alma aqui neste mundo é de 6.000 anos. Este desenvolvimento começou com Adam HaRishon (o primeiro homem) que viveu 5.775 anos atrás e continuará até o fim de 6.000 anos. Isso significa que nos restam mais 225 anos. Durante este tempo todos nós devemos desenvolver nossa alma, ou seja, nossa parte na alma coletiva e conectar todos juntos numa só alma.

A sabedoria da Cabalá explica todo o processo. Quatorze bilhões de anos atrás a evolução material do nosso universo começou com uma centelha; ela foi usada como o início do “Big Bang”. Foi assim que começou a evolução da natureza inanimada. Dois bilhões de anos atrás as primeiras plantas apareceram na Terra e, em seguida, os animais e depois o ser humano. A espécie humana se desenvolveu até que o desejo de alcançar a fonte de sua vida, o mundo superior, o nível seguinte, começou a se desenvolver nela.

O desenvolvimento prossegue e avança do inanimado para o vegetal, para o animal e depois disso, o ser humano. E o ser humano deve atingir um nível mais elevado, que é chamado o desenvolvimento de sua alma e a ascensão ao próximo nível, o mundo superior. E no mundo superior também existem as fases inanimada, vegetal, animal e humano. Mas existem níveis espirituais que nós precisamos desenvolver e subir a um mundo ainda mais alto. E é assim que nós passamos através dos cinco mundos.

Pergunta: Segue-se que Adam HaRishon viveu 5.775 anos atrás, e desenvolveu a alma dentro dele?

Resposta: Sim, e por isso ele é chamado Adam HaRishon.

Pergunta: Isto significa que todos devem desenvolver as almas dentro deles durante os próximos anos 225?

Resposta: Sim, todos eles sem exceção, em 225 anos ou antes disso. Assim, nós vemos como este desenvolvimento está acelerando; o tempo está se tornando muito espesso e aparentemente está encolhendo e se comprimindo. Se não desenvolvermos a alma dentro de nós, se não nos esforçamos rumo ao desenvolvimento, seremos jogados numa terrível pressão das forças da natureza que irão nos pressionar através de todos os tipos de desastres e problemas; elas vão nos empurrar para o desenvolvimento da alma.

O desenvolvimento da alma só pode acontecer neste mundo, e só pode ser renovado apenas através da conexão entre as pessoas. Através da conexão entre nós, nós podemos dar forma à alma única que é geral e comum a todos nós.

Do Programa da Rádio Israelense 103 FM, 01/02/15

Céu E Inferno: Aqui E Agora

laitman_207Pergunta: Existe uma corte celestial que determina onde a pessoa vai passar depois de sua morte, o céu ou o inferno?

Resposta: Nós estamos dentro de um sistema rígido atado com grilhões de ferro. Este é um programa que abrange e inclui toda a criação.

Através do nosso comportamento, o qual depende de nossas características, nós influenciamos o sistema e sentimos a sua reação. Isso é chamado de juízo e misericórdia. De acordo com a forma como a pessoa influencia o sistema, ele reage, influencia e age sobre ela. Essa é a chamada “corte celestial”. Portanto, nós precisamos aprender como se comportar para influenciar o sistema apenas de forma positiva.

Pergunta: Será que nós sentimos o céu ou o inferno aqui e agora e não em algum lugar depois da morte?

Resposta: Com certeza! Não há outro céu ou o inferno, além do que é encontrado aqui neste mundo. Eu mesmo determino onde me encontro, no céu ou no inferno. Se eu determino que o meu desejo egoísta é o inferno, porque me enterra debaixo dele e não me deixa chegar e alcançar a vida eterna, eu me sinto no inferno.

É excelente que você tenha entendido isso. Isso significa que agora você vai tentar sair de seu ego e atingir o céu, e você vai realmente começar a se sentir num mundo eterno e perfeito. Você vai sentir que está vivendo no céu e não se preocupar com o seu corpo.

Do Programa da Rádio Israelense 103 FM, 01/02/15

Destruindo Os Ídolos Dentro De Mim

Laitman_115_05O Zohar, Comentário Sulam, Capítulo “Behar“, Item 69: Abraão se arrependeu e quebrou os ídolos do paganismo e a comida que tinha sido colocado diante deles.

Tudo o que é considerado sagrado e sublime no nível anterior, pelo qual valia a pena viver, trabalhar, e me dedicar, precisa ser quebrado. Todas as ações que são executadas em nosso mundo para o bem do nosso ego, para nossos filhos, para a humanidade, e para a natureza pertencem a isso.

Infelizmente, nós vivemos simplesmente para sobreviver, dizendo: “Vamos viver em paz os anos que nos foram dados de cima, e eu não me importo com o que pode acontecer depois”. Isso é o que todo mundo pensa, não percebendo que se enganam dessa forma. Tal atitude é prejudicial e destrutiva.

Abraão acreditava que o nosso mundo não foi criado a fim de apaziguar os ídolos -nosso trabalho, nossos estudos, nossos filhos, e a boa vida, após o que podemos deitar e morrer em paz, mas que o nosso mundo foi criado para que alcancemos o próximo mundo nesta vida.

Noé foi o primeiro que rompeu com o passado. Ele construiu uma arca e se escondeu nela. Ele percebeu que tinha que ser salvo deste mundo e criou sua própria proteção, um abrigo contra os pensamentos e tentações que o cercavam, e navegou para longe deles. Portanto, todos os seus sentimentos, pensamentos e desejos egoístas morreram durante o dilúvio.

O ponto é que nós precisamos perceber a natureza inanimada, vegetal e animal, e a humanidade como um todo. Apenas uma parte deste todo, chamada Noé, sobreviveu ao dilúvio, o que significa que esta parte já tinha sido corrigida sob a influência da Luz Circundante (a arca é a Luz de Hassadim). A parte que não pode ser corrigida dessa maneira morreu. No entanto, mais tarde ela passa por sua própria correção de uma maneira diferente e renasce numa nova forma.

A mesma coisa aconteceu com Abraão. As partes que não podiam ser corrigidas permaneceram na Babilônia, enquanto Abraão quebrou, queimou e jogou fora todos os ídolos e deixou Babilônia. Ele tinha uma compreensão maior do que Noé: que tudo o que pertencia ao seu estado egoísta estava no nível da natureza inanimada e que não havia Luz superior na nela. Ele discerniu e distinguiu o nível superior do inferior e cortou a camada da natureza inanimada, vegetal e animal e o nível humano que estão dentro de sua alma. Ele não poderia se livrar da dominação de Nimrod (o ego), e assim ele partiu.

Nós vemos que aqui também a alma geral distingue e deixa de lado certa parte que não pode ser corrigida, e segue o seu próprio caminho. Assim como Noé se separou de todo o mundo, Abraão também se desprendeu dele. A parte dos babilônios permaneceu e se desenvolveu seguindo um caminho diferente.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 18/06/15

Num Mundo De Causas

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que acontece se nós executamos ações que não são dirigidas ao Criador?

Resposta: Se não dirigirmos nossas ações ao Criador, nós nos fechamos dentro do menor círculo. Em seguida, o Criador não está em qualquer um dos círculos do mundo e nós vivemos nesta Terra: as mesmas nações, as mesmas pessoas, a natureza inanimada, vegetal e animal, o mesmo universo e nós não vemos nada a não ser isto.

Nós não vemos a razão pela qual estamos vivos. E este é o nosso problema principal. Nós não sabemos o que é esta vida, de onde vem e para onde está nos levando. O que acontece antes do nosso nascimento e depois da morte? Nós estamos comprimidos numa estrutura muito limitada.

Os animais também não sabem nada sobre suas vidas. Uma pessoa vem a eles, quer matar e comê-los, mas eles não suspeitam de nada e vivem de acordo com o que lhes é confiado. Se não desejamos sair da estrutura deste mundo, então nossa atitude para com a vida e a realidade não é diferente de qualquer maneira. Nós simplesmente vivemos e continuamos a viver e a procurar constantemente o que é melhor para nós, como animais.

Um animal se comporta a fim de encontrar um lugar que seja mais confortável para cada momento da vida. Nós também buscamos constantemente onde as coisas serão melhores para nós e não pensamos além disso. Não podemos nos elevar acima disso, então nós também nos encontramos no nível do animal exceto dentro de um sistema mais desenvolvido de esclarecimento. Eu procuro onde as coisas vão ser melhores para mim de acordo com muitos critérios; o que me importa é o que os outros dizem sobre mim, o que agora está na moda.

Com os animais tudo é mais simples, e com os seres humanos, tudo é muito mais complexo e complicado. Mas, basicamente, é a mesma abordagem primitiva: a aspiração pelo máximo gozo material da vida e isso é tudo.

Todo mundo é gerido pela mesma abordagem, exceto aquelas pessoas que recebem um desejo de abrir os olhos e sair de seus limites físicos. Então, outro foco de todos os sentidos é necessário para elas se dirigirem para fora em vez de para dentro.

E isto é o que nós aprendemos: como é possível desprender-se do foco anterior, parar de se concentrar e de focar na matéria, remover estes óculos egoístas e ver o mundo de forma diferente, como as causas para tudo isso acontecer.

Da Convenção na França, Dia Dois, 11/05/14, Lição 4

Face A Face Com O Criador

laitman_537O indivíduo e o grupo precisam se comportar como se eles estivessem em um diálogo constante com o Criador. Isto é a tal ponto que qualquer diálogo com qualquer pessoa no mundo não é importante para mim, visto que são todos gerenciados por uma força superior e basicamente não determinam nada.

Eu gradualmente limpo o mundo de todas as influências ilusórias. Eu estou num mundo, num ambiente natural, e com pessoas, uma multidão de forças e vários fatores que me influenciam: governo, vizinhos, família, amigos e inimigos. Mas eu começo a pensar: não, há um Criador acima que organiza tudo.

One On One With The Creator

Ele determina todas as influências das forças da natureza sobre nós, porque eu vejo que as pessoas são incapazes de gerenciá-las. O Criador controla tudo isto: a chuva, o sol, terremotos e tsunamis.

Depois disso, eu atribuo o próximo círculo ao Criador: o governo. Eu entendo que o governo basicamente não decide nada e é gerenciado pelo Criador. Pois o Criador nos influencia através do governo, como é dito: “O coração dos príncipes e reis está nas mãos do Criador”.

Então eu também atribuo ao Criador todos os meus colegas de trabalho, todas as pessoas na minha cidade, minha família, e como minha esposa e meus filhos se comportam em relação a mim; eu posso dizer que tudo isso vem do Criador.

E depois disso, eu também me dirijo ao grupo. Eu gradualmente avanço de cima para baixo; eu atinjo tal estado onde todo o mundo (Olam) desaparece. Toda a ocultação (Alam) desaparece e eu vejo o Criador por toda parte no mundo.

E tudo o que preenchia este mundo: a natureza, o governo, pessoas que são familiares e que são estranhas para mim, minha família e amigos, todos se tornam um vaso no lugar onde o Criador é revelado, que é chamado de Divindade. Em vez deste mundo, eu vejo a Luz Superior que preenche toda a realidade.

Nada mais resta. Eu só vejo a Luz vestindo o mundo. Onde estão meus amigos, onde está a minha família, onde está o governo, onde está toda a natureza? Não há nada! Tudo desaparece, e eu estou face a face com o Criador.

Portanto, este é o princípio-chave: a cada momento acertar as contas com o Criador e esclarecer que tudo vem Dele. Ele primeiro quer que eu entenda que tudo o que acontece à minha frente é o Criador voltando-se para mim num determinado momento para que agora nestas circunstâncias eu alcance a adesão. E há cada vez mais adesão a cada segundo até eu atingir um estado de plenitude.

Da Convenção na França, Dia Dois, 11/05/14, Lição 4

Como Um Feixe De Juncos – Sinos Misturados, Parte 3

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes HojeMichael Laitman, Ph.D.

Capítulo 7: Sinos Misturados

Ser Judeu, ou Não Ser Judeu, Eis a Questão!

Alemanha Nazista: Horror Para Além Das Palavras

Como salientado anteriormente no capítulo, outro exemplo notável da assimilação e rejeição judaica ocorreu na Alemanha, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. As consequências horrendas do desdobramento que ocorreu na Alemanha foram cuidadosamente discutidas e analisadas, e não há muito a acrescentar sobre o que ocorreu. O que devemos salientar, contudo, é a repetição dos culpados que afetaram a Inquisição Espanhola e a derradeira expulsão da Espanha.

Historicamente, a judiaria alemã não desfrutou da liberdade e afinidade com seus ducados e cidades anfitriões como fizeram os judeus na Espanha. Em vez disso, durante séculos eles vagueariam de cidade em cidade, residindo onde fosse permitido, sempre sob duras restrições e discriminação, e por vezes, tais como durante as Cruzadas, sofrendo perseguição, expulsão e até massacres.

Todavia, começando no século XVI, em conjunto com o Renascimento, os judeus da Alemanha desfrutaram de paz relativa. Enquanto não receberam estatuto igual ou cidadania de suas cidades anfitriãs ou ducados, foram deixados para conduzir suas próprias vidas de forma relativamente ininterrupta e separados do resto da sociedade alemã.

“Por trás de suas paredes do gueto”, escreve Sol Scharfstein em Compreendendo a História Judaica: Do Renascimento ao Século XXI, “seguindo suas próprias tradições e seu próprio modo de vida, os judeus enfrentavam as tempestades dos séculos que se seguiram, as contendas entre cristãos, entre igrejas e príncipes, e as guerras e revoluções desencadeadas pelas novas condições e ideias”.

“… [o Papa] João Paulo IV argumentou que era tolice que os cristãos fossem amigos de um povo que não havia aceito Cristo como seu salvador. Numa bula papal ele decretou que judeus que viviam em áreas controladas pela igreja fossem confinados aos guetos. Eles teriam a permissão de abandonar o gueto durante o dia para ir trabalhar, mas seriam proibidos de estar fora nos outros tempos. Os portões do gueto seriam fechados à noite e em feriados cristãos”, e os portões foram “…guardados por vigilantes não-judeus que controlavam a entrada e saída daqueles aprisionados lá dentro”. [i]

Mas contrário à crença popular, inicialmente os guetos judeus não eram obrigatórios. Isso veio mais tarde, assim que os judeus já estavam concentrados nas suas áreas de residência. O reconhecido historiador, Salo Wittmayer Baron, escreveu que “Os judeus tinham menos deveres e mais direitos que a grande massa da população… Eles podiam se mover livremente de um lugar para outro com algumas exceções, podiam se casar com quem eles quisessem, tinham seus próprios tribunais e eram julgados de acordo com suas próprias leis. Até em casos misturados com não-judeus, o tribunal local não tinha competência, mas sim frequentemente um juiz especial nomeado pelo rei ou certo alto oficial”. [ii]

Algumas páginas mais tarde, continua o Prof. Wittmayer Baron, “…A comunidade judaica desfrutava de completa autonomia interna. Complexa, isolada, num sentido estranho, ela foi deixada mais severamente sozinha pelo Estado que maioria das corporações. Assim, a comunidade judaica dos dias pré-Revolucionários tinha mais competência sobre seus membros que os modernos governos Municipal, Estadual e Federal combinados [relevante a 1928, ano da publicação]. Educação, administração da justiça entre judeu e judeu, taxação para propósitos comunitários, saúde, mercados, ordem pública, estavam todos dentro da jurisdição da comunidade-empresa, e em acréscimo, a comunidade judaica era o manancial do trabalho social de uma qualidade geralmente superior ao de fora da judiaria.

“…Uma fase desta existência corporativa geralmente considerada pela judiaria emancipada como um mal não mitigado era o Gueto. Mas não se deve esquecer que o Gueto cresceu voluntariamente como resultado do autogoverno judaico, e que foi somente num desenvolvimento tardio que a lei pública interferiu e tornou  uma obrigação legal que todos os judeus vivessem num distrito isolado”. [iii]

Assim, dependendo uns dos outros para sua subsistência, os judeus se aproximavam, cultivavam sua própria literatura e viviam modesta e piamente. Novamente, nós vemos que quando os judeus se unem, eles estão dóceis. E novamente, vemos que quando a coesão e a união não são as escolhas de vida dos judeus, circunstâncias são impostas a eles de fora. Embora coagida, é sempre a união que os mantém seguros.

Todavia, apesar da segurança fornecida pela união, e o fato de que os judeus, como Prof. Grant anotou, serem “inassimiláveis”, assim que a porta se abre e os judeus recebem permissão de fora, eles começam a se misturar da mesma maneira que os levou à calamidade na Espanha – assimilação cultural, e, pior ainda, assimilação religiosa. De algum modo, nós sempre parecemos esquecer as palavras de nossos sábios, que repetidamente afirmam, “Quando eles [Israel] são como um homem com um coração, eles são como um muro fortificado contra as forças do mal”. [iv] Certamente, como demonstramos através deste livro, a negligência da união foi o que causou a ruína do Templo e a dispersão do povo da sua terra, e certamente toda a calamidade que atingiu os judeus desde então.

À medida que a emancipação judaica progrediu e os judeus alemães foram admitidos na sociedade alemã cristã, eles gradualmente se tornaram distantes de suas raízes espirituais. Perto do final do século XVIII, eles estavam tão dispostos a ser admitidos na sociedade cristã que virtualmente fariam tudo para ser aceitos. Assim, de acordo com os professores em cultura e história judaica, Steven J. Zipperstein da Universidade de Stanford e Jonathan Frankel da Universidade Hebraica de Jerusalém, em 1799, só alguns anos depois do começo da emancipação judaica, David Friedlander, um dos líderes mais proeminentes da comunidade judaica, foi tão longe ao sugerir que os judeus de Berlim se converteriam ao cristianismo em massa. [v]

Mas mesmo sem se converter, os judeus alemães estavam dispostos a abdicar de tudo o que os seus antepassados tinham como sagrado. “Em prol de provar a lealdade absoluta dos judeus ao estado e o país,” escreve Zipperstein e Frankel mais tarde no seu livro, “[os judeus] estavam prontos para remover do livro de orações qualquer referência à antiga esperança de um regresso à antiga pátria na Palestina e interpretar a dispersão dos judeus pelo mundo não como Exílio, mas como um valor positivo, como um modo dos judeus transportarem a mensagem da ética monoteísta a toda a humanidade, como uma missão divinamente ordenada. Assim, o movimento Reformista tornou possível afirmar que os judeus constituíam uma comunidade rigidamente religiosa despojada de todos os atributos nacionais, que eram alemães (ou polacos ou franceses, como pode ser o caso) do ‘Mosaico da persuasão’. Deste modo, o judaísmo reformista tornou-se o símbolo, como ele foi, de uma prontidão para comercializar crenças da antiguidade em troca de igualdade civil e aceitação social”. [vi]

A abdicação da conexão dos judeus com Sião, a terra de Israel e o desejo pelo Criador – a Lei da Doação – simboliza mais que qualquer outra coisa o quanto os judeus alemães haviam se alienado de sua herança. Como vimos muitas vezes, e como aprendemos dos ensinamentos dos nossos sábios na história, assim que os judeus abandonam voluntariamente o seu papel, eles são forçados a voltar a ele pelas próprias nações aonde eles almejam se misturar.

Acontece que os judeus alemães não sabiam deste fato. Eles estavam em exílio, banidos da qualidade de doação e esquecidos da sua tarefa. Eles ignoravam seu erro, de que no minuto em que trocaram a coesão pela aceitação da sociedade geral, colocaram seu futuro e o futuro de seus filhos no caminho danoso. Embora ninguém pudesse prever a magnitude do horror que cairia sobre eles, o caminho para ele havia sido pavimentado, e sua conduta continuou a sustentá-lo.

Desde aproximadamente 1780 até 1869, apesar de vários contratempos, ocorreu o avanço gradual da emancipação judaica. No final, “A lei da igualdade foi passada pelo Parlamento da Confederação da Alemanha do Norte em três de julho de 1869. Com a extensão desta lei aos estados unidos dentro do Império Alemão, a luta dos judeus alemães pela emancipação alcançou o sucesso”.[vii]

Mas o preço do sucesso foi o completo abandono de tudo o que havia mantido os judeus juntos. De acordo com Werner Eugen Mosse, Professor Emérito de História Europeia na Universidade de Anglia do Leste, “Em 1843, a primeira sociedade de Reformismo radical – rejeitando circuncisão e evocando a mudança do Shabat judaico para o domingo – surgiu em Frankfurt… Nas duas ou três décadas seguintes, o movimento da Reforma religiosa reestruturaria o serviço religioso na maioria das grandes comunidades e desenvolveria o movimento religioso Liberal que dominou a judiaria alemã do século vinte”.

“…A pressão pela integração social na sociedade geral conduziu muitos a abandonar práticas que eles sentiam que levantavam uma barreira contra as relações sociais (por exemplo as leis dietéticas), enquanto a necessidade de ser economicamente competitivo forçou muitos a fazer negócios no sábado, o Shabat judaico. Além disso, muitos judeus aculturados se encontravam repelidos do serviço tradicional judaico por razões estéticas”. [viii]

“Outro aspecto da Reforma proximamente ligada à educação”, continua o Prof. Eugen Mosse, “foi a nova cerimónia da confirmação. Esta cerimónia, baseada em modelos cristãos, destinava-se a suplementar (ou mais raramente, substituir) o tradicional bar mitzvá. Tanto meninas como meninos, ao se formarem na escola religiosa, recebiam uma prova oral pública sobre as bases da religião judaica e eram então abençoados pelo rabino e formalmente introduzidos ao judaísmo”. [ix]

Assim, tal como aconteceu na Espanha cerce de quatro séculos antes, os judeus reformistas estavam na realidade se tornando “Ashkenazi conversos”. De acordo com Donald L. Niewyk, Professor Emérito de História na SMU, “A vasta maioria dos judeus era apaixonadamente comprometida com o bem-estar da sua única Pátria, a Alemanha”. [x]

E tal como aconteceu na Espanha, quando a maré começou a virar contra os judeus, e o antissemitismo começou a aumentar na República de Weimar da Alemanha, os judeus foram alegremente esquecidos aos alarmes soantes. “Nem uns poucos viram o antissemitismo como um benefício positivo que podia impedir os judeus da gradual amalgamação com a sociedade maior e o derradeiro desaparecimento como um grupo religioso distinto”, narra o Prof. Niewyk. [xi] Sem reparar que deixar as nações nos mantem juntos, em vez de o fazermos nós mesmos traz consequências inimagináveis, Dr. Kurt Fleischer, o líder dos Liberais na Assembleia da Comunidade Judaica de Berlim, argumentou em 1929 que o “Antissemitismo é o flagelo que Deus nos enviou em prol de nos conduzir juntos e nos manter juntos”. [xii] Isto, novamente, prova a correção das palavras anteriormente citadas do Prof. Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida judaica é que… sem antissemitismo, nós podemos estar condenados à extinção”. [xiii] Certamente, quão tragicamente corretas todas elas são.

Como se viu, Hitler também pensava que o Criador estava usando os Nazistas para fazer a Sua obra. Em Mein Kampf, ele escreveu palavras semelhantes à afirmação mencionada acima de Isabel, rainha da Espanha, sobre o Senhor punir os judeus através do rei: “A Natureza Eterna inexoravelmente vinga a infração dos seus mandamentos. Assim, hoje eu acredito que estou agindo de acordo com a vontade do Criador Todo-Poderoso: ao me defender contra o judeu, eu estou lutando pela obra do Senhor”. [xiv]

Uma vez que o Criador é a qualidade de amor e doação, o surgimento dos Judeus dos guetos expôs seu exílio dessa qualidade. Consequentemente, em vez de trazer solidariedade e responsabilidade mútua às suas sociedades anfitriãs, eles espalharam egoísmo, que é ruinoso a qualquer sociedade, e desta forma se depararam com intolerância e repulsa pouco depois da sua aceitação. O filósofo e antropólogo Alemão, Ludwig Feuerbach, conecta os judeus ao egoísmo da seguinte maneira: “Os judeus foram mantidos na sua peculiaridade até hoje. Seu princípio, seu Deus, é o princípio mais prático no mundo – particularmente o egoísmo. E mais ainda, o egoísmo na forma de religião. O egoísmo é o Deus que não deixará seus servos chegar à vergonha. O egoísmo é essencialmente monoteísta, pois ele só tem um único eu, como o seu fim”. [xv]

Certamente, quem acolheria tamanha ameaça à sociedade? É precisamente esse egoísmo que faz toda e qualquer nação, em que vivemos, repensar, e finalmente se arrepender e repelir sua abertura.

A única coisa que tornou os judeus únicos e poderosos nos tempos antigos foi sua união, seu altruísmo, e como demonstramos, essa foi a única coisa que Abraão e Moisés desejavam dar ao mundo. Inicialmente as nações nos acolhem em seu meio, esperando inconscientemente que partilhemos com elas essa qualidade. Mas ao descobrir que estamos dando-lhes o oposto, sua alegria se torna desilusão e cólera. Enquanto continuarmos a desapontar as nações, continuaremos a receber o mesmo tratamento, e a tendência demonstra que os meios pelos quais elas mostrarão sua desilusão se tornarão cada vez mais duros.

[i] Sol Scharfstein, Compreendendo a História Judaica: Do Renascimento ao Século XXI (Impresso em Hong Kong, Ktav Publishing House, 1997), 163-164.

[ii] Salo W. Baron, “Gueto e Emancipação: Devemos Revisar os Tradicionais Pontos de Vista?” em: O Tesouro da Menorah: Colheita de Meio Século (Philadelphia: Publicação Sociedade Judaica da América, 1964), 52.

[iii] Salo W. Baron, “Gueto e Emancipação: Devemos Revisar os Tradicionais Pontos de Vista?” em: O Tesouro da Menorah: Colheita de Meio Século, 54-55.

[iv] Rabino Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [O Nome de Samuel], Vayakhel [E Moisés Reuniu], TAR’AV (1916)

[v] Assimilação e Comunidade: Os Judeus na Europa do século XIX, Ed: Jonathan Frankel, Steven J. Zipperstein (Reino Unido, Cambridge University Press, 1992), 8.

[vi] Assimilação e Comunidade: Os Judeus na Europa do século XIX, Ed: J. Frankel, SJ Zipperstein, 12.

[vii] “Emancipação”, Biblioteca Judaica Virtual, url: http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/judaica/ejud_0002_0006_0_05916.html.

[viii] Werner Eugen Mosse, Revolução e Evolução: 1848 na História Judaico-Alemã (Alemanha, JCB Mohr (Paul Siebeck) Tübingen, 1981), 255-256.

[ix] Eugen Mosse, Revolução e Evolução: 1848 na História Judaico-Alemã, 260.

[x] Donald L. Niewyk, Os Judeus na Alemanha de Weimar (New Jersey, Transactions Publishers, New Brunswick, 2001), 95.

[xi] Niewyk, Os Judeus na Alemanha de Weimar, 84.

[xii] ibid.

[xiii] Cohn-Sherbok, O Paradoxo do Antissemitismo, XIV (Prefácio).

[xiv] Adolf Hitler, Mein Kampf (EUA, Noontide Press, 2003), 51.

[xv] Ludwig Feuerbach, A Essência do Cristianismo, trans. Marian Evans (Londres, John Chapman, 1843), 113.