Textos arquivados em ''

A Era Da Adaptação

Dr. Michael LaitmanOpinião (Klaus Schwab, Fundador e Presidente Executivo do Fórum Econômico Mundial):

“A era pós-crise acabou, e o ‘mundo pós-pós-crise’ está sobre nós. É hora de adotar um novo quadro de soluções realistas que promovam a prosperidade compartilhada dentro da economia global de hoje e amanhã.

“Nesta nova era, o crescimento econômico vai ocorrer de forma mais lenta – mas potencialmente mais sustentável – do que antes da crise. E a mudança tecnológica será a sua força motriz.

“O ritmo da mudança tem sido acelerado pela natureza interconectada do mundo de hoje. O progresso tecnológico está ocorrendo dentro de um ecossistema complexo e profundamente integrado, o que significa que ele afeta simultaneamente estruturas econômicas, governos, medidas de segurança e o cotidiano das pessoas.

“A fim de preparar um país para colher os benefícios de uma rápida e profunda mudança, os formuladores de políticas devem ter em conta a totalidade do ecossistema em que ela está ocorrendo, garantindo que o governo, empresas e sociedade, tudo se ajuste a cada turno. Em outras palavras, competir na economia do século vinte um vai exigir uma adaptação implacável”.

Meu Comentário: As mudanças se manifestarão positivamente em nós somente se nos tornarmos como elas, ou seja, se cuidarmos de encontrá-las numa sociedade integral. Caso contrário, seremos forçados a mudar para relações mais positivas uns com os outros, e vamos perceber esta aplicação como grande sofrimento.

Dois Canais Para Perceber A Realidade

laitman_276_03Se o nosso intelecto e emoções fossem dispostos de uma forma um pouco diferente, toda a realidade que percebemos hoje pareceria completamente diferente. Nós poderíamos passar pelas paredes que parecem sólidas para nós…

Elas se tornariam subitamente etéreas, e o que era etéreo, pelo contrário, se tornaria sólido. Propriedades da matéria na natureza que são desconhecidas por nós hoje seriam descobertas.

Pergunta: Você pode realmente passar pelas paredes?

Resposta: Claro que não. A ideia é que uma pessoa que estuda a sabedoria da Cabalá descobre fenômenos escondidos na natureza e vê uma imagem diferente do mundo. Ela começa a viver dentro dela, além de sua existência normal neste mundo. Ela se encontra simultaneamente em dois canais da percepção da realidade. É como se houvesse dois canais na nossa televisão. O primeiro canal é o que percebemos através de nossos sentidos físicos. E o segundo canal é o que percebemos com nossos sentidos espirituais, chamados Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut.

Similar aos sentidos que estão em nossos corpos (visão, audição, olfato, paladar e tato), nós também temos cinco tipos de sentids que pertencem à alma: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut.

Pergunta: E o que vemos no segundo canal?

Resposta: No segundo canal, nós vemos outro mundo onde há uma rede de forças que governam o nosso mundo, que é a transmissão no primeiro canal. Se quisermos descobrir como esse mundo funciona, o que o move, que forças o gerenciam, onde se encontra seu ponto de controle, de onde saem todas as decisões, tudo isso se encontra no mundo espiritual. A sabedoria da Cabalá nos ensina a entrar nele, a fim de receber verdadeiramente uma oportunidade de gerir a nossa situação, a nossa vida. Então nós despertamos do sonho em que estávamos vivendo o tempo todo. Pois, depois de tudo, nós podemos olhar para nós mesmos de fora e entender em que tipo de sonho nos encontraremos se não atingirmos o mundo superior.

Pergunta: Se estamos dormindo e não vemos a vida real, por que não há algum tipo de despertador que nos desperta para isso, como o despertador que nos desperta todas as manhãs do sono?

Resposta: Há um despertar como este no momento da morte. A morte interrompe o nosso sonho e nós paramos de sonhar com esta vida. O mundo que vemos agora é o mais baixo do mundo entre todos os mundos; não há nada mais baixo. No entanto, apesar de tudo isso, ele nos dá algum sentido da vida, mesmo que seja muito limitado e enganoso. É possível esclarecer e analisar esse sentimento para ver sua falsidade. Com a ajuda da sabedoria da Cabalá, nós aprendemos a transformar os nossos novos sentidos, como se todos eles estivessem girando em diferentes direções: anti-horário ou horário. Assim, nós criamos todas as combinações possíveis, e podemos ver as formas de outros mundos, mundos em diferentes níveis de percepção da realidade. Para fazer isso é necessário apenas aprender a gerir a nossa natureza, nossos desejos.

Do Programa da Rádio Israelense 103FM 01/02/15

A Linguagem Secreta Do Criador

laitman_423_02“Não há outro além Dele” é o tema principal e mais importante na sabedoria da Cabalá e na vida de uma pessoa. Em primeiro lugar, é a base para toda a nossa visão da vida e a percepção da realidade, uma vez tudo é derivado de uma força. Cabe a nós saber como nos relacionar com o que Ele retrata dentro de nós, como Ele nos construiu para sentirmos como se existíssemos dentro de corpos numa realidade externa, e como os desejos e pensamentos despertam em nós a cada momento, de modo que parece para nós que nós existimos e a realidade nos rodeia.

Mas em tudo está o retrato imaginário que não existe realmente; ele só parece assim para nós. Através da atitude certa para com a realidade e conosco mesmo, através de tudo o que sentimos dentro de nossos sentidos, nós podemos chegar a uma percepção verdadeira do poder superior. Nós descobrimos que Ele existe e realmente determina e molda tudo para nós.

“Não há outro além Dele”, significa que tudo o que eu sinto vem desse Poder Superior, que retrata essa imagem para mim. Cabe a mim relacionar-me com toda a realidade que vem Dele.

Eu esqueço isso a cada momento, e cada momento é uma nova maneira de perceber uma nova realidade, como se eu existisse e o ambiente existisse por si só, não derivado de qualquer fonte externa.

A cada momento eu devo concentrar minha percepção, a minha visão interior, o meu sentimento interior e pensamento, que no final, tudo isso surge como resultado da influência da força superior em mim. Existe um determinado ponto em mim e esta força retrata todo o resto para mim. Dentro desse ponto eu sinto a mim mesmo, e o mundo no qual tudo está girando e se transformando.

Eu devo dizer que tudo o que sinto como uma perturbação que me desvia da percepção correta vem do Criador e que “Não há outro além Dele”. Só Ele cria essa realidade e me confunde a cada momento. Cabe a mim dizer que tudo isso é para o meu próprio bem, ou seja, todos os distúrbios, confusão, decepções, todas as coisas agradáveis ​​e desagradáveis, tudo o que atrai ou repele, tudo o que se atravessa em meu caminho, Ele organiza para mim de forma muito precisa, para que de acordo com todos esses distúrbios, eu me dirija a cada momento à única fonte que desperta tudo dentro de mim.

Nesta guerra entre eu e o Criador (que está sempre me confundindo), eu começo a me relacionar com o mundo como se ele existisse por si só, as várias pessoas que me influenciam e despertam várias impressões em mim, e também que eu estou constantemente mudando-me. Em tudo isso, cabe a mim ver somente a Ele.

Desta forma, eu esclareço todos os Reshimot (reminiscências), ou seja, toda a grande performance que eles retratam na minha frente e na qual eu participo. Se eu persistir, esclarecendo da melhor forma possível, eu sinto que estou avançando. Mas isso não é verdade; eu não avanço dessa forma.

É lógico que se eu me relaciono com o Criador dessa forma, eu me encontro num conflito, em oposição a Ele; nós estamos um contra o outro. Essa atitude é incorreta. Afinal, o Criador organizou todos esses estados para mim para que eu pudesse estar constantemente dirigido a Ele. Eu vou errar, vou ser confundido e não vou ter sucesso em me manter dirigido a Ele e sentindo que toda essa realidade imaginária existe em alguma tela entre Ele e eu, na qual Ele retrata o mundo para mim.

Se a pessoa constantemente quer localizar o Criador por trás de toda essa imagem, ela atinge o desespero absoluto, porque é incapaz de se segurar a isso. Esse desespero é mais útil, dirigido do Criador. Afinal, assim, a pessoa começa a sentir que precisa da ajuda de Cima, porque não é capaz de estar conectada a essa fonte, a essa causa única que constrói para ela a realidade ao seu redor a cada momento. E assim ela irrompe com um pedido, com uma oração, com um grito, com o ressentimento que ela está em constante anseio de estar em conexão com a fonte, com a causa, com o Criador, pois isso lhe escapa. A solicitação é formada por ele, uma demanda correta para que o Criador a ajude. Isso significa que ela para o jogo, a competição contra o Criador, ao passo que o Criador deu à pessoa uma percepção do mundo a fim de que ela se sinta sozinha. E a pessoa sente que esta é a realidade. Ela se refere a isso, sem conexão com a causa que a constrói, que é a força superior. A pessoa vê que está separada do Criador o tempo todo e que se encontra numa performance, num retrato de uma realidade imaginária.

Se o pedido da pessoa se aproxima de ser uma demanda interna repetidamente, ela começa a sentir que está tendo um diálogo com o Criador sobre a realidade, confrontada pelos distúrbios, que ela não vê mais como distúrbios, mas ajuda. Através disso, ela constrói a si mesma, de modo que possa entender e sentir o Criador. Ela começa a aprender a linguagem, como o Criador está se voltando a ela através de toda essa realidade e como ela atribui toda essa realidade ao Criador e sabe como responder a Ele.

Então, a partir de sua reclamação, sua ação contra o Criador, ela alcança graças. Ela começa a entender que é assim que o Criador está desenvolvendo, crescendo e educando-a. Ele está ensinando-a a compreender a linguagem superior, a qual não vem através de palavras ou letras, mas através do mundo circundante.

O mundo inteiro, todos os sentimentos da pessoa sobre si mesma e o mundo, toda a sua percepção se torna uma linguagem muito rica; pois o mundo inteiro está mostrando a pessoa como o Criador se relaciona com ela e como ela se relaciona com o Criador em resposta.

O mundo torna-se uma tela na qual, através de várias formas, cores, sons, através de todas as distinções na percepção do mundo, a pessoa começa a identificar um código muito original e escondido. Como resultado disso, ela começa a sentir e entender o Criador.

Em vez das reclamações contra o Criador de que ela não tem controle sobre o mundo e de que não pode identificar a fonte, a força superior, a causa única, ela começa a agradecer ao Criador por tudo o que acontece. Sobre isso se diz, “O mundo inteiro é útil para ela”. É assim que a pessoa avança.

A questão que começa a ser esclarecida é: “Por que o Criador fez tudo isso?” Na medida em que a pessoa está pronta para agradecer ao Criador, a identificar-se com Ele, a se desprender de si mesma, como se não existisse, mas está pronta para penetrar na imagem que o Criador apresenta a ela e se identificar com a força superior, ela realmente começa a sentir por meio desta linguagem, que é o mundo inteiro, que ela está aderida ao Criador e avança junto com Ele por meio desses mesmos passos, mudanças, formas coloridas, sons, sentimentos e pensamentos.

A pessoa se identifica com o Criador, e muda tanto que começa a avançar em conjunto com o Criador no mesmo movimento. E ela não só recebe impressões do Criador, mas tenta reagir, aderir a essa forma, a esse mundo, e a essa imagem. Ela não vai atrás do Criador como uma criança, mas ambos começam a trabalhar com a mesma forma, com a mesma taxa. Então este mundo desaparece.

Pois o mundo é o resultado da diferença entre a influência do Criador sobre a pessoa e a reação da pessoa com respeito a isso. Mas se eles começam a ser iguais, a se mover na mesma taxa, com cada passo sem qualquer diferença entre o ato que o Criador inicia e o ato que a pessoa termina, mas tudo acontece juntos, então a forma do mundo, a imagem do mundo, desaparece (“Olam” [mundo] vem da palavra “Halam” [escondido]). Então, a pessoa e o Criador se conectam. Este estado é chamado de “adesão”. Isso é o que devemos alcançar.

Da Convenção na França “Um por Todos e Todos por Um”, 10/05/14, Lição 2

No Abrigo Do Altíssimo

Laitman_119Salmos 91:1-91:4, 91:11: Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode dizer ao Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio. Ele o livrará do laço do caçador e do veneno mortal. Ele o cobrirá, e sob as Suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade Dele será o seu escudo protetor. Porque a Seus anjos Ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos.

A pessoa que se encontra “no abrigo do Altíssimo”, significa que ela sente a ocultação que se aproxima dela e deve ter cuidado para não cair na dupla ocultação. Na ocultação normal (simples ou regular) a pessoa compreende que a ocultação vem do Criador, e na dupla ocultação, ela já esquece que isso é enviado a ela pelo Criador e sucumbe ao desespero e desânimo.

Apenas o Arvut (garantia mútua) num grupo e uma programação rígida podem salvá-la da ocultação regular, que é algo que age no nível inanimado: a conexão com o grupo e a programação rígida. Além disso, pode ser que eles tenham misericórdia para com ela desde Cima e lhe deem um despertar. Mas o principal é a forma como ela se prepara para esses estados desde o início. É impossível contar com milagres e uma relação especial; em vez disso, ela deve pensar constantemente sobre como não se afastar do processo de avanço.

Se a pessoa se encontra um pouco acima da ocultação dupla, ou seja, em ocultação regular, ela deve entender que está “No abrigo do Altíssimo”, ou seja, que tanto a ocultação e sua forma são enviadas de Cima. Tudo, até o último pormenor, é organizado de acordo com a relação entre a Luz e o Kli que são perfeitamente organizados para o avanço proposital da pessoa.

Assim, ela deve ser grata por esta ocultação. É claro que ela não tem nenhuma elevação, nenhum poder, nada a ilumina ou não a faz avançar, e nada a empurra para frente. No entanto, juntamente com a ausência do poder que atrai e empurra, apesar da falta de energia em geral que ela tem, ela deve tirar conclusões, a fim de esclarecer o seu desejo: Quanto ela está pronta ou não para superar?

Ela deve analisar sua vida quando ela é despertada e iluminada de Cima e sua vida está em ocultação.

Qual é a diferença entre isso e aquilo? Quanto o seu sistema depende do despertar de cima? Será que ela pode alcançá-lo através do despertar do grupo? Afinal de contas, é dito: “Eles ajudaram cada um a seu próximo” (Isaías 41: 6), “A inveja dos escribas aumenta a sabedoria” (Baba Batra 22a), “A inveja, a luxúria e a honra tiram a pessoa do mundo” (Pirkei Avot 4:28), ou seja, do mau estado em que ela se encontra para o bom estado.

É impossível se submeter aos estados onde você está numa sombra, em ocultação, “No abrigo do Altíssimo”; em vez disso, é necessário tentar encontrar sinais do trabalho neles. Tal como acontece com o piano, onde existem teclas brancas – maiores, e pretas – menores, e é impossível tocar sem as pretas, elas são necessárias.

Mesmo que as especiarias sejam apenas um complemento à alimentação, é impossível fazer sem elas, pois a comida não teria sabor. Portanto, na escuridão há muitos discernimentos e é necessário se preparar para isso também. É dito: “Não tenha medo da noite escura”, pois se você usa os estados de escuridão corretamente, só com eles você pode descobrir a coragem, a sua boa preparação, estabilidade e a organização adequada.

Da Preparação para a Lição Diária de Cabalá 18/05/14

Como Um Feixe De Juncos – A Nação Em Missão, Parte 1

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 4: Uma Nação em Missão

O Papel do Povo Judeu

“Abraão foi recompensado com a bênção de ser como as estrelas dos céus, Isaac, a bênção da areia e Jacó, como a poeira da terra, pois os filhos de Israel foram criados para corrigir o todo da Criação”.

Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur),

Sefat Emet [Linguagem da Verdade], Bamidbar [Números]

No fim do anterior capítulo nós perguntamos, “Se tudo está certo, porque há tanta coisa errada no mundo”? E “Se a lei fundamental da vida pode ser conhecida por todos, como tão poucos a conhecem, especialmente agora que estamos numa perda no que tange lidar com as múltiplas crises que engolem a sociedade humana?” Nós dissemos que para responder a essas perguntas, precisamos compreender como o conhecimento da lei se espalha e como os judeus estão relacionados com sua divulgação.

Você pode se recordar que na Introdução, nós estabelecemos que, uma vez que Abraão descobriu que uma única força conduzia o mundo, ele se apressou a contar a seus conterrâneos sobre sua descoberta. Ele não apresentou condições prévias; ele desejava partilhar seu conhecimento recentemente achado com todos. Acontece que, nem seu rei, Nimrod, nem o povo estavam prontos para aceitar a noção de que a força governante da vida era uma força de doação e que sua meta na vida, como dissemos no Capítulo 1, é revelá-la ao ser semelhante ou até igual a ela. Os babilônios do tempo de Abraão estavam muito preocupados em construir sua torre e tentar deificar as leis da Natureza.

Enquanto Abraão vagava pelo que agora é o Oriente Próximo e Médio no seu caminho para Canaã, ele reuniu na sua tenda, a princípio, todos aqueles que eram capazes de compreender suas noções e se comprometer com a autotransformação do egoísmo em doação. Essas pessoas mais tarde se tornaram a nação de Israel, denominada segundo o desejo de alcançar direto o Criador.

Todavia, os quatro níveis da vida (inanimado, vegetal, animal e falante) são uma constante. Eles devem ser atualizados na totalidade, e todos aqueles que fisicamente pertencem ao nível falante também devem, no final, alcançá-lo espiritualmente. O fato de que nem todos os babilônios estavam prontos para se comprometer, a mudar a si mesmos no tempo de Abraão, não muda nada em termos do propósito final para o qual a raça humana existe. Assim, aqueles que estavam prontos e dispostos a se comprometer, se tornaram os “guardiões” do conhecimento, confiados em manter e nutri-lo para a posteridade.

No seu ensaio, “O Arvut (garantia mútua)”, Baal HaSulam escreveu, “[O Criador disse] ‘Vós serei Minha Segulá [remédio/virtude] dentre todos os povos’. Isto significa que vós sereis Meu remédio, e centelhas de purificação e limpeza do corpo passarão através de vós para todos os povos e nações do mundo. As nações do mundo ainda não estão prontas para isso, e eu preciso de pelo menos uma nação com quem começar agora, pois ela será já como um remédio para todas as nações”. [i]

Esta citação, acompanhada das palavras do Rabi Altar, citadas no princípio deste capítulo, “Os filhos de Israel foram criados para corrigir o todo da Criação”, e juntas com as citações abaixo neste capítulo, deixam poucas dúvidas sobre a visão dos líderes espirituais judeus durante as eras a respeito do papel para o qual os judeus existem no mundo.

Quando Moisés conduziu o povo de Israel para fora do Egito, ele pretendia antes de tudo lhes passar a lei que ele mesmo havia aprendido, a lei que Abraão havia aprendido antes dele. Sua meta era terminar, ou pelo menos avançar a missão que Abraão havia começado gerações antes. Rabi Moshe Chaim Luzzatto, o grande Ramchal, escreveu sobre isso, “Moisés desejou completar a correção do mundo nessa altura. Foi por isso que ele juntou a multidão misturada [pessoas egocêntricas, sem desejos corrigidos], pois pensou que assim seria a correção do mundo que será feita no fim da correção… Contudo, ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no caminho”. [ii] Apesar das dificuldades, escreve o Rabi Isaac Wildman, “Essa foi a oração e bênção de Moisés para a geração do deserto, que eles fossem o princípio da correção do mundo”. [iii]

Todavia, o mundo não teve desejo de correção. As nações não estavam prontas para abdicar do amor-próprio e abraçar o altruísmo – dar – como sua principal qualidade. Então no entretanto, a nação Israelita continuou a “polir” sua própria correção esperando que o resto das nações estivessem prontas e dispostas. Nas palavras de Ramchal, “Vós deveis saber … que a Criação como um todo não será completada até que o todo da nação escolhida seja ordenada na ordem certa, completada em todas as suas decorações, com a Shechiná [Divindade] aderida a ela. Consequentemente, o mundo alcançará o estado completo. …Devemos chegar a um estado em onde a nação é totalmente complementada em todas as necessárias condições, e o todo da Criação recebe sua completude, e então o mundo será estabelecido permanentemente no estado corrigido. ”97

Segue-se que a nação Israense serve como um canal pelo qual a correção, nomeadamente a qualidade de doação, deve alcançar seus recipientes pretendidos: as nações do mundo. Em estilo eloquente e florido, o Rav Kook detalha como ele vê o papel dos judeus a respeito do resto das nações. “Assim que a vocação de Israel, sendo a nação do Senhor, esteja presente e seja completa, aparente, duradoura e ativa no mundo, é um testemunho válido para o mundo por toda a posteridade para complementar a forma da raça humana, a manter suas características, e a elevá-la pelos degraus da santidade adequados a ela… que o Senhor determinou. E uma vez que nossa própria vocação sempre permanece, acompanhando a vocação do todo da Natureza – cuja lei é completar todas as criações e levá-las ao ápice da perfeição – nós devemos guardá-la devotadamente pela vida de todos nós, que é mantida dentro dela, e pelo todo da humanidade e seu desenvolvimento moral, cujo destino depende do destino da nossa existência”. [v]

Como demonstrado na Introdução deste livro, o Rav Kook vai até mais longe ao dizer, “O movimento genuíno da alma Israelense na sua grandiosidade é expresso somente pela sua força sagrada e eterna, que flui dentro de seu espírito. É aquilo que a fez, a faz, e a fará permanecer ainda uma nação que permanece como uma luz para as nações” [vi]

Em seu livro, Ein Ayá [O Olho do Falcão], o Rav Kook acrescenta mais: “Dentro de Israel está uma santidade escondida de elevar o valor da própria vida através da Divindade que está presente em Israel. A alma nacional da Assembleia de Israel aspira ao mais sublime e exaltado, a agir na vida pelo valor mais exaltado e Divino, por esse mesmo valor que fará que nenhuma pessoa seja capaz de questionar, ‘Qual é o propósito desta tal vida?’, tendo visto a glória e a sublimidade da sua agradabilidade e magnificência. Em absoluta completude será ela completada dentro da casa de Israel, e a partir dela, brilhará para a terra e para o mundo inteiro, por uma aliança do povo, por uma luz das nações'”. [vii]

Da mesma forma, Rabi Naftali Tzvi Yehuda Berlin (conhecido como “O TATZIV de Volozin”) escreveu, “Isaías o profeta disse, ‘Eu vos tomarei pela mão e vos manterei; Eu vos darei como uma aliança para o povo, uma luz para as nações’, ou seja, para corrigir a aliança, que é a fé, para cada nação. Eles jogarão fora a fé em ídolos e acreditarão em um Deus. Certamente, a aliança com Abraão nosso Pai foi assinada sobre essa questão”. [viii]

[i] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, “O Arvut [Garantia Mútua]”, item 28 (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 397.

[ii] Rav Moshe Chaim Luzzatto (Ramchal), O Comentário do Ramchal na Torá, Bamidbar [Números].

[iii] Yitzhak Hever Wildman, Beit Olamim [A Casa Eterna] (Varsóvia, 1889), 130a.

[iv] Rav Moshe Chaim Luzzatto (Ramchal), Ensaio dos Princípios, (Oybervisha (Felsövisó) Romênia, 1928), 15. Fonte online: http://www.hebrewbooks.org/33059

[v] Rav Isaac Abraham HaCohen Kook (Raaiah) (apareceu em HaPeles , uma revista rabínica, Berlim, Alemanha, 1901) (A. A vocação de Israel e a Sua Nacionalidade, capítulo 1, p 26).

[vi] HaRav Avraham Yitzchak HaCohen Kook, Letras do RAAIAH 3, 194-195.

[vii] Rav Isaac Abraham HaCohen Kook (Raaiah), Ein Ayah [Olho do Falcão], Shabbat 1, p 188.

[viii] Rabbi Naftali Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volozin), Haamek Davar [Mergulhar Profundamente na Matéria] sobre Devarim [Deuteronômio], Capítulo 27: 5