A Linguagem Secreta Do Criador

laitman_423_02“Não há outro além Dele” é o tema principal e mais importante na sabedoria da Cabalá e na vida de uma pessoa. Em primeiro lugar, é a base para toda a nossa visão da vida e a percepção da realidade, uma vez tudo é derivado de uma força. Cabe a nós saber como nos relacionar com o que Ele retrata dentro de nós, como Ele nos construiu para sentirmos como se existíssemos dentro de corpos numa realidade externa, e como os desejos e pensamentos despertam em nós a cada momento, de modo que parece para nós que nós existimos e a realidade nos rodeia.

Mas em tudo está o retrato imaginário que não existe realmente; ele só parece assim para nós. Através da atitude certa para com a realidade e conosco mesmo, através de tudo o que sentimos dentro de nossos sentidos, nós podemos chegar a uma percepção verdadeira do poder superior. Nós descobrimos que Ele existe e realmente determina e molda tudo para nós.

“Não há outro além Dele”, significa que tudo o que eu sinto vem desse Poder Superior, que retrata essa imagem para mim. Cabe a mim relacionar-me com toda a realidade que vem Dele.

Eu esqueço isso a cada momento, e cada momento é uma nova maneira de perceber uma nova realidade, como se eu existisse e o ambiente existisse por si só, não derivado de qualquer fonte externa.

A cada momento eu devo concentrar minha percepção, a minha visão interior, o meu sentimento interior e pensamento, que no final, tudo isso surge como resultado da influência da força superior em mim. Existe um determinado ponto em mim e esta força retrata todo o resto para mim. Dentro desse ponto eu sinto a mim mesmo, e o mundo no qual tudo está girando e se transformando.

Eu devo dizer que tudo o que sinto como uma perturbação que me desvia da percepção correta vem do Criador e que “Não há outro além Dele”. Só Ele cria essa realidade e me confunde a cada momento. Cabe a mim dizer que tudo isso é para o meu próprio bem, ou seja, todos os distúrbios, confusão, decepções, todas as coisas agradáveis ​​e desagradáveis, tudo o que atrai ou repele, tudo o que se atravessa em meu caminho, Ele organiza para mim de forma muito precisa, para que de acordo com todos esses distúrbios, eu me dirija a cada momento à única fonte que desperta tudo dentro de mim.

Nesta guerra entre eu e o Criador (que está sempre me confundindo), eu começo a me relacionar com o mundo como se ele existisse por si só, as várias pessoas que me influenciam e despertam várias impressões em mim, e também que eu estou constantemente mudando-me. Em tudo isso, cabe a mim ver somente a Ele.

Desta forma, eu esclareço todos os Reshimot (reminiscências), ou seja, toda a grande performance que eles retratam na minha frente e na qual eu participo. Se eu persistir, esclarecendo da melhor forma possível, eu sinto que estou avançando. Mas isso não é verdade; eu não avanço dessa forma.

É lógico que se eu me relaciono com o Criador dessa forma, eu me encontro num conflito, em oposição a Ele; nós estamos um contra o outro. Essa atitude é incorreta. Afinal, o Criador organizou todos esses estados para mim para que eu pudesse estar constantemente dirigido a Ele. Eu vou errar, vou ser confundido e não vou ter sucesso em me manter dirigido a Ele e sentindo que toda essa realidade imaginária existe em alguma tela entre Ele e eu, na qual Ele retrata o mundo para mim.

Se a pessoa constantemente quer localizar o Criador por trás de toda essa imagem, ela atinge o desespero absoluto, porque é incapaz de se segurar a isso. Esse desespero é mais útil, dirigido do Criador. Afinal, assim, a pessoa começa a sentir que precisa da ajuda de Cima, porque não é capaz de estar conectada a essa fonte, a essa causa única que constrói para ela a realidade ao seu redor a cada momento. E assim ela irrompe com um pedido, com uma oração, com um grito, com o ressentimento que ela está em constante anseio de estar em conexão com a fonte, com a causa, com o Criador, pois isso lhe escapa. A solicitação é formada por ele, uma demanda correta para que o Criador a ajude. Isso significa que ela para o jogo, a competição contra o Criador, ao passo que o Criador deu à pessoa uma percepção do mundo a fim de que ela se sinta sozinha. E a pessoa sente que esta é a realidade. Ela se refere a isso, sem conexão com a causa que a constrói, que é a força superior. A pessoa vê que está separada do Criador o tempo todo e que se encontra numa performance, num retrato de uma realidade imaginária.

Se o pedido da pessoa se aproxima de ser uma demanda interna repetidamente, ela começa a sentir que está tendo um diálogo com o Criador sobre a realidade, confrontada pelos distúrbios, que ela não vê mais como distúrbios, mas ajuda. Através disso, ela constrói a si mesma, de modo que possa entender e sentir o Criador. Ela começa a aprender a linguagem, como o Criador está se voltando a ela através de toda essa realidade e como ela atribui toda essa realidade ao Criador e sabe como responder a Ele.

Então, a partir de sua reclamação, sua ação contra o Criador, ela alcança graças. Ela começa a entender que é assim que o Criador está desenvolvendo, crescendo e educando-a. Ele está ensinando-a a compreender a linguagem superior, a qual não vem através de palavras ou letras, mas através do mundo circundante.

O mundo inteiro, todos os sentimentos da pessoa sobre si mesma e o mundo, toda a sua percepção se torna uma linguagem muito rica; pois o mundo inteiro está mostrando a pessoa como o Criador se relaciona com ela e como ela se relaciona com o Criador em resposta.

O mundo torna-se uma tela na qual, através de várias formas, cores, sons, através de todas as distinções na percepção do mundo, a pessoa começa a identificar um código muito original e escondido. Como resultado disso, ela começa a sentir e entender o Criador.

Em vez das reclamações contra o Criador de que ela não tem controle sobre o mundo e de que não pode identificar a fonte, a força superior, a causa única, ela começa a agradecer ao Criador por tudo o que acontece. Sobre isso se diz, “O mundo inteiro é útil para ela”. É assim que a pessoa avança.

A questão que começa a ser esclarecida é: “Por que o Criador fez tudo isso?” Na medida em que a pessoa está pronta para agradecer ao Criador, a identificar-se com Ele, a se desprender de si mesma, como se não existisse, mas está pronta para penetrar na imagem que o Criador apresenta a ela e se identificar com a força superior, ela realmente começa a sentir por meio desta linguagem, que é o mundo inteiro, que ela está aderida ao Criador e avança junto com Ele por meio desses mesmos passos, mudanças, formas coloridas, sons, sentimentos e pensamentos.

A pessoa se identifica com o Criador, e muda tanto que começa a avançar em conjunto com o Criador no mesmo movimento. E ela não só recebe impressões do Criador, mas tenta reagir, aderir a essa forma, a esse mundo, e a essa imagem. Ela não vai atrás do Criador como uma criança, mas ambos começam a trabalhar com a mesma forma, com a mesma taxa. Então este mundo desaparece.

Pois o mundo é o resultado da diferença entre a influência do Criador sobre a pessoa e a reação da pessoa com respeito a isso. Mas se eles começam a ser iguais, a se mover na mesma taxa, com cada passo sem qualquer diferença entre o ato que o Criador inicia e o ato que a pessoa termina, mas tudo acontece juntos, então a forma do mundo, a imagem do mundo, desaparece (“Olam” [mundo] vem da palavra “Halam” [escondido]). Então, a pessoa e o Criador se conectam. Este estado é chamado de “adesão”. Isso é o que devemos alcançar.

Da Convenção na França “Um por Todos e Todos por Um”, 10/05/14, Lição 2