A Grande Luz De Purim

Dr. Michael LaitmanO Livro de Ester (Meguilat Ester) 1:1: E sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a India até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias. Assim começa Megillat Ester, o Livro de Ester. A palavra hebraica “Megillah é derivada da palavra “Gilui” (divulgação) e “Ester” significa escondido. Ester é o nome da rainha, a esposa de Assuero (Xerses). Megillat Ester simboliza a revelação do oculto, o que implica que, embora algo seja revelado a você, você deve se lembrar que tudo se mantém em ocultação.

O Livro de Ester (Meguilat Ester) 2:5-7 – 2:20: Mardoqueu tinha uma prima chamada Hadassa, que havia sido criada por ele, por não ter pai nem mãe. Essa moça, também conhecida como Ester, era atraente e muito bonita, e Mardoqueu a havia tomado como filha quando o pai e a mãe dela morreram. Quando a ordem e o decreto do rei foram proclamados, muitas moças foram trazi­das à cidadela de Susã e colocadas sob os cuida­dos de Hegai. Ester também foi trazida ao palácio do rei e confiada a Hegai, encarregado do harém.

A moça o agradou e ele a favoreceu. Ele logo lhe providenciou tratamento de beleza e comida especial. Ester não tinha revelado a que povo pertencia nem a origem da sua família, pois Mardoqueu a havia proibido de fazê-lo.

O rei gostou mais de Ester do que de qualquer outra mulher; ela foi favorecida por ele e ganhou sua aprovação mais do que qualquer das outras virgens;

Ester pertencia ao povo judeu que tinha uma conexão com a força superior, e se ela tivesse dito a verdade sobre sua origem, isso poderia ter prejudicado o seu relacionamento com o rei.

Ela alcançou graça e favor aos seus olhos, porque ela revelou certa parte de seu potencial espiritual em seu relacionamento com o rei.

Então, o rei deu um grande banquete, o banquete de Ester, para todos os seus minsitros e oficiais. Proclamou feriado em todas as provín­cias e distribuiu presentes por sua generosidade real. Quando as virgens foram reunidas pela segunda vez, Mardoqueu estava sentado junto à porta do palácio real.

Ester havia mantido segredo sobre seu povo e sobre a origem de sua família, conforme a ordem de Mardoqueu, pois continuava a seguir as instruções dele, como fazia quando ainda estava sob sua tutela.

…Mardoqueu estava sentado junto à porta do palácio real.

Mardoqueu (Mor Dror) é a força superior, uma força muito séria que está totalmente oculta. Ester continuou totalmente sua linha.

Isto significa a porta do rei superior, a força superior da natureza. Sentar representa o estado de humildade, de pequenez. Portanto, Mardoqueu esperou pacientemente pela oportunidade de passar o atributo da força superior a todas as pessoas na Terra. A população da Babilônia naqueles dias era, na verdade, toda a humanidade.

O Livro de Ester (Megillat Esther) 3-1, 3: 5-9: Depois desses acontecimentos, o rei Assuero honrou Hamã, filho de Hamedata, descendente de Agague, promovendo-o e dando-lhe uma posição mais elevada do que a de todos os demais nobres.

Deve haver um grande desejo, a fim de revelar a força superior, a grandeza do Criador. Em primeiro lugar, ele decorre do ego, depois ele é corrigido e a revelação do Criador é recebida no desejo corrigido. Mardoqueu não tem esse desejo. Ele estava num estado de pequenez, sentado à porta do rei, por isso foi necessário incluir o ego nele, a fim de elevá-lo ao próximo nível. O ego que é adicionado ao Mardoqueu é chamado de Hamã.

Quando Hamã viu que Mardoqueu não se curvava nem se prostrava, ficou muito irado. Contudo, sabendo quem era o povo de Mardo­queu, achou que não bastava matá-lo. Em vez disso, Hamã procurou uma forma de exterminar todos os judeus, o povo de Mardoqueu, em todo o império de Xerxes. No primeiro mês do décimo segundo ano do reinado do rei Xerxes, no mês de nisã, lançaram o pur, isto é, a sorte, na presença de Hamã a fim de escolher um dia e um mês para executar o plano. E foi sorteado o décimo segun­do mês, o mês de Adar.

Hamã representa o ego universal. Ele teve que matar o desejo chamado Mardoqueu, que constantemente ameaçava o ego. Ele planejou aniquilar e destruir todos os judeus, visto que o povo judeu é, na verdade, um canal para a Luz e o atributo de doação. Se eles começassem a doar a todas as outras nações certamente seriam capazes de corrigi-las e transformá-las em altruístas, transformá-las numa nação superior assim como eles; uma nação que não serviria mais a Hamã. Hamã sabia que não poderia corrigir-se e por isso não tinha outra escolha e foi obrigado a agir contra Mardoqueu.

Então Hamã disse ao rei Assuero: “Exis­te certa nação dispersa e espalhada entre as nações de todas as províncias do teu império, cujos costumes são diferentes dos de todas as outras nações e que não obedecem às leis do rei; não convém ao rei tolerá-los. Se for do agrado do rei, que se decrete a destruição deles…”.

Cada uma das nações que viviam nas 127 províncias do império babilônico tinha um território próprio, mas os judeus estavam dispersos entre todas as nações e não tinham a sua própria terra. No entanto, eles ainda atribuíam para si uma tribo em particular chamada nação de Israel.

Esta é a razão que Hamã disse: Exis­te certa nação dispersa e espalhada entre as nações de todas as províncias do teu império”, o que significa que eles não estavam conectados entre si. O ego os separava e os fazia sentir repulsa mútua. Eles não podiam ser uma nação, uma vez que todas as outras nações eram definidas por sua origem e tinham um completo egoísmo terreno, que os judeus não tinham. Eles diferem de tal forma que falavam aramaico entre si e não hebraico, sua língua materna.

Na época do Primeiro Templo, os judeus estavam num nível espiritual e falavam hebraico, mas quando eles caíram para um nível egoísta que era muito inferior aos das outras nações, eles realmente perderam sua língua, a língua de doação e amor mútuo, e começaram a falar aramaico, a língua que é o inverso do hebraico. Além disso, cada nação sentiu que pertencia a uma classe social e cada nação respeitava o rei e se curvava a seus ídolos, enquanto os judeus não tinham ídolos, não respeitavam o rei, e não há tinham relações sociais mútuas adequadas entre si. Eles eram os maiores egoístas que não se davam bem uns com os outros.

Pergunta: Se a nação judaica foi separada a tal ponto, que perigo ela impôs a Hamã?

Resposta: Hamã sentiu que o tempo do despertar dos judeus para a unidade estava se aproximando. É dito que Hamã era um grande astrólogo. Ele viu de acordo com os sinais, o que significa de acordo com o seu sentimento interior, o que a nação judaica realmente é. Hamã é o lado oposto de um Cabalista, daquele que doa. Ele percebeu que algo estava prestes a acontecer que acabaria com o exílio da nação de Israel fim e que eles voltariam a sua terra, que para ele significava a morte. Eles tiveram que destruí-lo em seu caminho de volta, uma vez que era impossível reconstruir o Segundo Templo sem matar e destruir Hamã. Portanto, ele não tinha escolha, exceto destruí-los, não por maldade, mas de acordo com as leis claras e precisas da natureza.

O Livro de Ester (Megillat Esther) 3:10-11, 03:13: Em vista disso, o rei tirou seu anel-selo do dedo, deu-o a Hamã, o inimigo dos judeus, filho de Hamedata, descendente de Agague, e lhe disse: “Fi­que com a prata e faça com o povo o que você achar melhor”.

Assuero (Xerxes) pensou em como elevar a nação de Israel. Ele percebeu que eles deviam ter medo e, assim forçou-os a se unir e se conectar, uma vez que o seu poder está somente na unidade e na ascensão ao nível superior. Mas isso só foi possível com a ajuda de Hamã. Os judeus tiveram que ser aterrorizados pelo seu ego e destruí-lo para que pudessem transformá-lo em altruísmo, e só então conseguirem se elevar. Eles não poderiam subir sem Hamã.

O Livro de Ester (Megillat Esther) 3:10; 4:1-2: As cartas foram enviadas por mensageiros a todas as províncias do império com a ordem de exter­minar e aniquilar completamente todos os jude­us, jovens e idosos, mulheres e crianças, num único dia, o décimo terceiro dia do décimo segundo mês, o mês de adar, e de saquear os seus bens. Quando Mardoqueu soube de tudo o que tinha acontecido, rasgou as vestes, vestiu-se de pano de saco, cobriu-se de cinza, e saiu pela cidade, chorando amargamente em alta voz. Foi até a porta do palácio real, mas não entrou, porque ninguém vestido de pano de saco tinha permis­são de entrar.

Mardoqueu teve que dizer a todos o que estava prestes a acontecer e despertar as forças do bem e do mal, a fim de revelar corretamente o caminho que a humanidade devia seguir. Por isso, Ele saiu pela cidade, chorando amargamente em alta voz. Ele não era mais o velho despercebido que se sentou calmamente na porta da cidade. Na verdade, ele começou a ser ativo.

“Chorando amargamente em voz alta”, refere-se à revelação, à chamada, à conexão, que ele recriou entre Malchut e Keter. Até então, Mardoqueu estava num estado de pequenez (Malchut em Bina), mas agora, quando mudou para um estado de grandeza, um estado de revelação, ele conectou os dois pontos opostos da Criação, Malchut e Keter, através de Bina. É dito: Mardoqueu rasgou as vestes. Vestes é o estado atrás do qual a pessao se esconde. Rasgando suas vestes, Mardoqueu põe fim ao seu estado humilde anterior. Ele quer ser revelado.

O atributo de Mardoqueu é o atributo de Bina, doação completa. Não tem nada a ver com o ego e não pode fazer nada por si só. Existe a necessidade dessa conexão agora. As cinzas são o último nível egoísta. Quando coloca as cinzas na cabeça, Mardoqueu eleva este nível acima de si mesmo, o que significa que se coloca abaixo de todas as criações, abaixo de tudo. Estas não são apenas palavras bonitas, mas uma ação espiritual real; uma ação que ele realizou para que pudesse ser capaz de transmitir a grande força de correção a todos através dele. Assim, ele se prepara para o estado de desconexão do ego e para a subida ao atributo de Bina, quando ele poderia transmitir toda a Luz superior chamada Mardoqueu (Mor Dror), uma grande Luz, por meio dele.

De uma Conversa sobre Purim 19/02/15