“O Acordo Com O Líbano Para Não Trazer Paz Nem Sossego” (Times Of Israel)
Michael Laitman, no The Times of Israel: “O Acordo Com O Líbano Para Não Trazer Paz Nem Sossego”
“A Suprema Corte de Israel rejeitou no domingo petições que teriam suspendido um acordo histórico mediado pelos EUA estabelecendo uma fronteira marítima com o Líbano, que Washington previu que poderia ser finalizado na quinta-feira”, saudou a Reuters na segunda-feira, 24 de outubro. Mas se o acordo não garante a paz, e não garante, se enfraquece sua posição e cede território a um inimigo que jurou matá-lo sem mesmo uma promessa formal de cessar as hostilidades, o que há para saudar neste acordo? Por que é descrito como um acordo “referancial”?
A única relação que devemos ter com o Líbano é comercial: nós extraímos o gás que está em nossas águas territoriais e vendemos para eles, se quiserem comprá-lo. Isso é o que todo país razoável faria.
Eu percebo que parece que essa política não deixa espaço para a paz, mas não há ninguém que queira a paz do outro lado de qualquer maneira, então não há espaço para a paz para começar. Pelo contrário, devemos nos concentrar em nos fortalecer para impedir que o inimigo abrigue qualquer pensamento de agressão, o que levaria a baixas de ambos os lados (principalmente deles) e ainda não levaria à paz. Quando seu inimigo está engatilhado, uma demonstração de força e coragem é a melhor dissuasão, a melhor maneira de evitar a escalada para a violência.
Costumava haver um slogan em Israel: terra pela paz. Isso promoveu a ideia de que se dermos terra aos árabes, eles nos dariam paz.
Nós tentamos várias vezes. Tentamos firmar acordos com base nessa fórmula, e tentamos abrir mão de terras mesmo sem acordo, acreditando que se o outro lado conseguisse a terra que queria, deixaria de lutar. Nenhuma das formas funcionou. A única fórmula que faz sentido é paz pela paz. Se o outro lado quer paz, há paz; se quer guerra, há guerra.
Precisamos entender o significado da paz. A paz de que falei até agora não é a paz real. É a ausência de hostilidades e, na melhor das hipóteses, é a normalização da relação baseada em interesses econômicos. Mas quando você está lidando com um inimigo cuja motivação deriva de um ódio profundo, é impossível fazer a paz em qualquer circunstância. Enquanto houver ódio, estamos condenados a viver pela espada.
No entanto, podemos curar o ódio. Curar o ódio dos palestinos contra Israel e israelenses está ao nosso alcance. Na verdade, ninguém mais pode curar seu ódio por nós, apenas nós. E podemos fazer isso curando o ódio que sentimos um pelo outro.
A palavra hebraica para “paz” é shalom, da palavra shlemut (plenitude). Atualmente, nossa nação está profundamente fragmentada e dividida. Quando não temos shlemut entre nós, não temos nada disso com os outros.
Pode-se dizer que os palestinos estão se esforçando para eliminar o Estado de Israel porque é natural que os países identifiquem divisão e fraqueza em seus inimigos e se esforcem para tirar vantagem disso. Embora isso seja verdade, não é o caso de Israel. Quando se trata de Israel, as coisas ficam muito emocionais e os relacionamentos são determinados por sentimentos de amor ou ódio, e não por pensamento racional.
A nação israelense contém dentro de si “delegados” ou “representantes” de pessoas de todas (ou pelo menos da maioria) das nações que habitavam o mundo antigo. Essas nações evoluíram para as nações que conhecemos hoje, toda a humanidade. Como resultado, todas as nações se sentem inconscientemente conectadas ao povo de Israel, que têm uma “participação”, um “investimento” nesta nação. É por isso que elas se sentem no direito de julgar e repreender Israel e os judeus, o que elas não se permitiriam fazer a nenhuma outra nação ou país.
Milhares de anos atrás, esses “enviados” realizaram uma façanha que nunca mais se repetiu desde então: apesar de suas origens diferentes, eles se uniram e passaram a se amar ainda mais do que cuidaram de seu próprio povo, ainda mais do que cuidaram de si mesmos.
Ao fazer isso, os antigos israelitas criaram uma nação modelo, uma amostra minúscula da paz mundial. No entanto, a antiga nação israelense foi uma prova de conceito e funcionou. Por causa de seu sucesso, eles foram intitulados “um povo virtuoso” e foram instruídos a serem “uma luz para as nações”.
Enquanto mantiveram sua unidade, cumpriram sua missão e as nações puderam ver o exemplo de que precisavam. Quando se tornaram beligerantes e divididos entre si, o exemplo que deram foi o oposto daquele que tinham sido incumbidos de dar. Como resultado, o mundo os advertiu.
O povo de Israel nunca será libertado de sua missão. Será sempre o ponto focal de todas as nações, que o julgarão de acordo com seu nível de coesão ou separação. Embora nem judeus nem gentios estejam conscientes de sua antiga conexão, essa conexão existe em nossa raiz e não pode ser desenraizada. É por isso que somente quando fizermos as pazes entre nós, alcançarmos shlemut e amarmos uns aos outros, o mundo também nos amará. E quando nos odiarmos, o mundo também nos odiará.