“Dia Da Lembrança Do Holocausto: Reflexões Sobre O Novo Antissemitismo” (Times of Israel)

Michael Laitman, no The Times of Israel: “Dia Da Lembrança Do Holocausto: Reflexões Sobre O Novo Antissemitismo

O Dia da Lembrança do Holocausto é um momento para refletir sobre o passado e como as circunstâncias modernas provam que o sinistro espectro do antissemitismo simplesmente não morreu com a Segunda Guerra Mundial.

De fato, o sobrevivente do Holocausto, Manfred Goldberg, afirmou recentemente que a mídia social deu aos antissemitas um poder de propaganda “com o qual os nazistas só podiam sonhar”. O Sr. Goldberg também compartilhou seus temores de um futuro “desanimador” sem sobreviventes para contar suas histórias.

Em meu livro, New Anti-semitism Mutation of a Long-Lived Hatred, enfatizei o fato de que o antissemitismo está vivo e forte e deve servir como um alerta para os judeus em todo o mundo. Como o Sr. Goldberg, muitos na comunidade judaica têm sérias preocupações com o futuro.

Por exemplo, Steven Spielberg, que estabeleceu a USC Shoah Foundation para preservar a memória do Holocausto, expressou profunda preocupação de que o genocídio seja tão possível hoje quanto durante a era nazista. “Quando o ódio coletivo se organiza e se industrializa, segue-se o genocídio. Temos que levar isso mais a sério hoje do que acho que levamos em uma geração.”

Três meses após a chegada de Hitler ao poder na Alemanha em 1933, foi ordenado um boicote nacional aos negócios e profissionais judeus. A explicação oficial dos nazistas para os boicotes foi que eles foram implementados como uma contrarreação às demandas de organizações judaicas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha que boicotavam produtos fabricados na Alemanha devido à ascensão dos nazistas ao poder. Esta ação legitimou a atividade antijudaica e lhe deu um apoio oficial que até então não existia, e marcou o início da guerra contra os judeus, com a penetração da ideologia antissemita na consciência alemã.

Os boicotes nazistas foram acompanhados de assédio e vandalismo de empresas, pessoas e instituições judaicas. Os boicotes foram seguidos por um crescente ciclone de ações que levaram à morte de seis milhões de nossos irmãos. Por essa razão, é compreensível que quando os judeus ouvem a palavra “boicote”, isso ainda desencadeia uma lembrança brutal do início do Holocausto.

Existem diferenças entre a década de 1930 e hoje, sendo a principal delas a existência do Estado de Israel. A posição de Israel hoje em relação ao judaísmo mundial é semelhante à dos judeus da Alemanha na década de 1930: está na linha de frente e carrega o peso de uma nova guerra contra os judeus. O antissemitismo foi reembalado sob o disfarce de antissionismo.

Israel é uma parte intrínseca da identidade judaica coletiva e é percebido como tal pelas nações do mundo. Então, quando o julgamento é feito e a punição é imposta a Israel, ela recai sobre todo o coletivo judaico e não apenas uma parte individual. A crescente pressão contra os judeus e o Estado de Israel é um alerta para os judeus se unirem e fazerem perguntas essenciais: Quem somos nós como povo? De onde nós viemos? Para onde estamos indo?

O povo judeu é um exemplo único na humanidade. O fato de que nossos antepassados originalmente vieram de uma grande variedade de origens, unidos acima de suas diferenças, e se tornaram uma nação, unida “como um homem com um coração”, nos torna únicos. Mas essa singularidade não significa que devemos menosprezar os outros; significa que devemos servir aos outros usando nossa sabedoria ancestral para beneficiar a humanidade. Dar ao mundo um exemplo de unidade sob o lema “ame o seu próximo como a si mesmo” é o que as nações exigem subliminarmente de nós. Elas instintivamente sentem que os judeus possuem as chaves para a paz e a prosperidade no mundo, e sua reclamação por não compartilharmos essas chaves se manifesta como antissemitismo.

Cabe a todo e qualquer judeu unir-se acima de nossas diferenças mais uma vez. A única coisa que porá fim à nova guerra contra os judeus é tornarmos todo o povo judeu um só. Como o grande Cabalista Rav Yehuda Ashlag escreveu sobre o papel central da nação judaica e o que se espera que cumpramos:

“[O Criador disse] ‘Vocês serão Minha Segula [remédio/virtude] dentre todos os povos’. Isso significa que vocês serão Meu remédio, e centelhas de purificação e limpeza do corpo passarão por vocês para todos os povos e nações do mundo. As nações do mundo ainda não estão prontas para isso, e Eu preciso pelo menos de uma nação para começar agora, então será um remédio para todas as nações”. Os Escritos do Baal HaSulam, O Arvut [Garantia Mútua]

Com o tempo, os judeus abandonaram a conexão única que cultivamos e se tornaram egocêntricos. No entanto, a pressão da globalização está nos forçando à interdependência mais uma vez, pois a humanidade busca uma maneira de viver juntos pacificamente, mas não consegue encontrar uma. Até que os judeus reaprenderem a criar unidade entre nós como antes, o mundo não terá acesso ao conhecimento de como realizar essa necessidade de integração e continuará a nos culpar por seus infortúnios. Ele está aumentando a pressão sobre nós até que finalmente mudemos nosso curso de ação para a coesão em vez da divisão.

A necessidade de coesão é tão crucial hoje quanto naquela época. Os judeus devem embarcar em um caminho compartilhado para se tornar um povo unificado e próspero novamente com o desejo de um espírito e visão comuns. Devemos deixar de lado nossos impulsos materialistas e nossos medos pelo bem desta e das futuras gerações.