A Criatura Que Está Fora Do Controle Do Criador

Dr. Michael LaitmanÉ dito: “Eu criei a inclinação ao mal, e criei a Torá (Luz) como meio de corrigi-la“. E, de fato, essa é a condição mais importante, porque todas as outras disposições, princípios e recomendações que os Cabalistas nos dão, suas explicações sobre o Criador e as leis da criação, tudo isso decorre da referida lei suprema.

Primeiro, ela começa com a criatura em si: “Eu criei a inclinação ao mal”, ou seja, antes não há nenhuma criatura. Até que o homem encontre a “inclinação ao mal” dentro de si, ele não é considerado “criatura”. Todos os outros atributos, pensamentos, desejos, tendências e ações que não dizem respeito à inclinação ao mal, não são considerados como criatura.

Em outras palavras, nem o lápis que eu tenho em minhas mãos, nem eu mesmo, podem ser considerados como criatura, enquanto não houver nenhuma inclinação ao mal revelada interiormente. Para começar, eu preciso ver a inclinação ao mal, que é a única coisa que damos o título de “criação” ou Beria, da palavra hebraica “fora” (Bar) do Criador, isto é, oposta a Ele, contra Ele. Assim, deve haver primeiro um entendimento de quem é o Criador, e então você entenderá o que é a “inclinação ao mal” (ou a criatura em oposição a Ele).

Em toda a criação, a inclinação ao mal está presente somente no ser humano deste mundo, e também não em todos, mas apenas na pessoa que desenvolveu o desejo de receber prazer com uma intenção egoísta chamada de “ódio” em relação aos outros. Se ela tem um desejo que atingiu certo grau equivalente ao Monte Sinai (a montanha de ódio), então ela pode ser considerada como “criatura”, e a Cabalá é endereçada especificamente a ela.

Tudo o resto não se refere ao mal, porque é simplesmente a natureza, que funciona de acordo com suas leis específicas que não podemos mudar. Se existe um lugar onde alguma coisa possa ser esclarecida e trabalhada, de tal modo que possa ser alterada a fim de obter uma recompensa por um esforço de alguém, esse lugar é chamado de inclinação ao mal, o ódio.

O ódio surge durante a quebra dos desejos (Kelim). Havia uma alma integral, mas ela quebrou, ou seja, a força de separação, ressentimento e ódio surgiu e agiu entre suas partes, que costumavam ser um todo. Agora, cada um quer usar os outros, tendo prazer ao humilhar e explorá-los, até destruir o outro completamente. Em outras palavras, ele gosta de machucar os outros.

Portanto, a pessoa deve fazer a diferenciação entre o “eu” e a “inclinação ao mal”, a criação dentro de si, se ele chegar a descobri-la.

Da 1ª parte da LiçãoDiária de Cabalá 17/03/11 sobre o tema “Eu Criei a Inclinação ao Mal, e Criei a Torá Como Tempero”