“O Dinheiro Não Deve Ser Um Incentivo Para Um Ensino Melhor” (Times Of Israel)

Michael Laitman, no The Times of Israel: “O Dinheiro Não Deve Ser Um Incentivo Para Um Ensino Melhor

Recentemente escrevi sobre a crise dos professores em Israel e como acho que deveria ser resolvida. Estou satisfeito que o sindicato dos professores tenha chegado a um acordo com o Ministério da Fazenda e que os professores recebam um aumento significativo, que foi uma das minhas propostas. No entanto, há outro ponto do acordo que acredito não contribuir para o bom ensino, mas sim criar uma distorção no sistema: os professores receberão bônus financeiros pela excelência no ensino. Ou seja, o desempenho dos professores será avaliado e eles receberão um dinheiro extra se suas notas forem boas.

Concordo inteiramente que o ensino de qualidade deve ser incentivado, que os professores devem se esforçar para ser o melhor que podem ser e que os bons professores devem ser apreciados. Também concordo que o desempenho dos professores deve ser avaliado. Onde vejo problema é no tipo de recompensa que eles recebem em troca de um bom desempenho.

Recompensas financeiras fariam com que eles pensassem no dinheiro enquanto ensinam, em vez de se concentrarem na educação que estão dando a seus alunos; isso os transformaria em “vendedores” que pensam nos bônus que recebem em troca de mais vendas, e não nos clientes, ou seja, nos alunos. Se os professores ajustarem seu ensino para que ganhem bônus em vez de pensar nas necessidades de seus alunos, isso não produzirá bons professores e certamente não um bom ensino.

Outro ponto que devemos considerar é quem deve participar da avaliação dos professores. Sob o novo acordo, os diretores das escolas decidirão quem é um bom professor. Na minha opinião, os alunos também deveriam ter suas vozes ouvidas sobre isso. Em primeiro lugar, são eles, afinal, os que mais tempo passam com o professor. São eles que sentem em primeira mão se o ensino do professor é claro, se o dever de casa é adequado e razoável, se as notas que dão são justas, se o professor é paciente ou não, etc. Portanto, eles sabem melhor do que ninguém o desempenho desse professor.

Outra razão pela qual acredito que os alunos devem ser envolvidos na avaliação de seus professores é que será uma ferramenta educacional eficaz. Isso fará com que os alunos pensem sobre o ensino, sobre o papel do professor, sobre o trabalho do professor e sobre si mesmos como alunos. Eles serão capazes de discutir essas questões uns com os outros, desenvolver a comunicação interpessoal e enriquecer uns aos outros com diferentes perspectivas. Ser capaz de ver a perspectiva do outro lado é um dos elementos-chave no amadurecimento emocional, e se colocar no lugar do professor é uma ótima maneira de ajudar os alunos a conseguir isso.