Pergunta: De uma carta: “No filme de Tarkovsky, O Sacrifício, há uma guerra nuclear. O personagem principal, para salvar sua família e o mundo inteiro, como se concordasse em fazer um acordo com o Criador. Ele faz um sacrifício: incendeia sua bela casa, renuncia à família, recusa-se a se comunicar com as pessoas e faz voto de silêncio. Em troca, o Criador supostamente inverte a realidade e a guerra não acontece. Que sacrifício cada indivíduo precisa fazer agora para mudar a realidade da humanidade? É necessário abrir mão de si mesmo e de tudo que o preenche para isso? Até que ponto devemos desistir, se for o caso?”
Resposta: Devemos desistir de receber prazer para nosso próprio bem, para que uma pessoa não desfrute do que seu corpo deseja. Obviamente, isso não significa apenas algum tipo de prazer animalesco. Em vez disso, a pessoa deve gostar do fato de viver em harmonia com os outros.
Pergunta: Essa revolução precisa ocorrer em uma pessoa? Eu vivo recebendo prazer apenas para meu próprio bem. Desistir significa viver para o bem dos outros. Se eu recebo prazer pelo fato de outra pessoa sentir prazer, essa é uma formulação normal para uma explicação ou não?
Resposta: Esta é a condição do meu prazer: se os outros receberem prazer ao mesmo tempo. É importante para mim que eles recebam prazer.
Pergunta: Quando dizemos prazer, que tipo de prazer você quer dizer?
Resposta: Absolutamente qualquer um, não importa que tipo de prazer.
Pergunta: Ou seja, fico feliz quando os outros estão felizes, fico feliz quando outra pessoa está feliz. Esta é uma fórmula vitoriosa?
Resposta: Basicamente, sim.
Pergunta: Do que eu desisti neste caso?
Resposta: De receber prazer para meu próprio bem.
Pergunta: É quando sou o único que recebe prazer e não me importo com os outros? Ou seja, todos eles existem para me servir.
Resposta: Sim, ainda mais do que isso! É assim que o mundo está hoje.
Pergunta: Agora, a pergunta mais difícil é: como você pode desistir?
Resposta: Não tem como.
Pergunta: Por um lado, você diz que temos que chegar a isso. Por outro lado, você diz que não está em nosso poder. Afinal, o que está ao nosso alcance?
Resposta: Criar uma sociedade na qual você possa receber prazer, mas na mesma medida que os outros.
Pergunta: Não mais do que outros?
Resposta: Sim.
Pergunta: Uma sociedade de prazeres iguais? Havia tais utopias em seu tempo. Em que você se diferencia dessas utopias, de tudo que foi construído ali?
Resposta: Sou um defensor da doutrina que diz que isso é impossível.
Pergunta: Se eu perceber que isso é impossível, isso é um bom ponto?
Resposta: Este é um bom ponto e o levará a uma solução.
Comentário: Então, você diz o seguinte: é impossível desistir de receber prazer por si mesmo, é impossível amar o próximo, é impossível dar ao outro. Impossível!
Minha Resposta: Sim.
Pergunta: Se uma pessoa chega a tal compreensão, que é muito afiada, amarga e dentro de si mesma, você está dizendo que isso é bom?
Resposta: Este é o reconhecimento do mal de sua natureza! A partir daqui você deve dizer: mas é preciso que eu me eleve acima disso, acima dessa natureza. O que eu preciso fazer para isso? Onde posso encontrar tal medicamento?
Até agora as pessoas não o encontraram. Elas já pararam até de esperar, por um lado. Mas, por outro lado, elas gradualmente, lentamente, entendem cada vez mais que, se esse remédio não existe, não há felicidade, não há bem e não há futuro.
Comentário: Ou seja, aqui temos um impasse: eu entendo que é impossível viver assim, que eu sou assim, minha natureza é assim, e ao mesmo tempo entendo que não posso seguir em frente.
Minha Resposta: De jeito nenhum.
Pergunta: Estou em tal ponto; não posso me mover nem para trás nem para frente. O que devo fazer neste caso?
Resposta: Quando atingimos tal estado, começamos a entender que se tal tarefa é realmente colocada diante de nós pela natureza, então, obviamente, há uma solução para ela na própria natureza.
Pergunta: Isso é lógico. Ou seja, não há solução ao nosso redor, mas existe na própria natureza. Eu começo gradualmente a me comunicar com a natureza dessa maneira?
Resposta: Sim. Isso é comunicação com a natureza.
Pergunta: Eu digo: “Existe uma solução dentro de você. Dê-me esta solução!”?
Resposta: Sim. Isso deve atingir um estado que forçará a pessoa a realmente se voltar para a natureza dessa maneira.
Pergunta: Em que ponto a natureza responderá e dará respostas?
Resposta: Quando uma pessoa está em completo desespero quando na verdade só precisa disso.
Comentário: Nesse caso, a pessoa só poderá desistir com a ajuda da natureza, quando precisar dela desesperadamente.
Minha Resposta: Sim.
Pergunta: Se resumirmos tudo isso, estamos sendo levados a esse estado agora? Não vamos contornar esse ponto e ultrapassá-lo de alguma forma?
Resposta: De jeito nenhum.
Pergunta: Você tem uma sensação clara de que é para isso que estamos sendo levados?
Resposta: Sim, precisamos entender e sentir que uma inversão interna se baseia nesse ponto, e ela é necessária.
Pergunta: É porque este é o futuro e necessariamente acontecerá? Não há onde escapar disso?
Resposta: Não. Caso contrário, você não passará para outra existência.
Pergunta: Diga-me, se uma pessoa ouviu você, quais são suas ações neste momento? Mesmo que ela comece a se comunicar mecanicamente com a natureza, como com o Criador.
Resposta: Ela precisa se fortalecer nesse paradigma.
De KabTV, “Notícias com o Dr. Michael Laitman”, 05/06/23
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