“Feliz Ano Novo (De Reflexão)”

Dr. Michael LaitmanDa minha página no Facebook Michael Laitman 25/09/22

Quase toda cultura celebra o início do ano. Cada tradição tem seus próprios costumes, refeições, presentes e significado interior. Para os judeus, celebrar Rosh Hashanah (o início do ano) vem com comidas simbólicas e um dia de julgamento. Este julgamento é o coração de Rosh Hashanah.

Podemos pensar no significado espiritual de Rosh Hashanah como um sistema operacional, como Microsoft Windows ou Apple IOS. A raça humana não surgiu do nada. A evolução tem um propósito, e o sistema operacional leva-a em direção a ele.

O sistema operacional percorre toda a natureza, e todas as criações, mas a humanidade o segue instintivamente. Nós, por outro lado, podemos estudá-lo e manipular partes dele para nosso benefício.

Em Rosh Hashanah, antes de provarmos da cabeça do peixe, dizemos uma bênção: “Que sejamos a cabeça e não a cauda”. Estas palavras expressam nosso desejo de não permanecer alheio ao sistema operacional e governado por ele inconscientemente, mas de tomar conhecimento dele e de direcionar nosso desenvolvimento em uma direção positiva.

O sistema operacional invariavelmente leva a um estado de harmonia e equilíbrio entre todos os elementos da realidade. O objetivo é trazer toda a humanidade para um estado de unidade e proximidade como se fôssemos uma única família calorosa e amorosa. O sistema não se esforça pela igualdade, para nos fazer todos iguais, mas por complementaridade, para nos fazer complementar uns aos outros para que cada um de nós contribua com nossas habilidades e talentos únicos para o bem comum, e desfrute das contribuições de todos os outros, assim como uma família amorosa onde todos ajudam a todos os outros porque se preocupam com eles.

À medida que estudamos o sistema, percebemos gradualmente como somos opostos ao estado de proximidade e cuidado. Essas realizações precedem Rosh Hashanah, e são chamadas de Selichot (pedir perdão). Selichot são orações que dizemos quando sentimos como somos opostos ao estado de equilíbrio e cuidado mútuo.

A palavra hebraica para “oração”, por sinal, é Tefilla, que vem da palavra Haflala, ou seja, criminalização. Durante uma oração, nós “criminalizamos” a nós mesmos, ou seja, descobrimos que somos criminosos e, portanto, pedimos perdão. O crime que percebemos que cometemos diz respeito ao sistema operacional, ou seja, que fomos egoístas, pensando em nós mesmos e amando apenas a nós mesmos, em vez de abraçar toda a criação e trabalhar a seu favor. Na espiritualidade, o egoísmo é sempre o único pecado, já que todo erro que fazemos vem apenas de pensar em nós mesmos.

Rosh Hashanah físico acontece uma vez por ano. No entanto, o processo de reflexão, arrependimento, pedir perdão e orar para se tornar mais amoroso não se limita a nada. Ele pode e deve ser um ciclo constante que fazemos internamente. Cada vez que completamos um ciclo de pedidos de perdão, chegamos a outro Rosh Hashanah, até que a próxima realização do egoísmo emerge em nós através de nossos esforços para corrigir nosso egoísmo e tornar-se mais cuidadoso.

Quando o ciclo de Selichot acaba e chegamos a Rosh Hashanah, não só queremos ser a cabeça e não a cauda, como também celebramos a correção de nossas qualidades corruptas. Simbolizamos isso mergulhando uma maçã em mel. A maçã representa o coração, e o mel significa adoçar (corrigir) o egoísmo com o cuidado com os outros.

Outro costume é comer Rimon (romã). Uma romã tem muitas sementes. Cada uma delas representa um desejo egoísta. Comê-los significa corrigi-los do egoísmo à doação, o que nos dá uma sensação de Romemut (exaltação, note a semelhança com a palavra Rimon).

Finalmente, em Rosh Hashanah, sopramos o Shofar: um chifre festivo. O sopro do chifre representa nosso anseio por correção do descuido e ódio dos outros em ser amoroso, conectado e unido como um com todas as pessoas do mundo. A palavra Shofar vem da palavra aramaica Shufra (o melhor dos melhores). Este é o estado que alcançamos uma vez que todos os nossos desejos foram corrigidos e nos unimos como uma família amorosa e global.