“A Paz É Mais Do Que A Não Violência” (Times Of Israel)

Michael Laitman, no The Times of Israel: “A Paz É Mais Do Que A Não-Violência

Hoje, 21 de setembro, é o Dia Internacional da Paz. A Assembleia Geral da ONU declarou que este dia é dedicado a “fortalecer os ideais de paz, observando 24 horas de não-violência e cessar-fogo”. Considerando o ambiente global de violência que prevalece atualmente em todo o mundo, a não-violência parece ser uma meta desejável. No entanto, se nos contentarmos em não lutar, não impediremos a próxima guerra, pois a paz significa muito mais do que um cessar-fogo.

Os tratados de paz duram apenas enquanto nenhuma das partes estiver interessada em violá-los. Uma vez que uma parte vê uma oportunidade de ganhar com a guerra, o tratado voa pela janela.

Quando a paz é quebrada, a animosidade que causou o surto anterior se aprofunda e a nova rodada de violência se torna ainda mais intensa do que sua antecessora. No final, os lados se encontram envolvidos em uma luta total, uma luta até a morte. Eles farão a paz apenas se nenhum dos lados puder destruir o outro, e a exaustão e o esgotamento de soldados e armas os forçarão a fazer a “paz”.

Hoje, no Dia Internacional da Paz, eu gostaria de apresentar o antigo significado da palavra paz, pois contém uma solução mais abrangente, que pode sobreviver a tendências beligerantes que devem ressurgir depois que as partes assinarem o tratado.

A palavra hebraica para “paz” é shalom, da palavra shlemut (“totalidade” ou “complementaridade”). Por definição, “totalidade” ou “complementaridade” requer a presença de contradições, pois algo só pode ser inteiro se todos os seus elementos e aspectos estiverem presentes. Da mesma forma, a complementaridade requer a presença de elementos contraditórios que se complementam. Afinal, se um não existe, o que o outro complementa?

Tendemos a pensar que apenas nossa visão tem mérito e somente nossa perspectiva deveria existir. No entanto, a realidade não é construída dessa forma; consiste em opostos que se complementam, segundo a definição da palavra shalom. Poderíamos imaginar dia sem noite, primavera sem outono, amor sem ódio ou vida sem morte?

Toda moeda tem dois lados: cara e coroa. Elimine as caras, e você eliminou as coroas também; elimine as coroas, e você também eliminou as caras. Simplificando, somente quando ambos os lados da moeda existem pode haver uma moeda. Assim é a realidade, elimine um elemento na realidade, e você também eliminou seu elemento contraditório.

A paz, portanto, só pode existir quando duas partes mantêm seus pontos de vista opostos e formam uma união sem suprimir os pontos de vista um do outro. Por exemplo, todo atleta sabe que construir força requer o equilíbrio certo entre treinamento e descanso. Treino e descanso são contraditórios, mas somente se ambos estiverem presentes o atleta pode se tornar mais forte.

Da mesma forma, somente pessoas com visões conflitantes que se esforçam para se unir acima de suas diferenças, sem eliminá-las, podem formar uma paz verdadeira e duradoura, ou seja, totalidade. Sua paz durará apenas enquanto mantiverem sua atitude de complementaridade e integridade. Se elas voltarem a se contentar com a não-violência, logo estarão envolvidas na guerra.

Hoje, quando o cessar-fogo está ameaçado ou já desmoronou, e o mundo inteiro está se inclinando para a guerra, aprender como construir uma paz forte e duradoura é a missão mais importante da humanidade. Eu espero que os países comecem a pensar na paz como a descrevi aqui, em vez de se contentar com uma pausa na luta ativa.