A Extraordinária Leveza Do Ser

Dr. Michael LaitmanO divórcio tornou-se muito comum hoje em dia. Há um aumento no número de casais divorciados recentemente e sua idade está caindo. Alguns casais se divorciam nos primeiros anos de casamento. Há uma teoria de que o casamento pode estar acabando. Afinal, a vida é cheia de tentações e é muito difícil viver com a mesma pessoa uma vida inteira.

Uma mulher que tem uma família e filhos, de repente sente que não ama mais seu marido. Ele pode ser um bom marido e bom pai, mas não importa, ela simplesmente não o ama. Há um novo fenômeno natural que é comum entre muitas mulheres que, de repente, perdem o sentimento de dependência interna e conexão com seu marido.

Isso nunca foi típico das mulheres. Uma mulher que vivia com o marido sempre se acostumava a ele e sentia que pertencia a ele. De repente, tudo isso se foi. Este é o resultado natural do nosso desenvolvimento. Não devemos culpar as mulheres se este é um fenômeno natural. Primeiro temos que estudar o fenômeno e ver o que fazer em relação a isso.

Isso é resultado do nosso desenvolvimento: nós deixamos o nível animal e subimos ao nível humano (Adão), que se assemelha (Domeh, em hebraico) à Natureza global. Uma vez que agora temos que nos conectar com esta Natureza geral, com toda a humanidade, isso quebra as nossas conexões pessoais. A Natureza quer “abrir nossos olhos”, para nos tirar do quadro familiar para que possamos voltar a ele mais tarde, porém num nível diferente.

Todo mundo se lembra da sensação de estar apaixonado, das emoções fortes e incomuns, do entusiasmo, da inspiração e da plenitude, pelos quais vale a pena estar juntos e construir uma família. Porém, com o tempo, esse sentimento desaparece. Então, por que naturalmente nos apaixonamos, e mais tarde isso desaparece, obrigando-nos a olhar para isso todas as nossas vidas?

A Natureza quer que alcancemos o amor verdadeiro e rompamos o amor egoísta animal que não dura. Nós temos que mudar a atração instintiva pelo sexo oposto, causada pela paixão natural e os hormônios, para uma conexão mais proposital.

A conexão normal é formada porque estamos vivendo pelos filhos ou por uma casa compartilhada. Além disso, é conveniente estar juntos, já que podemos ajudar uns aos outros e apoiar-nos mutuamente quando envelhecermos. Mas hoje nós temos que encontrar uma maior conexão interna. É impossível manter uma pessoa nos quadros antigos: ela pode jogar fora tudo e ir embora. Os filhos crescem e saem de casa e não há nada que nos mantenha juntos; por isso nós dividimos tudo o que temos e nos divorciamos. Vemos isso em toda parte.

A fim de manter a unidade familiar, nós precisamos de um motivo mais sublime. É assim que temos que alcançar a paz e a compreensão em todo o mundo, uma vez que não sobreviveremos de outra forma. Mas quando nos conectamos com o mundo todo, porque não temos escolha, de repente descobrimos que o lucro principal não é o sucesso econômico! Ele foi apenas a desculpa para nos forçar a construir melhores conexões.

De repente, nós realmente descobrimos que há um sentimento totalmente novo nessa conexão, que nos desprende da vida corpórea. Nós sentimos uma vida mais plena, mais espiritual. De repente, nós descobrimos uma satisfação que não sentimos em toda a nossa vida. Nós simplesmente flutuamos no ar, sentindo a extraordinária leveza do ser sem sentir a morte.

Antes, eu tinha que me conectar sob as pressões da Natureza, que definia a condição: “Você se conecta ou aqui será seu local de sepultamento”. Porém, depois eu me surpreendia ao descobrir que essas relações são totalmente diferentes. Eu simplesmente não podia imaginar que isso daria uma maior satisfação, acima de toda essa vida.

Não importa o quanto você diga a uma pessoa sobre isso, ela não vai entender. Portanto, a Natureza nos empurra por trás pelo sofrimento, obrigando-nos a conectar antes de nos destruir. Nós nos conectamos porque não temos escolha, exceto descobrir no final a beleza nessa conexão.

A mesma coisa acontece na família. Agora, nós nos odiamos e não queremos estar juntos; queremos nos divorciar. Mas se cada um de nós descobre no mundo a falta de amor, a necessidade e o desejo de amar, e se cada um de nós entende que satisfação sublime o amor traz, nós vamos querer ter essas relações em nossa família. Nós vamos voltar para a família depois que aprendermos a amar o mundo inteiro! Então, vamos querer chegar a uma conexão interna e pessoal com o cônjuge.

Portanto, não importa que nos tornemos velhos após vários anos e não sejamos tão atraentes quanto antes. Não vamos nem prestar atenção nisso. Vamos sentir o primeiro amor, mas de uma forma totalmente diferente, e só depois aprenderemos a construir relações internas, conectando-nos com o mundo inteiro.

Da “Discussão sobre uma Vida Nova” # 19, 02/02/12