O Macabeus E A Ideologia Grega, Parte 3

laitman_276_02Nós devemos entender que os judeus não desfrutavam da cultura grega, como autores contemporâneos tentam retratar. Eles simplesmente não entendem a essência interna do povo judeu e o que significava ser judeu na terra de Israel, o povo de Israel na nação de Israel naqueles dias.

O grego e as ideologias judaicas são basicamente duas perspectivas opostas. Todas as outras ideologias, tais como a ideologia grega ou outras ideologias, vieram do homem, que é uma criatura corpórea, um animal, um egoísta. Uma pessoa só pode vir com uma ideologia que vise o seu próprio benefício físico.

Os antigos gregos, a propósito, adoravam atletismo e esportes. Eles construíram estádios, realizaram Jogos Olímpicos, e estavam geralmente inclinados ao hedonismo. Basicamente, qualquer coisa que ajude a pessoa a alcançar o objetivo da criação é boa, mas se eu simplesmente desfruto de força, agilidade e resistência enquanto o corpo está vivo, eu vivo para ele.

Isto também é verdade em relação a outros conceitos estéticos e filosóficos. Eles são todos corporais e vêm dos cinco sentidos do nosso corpo e não excedem a sua percepção estreita.

O problema é que essa limitação é evasiva e não pode ser notada, a menos que a pessoa sobe acima dos seus cinco sentidos e diga adeus ao seu corpo e se eleve a um nível superior, não após a sua morte, mas sim aqui nesta vida.

A ideia é perceber a realidade acima dos cinco sentidos corporais que são o desejo de compreender, conhecer e sentir o que está ao nosso redor. Todos os sentidos de uma pessoa percebem tudo de uma forma egoísta, internamente, de acordo com o princípio da absorção em si mesmo. Em tal estado eles não podem perceber mais do que é ditado a eles pela limitação de tempo, espaço e movimento, bem como em função da tolerância de cada órgão sensorial.

É com base nesta percepção que os gregos estabeleceram a sua ciência e o reino dos mitos, que inclui contos de fadas terrestres sobre as relações entre os seus deuses. É assim como eles imaginavam as leis da natureza, sob a forma de um panteão olímpico onde os deuses flertam um com o outro, se casam, se divorciam, vivem em paz ou brigam.

Esta é uma imagem muito primitiva, que obviamente é totalmente errada. Portanto apenas livros infantis mantém isso para as próximas gerações, e eu não os recomendo, porque eles estabelecem uma concepção errada da natureza numa pessoa.

Consequentemente, apenas o básico da natureza e da terminologia científica são deixados de toda a antiga cultura grega.

Quanto à tradicional perspectiva judaica, ela é realmente inclinada para fora. Na sua estrutura, nós não precisamos absorver dados da natureza e processá-los por nossos sentimentos e mente. Nós precisamos sair de nós mesmos e ser incorporados em outros fora de nós mesmos. Assim, nós podemos melhorar as nossas ferramentas de percepção e torná-las ilimitadas e infinitas.

Afinal de contas, eu saio de mim mesmo, deixando meu corpo, não querendo permanecer nele. Ele só me limita e não me permite compreender as coisas como elas realmente são. Eu não consigo nem sentir algo, já que estou preso nos estreitos limites dos meus sentidos.

Além disso, quando eu percebo a informação através dos meus cinco sentidos, eu a processo calculando o meu ganho pessoal. É inevitável, porque esta é a forma como meu corpo funciona graças à sua força egoísta. Portanto, fora de todo o mundo que me rodeia, não importa o que seja, eu só percebo o que pode entrar nos meus cinco sentidos egoístas, o que é certamente em meu benefício ou pode me trazer prejuízos nos limites de certo sentido.

Nós não distinguimos todos os outros fenômenos que nos rodeiam. Ao mesmo tempo, podemos usar os instrumentos que expandem um pouco nossos limites, mas também percebemos esta informação através do prisma do nosso ganho pessoal.

Acontece que, se eu quiser ser um verdadeiro pesquisador, eu tenho que ser independente de tudo. Isso é possível? Afinal, eu nasci um egoísta, e por definição só vejo o que é bom ou ruim para mim, o que é agradável ou desagradável, benéfico ou prejudicial.

Eu filtro o fluxo de dados externos de forma automática e inconsciente, isolando apenas o que meu ego considera que vale a pena e ignorando tudo o resto. Esta é a razão de todos nós vermos o mundo e o avaliarmos de forma diferente.

Ao mesmo tempo, há uma percepção distinta que é oposta à percepção grega natural. De acordo com essa percepção, eu tenho que transcender o que acontece comigo aqui neste planeta, sair do meu ego e subir acima de mim mesmo com o meu eu, se eu quiser ser um verdadeiro cientista objetivo e independente, que não pode ser encontrado no formato ordinário deste mundo.

Há um método que por uma série de exercícios e com a ajuda do ambiente e dos amigos permite que uma pessoa comum realize tais mudanças nela: expandir sua percepção natural e adicionar uma percepção sobrenatural, o que significa uma percepção que opera além do ego natural de uma pessoa.

Assim, eu posso desenvolver sentidos adicionais dentro de mim que não são baseados na absorção interna, mas na doação, quando eu estou pronto para dar, amar, doar, e estou pronto para estar acima de mim mesmo. Amor e doação são opostos a partir da percepção da recepção, da auto-apreciação e do ódio.

É por tal abordagem que eu começo a observar a realidade que está além dos meus vasos egoístas de percepção. Estes vasos percebem apenas miseráveis dois por cento de todo o espectro e também distorcem a imagem, apresentando-a para mim na forma deste mundo.

Mesmo hoje os físicos dizem que chegaram a certo limite e que não podem transcendê-lo. Embora exista, sem dúvida, algo além disso, eles não sabem como tocar o que está escondido no outro lado…

De KabTV “Uma Nova Vida” do KabTV 14/12/14