Olhando Para Nós Mesmos, Os Estranhos, A Partir Da Linha Média

Dr. Michael LaitmanPor que o Criador criou tudo de forma tão estranha? Ele construiu um palácio, convidou todos os Seus convidados queridos e, em seguida colocou guardas e policiais ao redor do palácio que estão testando e verificando os convidados, não os deixando passar e causando-lhes dor e sofrimento. O Criador sabia de antemão quem seria leal a Ele, quem O amaria e quem não?  Por que o Criador rejeita todos nós? É assim para que somente aqueles que conseguem superar todos os obstáculos passem, a fim de provar sua lealdade e prontidão?

A questão é que é nessa luta que o nosso desejo é formado; um vaso para receber a satisfação no palácio do Rei é construído e estabilizado. Caso contrário, como poderíamos ser capazes de construir o vaso? Afinal, ele não nos foi dado de antemão pelo Alto. Se não podíamos passar sem uma razão, isso teria que ser justificado? É como se eu ansiasse pelo Criador com todo meu coração, e aqui alguns guardas me jogassem montanha abaixo.

O ponto é que eu sou totalmente oposto aos atributos necessários para atingir o topo da montanha. Eu não sou a pessoa que eu deveria ser para me tornar um hóspede no palácio do Rei. É apenas graças aos guardas que eu mudo constantemente, ao me tornar cada vez mais adaptado.

Estas forças, certamente, são retratadas no meu ego como guardas naus e cruéis que não me deixam passar. O Criador é o mais cruel de todos eles, porque Ele é o único que colocou todos estes guardas e policiais. Ele criou a minha inclinação ao mal e todos os problemas e sofrimentos que se relacionam com ela. É como se Ele tivesse dado à luz uma criança pobre, doente e em vez de sentir pena dela. Ele mesmo batesse nela, como se a criança fosse culpada de alguma coisa.

Aparentemente, todas as nossas queixas são justificadas, mas a questão é que a única maneira de construir o vaso correto é com a ajuda dos atributos certos que nós recebemos, que não temos desde o início. Assim, a abordagem correta é dividir-me em dois. De uma perspectiva você vê o que há em seu desejo egoísta. A partir de uma segunda perspectiva, você vê o que há em seu desejo de doar, em sua ânsia de se parecer com o Criador, ou seja, de acordo com a subida da montanha, no topo da qual existe o palácio do Rei.

Seguir estas duas perspectivas chama-se “linha do meio”. Com relação ao seu desejo de receber essa é a maneira mais terrível na qual não há justiça, mas apenas o oposto! Você não será capaz de justificar o desejo de doar ou apoiá-lo tanto. Isto é porque nós devemos nos esforçar em ambos os lados, tanto do lado do ego quanto do lado da aspiração pela doação.

O importante é que você está olhando para estes dois pontos de forma independente, a partir de uma zona neutra. É como se você subisse a Keter e de lá você estivesse assistindo a esta máquina, como o Criador. Ela não pertence a você, mas é sua somente se isso ajuda você a se parecer com Ele. Graças a ela, você pode se tornar semelhante a Ele, chegar à adesão com Ele, e olhar para tudo como um meio para alcançar isso.

Assim, você pode justificar, compreender e passar por todas esses testes “acima da razão”: tanto como egoísta bem como aquele que doa. Isto porque a doação também é totalmente baseada na recepção.

Você quer se aderir ao Criador em vez de estar consetado ao seu desejo de receber. O desejo de receber é apenas uma ferramenta para você alcançar o Criador. Com a ajuda da Torá (a Luz que Reforma) você tem que transformar essa inclinação ao mal em uma inclinação ao bem com a qual você irá se aderir ao Criador.

Para se aderir ao Criador, você precisa da inclinação ao bem, mas para que esta inclinação ao bem seja capaz de ajudá-lo a se aderir a ela, você deve abordá-la a partir da inclinação ao mal usando a Torá. Toda a criação foi criada para alcançar a adesão com o Criador. A partir desse ponto de adesão, que queremos alcançar, temos que olhar todo o processo pelo qual estamos passando. Então, você vai se desprender da perspectiva egoísta e não vai olhar para si mesmo através do seu desejo de receber, através do seu ego. Você vai sempre estar acima dele e olhar para ele de fora, como um meio para atingir a meta.

É por isso que é tão importante elevar constantemente a grandeza da meta, o Criador, o grupo e os amigos. Porque isso vai ajudá-loca se relacionar com todos como com as ferramentas.

Da 3a parte da Lição Diária de Cabalá 15/05/12, O Estudo das Dez Sefirot