A Alternativa Ao Sofrimento

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Paz no Mundo”: Quatro propriedades são fornecidas para esse propósito:  misericórdia, verdade, justiça e paz. Esses atributos têm sido usados por todos os reformadores do mundo até agora. É mais correto dizer que é com esses quatro atributos que o desenvolvimento humano avançou até agora…

Somente por estes quatro atributos é que nós temos que nos organizar para chegar ao fim da correção. Portanto, como discerni-los? Muitos podem falar por horas sobre a misericórdia, a verdade, a justiça, e a paz, mas será que nós podemos concordar com o que esses atributos são?

Não é simples, mas o Baal HaSulam, conhecendo a natureza espiritual, escreveu que é isso que temos que esclarecer, a fim de organizar a nós e o mundo. Nós não sabemos o que é um mundo corrigido. Todos nós somos corrompidos e por isso parece-nos que qualquer melhoria egoísta já é uma correção. No entanto, para o Baal HaSulam, o mundo corrigido é um mundo onde todas as possíveis deficiências são totalmente satisfeitas. Como isso é possível? Teremos que descobrir.

Primeiro, nós temos que entender que nunca seremos capazes de nos satisfazer egoisticamente, mas apenas em doação, pois embora não exista nenhuma restrição na doação, existe na recepção. Então, como podemos desejar receber de tal maneira que a própria recepção vai nos fazer entender que vale a pena doar?

Nós podemos nos desenvolver nesta direção através de golpes: toda vez que eu quero receber algo, eu recebo mais e mais golpes, até que finalmente chego à conclusão que é melhor não querer receber egoisticamente. Então, eu começo a odiar meu desejo de receber, e não sei mais o que fazer com ele. “Então, talvez eu desfrutarei doar?”.

Assim, diferentes falhas me levam ao ponto onde peço pelo desejo de doar, pelo poder de doar, o poder de me conectar com os outros. Este é o caminho do sofrimento e da ascese, sobre o qual se diz: “Coma moderadamente pão com água e durma no chão”. No passado as pessoas costumavam aceitar isso e, assim, avançar para a doação.

O mesmo ocorre hoje. Se as pessoas não aceitarem a sabedoria da Cabalá e a explicação sobre o desenvolvimento do mundo, elas também avançarão do mesmo jeito. Elas vão querer mais e mais, porém vão conseguir cada vez menos, e como resultado do sofrimento, elas vão começar a sentir que vale a pena estar juntas, doar umas às outras, conectar-se, restringir o ego, e até mesmo apagá-lo totalmente.  

Nós vemos que em tempos de guerra, quando os problemas atingem a todos, as pessoas começam a se conectar. Mesmo os animais não têm medo uns dos outros quando há um incêndio na floresta ou um terremoto, e todos eles escapam do perigo juntos. O problema comum os une porque o medo da morte é maior do que o medo da fome. Certamente, eles não se tornam “justos”, mas o desejo de satisfazer sua fome é deixado de lado por um desejo maior de sobreviver.

Nós somos iguais. Obviamente, nós podemos avançar em direção à correção pelo sofrimento. Ele vai nos obrigar a aspirar à doação e destruir nosso ego, a fonte de todo o mal em nosso mundo. Mas este é um caminho longo e doloroso.

É por isso que nos foi dada uma alternativa, o caminho da Torá. Por quê? Por que nós precisamos desse outro caminho? Porque nós não alcançamos o livre-arbítrio pelo sofrimento. Nós só fugimos dele, como animais. Por desespero, nós estamos até mesmo dispostos a doar, mas só porque nos sentimos mal quando recebemos. Nós não escolhemos doar por vontade própria, mas como resultado de nosso sofrimento não temos escolha. Este é o grau de um animal, não do homem.

A fim de nos levar ao nível humano, nós precisamos de duas forças: a força de doação e a força de recepção, com o livre-arbítrio entre as duas. Este é o caminho das pessoas que têm o ponto no coração.

As pessoas que não têm o ponto no coração também terão o livre-arbítrio: elas poderão escolher seguir aqueles que podem levá-las para frente.

Da 5a parte da Lição Diária de Cabalá 04/10/11, “Paz No Mundo”