Os Atores E Os Espectadores

The Actors And The SpectatorsPergunta: Por um lado, eu devo corrigir minha atitude para com os amigos, não importando como percebo a relação deles em relação a mim, mesmo que pareça que eles me odeiam. Mas, por outro lado, eu não posso aspirar à correção se não recebo suporte e garantia dos amigos. Como essas coisas funcionam?

Resposta: É necessário ver a realidade assim: existe Malchut do mundo Infinito e toda ela sou eu. Malchut é dividida em duas partes: agora eu sinto um lado como eu mesmo, e o outro lado como aquilo que está fora de mim. Ainda que, na verdade, estes sejam Kelim (desejos) externos, próximos e distantes, constituindo um complexo sistema de várias relações entre eles e até mesmo entre eu e eles. Todo este sistema, tudo o que me parece como “eu” e “eles”, na verdade é, de fato, eu mesmo. Tudo isso junto é meu. Mas, neste momento, eu preciso ver uma imagem dupla: minha própria parte e a parte que é oposta, contrária a mim.

Além disso, existe um Criador que constrói este estado. Para quê? Para desenvolver minha mente e sentimentos. Afinal, eles são desenvolvidos somente através do trabalho entre nós, ou seja, entre eu e os outros.

Se a imagem da realidade fosse inteiramente retratada dentro de mim, eu estaria abaixo do nível inanimado. É porque mesmo o inanimado sente o ambiente, enquanto eu seria apenas um ponto de matéria primordial. Eu ficaria ainda mais distante do nível vegetal, que sente o ambiente mais fortemente, consome, absorve e excreta substâncias e se reproduz; em suma, vive, mesmo que pague por isso com a sua morte. Isso é ainda mais relevante em relação aos níveis animal e falante. Pessoas não apenas interagem, elas superam grandes distâncias, descobrem novos meios de comunicação e fazem esforços extraordinários para transcender tempo e espaço.

Portanto, tudo é medido de acordo com a força da conexão entre uma determinada criação e seu ambiente. A intensidade do nosso desenvolvimento depende da quantidade e capacidade de conexões entre nós, em outras palavras, da interdependência, garantia mútua e integração reveladas em todo o mundo.

É impossível alcançar o Criador se não vejo todos como opostos a mim e opondo-se a mim, odiados por mim e me odiando. Em cada detalhe eu devo me elevar acima da habitual abordagem superficial para um nível superior. Eu preciso pedir ajuda ao Criador e construir um apoio num grupo, imaginando-o como parte minha.

Na verdade, o mundo inteiro, todas as pessoas, animais e plantas, tudo no nível inanimado da natureza, o universo inteiro, é minha alma. Mas eu estou separado dela pelo poder da imaginação que o Criador inseriu em mim e assim não posso perceber a proximidade entre nós. Isso é demais para mim.

Mas os Cabalistas sugerem que eu use um grupo, uma pequena parte do mundo que posso imaginar como minha alma. Isso significa que eu preciso me aderir aos meus amigos com meu coração, unir-me a eles, e trazer estes Kelim (desejos) de volta para mim, ao contrário do poder da minha imaginação que os retrata como estando fora de mim.

Compreensivelmente, eu não posso fazer isso sozinho; a Luz superior é necessária aqui. Ela me separou destes Kelim. Portanto, deixe-a corrigir agora a minha “visão” atual e trazê-la de volta para dentro. Assim, eu vou sentir que estou recebendo de volta a minha alma. Eu mergulho nos amigos, fundo-me neles ou os abraço e os coloco dentro, não importa como dizer isso. A principal coisa é fazer com que isso aconteça: união , unicidade, garantia. Conforme eu construo uma conexão mútua entre nós, até esse grau eu sinto o que é sentido na alma: a revelação do Criador.

Sobre o período atual, a nossa época, um pequeno grupo não é suficiente. Nós precisamos nos conectar com os grupos espalhados por todo o mundo e, em seguida, com todo o mundo. Esta é a tarefa que recebemos.

Em sua essência, a geração atual está pronta e é chamada para corrigir toda alma compartilhada. Isto é evidente a partir da crise mundial, do despertar do povo e da correção contínua em todos os tipos de lugares.

Mas a coisa mais importante que precisamos entender é que o grupo é a alma. Mesmo que na realidade a alma inclua todos os níveis, todos os mundos, Malchut do Infinito, pelo menos agora nós devemos nos concentrar em nós mesmos, nos membros do grupo. Um amigo é alguém que trabalha juntamente comigo e quer chegar à união como eu, para que nenhum “vácuo”, nenhuma separação, nada permaneça entre nós. Exatamente desta forma nós temos que definir e marcar os limites do grupo.

Nesse caso, se há centenas de milhares de nossos partidários no mundo, o grupo mundial pode contar apenas com algumas centenas de pessoas, aqueles que entendem a ideia, trabalham nela sem questionar e usam sua resistência natural para criar uma conexão ainda mais forte. Afinal, tudo contém seu oposto, o que torna possível a sua própria existência. Assim, nós precisamos ficar felizes quando os defeitos são descobertos — afinal, o amor é revelado acima deles.

Alguém que é capaz e está pronto para trabalhar dessa forma é chamado de “amigo”. E os outros, nesse meio tempo, são “espectadores”… Claro, eu não subestimo ninguém — todos devem examinar onde estão.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 07/04/13, Escritos do Rabash