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A Imensidão Do Nosso Desejo De Desfrutar

Uma pergunta que recebi: Por que nós devemos esperar tanto tempo e sofrer tantas lições negativas que nos machucam, antes de finalmente percebermos qual o caminho correto?

Minha resposta: Nós não esperamos! Nós evoluimos a cada instante, passo a passo. Mas o nosso ego, o nosso desejo de desfrutar, é simplesmente infinito. Sua profundidade é enorme: uma criatura enorme. Imagine a si mesmo como o nosso Universo infinito; bem, o desejo humano é bilhões de vezes maior que todo o universo.

Agora, nós precisamos começar a nossa correção. E o meu desejo de desfrutar contém milhares de qualidades nas quais eu preciso sentir golpes, de modo a reagir com um “Ai!”. Então, serão necessários mais mil golpes que me façam andar: “Ui!”. Isso não é brincadeira; toda a nossa vida passa exatamente assim. Finalmente, eu ainda precisarei de mais mil golpes para decidir sobre mim mesmo: “É isso aí, eu não agüento mais! Algo deve ser feito”.

Cada qualidade é composta de quatro níveis (Aleph, Bet, Gimel, Dalet). Até atingirmos o nível final (quarto nível) continuaremos recebendo golpes e sofreremos sem pararmos para pensar sobre a nossa situação. É como se eu sentisse dor numa parte do meu corpo e depois outra; eu a suporto e digo a mim mesmo que não é grande coisa, até que finalmente percebo que algo deve ser feito. O mesmo princípio se aplica aqui. Mas é exatamente assim que deve ser, porque nós somos feitos de um material complexo, com várias camadas, que se desenvolve a partir de um ponto. Não há escolha nessa questão.

Somente no fim da correção é que tudo o que passamos se fundirá e produzirá a perfeição da realização, da satisfação e da compreensão .

Da terceira parte da Lição Diária da Cabalá 29/04/10, A Entrega da Torá

A Unificação Pacífica De Forças Opostas Na Linha Média

Laitman_724O Zohar, Capítulo “VaEra (E eu apareci)”, item 41: Além disso, o sul apega-se ao leste, porque o calor do sul apega-se ao calor no leste. E o leste apega-se também ao norte, porque sua umidade apega-se à umidade no norte. Acontece que o sul e leste estão conectados entre si através do calor deles; norte e leste, por meio da umidade neles; norte e oeste, por meio do frio em ambos; oeste e sul por meio da seca em ambos; e todos estão incluídos uns nos outros, pois todos se desenvolvem mutuamente.

Se nós não estamos construindo a linha média, as forças (do norte e do sul) que são opostas entre si estão crescendo. Porque assim elas não se reconciliam através da linha média, elas colidem e tentam se anular. Isso causa uma explosão. Então, como um vulcão que explode na Islândia, uma guerra inflama dentro da pessoa ou fora dela, entre as pessoas. Tudo acontece porque estas duas linhas, direita e esquerda, alcançam certa magnitude e colidem, em vez de se unirem pacificamente na linha média.

As pessoas são as únicas que devem realizar a conexão através da linha média no nosso nível. Então, a paz também chegará a todos os níveis anteriores e mais inferiores. Nós já temos a capacidade de criar a linha média. Se nós não a estamos construindo, ocorre um curto-circuito entre os dois pólos e isso leva à doenças em todos os níveis: inanimado (problemas com a ecologia), vegetal, animal e humano, ou a todos os níveis de uma só vez. Isso tudo acontece porque não alcançamos a conexão correta na linha média.

As linhas esquerda e direita ocultam um grande perigo quando estão em conexão direta uma com a outra. Se a Luz e o vaso se conectam sem a tela ocorre a “quebra dos Kelim“, mas somente nos níveis mais inferiores. O Zohar diz que, embora o Norte e o Sul, Leste e Oeste sejam opostos entre si, cada um deles tem ainda a capacidade de se complementar. No entanto, se não fornecermos a conexão para eles através da linha média, eles se encontrarão de qualquer forma, fora de equilíbrio e paz, como inimigos ….

Da primeira parte da Lição Diária de Cabalá 29/04/10, O Zohar

A Alma Está Entre A Escuridão E A Luz

Laitman_023O Zohar, Capítulo “BaHar (No Monte Sinai)”, item 66: … há duas criações no homem, a criação para o bem e a criação para o mal. Com a Torá, ele as separa, e o Criador lhe dá uma alma d’Ele, para dominar sobre ambas – a que é boa e iluminada, o mundo vindouro, e a que é má e obscura, este mundo – como está escrito: “E Ele soprou em suas narinas o fôlego da vida”.

Toda a nossa realidade decorre da separação entre escuridão e luz, quando podemos realmente “filtrar” as qualidades que pertencem a este mundo e ao mundo vindouro. Nós começamos a construir a nós mesmos através de discernimentos, distinguindo as qualidades em prol da doação daquelas em prol da recepção.

Tudo aquilo que estudamos em nosso mundo é nossa existência animal, ou seja, nossa natureza. Por que animal? Porque o animal não cresce, mas permanece sempre no mesmo nível no que diz respeito à sua percepção.

Portanto, até que comecemos a usar a Luz, a fim de construirmos a nós mesmos, distinguindo as qualidades de doação daquelas de recepção, até que reunamos essas qualidades doadoras, desejando habitar nelas, e construirmos a nós mesmos a partir delas, nós existiremos somente neste mundo.

Assim como as gotas de esperma começam a se formar num embrião no ventre da mãe, nós temos que tentar utilizar o grupo, o ambiente, o estudo, as intenções, e várias ações para acrescentarmos e acumularmos continuamente as qualidades de doação interiormente. É assim que se forma um corpo espiritual.

Ainda asim, a todo instante nós revelamos outra parte na doação e desejamos uní-las, isso é chamado de nossa próxima reencarnação. Com efeito, nós vemos a nossa nova vida a todo instante e uma nova oportunidade de mantermos a união, acrescentando em nós as qualidades do nível humano que são semelhantes à doação e ao Criador (a palavra “homem” em hebraico é “Adão“, que vem de”Edome“, similar).

Da primeira parte da Lição Diária de Cabalá 26/04/10, O Zohar

Efeito Casimir Ou Entrada Numa Dimensão Superior

Laitman_911Uma pergunta que recebi: Se a direção para a Luz é positiva e a direção para a escuridão espiritual é negativa, e nós temos que trabalhar dentro do negativo para chegar ao positivo, então onde está o zero espiritual? Qual é este estado?

Minha resposta: Não existe zero no mundo espiritual; não podemos imaginá-lo. No entanto, há um estado chamado Klipat Noga (Luminoso), onde eu sou incapaz de decidir se viro para um lado ou para o outro, o que significa dizer, para o meu próprio benefício ou para o benefício da doação. Este estado intermediário não-equilíbrado é chamado zero.

Eu estou entre duas forças naturais. Não há terceira força, razão pela qual esse estado é instável. Ele exige que eu faça imediatamente uma escolha. O estado zero só existe na minha percepção pessoal, e somente no momento em que eu devo decidir o que fazer. Eu tenho que sentir que este estado zero é um abismo, porque eu nem tenho um estado.

Este é um estado muito bom, porque quando eu sinto o zero absoluto, eu não tenho nada para me agarrar. Nas outras vezes, eu estou ou na doação (santidade), e não tenho nada com que me preocupar, ou nos desejos egoístas (Klipa ou casca), sentindo que sou cúmplice do Faraó. Nesse estado, eu não aproveito nem a vida espiritual, nem a vida material.

No entanto, a pessoa que alcançou a Klipat Noga sente que não tem motivos para fazer uma escolha; ela não tem nem positivo nem negativo. De repente, eu estou numa encruzilhada e não tenho para onde ir. É um estado totalmente indeterminado. Eu pensei que fosse uma fenda estreita diante de mim, bem no meio, quando de repente ela se abre e vejo um abismo diante de mim.

Aqui é a saída para a dimensão mais elevada. Se eu me agarrar ao Criador e decidir que não tenho escolha, então eu tenho que subir ao nível da energia superior. É como se nós entrássemos num vazio espiritual e revelássemos o Criador nele. No momento em que você está pronto para entrar, Ele se revela para você.

Na física quântica, um fenômeno similar é chamado efeito Casimir: a força do nada. Se dois condutores descarregados são colocados alguns micrômetros distantes num vácuo, então a energia do vácuo começará a fluir para dentro deles e criará uma força de atração. Tente realizar este experimento de física e você terá uma prova visual de que o Criador existe.

Da Lição Noturna do Zohar 22/04/10

Todos São Iguais Na Doação

Laitman_506_2Uma pergunta que recebi: Como é que a memória (Reshimo) sobre um prazer que passou me ajuda, se hoje eu sou incapaz de receber o meu prato favorito do Anfitrião e tenho que limitar-me com menos?

Minha resposta: Esta é uma pergunta justa a partir da perspectiva saudável do egoísmo. No entanto, é necessário realizar um cálculo do quanto você pode trazer de prazer ao Criador e não o quanto você pode encher sua barriga. A memória do passado lhe permitirá realizar um ato de doação, sem cometer um erro.

Eu vim visitá-lo sabendo que eu poderia aceitar apenas o prazer que eu seria capaz de dar a ele. Eu fiz tudo que podia e saí. Na próxima vez que eu venho a Ele, eu estou fraco, porque eu já experimentei o prazer, e agora o desejo. Afinal de contas, a fome vem durante a refeição. A Luz enfraquece-me, e agora eu quero continuar esse prazer. Seria mais fácil não começar do que começar e depois parar.

Em outras palavras, quando você vem ao Anfitrião para o segundo tempo, não pode mais receber o mesmo prazer em prol da doação. Portanto, você é obrigado a receber menos para dar prazer ao invés de receber prazer. Você avalia o mesmo prazer que você recebeu antes de acordo com a força que você tem agora para não errar.

Essa diferença entre as impressões da Luz e do desejo (Reshimo de-Hitlabshut e Reshimo de-Aviut) permite-me receber o máximo do que é possível e só por uma questão de doação. Eu recebo uma quantidade menor de luz (por exemplo, a luz de Haya, em vez da Luz de Yechida), mas recebo o mesmo prazer devido ao fato de que eu dou 100% do que é possível, apesar de ter menos força.

Do ponto de vista do egoísmo, há uma diferença no prazer e, a partir da perspectiva da doação, não há. A força da tela anti-egoísta não depende de mim. Eu faço o máximo que posso no meu estado e, nessa grande doação, todo mundo é igual, os grandes e os pequenos.

Da segunda parte da Lição Diária de Cabalá 23/04/10, Prefácio à Sabedoria Cabalística

O Dia Inteiro É Uma Preparação Para Uma Hora de Estudo

Recebi uma pergunta: O trabalho em relação à intenção que devemos ter durante o estudo do Livro do Zohar deve ser feito durante o dia, bem antes da aula?

Minha resposta: A pessoa deve trabalhar com a intenção durante todo o tempo. O mundo está disposto de tal maneira que nós estamos em contato com o grupo e os estudos somente por um breve intervalo de tempo.

Milhares de pessoas em todo o mundo estão assistindo a aula agora. Muitos estão ouvindo através de traduções simultâneas. Existem aqueles que entendem a tradução com muita dificuldade, porque ela só está disponível nos principais idiomas. Porém, não faz nenhuma diferença para o avanço espiritual dessas pessoas. Com respeito ao Zohar, estamos todos na mesma posição. Chegamos à aula como a um posto de gasolina. Nós nos abastecemos com a Luz e então vivemos nela durante as horas restantes. [Leia mais →]

Da Escravidão à Liberdade

O Zohar, capítulo “BaHar (No Monte Sinai)”, item 63: “Você pode usá-los como escravos para sempre”. Isso é uma Mitzva (mandamento) para escravizar um escravo Cananita. Eles são do lado de Ham, que executou incesto, como está escrito: “Amaldiçoado seja Canaã; a serva das servas ele deve estar dirigido a seus irmãos…”.

Ser um escravo é também uma correção. Um desejo que pode ser obrigado a obedecer ao poder dos desejos corrigidos é chamado “um escravo que está perto do seu senhor”. Escravidão é a forma da sua correção, um meio adequado de sua existência.

Por enquanto, sou incapaz de ser livre dentro de certo desejo, nem posso trabalhar com ele para a doação por mim mesmo. Eu só posso relacioná-lo aos meus outros desejos. Tal desejo também pode ser chamado “uma criança”, “uma mulher”, ou “um adolescente”, não é um “homem” ainda, não é um “herói” que é capaz de “superar” (um homem, “Gever” é derivado de “Itgabrut” – superar, conquistar).

Uma forma de desejo que está apta a trabalhar somente sob a autoridade de outro desejo é chamada “um escravo”.

Material Relacionado:

Brincadeira prática
A condição Final

Preparando-se Para Ser Um Kli Sagrado

Nós trabalhamos com nossos desejos durante a noite, na escuridão do exílio, não tendo nenhuma força. Enquanto, no silêncio da escuridão, nós nos preparamos para saudar a manhã, isto é, nós encontramos os desejos que podemos sacrificar.

Não estamos falando sobre o nascer ou por do sol físico, nem nos referimos a pedaços de carne de sacrifícios de animais. Falamos somente sobre o uso da Luz da correção na qual a pessoa pode ver-se como um kli sagrado.

Em outras palavras, a pessoa alcançará o Templo, irá chegar ao altar onde se queimam as oferendas, e se tornará preparado para trabalhar com seu desejo ao elevá-lo ao nível da doação. A elevação das partes (“fragmentos”) do nosso desejo ao nível de doação é o que se chama “oferenda”.

Material Relacionado:
Tocando a Harpa do Rei Davi

A noite é a hora do Trabalho

A Maioria da Sociedade e Uns Poucos Escolhidos

Os Escritos de Rabash, vol.3, Artigos Dargot Sulam, pg. 1774(resumido): Com respeito ao alcance espiritual, a sociedade é dividida entre a maioria e uns poucos escolhidos. A maioria precisa ser educada, instruída como observar a Tora e os mandamentos mecanicamente. A educação que a pessoa recebe a compele a executar essas ações.

Uma pessoa justifica suas ações, porque as executa, citando a maneira como foi educada, o que inclui os costumes que aprendeu do ambiente no qual cresceu. Por isso, a educação e o hábito não faz com que a pessoa deixe de cuidar dos seus costumes, uma vez que o hábito se torna uma segunda natureza. Assim, todos os hábitos, palavras e ações que a pessoa adquire como resultado da educação não são difíceis de observar.

Porém, se a pessoa deseja executar ações com as quais ela não está acostumada desde a sua infância, seu corpo questiona cada mínima ação: “Por que você estão fazendo isto?” ou, em outras palavras: “O que faz você fazer isto?” Se a pessoa não recebe apoio do ambiente, ela precisa procurar por ele no Criador.

Por isso tal pessoa é escolhida e não pertence à maioria. Ela necessita do apoio do Criador, como está dito: “Aquele que se purifica (do egoísmo), recebe ajuda do Alto”. Ela é incapaz de receber ajuda do ambiente e desse modo força a vinda da ajuda do Alto.

Material relacionado:
A obra do criador

Na Espiritualidade, Você Pode Apenas Ser Bom ou Mau

Dr. Michael LaitmanUma pergunta que recebi: O que significa que eu causo mal ao meu amigo?

Minha Resposta: Se for um amigo num grupo Cabalístico, então eu causo mal simplesmente ao não me preocupar em me unir a ele, porque desta forma eu faço um furo no nosso “barco” comum, nosso recipiente (vaso) espiritual comum. Logo, ao ser ocioso eu já estou a causar-lhe mal.

Se eu não estou a trabalhar para aumentar nosso Kli espiritual partilhado, ou até se eu sou um pouco preguiçoso, eu inflijo mal aos outros. Porém, parece-nos a nós que se não estivermos a bater em alguém, a matá-los, ou roubar deles, então tudo está bem e o que mais pode alguém nos pedir? Nós não compreendemos que nós podemos infligir mal até mesmo quando somos perfeitamente “bons cidadãos”. Todavia, isto é insuficiente na espiritualidade. Na espiritualidade, se eu não gasto cada momento preocupando-me sobre como criar um recipiente (vaso) comum espiritual, então eu não tenho uma boa atitude em relação aos outros. No momento em que eu me esqueço sobre a preocupação em relação ao Kli comum, eu torno-me um infrator.

Não há um estado intermédio, mas apenas bom ou mau. Essa é a lei do Sistema Superior da nossa conexão.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabala 27/04/10, “Matan Torá”