“Por Que Existe Tanto Mal No Mundo?” (Times Of Israel)

Michael Laitman no Times of Israel: “Por Que Existe Tanto Mal No Mundo?

Aprendemos na sabedoria da Cabalá que existe uma força única, eterna e perfeita que criou e sustenta a realidade, e que esta força age em nossa direção por amor e misericórdia, a fim de nos desenvolver até o seu grau. Ela nos criou com uma qualidade oposta à sua – a sua qualidade é dar; a nossa é receber – onde cada um de nós deseja servir a si mesmo sozinho e, nessa qualidade, discordamos inatamente da existência de uma única força, uma vez que percebemos várias forças diferentes e opostas em uma luta constante.

Vemos um mundo cheio de forças conflitantes, opostas e resistentes. Não vemos o mundo verdadeiro porque a nossa percepção se baseia no nosso desacordo fundamental com a ideia de que existe uma força única que atua exclusivamente para nos beneficiar. Na linguagem da Cabalá, tal desacordo é chamado “a qualidade do julgamento”. Se percebêssemos o mundo verdadeiro, veríamos que apenas uma força de amor e doação reside na realidade, que a Cabalá chama de “a qualidade da misericórdia”, e veríamos esta força agindo misericordiosamente para com todos.

A razão pela qual vemos o mundo comportando-se de acordo com a qualidade do julgamento, ou seja, ouvindo regularmente sobre eventos terríveis e malignos, é devido ao que a Cabalá chama de nossa “falta de correção”. Significa que vemos a realidade através das lentes quebradas da nossa oposição à qualidade de amor e doação. Além disso, embora opostos por natureza à qualidade de amor e doação, precisamos passar por um processo de desenvolvimento a fim de mudar a nossa percepção: da transitoriedade, separação e incompletude para a visão de uma força agindo de uma maneira eterna, perfeita e completa. Então, quando completamos este processo de correção, passamos a ver que apenas uma força – a qualidade de amor e doação – habita no mundo, e que esta força é boa e só faz o bem.

Qual deveria ser a nossa resposta ao ouvir falar de fenômenos negativos, ou seja, a todas as guerras, sofrimentos e crises às escalas pessoal, social e global? Deveria ser, como está escrito, que “eles têm olhos e não veem; eles têm ouvidos e não ouvem”. Quando vemos desastres acontecendo, devemos reconhecer que não conseguimos perceber a força positiva do amor, da doação e da conexão por trás de tudo, e também que gostaríamos de percebê-la e ver que ela atua, em última análise, para nosso benefício.

Precisamos lembrar que existe uma fonte boa que atua no mundo, que criou tudo o que é oposto à sua qualidade de bondade para que nos desenvolvamos para alcançar uma percepção de sua unidade, eternidade e perfeição acima de nossa oposição a essa qualidade.

Portanto, os conflitos, o mal e o ódio que vemos no mundo são parte integrante de uma grande produção teatral que se desenrola diante de nós. Através deste teatro, podemos alcançar a capacidade de aceitar a providência por trás de tal espetáculo como totalmente boa e benevolente para conosco. É um jogo que nos foi dado jogar. Este é o significado de “brincar com a baleia”, que é o que fazemos quando nos elevamos acima da oposição na nossa percepção para revelar a única força benevolente que guia a realidade.

Contudo, por um lado, devemos ter cuidado para não tratar este assunto levianamente, ou seja, relacionar as nossas vidas como falsas e “apenas um jogo”. Por outro lado, também devemos ter cuidado para não cair em estados de intensa tristeza ou raiva com o que vemos acontecer no mundo. Em vez disso, precisamos navegar constantemente entre estes dois polos, no que a Cabalá chama de “linha do meio”.

Portanto, devemos reconhecer que o papel do mal no mundo é nos mostrar que tudo é bom. Seríamos incapazes de sentir bondade, amor, doação, harmonia, paz, felicidade e confiança sem as suas contrapartes negativas. Além disso, precisamos aprender como nos desenvolvemos até um destino final em nossas vidas, onde perceberemos uma força única, boa e benevolente.

Acontece assim que se vemos o mal no mundo, devemos exercitar as boas qualidades opostas de amor e doação, conectando-nos positivamente uns com os outros. Ao fazer isso, gradualmente neutralizamos qualquer aparência do mal no mundo, enquanto descobrimos cada vez mais a única força positiva de amor e doação que reside na realidade.