Um Carrinho De Bebê Que Caiu Do Céu

Dr. Michael LaitmanPergunta: Houve um incidente, quando numa discussão de psicoterapia de grupo uma mulher disse que não pode se permitir ter um filho porque não será capaz de sustentá-lo, de conceber até mesmo comprar um carrinho de bebê, ao qual um homem respondeu: “Você dá à luz ao bebê, e você verá que alguém vai lhe trazer o carrinho de bebê, eles vão dar a você e tudo ficará bem”.

Numa sociedade integral, enquanto a pessoa está buscando sua correção, mais cedo ou mais tarde ela vai chegar a um ponto onde a natureza irá fornecer-lhe tudo. Como isso pode ser explicado a uma pessoa? Deve uma mulher pensar num carrinho de bebê antes de carregar um filho, ou ela deveria primeiro dar à luz e depois ver o que acontece?

Resposta: A questão é que não podemos dizer à pessoa sobre o sistema que existe acima dela. Nós nos esforçamos em direção a ele: é o sistema de “Adão”. Em muitas técnicas e práticas as pessoas tiram proveito do fato de que aspiram ao seu nível e tentam atrair as forças do futuro sobre si mesmas. Porém, dizer a uma pessoa que ela precisa agir de certa maneira, aspirar em direção a isso e ver que ele funciona, não tem fundamento em dado momento, e é por isso que é difícil para nós trabalhar com isso.

Na medida em que a pessoa se inclui na integralidade da sociedade, que cria um campo de garantia mútua em torno de si, ela pode agir desta maneira, porque se sente nos braços da sociedade. Mas para isso ela precisa se conectar a sociedade, participar ativamente da mesma, e perceber esta sociedade como perfeita. Então, naturalmente ela vai evocar as forças da natureza e os movimentos da sociedade, que certamente lhe trazem um “carrinho de bebê”.

Porém, falar sobre o fato de que existimos neste campo unificado, que o evocamos, que correspondentemente ele reage a nós… Certamente, psicólogos e sociólogos podem falar sobre isso. Isso realmente é algo que podemos entender e sentir que existe: esta é a nossa mente coletiva, o nosso desejo coletivo, a influência subconsciente de uns sobre os outros, a opinião comum. Mas nós ainda precisamos trabalhar com cuidado com isso, porque estamos lidando com pessoas que não são capazes de perceber de imediato estas questões sutis.

Portanto, simplesmente dizer “Basta dar à luz e você receberá um carrinho de bebê…”, de onde, exatamente? No que você está baseando isso? Com isso, você simplesmente fica desacreditado aos olhos dos outros, como uma pessoa frívola, alguém que está distante da realidade. Eu não acho que esta seja a abordagem correta.

Em primeiro lugar, nós precisamos da educação, e a aplicação prática vem um pouco mais tarde. Nós precisamos levar as pessoas ao ponto em que serão capazes de ver qual é a sua base e possam começar a sugerir soluções para você por si mesmas. Não imponha determinado comportamento a elas. Elas verão por si mesmas, com base em suas explicações, que aqui provavelmente isso vai funcionar.

Isso é o que se chama “educar o seu filho segundo os seus caminhos”, isto é, fazer com que uma pessoa investigue e sinta o seu próprio caminho. Você a educa, e assim escolher ela escolhe se caminho corretamente.

Da “Discussão Sobre Educação Integral” # 8, 14/12/11