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Como Um Feixe De Juncos- Juntos Para Sempre, Parte 2

Como um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje,Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 8: Juntos Para Sempre
Unidade, Unidade e Unidade Novamente

Unidade – O Coração e a Alma de Israel

Embora Beit Shamai e Beit Hillel tenham sido controvertidos, trataram um ao outro com carinho e amizade, para manter o que foi dito (Zacarias 8), “A verdade do amor e paz”.

Talmude Babilônico, Yevamot, capítulo 1, p 14b.

Em Israel está o segredo para a unidade do mundo. É por isso que eles são chamados de “homens”.

Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah), Orot HaKodesh [Luzes da Santidade], Vol. 2, p 415

Estabeleceu-se no Monte Sinai que os filhos de Israel tornaram-se uma nação. É por isso que está escrito: “Eu”, no singular, porque pela extensão da unidade entre eles, Sua Divindade está presente sobre os filhos de Israel.

Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur), Sefat Emet [Língua de Verdade], Vayikra [Levítico], Parashat Bahar [Porção, No Monte], TARLAV (1893).

 

Sabe-se que da perspectiva da mente, cada pessoa é um indivíduo… mas da perspectiva do coração, há unidade em Israel.

Rabino Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [Um Nome Derivado de Samuel], Shemot [Exodus], TAR’AH (1915)

 

Quando Israel entrou na terra, eles eram totalmente uma nação. A prova disso é que, enquanto Israel não atravessou o Jordão e não chegou a terra, eles não foram punidos… até que eles cruzaram e tornaram-se responsáveis um pelo outro.

Assim, Israel não se tornou responsável um pelo outro, porque este é chamado Arev [fiador / responsável] quando está Meorav [mista / misturava] com o outro, e Israel não se tornou conectado, em ser inteiramente uma nação, até que eles chegassem a terra e estivessem juntos na terra, e tivessem um lugar, a terra de Israel. E através da terra de Israel, eles são completamente uma nação.

Judah Loewe ben Bezalel (o Maharal de Praga), Caminhos Eternos, “Caminho da Justiça”, Capítulo 6.

Porque as 600.000 almas de Israel são todas conectadas umas às outras, como uma corda tecida, unidas como uma só, sem separação, caso você abale o início da firme corda, vai abalar ela toda. Portanto, caso um homem peque, a ira será em cima de toda a congregação. A razão é que todos de Israel são responsáveis ​​uns pelos outros.

Aquele que macula, mancha todas as almas de Israel, até que ele volte para consertar o que tinha corrompido em sua alma. … Isso significa que, uma vez que as partes relacionam-se entre si, não serão separadas.

Rabino Eliyahu Di Vidash, Princípio da Sabedoria, “Portão do Medo”, Capítulo 14.

A alma ascende e torna-se completa, principalmente quando todas as almas se misturam e se tornam uma, para, em seguida, elas ascendem em direção à santidade, pois a santidade é “unidade” … Portanto, em primeiro lugar, deve-se tomar sobre si o mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, como o nosso Rav escreveu que é impossível proferir palavras de oração, a menos que pela paz, quando se conecta com todas as almas de Israel.

Rabino Nathan Sternhertz, Likutey Halachot [Regras Variadas],”Regras da Sinagoga,” Regra n° 1.

 

Embora os corpos de toda a Israel estejam divididos, suas almas são uma única unidade na raiz. … É por isso que se ordena Israel a unir-se pelos corações, como está escrito: “E Israel acampou lá”, no singular [em hebraico], o que significa que eles estavam correspondendo abaixo, o que significa que eles tinham a unidade.

Rabino David Solomon Eibenschutz , Salgueiros de Ribeiras, Nassoh [Tome]

 

À Israel não foi dada a Torá [Lei de Doação] antes que eles tivessem adquirido unidade completa, como se escreveu sobre o verso (Êxodo 19: 2) “E Israel acampou em frente ao monte”. Moisés também não receberia nada, como nossos sábios disseram, (Brachot [bênçãos], 32a) que o Criador disse a Moisés à respeito do bezerro, “Desce da sua grandeza, porque eu lhe dei grandeza apenas por Israel”.

Rabbi Moshe Alsheich, a Lei de Moisés, a respeito de Deuteronômio,33: 4-5.

Quando Israel tiver unidade, não haverá fim a sua realização.

Rabino Elimelech Weisblum de Lizhensk, Noam Elimelech [A Afabilidade de Elimelech], Pinechás.

“Jerusalém que  está construída como uma cidade que se uniu” (Salmos 122: 3). – a cidade que faz com que todos sejam amigos em Israel.

Jerusalem Talmud, Hagigah, capítulo 3, Regra 6

Vocês, os amigos que estão aqui, como estavam em carinho e amor, anteriormente, de agora em diante não partirão um do outro, até que o Senhor alegre-se com vocês e declare paz sobre vocês. E pelo seu mérito, haverá paz no mundo, como está escrito: “Por causa dos meus irmãos e amigos eu vou falar, “Que a paz esteja em vocês”.

Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), O Livro do Zohar com o comentário de Sulam, Aharei Mot [Depois da Morte], item 66

 

Como Um Feixe De Juncos – Juntos Para Sempre, Parte 1

Como um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Like a Bundle of ReedsCapítulo 8: Juntos Para Sempre
Unidade, Unidade e Unidade Novamente

Como foi dito no decorrer do livro, a unidade tem sido o“seguro” de Israel contra todos os males, a derradeira panaceia. Todavia, por agora nosso egoísmo evoluiu tanto que não conseguimos manter mais a unidade, a menos que a nossa própria sobrevivência dependa dela. Este defeito foi reparado por amigos e inimigos parecidos.

Num jornal que ele publicou em junho de 1940, Baal HaSulam sublinhou que nossos problemas vêm da falta de unidade. Ele escreveu que nós somos “como uma pilha de nozes, unidas num único corpo apenas por fora, dentro de um saco que as embrulha e agrega”. [i] Contudo, ele continua, “Essa medida de unidade não faz delas um corpo uniforme, e até o mais ligeiro movimento do saco inflige algazarra e separações entre elas, pelas quais elas chegam a constantes unificações e separações parciais. Tudo o que falta é a unificação natural desde dentro, e o poder de sua união deriva de situações externas. Com respeito a nós, é uma questão muito dolorosa”. [ii]

No Capitulo 5, nós mencionamos o ensaio de Baal HaSulam, “Há Certo Povo”, no qual ele escreve que Hamã confiava na separação entre os Judeus como a chave para seu triunfo sobre eles. Hamã sabia que a separação entre eles significava que eles estavam também separados do Criador, a qualidade de doação, a força que cria a realidade. Por esta razão, Hamã acreditava que podia explorar a fraqueza dos Judeus para se livrar deles. Para seu pesar, Mordecai percebeu esse perigo tão bem como Hamã, e “foi corrigir esse defeito, como é explicado no versículo, ‘os Judeus se reuniram’, etc., ‘para se reunirem, e defenderem suas vidas’. Isto é, eles se salvaram ao se unirem”. [iii]

Um “Hamã” mais contemporâneo, Adolf Hitler, também notou o traço de unidade nos Judeus, e notou a falta dele entre nós hoje. Em Mein Kampf, Hitler escreveu, “O Judeu só está unido quando um perigo comum o força a estar ou uma pilhagem comum o atiça, se estes dois terrenos estão em falta, as qualidades do mais grosseiro egoísmo se tornam suas próprias, e no piscar de um olho o povo unido se torna uma horda de ratos, lutando sangrentamente entre si”. [iv]

Desta forma, antes de avançarmos para discutir como podemos alcançar unidade e assim prevenir futuras calamidades, tais como aquelas que nosso povo experimentou durante as gerações, dedicaremos este capítulo a excertos de rabinos e acadêmicos Judeus de todas as gerações. Estes nos recordarão do amplo acordo a respeito da soberana importância da unidade e solidariedade. Uma vez que nossa substância essencial é o desejo de receber, para termos sucesso em nos unirmos, é vital que primeiro queiramos a unidade – até se for meramente como um escudo contra aflições -antes de sairmos por aí para estabelecê-la. Abaixo estão as palavras inspiradoras de nossos sábios.

[i] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, “A Nação” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 489.

[ii] ibid.

[iii] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag, Shamati [Eu Ouvi], No. 144, “Há Certo Povo” (Canadá, Laitman Kabbalah Publishers, 2009), 300.

[iv] Adolf Hitler, Mein Kampf (A Noontide Press: Livros on-line), 219, url: www.angelfire.com/folk/bigbaldbob88/MeinKampf.pdf

Como Um Feixe De Juncos – Sinos Misturados, Parte 4

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes HojeMichael Laitman, Ph.D.

Capítulo 7: Sinos Misturados

Ser Judeu, ou Não Ser Judeu, Eis a Questão!

A Terra De Possibilidades Ilimitadas

Uma vez impregnado como uma força principal na Alemanha, o Judaísmo Reformista espalhou-se para os Estados Unidos, Hungria e alguns países da Europa Ocidental. Este foi o resultado da emancipação da Judiaria Alemã. [i] Um processo semelhante de dispersão ocorreu com o Judaísmo Conservador, [ii] e as duas denominações se tornaram as forças religiosas predominantes na Judiaria dos Estados Unidos em meados dos anos 1800.

Em Resposta à Modernidade: Uma História do Movimento do Reformismo no Judaísmo, o Professor Michael A. Meyer do Hebrew Union College escreve que o Judaísmo Reformista na Alemanha constantemente teve que se defender do estabelecimento Ortodoxo impregnado e da intervenção governamental; estes impedimentos não existiam nos EUA. “Verdadeiramente, individual e coletivamente, os Americanos não eram inteiramente livres do preconceito”, Meyer acrescenta, “mas nos Estados Unidos não havia controle governamental sobre a religião, nenhuma igreja conservadora estabelecida para definir o padrão da vida religiosa”. [iii]

Assim, o Judaísmo Reformista e Conservador encontra na América uma terra de possibilidades ilimitadas. A mentalidade da amalgamação com a sociedade anfitriã, predominantemente Cristã, finalmente encontrou solo fértil no qual crescer. De acordo com o Prof. Meyer, “Judeus Alemães nunca conseguiram sentir que eram realmente parceiros em moldar o destino da nação com a qual eles tanto se identificaram. Os Estados Unidos eram diferentes neste respeito também. Como todas as principais nações Europeias, os EUA tinham achado seu próprio sentido profundo de missão, mas essa missão repousava sobre um destino não só não concretizado, mas sequer totalmente determinado. Na América, os Judeus Reformistas podiam sentir que seu próprio conceito de missão podia ser cozido num sentido de propósito nacional rudimentar ainda maior”. [iv]

Certamente, com a óbvia exceção de Israel, a contribuição dos Judeus para a formação de uma nação nunca foi mais substancial do que foi, e ainda é nos Estados Unidos. Seja na economia, entretenimento, educação, política ou qualquer outro aspecto da vida Americana, os Judeus desempenham um papel principal, se não condutor.

Nunca em toda a história estiveram os Judeus numa posição melhor para concretizar o papel para o qual foram escolhidos. Eles estão inseridos em cada canto da vida pública Americana e impregnados nos meios que determinam o discurso público e a opinião pública. Considerando a predominância da cultura Americana mundialmente, os Judeus conseguem agora afetar mudanças que impactarão o mundo inteiro.

Colocando-o diferentemente, apesar do antagonismo para com os Estados Unidos vindo de outras nações poderosas, a cultura global – e desta forma os padrões sociais – são ainda predominantemente Americanos. Os filmes dominantes vêm da América, a música pop vem principalmente da América, os principais canais de notícias vêm da América, e a Internet é dominada por empresas Americanas tais como a Google, Facebook, Microsoft, e Apple. Neste sentido, a América é para o mundo o que Nova Iorque é para a América – se você tiver sucesso lá, terá em qualquer lugar.

Os Judeus Americanos, desta forma, carregam uma responsabilidade maior por oferecer o que devem que qualquer outra Judiaria, talvez excluindo a do estado de Israel. Se a Judiaria Americana se unir e projetar os valores da garantia mútua, o resto da sociedade Americana seguirá. Hoje, muitos Americanos não compreendem que os princípios sobre os quais o Sonho Americano foi formado já não são verdadeiros. O egoísmo feroz e um sentido excessivo de benefício pessoal consumiram tudo o que era bom sobre a liberdade de dizer o que se pensa, iniciar, trabalhar duro e ter sucesso e viver pela sua fé.

Há tanta violência, desconfiança, competição e exploração na sociedade americana que a menos que uma grande mudança ocorra muito em breve, a sociedade vai implodir. E se isso acontecer, os Judeus, como sempre, serão tidos como culpados. Argumentos sobre a contribuição Judaica para a ciência, cultura e economia serão refutados, e os Judeus serão os óbvios malfeitores aos olhos de todos. Antissemitismo que sempre esteve latente durante várias gerações emergirá, e a repetição dos horrores da Alemanha Nazista não podem ser descartados.

Como vimos no decorrer deste livro, Judeus e não-Judeus em semelhança são profundamente conscientes de que os Judeus são essencialmente uma força de ação, uma unidade construída para uma missão muito específica. Em 1976, a Conferência Central de Rabinos Americanos (CCAR) adotou uma plataforma que era intitulada, “Judaísmo Reformista: Uma Perspectiva Centenária”. Nessa plataforma a conferência anunciava, “Aprendemos que a sobrevivência do povo Judeu é a mais alta prioridade e que ao levar a cabo nossas responsabilidades Judaicas, ajudamos a mover a humanidade para sua realização messiânica”. [v]

Certamente, atualmente o povo Judeu é a única nação na qual a coesão e subsequente revelação, realização e aquisição da qualidade do Criador, a qualidade da doação, são possíveis. Nossa “realização messiânica”, estejam as delegações da conferência conscientes disso ou não, é para que todas as nações obtenham as qualidades mencionadas acima e desfrutem de seus benefícios. Até que concretizemos nosso papel, o mundo continuará a nos culpar de cada adversidade e apuro que cai sobre ele. E quanto mais evitarmos nossa missão, mais duramente eles nos forçarão de volta a ela.

O profeta Jonas deve ser um lembrete para cada Judeu que nossa vocação está pré- ordenada e não é negociável. Nós podemos segui-la voluntariamente e colher seus benefícios, ou segui-la involuntariamente e colher as punições do mundo, como a história provou tantas vezes.

Num espírito muito disposto, a seção final da plataforma é adequadamente intitulada, “Esperança: Nossa Obrigação Judaica”, Nessa secção, a CCAR assume um compromisso soberano (ênfases são do editor): “…nosso povo sempre recusou desesperar. Os sobreviventes do Holocausto, sendo agraciados com a vida, seguravam-na, nutriam-na, e, se elevando acima da catástrofe, demonstraram à humanidade que o espírito humano é indominável. O Estado de Israel … demonstra o que um povo unido consegue concretizar na história. A existência do Judeu é um argumento contra o desespero; a sobrevivência Judaica é uma garantia para a esperança humana.

“Nós permanecemos testemunhas de Deus de que a história não é sem sentido. Nós afirmamos que com a ajuda de Deus as pessoas não são impotentes para afetar seu destino. Nós nos dedicamos a nós mesmos, como fizeram as gerações de Judeus que vieram antes de nós, de trabalhar e esperar esse dia em que ‘Eles não magoarão ou destruirão de todo Minha montanha sagrada, pois a terra estará cheia do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”. [vi]

Certamente, a história, especialmente a história Judaica, não é sem sentido. Ela tem um propósito educativo: ensinar-nos nosso papel na vida e nos mostrar o caminho certo a partir do caminho errado, o caminho doce a partir do doloroso. Todavia, é nossa escolha que caminho nós queremos seguir.

Na sua “Introdução ao Livro do Zohar”, o Cabalista do século XX, Baal HaSulam, se refere especificamente ao papel do povo Judeu deste tempo: “Tenha em mente que em tudo há interioridade e exterioridade. No mundo em geral, Israel, os descendentes de Abraão, Isaac e Jacob, são considerados a interioridade do mundo [mais próximos ao Criador], e as setenta nações [o resto das nações] são consideradas a exterioridade do mundo. …Também, há interioridade em cada pessoa de Israel – o Israel interno – que é o ponto no coração [desejo pelo Criador, pela doação] e há a exterioridade – as Nações interiores do Mundo [todos os outros desejos]…

“Quando uma pessoa de Israel aumenta e dignifica a sua interioridade, que é Israel nessa pessoa, sobre a exterioridade, que são as Nações do Mundo nela… ao fazer isso, ela faz os filhos de Israel pairar acima em interioridade, e a exterioridade do mundo também. Então as nações do mundo… reconhecem e admitem o valor dos filhos de Israel”.

“E se, Deus proíba, for ao contrário, e um indivíduo de Israel aumenta e valoriza a sua exterioridade, que são as nações do mundo nele, mais que a Israel interior nele, como está escrito (Deuteronômio 28), ‘O estranho que está no meio de vós’. Isto é, a exterioridade nessa pessoa sobe e paira, e você mesmo, a interioridade, o Israel em si, se afunda? Com estas ações, se causa a exterioridade do mundo em geral – as nações do mundo – a pairarem cada vez mais alto e superarem Israel, os degradando até ao chão, e os filhos de Israel, a interioridade do mundo, a mergulhar no fundo”.

“Não se surpreenda que as ações de uma pessoa tragam elevação ou declínio ao mundo inteiro, pois é uma lei inquebrável que o geral e o particular são tão idênticos como duas ervilhas numa vagem. E tudo o que se aplica ao geral, se aplica ao particular, também. Além do mais, as partes perfazem o qu e se encontra no todo, pois o geral pode aparecer somente após a aparição das partes nele, correspondendo à quantidade e qualidade das partes. Evidentemente, o valor de uma ação de uma parte eleva ou declina o todo inteiro”. [vii]

Além do mais, continua Baal HaSulam, “Quando a pessoa aumenta o trabalho na interioridade da Torá e seus segredos [esforço para alcançar o Criador], nessa medida a pessoa faz a virtude da interioridade do mundo – que é Israel – pairar alto acima da exterioridade do mundo, que é as Nações do Mundo. E todas as nações reconhecerão e admitirão o mérito de Israel sobre elas, até à realização das palavras, ‘E o povo os tomará, e os trará ao seu lugar: e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor’ (Isaías 14, 2), e também ‘Assim disse o Senhor Deus, Veja, Eu levantarei minha mão para as nações, e definirei meus padrões aos povos: e elas vos trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão transportadas nos seus ombros’ (Isaías 49:22)”.

“Mas se, Deus proíba, for o contrário, e a pessoa de Israel degrada a virtude da interioridade da Torá e seus segredos, que lida com a conduta de nossas almas e seus graus [realização do Criador e a transmissão dessa realização] … [as nações] humilharão e desgraçarão os filhos de Israel, e considerarão Israel como supérflua, como se o mundo não tivesse necessidade deles”.[viii]

Quando isso acontece, acrescenta ele, “a exterioridade do mundo inteiro, sendo as Nações do Mundo, se intensifica e revoga os Filhos de Israel – a interioridade do mundo. Em tal geração, todos os destruidores do Mundo levantam suas cabeças e desejam principalmente destruir e matar os Filhos de Israel, como está escrito (Yevamot 63), ‘Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel’. Isto significa que, como está escrito acima nas correções, que eles causam pobreza, ruína, roubo, assassínio e destruição do mundo inteiro.” [ix]

Em conclusão, se levarmos a cabo nosso papel e passarmos a luz da benevolência ao mundo, a qualidade do Criador, a interioridade de que Baal HaSulam fala, então “a interioridade das Nações do Mundo, os Justos das Nações do Mundo, dominarão e submeterão sua exterioridade, que são os destruidores. E a interioridade do mundo, também, que é Israel, subirá no seu mérito e virtude sobre a exterioridade do mundo, que são as nações. Então todas as nações do mundo reconhecerão e admitirão o mérito de Israel sobre elas.

“E eles seguirão as palavras (Isaías 14:2), ‘E as pessoas os tomarão, e os trarão ao seu lugar: e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor”. E também (Isaías 49:22), “E eles trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão carregadas nos seus ombros”. [x] (Repetição das citações está no texto original.)

Pode parecer uma tarefa robusta para um número tão pequeno de pessoas fazer uma diferença tão grande no mundo, mas, na verdade, o sucesso ou falha de nossos esforços depende apenas de uma coisa – nossa unidade. Portanto, para nos lembrarmos do papel supremo que a unidade desempenha no nosso sucesso como nação e no sucesso de nossa missão, o próximo capítulo será dedicado às palavras de nossos sábios durante as eras, como eles descrevem seus pensamentos sobre união. Posteriomente, examinaremos o meio pelo qual podemos alcançar essa união.

[I] Assimilação e Comunidade: Os Judeus na Europa do Século XIX, Ed: Jonathan Frankel, Steven J. Zipperstein, 12.

[ii] “Judaísmo Conservador,” The Encyclopaedia Britannica , url: http://www.britannica.com/EBchecked/topic/133461/Conservative-Judaism

[iii] Michael A. Meyer, Resposta à Modernidade: A História do Movimento da Reforma do Judaísmo (Detroit, EUA: Wayne State University Press, 1995), 226.

[iv] Meyer, Resposta à Modernidade: A História do Movimento de Reforma no judaísmo , 227.

[v] Reforma no Judaísmo: Uma Perspectiva Centenária, adotada em San Francisco – 1976 (27 de outubro de 2004), url: http://ccarnet.org/rabbis-speak/platforms/reform-judaism-centenary-perspective/

[vi] ibid.

[vii] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, “Introdução ao Livro do Zohar” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 450-453.

[viii] ibid.

[ix] ibid.

[x] ibid.

Como Um Feixe De Juncos – Sinos Misturados, Parte 3

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes HojeMichael Laitman, Ph.D.

Capítulo 7: Sinos Misturados

Ser Judeu, ou Não Ser Judeu, Eis a Questão!

Alemanha Nazista: Horror Para Além Das Palavras

Como salientado anteriormente no capítulo, outro exemplo notável da assimilação e rejeição judaica ocorreu na Alemanha, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. As consequências horrendas do desdobramento que ocorreu na Alemanha foram cuidadosamente discutidas e analisadas, e não há muito a acrescentar sobre o que ocorreu. O que devemos salientar, contudo, é a repetição dos culpados que afetaram a Inquisição Espanhola e a derradeira expulsão da Espanha.

Historicamente, a judiaria alemã não desfrutou da liberdade e afinidade com seus ducados e cidades anfitriões como fizeram os judeus na Espanha. Em vez disso, durante séculos eles vagueariam de cidade em cidade, residindo onde fosse permitido, sempre sob duras restrições e discriminação, e por vezes, tais como durante as Cruzadas, sofrendo perseguição, expulsão e até massacres.

Todavia, começando no século XVI, em conjunto com o Renascimento, os judeus da Alemanha desfrutaram de paz relativa. Enquanto não receberam estatuto igual ou cidadania de suas cidades anfitriãs ou ducados, foram deixados para conduzir suas próprias vidas de forma relativamente ininterrupta e separados do resto da sociedade alemã.

“Por trás de suas paredes do gueto”, escreve Sol Scharfstein em Compreendendo a História Judaica: Do Renascimento ao Século XXI, “seguindo suas próprias tradições e seu próprio modo de vida, os judeus enfrentavam as tempestades dos séculos que se seguiram, as contendas entre cristãos, entre igrejas e príncipes, e as guerras e revoluções desencadeadas pelas novas condições e ideias”.

“… [o Papa] João Paulo IV argumentou que era tolice que os cristãos fossem amigos de um povo que não havia aceito Cristo como seu salvador. Numa bula papal ele decretou que judeus que viviam em áreas controladas pela igreja fossem confinados aos guetos. Eles teriam a permissão de abandonar o gueto durante o dia para ir trabalhar, mas seriam proibidos de estar fora nos outros tempos. Os portões do gueto seriam fechados à noite e em feriados cristãos”, e os portões foram “…guardados por vigilantes não-judeus que controlavam a entrada e saída daqueles aprisionados lá dentro”. [i]

Mas contrário à crença popular, inicialmente os guetos judeus não eram obrigatórios. Isso veio mais tarde, assim que os judeus já estavam concentrados nas suas áreas de residência. O reconhecido historiador, Salo Wittmayer Baron, escreveu que “Os judeus tinham menos deveres e mais direitos que a grande massa da população… Eles podiam se mover livremente de um lugar para outro com algumas exceções, podiam se casar com quem eles quisessem, tinham seus próprios tribunais e eram julgados de acordo com suas próprias leis. Até em casos misturados com não-judeus, o tribunal local não tinha competência, mas sim frequentemente um juiz especial nomeado pelo rei ou certo alto oficial”. [ii]

Algumas páginas mais tarde, continua o Prof. Wittmayer Baron, “…A comunidade judaica desfrutava de completa autonomia interna. Complexa, isolada, num sentido estranho, ela foi deixada mais severamente sozinha pelo Estado que maioria das corporações. Assim, a comunidade judaica dos dias pré-Revolucionários tinha mais competência sobre seus membros que os modernos governos Municipal, Estadual e Federal combinados [relevante a 1928, ano da publicação]. Educação, administração da justiça entre judeu e judeu, taxação para propósitos comunitários, saúde, mercados, ordem pública, estavam todos dentro da jurisdição da comunidade-empresa, e em acréscimo, a comunidade judaica era o manancial do trabalho social de uma qualidade geralmente superior ao de fora da judiaria.

“…Uma fase desta existência corporativa geralmente considerada pela judiaria emancipada como um mal não mitigado era o Gueto. Mas não se deve esquecer que o Gueto cresceu voluntariamente como resultado do autogoverno judaico, e que foi somente num desenvolvimento tardio que a lei pública interferiu e tornou  uma obrigação legal que todos os judeus vivessem num distrito isolado”. [iii]

Assim, dependendo uns dos outros para sua subsistência, os judeus se aproximavam, cultivavam sua própria literatura e viviam modesta e piamente. Novamente, nós vemos que quando os judeus se unem, eles estão dóceis. E novamente, vemos que quando a coesão e a união não são as escolhas de vida dos judeus, circunstâncias são impostas a eles de fora. Embora coagida, é sempre a união que os mantém seguros.

Todavia, apesar da segurança fornecida pela união, e o fato de que os judeus, como Prof. Grant anotou, serem “inassimiláveis”, assim que a porta se abre e os judeus recebem permissão de fora, eles começam a se misturar da mesma maneira que os levou à calamidade na Espanha – assimilação cultural, e, pior ainda, assimilação religiosa. De algum modo, nós sempre parecemos esquecer as palavras de nossos sábios, que repetidamente afirmam, “Quando eles [Israel] são como um homem com um coração, eles são como um muro fortificado contra as forças do mal”. [iv] Certamente, como demonstramos através deste livro, a negligência da união foi o que causou a ruína do Templo e a dispersão do povo da sua terra, e certamente toda a calamidade que atingiu os judeus desde então.

À medida que a emancipação judaica progrediu e os judeus alemães foram admitidos na sociedade alemã cristã, eles gradualmente se tornaram distantes de suas raízes espirituais. Perto do final do século XVIII, eles estavam tão dispostos a ser admitidos na sociedade cristã que virtualmente fariam tudo para ser aceitos. Assim, de acordo com os professores em cultura e história judaica, Steven J. Zipperstein da Universidade de Stanford e Jonathan Frankel da Universidade Hebraica de Jerusalém, em 1799, só alguns anos depois do começo da emancipação judaica, David Friedlander, um dos líderes mais proeminentes da comunidade judaica, foi tão longe ao sugerir que os judeus de Berlim se converteriam ao cristianismo em massa. [v]

Mas mesmo sem se converter, os judeus alemães estavam dispostos a abdicar de tudo o que os seus antepassados tinham como sagrado. “Em prol de provar a lealdade absoluta dos judeus ao estado e o país,” escreve Zipperstein e Frankel mais tarde no seu livro, “[os judeus] estavam prontos para remover do livro de orações qualquer referência à antiga esperança de um regresso à antiga pátria na Palestina e interpretar a dispersão dos judeus pelo mundo não como Exílio, mas como um valor positivo, como um modo dos judeus transportarem a mensagem da ética monoteísta a toda a humanidade, como uma missão divinamente ordenada. Assim, o movimento Reformista tornou possível afirmar que os judeus constituíam uma comunidade rigidamente religiosa despojada de todos os atributos nacionais, que eram alemães (ou polacos ou franceses, como pode ser o caso) do ‘Mosaico da persuasão’. Deste modo, o judaísmo reformista tornou-se o símbolo, como ele foi, de uma prontidão para comercializar crenças da antiguidade em troca de igualdade civil e aceitação social”. [vi]

A abdicação da conexão dos judeus com Sião, a terra de Israel e o desejo pelo Criador – a Lei da Doação – simboliza mais que qualquer outra coisa o quanto os judeus alemães haviam se alienado de sua herança. Como vimos muitas vezes, e como aprendemos dos ensinamentos dos nossos sábios na história, assim que os judeus abandonam voluntariamente o seu papel, eles são forçados a voltar a ele pelas próprias nações aonde eles almejam se misturar.

Acontece que os judeus alemães não sabiam deste fato. Eles estavam em exílio, banidos da qualidade de doação e esquecidos da sua tarefa. Eles ignoravam seu erro, de que no minuto em que trocaram a coesão pela aceitação da sociedade geral, colocaram seu futuro e o futuro de seus filhos no caminho danoso. Embora ninguém pudesse prever a magnitude do horror que cairia sobre eles, o caminho para ele havia sido pavimentado, e sua conduta continuou a sustentá-lo.

Desde aproximadamente 1780 até 1869, apesar de vários contratempos, ocorreu o avanço gradual da emancipação judaica. No final, “A lei da igualdade foi passada pelo Parlamento da Confederação da Alemanha do Norte em três de julho de 1869. Com a extensão desta lei aos estados unidos dentro do Império Alemão, a luta dos judeus alemães pela emancipação alcançou o sucesso”.[vii]

Mas o preço do sucesso foi o completo abandono de tudo o que havia mantido os judeus juntos. De acordo com Werner Eugen Mosse, Professor Emérito de História Europeia na Universidade de Anglia do Leste, “Em 1843, a primeira sociedade de Reformismo radical – rejeitando circuncisão e evocando a mudança do Shabat judaico para o domingo – surgiu em Frankfurt… Nas duas ou três décadas seguintes, o movimento da Reforma religiosa reestruturaria o serviço religioso na maioria das grandes comunidades e desenvolveria o movimento religioso Liberal que dominou a judiaria alemã do século vinte”.

“…A pressão pela integração social na sociedade geral conduziu muitos a abandonar práticas que eles sentiam que levantavam uma barreira contra as relações sociais (por exemplo as leis dietéticas), enquanto a necessidade de ser economicamente competitivo forçou muitos a fazer negócios no sábado, o Shabat judaico. Além disso, muitos judeus aculturados se encontravam repelidos do serviço tradicional judaico por razões estéticas”. [viii]

“Outro aspecto da Reforma proximamente ligada à educação”, continua o Prof. Eugen Mosse, “foi a nova cerimónia da confirmação. Esta cerimónia, baseada em modelos cristãos, destinava-se a suplementar (ou mais raramente, substituir) o tradicional bar mitzvá. Tanto meninas como meninos, ao se formarem na escola religiosa, recebiam uma prova oral pública sobre as bases da religião judaica e eram então abençoados pelo rabino e formalmente introduzidos ao judaísmo”. [ix]

Assim, tal como aconteceu na Espanha cerce de quatro séculos antes, os judeus reformistas estavam na realidade se tornando “Ashkenazi conversos”. De acordo com Donald L. Niewyk, Professor Emérito de História na SMU, “A vasta maioria dos judeus era apaixonadamente comprometida com o bem-estar da sua única Pátria, a Alemanha”. [x]

E tal como aconteceu na Espanha, quando a maré começou a virar contra os judeus, e o antissemitismo começou a aumentar na República de Weimar da Alemanha, os judeus foram alegremente esquecidos aos alarmes soantes. “Nem uns poucos viram o antissemitismo como um benefício positivo que podia impedir os judeus da gradual amalgamação com a sociedade maior e o derradeiro desaparecimento como um grupo religioso distinto”, narra o Prof. Niewyk. [xi] Sem reparar que deixar as nações nos mantem juntos, em vez de o fazermos nós mesmos traz consequências inimagináveis, Dr. Kurt Fleischer, o líder dos Liberais na Assembleia da Comunidade Judaica de Berlim, argumentou em 1929 que o “Antissemitismo é o flagelo que Deus nos enviou em prol de nos conduzir juntos e nos manter juntos”. [xii] Isto, novamente, prova a correção das palavras anteriormente citadas do Prof. Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida judaica é que… sem antissemitismo, nós podemos estar condenados à extinção”. [xiii] Certamente, quão tragicamente corretas todas elas são.

Como se viu, Hitler também pensava que o Criador estava usando os Nazistas para fazer a Sua obra. Em Mein Kampf, ele escreveu palavras semelhantes à afirmação mencionada acima de Isabel, rainha da Espanha, sobre o Senhor punir os judeus através do rei: “A Natureza Eterna inexoravelmente vinga a infração dos seus mandamentos. Assim, hoje eu acredito que estou agindo de acordo com a vontade do Criador Todo-Poderoso: ao me defender contra o judeu, eu estou lutando pela obra do Senhor”. [xiv]

Uma vez que o Criador é a qualidade de amor e doação, o surgimento dos Judeus dos guetos expôs seu exílio dessa qualidade. Consequentemente, em vez de trazer solidariedade e responsabilidade mútua às suas sociedades anfitriãs, eles espalharam egoísmo, que é ruinoso a qualquer sociedade, e desta forma se depararam com intolerância e repulsa pouco depois da sua aceitação. O filósofo e antropólogo Alemão, Ludwig Feuerbach, conecta os judeus ao egoísmo da seguinte maneira: “Os judeus foram mantidos na sua peculiaridade até hoje. Seu princípio, seu Deus, é o princípio mais prático no mundo – particularmente o egoísmo. E mais ainda, o egoísmo na forma de religião. O egoísmo é o Deus que não deixará seus servos chegar à vergonha. O egoísmo é essencialmente monoteísta, pois ele só tem um único eu, como o seu fim”. [xv]

Certamente, quem acolheria tamanha ameaça à sociedade? É precisamente esse egoísmo que faz toda e qualquer nação, em que vivemos, repensar, e finalmente se arrepender e repelir sua abertura.

A única coisa que tornou os judeus únicos e poderosos nos tempos antigos foi sua união, seu altruísmo, e como demonstramos, essa foi a única coisa que Abraão e Moisés desejavam dar ao mundo. Inicialmente as nações nos acolhem em seu meio, esperando inconscientemente que partilhemos com elas essa qualidade. Mas ao descobrir que estamos dando-lhes o oposto, sua alegria se torna desilusão e cólera. Enquanto continuarmos a desapontar as nações, continuaremos a receber o mesmo tratamento, e a tendência demonstra que os meios pelos quais elas mostrarão sua desilusão se tornarão cada vez mais duros.

[i] Sol Scharfstein, Compreendendo a História Judaica: Do Renascimento ao Século XXI (Impresso em Hong Kong, Ktav Publishing House, 1997), 163-164.

[ii] Salo W. Baron, “Gueto e Emancipação: Devemos Revisar os Tradicionais Pontos de Vista?” em: O Tesouro da Menorah: Colheita de Meio Século (Philadelphia: Publicação Sociedade Judaica da América, 1964), 52.

[iii] Salo W. Baron, “Gueto e Emancipação: Devemos Revisar os Tradicionais Pontos de Vista?” em: O Tesouro da Menorah: Colheita de Meio Século, 54-55.

[iv] Rabino Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [O Nome de Samuel], Vayakhel [E Moisés Reuniu], TAR’AV (1916)

[v] Assimilação e Comunidade: Os Judeus na Europa do século XIX, Ed: Jonathan Frankel, Steven J. Zipperstein (Reino Unido, Cambridge University Press, 1992), 8.

[vi] Assimilação e Comunidade: Os Judeus na Europa do século XIX, Ed: J. Frankel, SJ Zipperstein, 12.

[vii] “Emancipação”, Biblioteca Judaica Virtual, url: http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/judaica/ejud_0002_0006_0_05916.html.

[viii] Werner Eugen Mosse, Revolução e Evolução: 1848 na História Judaico-Alemã (Alemanha, JCB Mohr (Paul Siebeck) Tübingen, 1981), 255-256.

[ix] Eugen Mosse, Revolução e Evolução: 1848 na História Judaico-Alemã, 260.

[x] Donald L. Niewyk, Os Judeus na Alemanha de Weimar (New Jersey, Transactions Publishers, New Brunswick, 2001), 95.

[xi] Niewyk, Os Judeus na Alemanha de Weimar, 84.

[xii] ibid.

[xiii] Cohn-Sherbok, O Paradoxo do Antissemitismo, XIV (Prefácio).

[xiv] Adolf Hitler, Mein Kampf (EUA, Noontide Press, 2003), 51.

[xv] Ludwig Feuerbach, A Essência do Cristianismo, trans. Marian Evans (Londres, John Chapman, 1843), 113.

Como Um Feixe De Juncos – Sinos Misturados, Parte 2

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes HojeMichael Laitman, Ph.D.

Capítulo 7: Sinos Misturados

Ser Judeu, ou Não Ser Judeu, Eis a Questão!

Espanha, a Trágica História de Amor

Flávio Josefo escreveu sobre o caloroso acolhimento com o qual os expatriados foram recebidos na Síria e Antioquia depois de sua expulsão pelos Romanos. Os judeus foram “muito misturados”, ele escreveu, e viveram “com a tranquilidade mais imperturbável”. [i] Ele também escreveu sobre como o Imperador Romano, Titus Flavius, “os expulsou de toda Síria”. [ii] Na Antiguidades dos Judeus, ele citou o geógrafo Grego Strabo dizendo, “Este povo já abriu caminho em toda a cidade, e não é fácil encontrar qualquer lugar no mundo habitável que não tenha recebido esta nação e que não tenha sentido seu poder”. [iii]

A maneira vacilante com a qual os judeus foram acolhidos – inicialmente de forma calorosa, depois rejeitados, depois repelidos uma vez mais, se não completamente destruídos – se repetiu numerosas vezes desde a ruína do Primeiro Templo. [iv] Contudo, muitos, se não a maioria dos judeus exilados depois da ruína do Segundo Templo, são ainda reconhecidos como tais, pelo menos por herança, se não por algum nível de prática.

Houve muitas tentativas de converter os judeus ao Islamismo ou Cristianismo, e eles frequentemente o desejaram fazer, e ativamente tentaram se converter. Todavia, para a maioria, essas tentativas ou falharam ou foram somente marginalmente bem sucedidas.

O Professor e investigador de História Judaica na Universidade de Wisconsin, Norman Roth, detalha tanto as tentativas massivas dos judeus de se converterem, e as consequências trágicas que resultaram dessas tentativas. Em Judeus, Visigodos e Muçulmanos na Espanha Medieval: cooperação e conflito, ele escreve, “Nos séculos quatorze e quinze, milhares de judeus se converteram, principalmente por sua própria livre vontade e não sob qualquer dureza, ao Cristianismo. O papel destes conversos [judeus que se converteram ao Cristianismo] na sociedade conduziu a feroz hostilidade contra eles no século quinze, finalmente resultando em verdadeiro estado de guerra. O antissemitismo racial emergiu pela primeira vez na história em larga escala e os estatutos de limpieza de sangre [pureza de sangue] foram erguidos [distinguindo os Velhos Cristãos ‘puros’ daqueles com antepassados muçulmanos ou judeus]. Finalmente, a Inquisição foi revivida entre falsas acusações de ‘falsidade’ dos conversos, e muitos foram queimados. Nada disto, contudo, teve alguma coisa a ver com os judeus, que na maioria continuaram suas vidas, e suas relações normais com os Cristãos, como anteriormente”. [v]

Certamente, não só os judeus que mantiveram sua fé não foram prejudicados, mas eles até nutriam um laço único com os seus anfitriões espanhóis. De acordo com Roth, “Tão incomum, pode-se dizer única, era a natureza desse relacionamento [entre judeus e cristãos] que um termo especial é usado na Espanha para isso, um termo que não tem tradução precisa noutras línguas, convivencia [grosseiramente significando, “viver juntos em afinidade”]. Na verdade, a verdadeira extensão da convivencia na Espanha medieval Cristã não havia sido totalmente revelada”. [vi]

O estudo de Roth salienta que enquanto os judeus permaneciam leais a sua herança e não tentavam assimilar culturas estrangeiras, eles eram bem-vindos a permanecer, ou eram pelo menos deixados em paz. E especificamente na Espanha, em tempos em que o calor e a intensidade do relacionamento verdadeiramente se assemelhavam a uma história de amor, completa com todas as provações e tribulações que as grandes histórias de amor exibem. Contudo, quando os judeus tentavam se misturar com outras nações e se tornavam como elas, essas nações os rejeitavam e os forçavam de volta ao judaísmo, ou os forçavam a se converter, mas de uma maneira depreciativa e forçada.

Jane S. Gerber, uma especialista na história Sefardita na Universidade Municipal de Nova Iorque, detalha eloquentemente a extensão à qual os judeus espanhóis conversos imergiam-se na vida cultural e secular espanhola (ênfases são do editor). “Profundamente enraizados na península ibérica desde a aurora da sua dispersão”, escreve Gerber, “estes Judeus nutriam fervorosamente um amor pela Espanha e sentiam uma profunda lealdade à sua língua, regiões e tradições (…) De fato, a Espanha havia sido considerada uma segunda Jerusalém”.

“Quando o decreto de expulsão do Rei Fernando e da Rainha Isabel foi promulgado em 31 de Março, [1492], ordenando que os 300.000 judeus da Espanha partissem dentro de quatro meses, os Sefarditas reagiram com choque e descrença. Seguramente, eles sentiam que a proeminência de seu povo de todos os caminhos da vida, a clara longevidade de suas comunidades (…) e a presença de tantos judeus e cristãos de linhagem judaica (conversos) nos círculos internos da corte, municipalidades e até a igreja Católica forneceria proteção e evitaria o decreto”.

“…Os judeus espanhóis eram especialmente orgulhosos da sua longa linhagem de poetas, cujas… canções continuaram a ser recitadas. Seus filósofos foram influentes até entre os acadêmicos do Ocidente, seus gramáticos inovadores ganharam um lugar duradouro como pioneiros da língua hebraica, e seus matemáticos, cientistas e inumeráveis físicos haviam ganho aclamação. A desenvoltura e o serviço público dos diplomatas Sefarditas também preencheram os anais de muitos reinos muçulmanos. Na realidade, eles não só residiam na Espanha; eles haviam coexistido lado a lado com muçulmanos e cristãos, levando a noção de viverem juntos (la convivencia) com absoluta seriedade”.

“A experiência dos Sefarditas levanta o problema da aculturação e assimilação como nenhuma outra comunidade judaica o fez. Durante muitos séculos, a civilização judaica tomou emprestada livremente da cultura muçulmana. …Quando perseguições sobrecarregaram os Sefarditas em 1391 e lhes foi oferecida a escolha da conversão ou a morte, os números de convertidos excederam o número considerável de mártires. A própria novidade desta conversão em massa, singular à experiência judaica, induziu acadêmicos a procurar causalidade no alto grau de aculturação alcançada pelos Sefarditas”.[vii]

Todavia, não foi a aculturação que fez os espanhóis se voltarem contra os judeus. Foi, na realidade, o abandono dos judeus da coesão social e garantia mútua, traços que haviam (na maioria) lhes ganho a estima inconsciente das suas nações anfitriãs. “Comentadores medievais especialmente”, continua Gerber, “gostavam de colocar a culpa pelo rompimento da disciplina comunal na aculturação judaica, e alguns dos maiores historiadores judaicos modernos, tais como Itzhak Baer, citaram em acréscimo o impacto corrosivo da filosofia averroísta e o cinismo da classe judaica assimilada cortesã. Mas, na onda das conversões em massa e os agudos conflitos comunais, não foram somente os filósofos que sucumbiram em face da perseguição”. [viii] Em vez disso, a comunidade inteira sofreu.

Assim, conscientes ou não, os judeus foram afligidos e finalmente expulsos da Espanha porque haviam se tornado demasiado desunidos, esquecendo os poderes e o benefício que a união pode lhes trazer, e que os nossos sábios ensinaram a nossos antepassados durante gerações. O Livro do Zohar escreveu sobre a panaceia da união: “Porque eles são de um coração e uma mente… eles não falharão ao fazer o que lhes é proposto fazer, e não há ninguém que os possa impedir”. [ix]

Porém, O Livro do Zohar, que ressurgiu na Espanha praticamente alguns séculos antes da expulsão, não podia salvar os Judeus. Eles estavam simplesmente demasiado espiritual e culturalmente assimilados para se unirem e levarem a cabo seu intencionado papel de ser uma luz para as nações. E uma vez que não ajustaram seu curso por sua própria vontade, a Lei de Doação da Natureza, o Criador, o fez através das suas imediações, os cristãos espanhóis, a quem os judeus admiravam.

O classicista Inglês, escritor e professor na Universidade de Cambridge, Michael Grant, observou a incapacidade dos Judeus de se misturarem: “Os Judeus provaram-se não assimilados, mas inassimiláveis. …A demonstração de que isto era assim provou um dos pontos de mudança mais significativos na história grega, devendo à influência gigantesca exercida durante as eras subsequentes pela sua religião, que não só sobreviveu intacta, mas subsequentemente deu à luz ao cristianismo”. [x]

Da mesma forma, o bispo do século XVIII, Thomas Newton, escreveu sobre os judeus: “A preservação dos judeus é realmente um dos atos mais sinalizadores e ilustres da Providência divina… e o quê senão um poder sobrenatural teria os preservado de tal maneira como nenhuma outra nação na terra havia sido preservada. Nem é a Providência de Deus menos marcante com a destruição de seus inimigos, que na sua preservação… Nós vemos que os grandes impérios, que por sua vez subjugaram e oprimiram o povo de Deus, todos chegaram à ruína… E se tal foi o fim fatal dos inimigos e opressores dos judeus, que sirva de aviso a todos aqueles, que em qualquer tempo ou em qualquer ocasião sejam a favor de levantar um clamor e perseguição contra eles”. [xi]

Porque, como mencionado no Capítulo 4, os judeus representam no nosso mundo a parte da alma de Adão que alcançou unidade de corações e assim conexão com o Criador, e como o seu papel espiritual é o de espalhar essa união e conexão resultante ao resto das nações, as nações rejeitam as tentativas dos judeus de se parecer com elas. Não é um ato de escolha consciente, mas um impulso compulsivo que vem sobre elas do próprio pensamento da Criação. Isto só raramente chega à superfície da consciência dos perpetradores da aflição, mas eles executam isso infalivelmente.

Um incidente marcante do pensamento da Criação surgindo na consciência do perpetrador ocorreu numa fatídica e trágica noite em 1492. Em O Judeu no Mundo Medieval: Um Manual: 315-1791, o acadêmico de história judaica, Rabi Jacob Rader Marcus, detalha os eventos que ele descobriu terem ocorrido. “O acordo permitindo que eles [Judeus] permanecessem no país [Espanha] através do pagamento de uma grande soma de dinheiro era praticamente completado quando era frustrado pela interferência de um prior chamado de Prior de Santa Cruz. [Uma lenda relata que Torquemada, Prior do convento de Santa Cruz, esbravejou, com crucifixo em cima, ao Rei e a Rainha: ‘Judas Iscariotes vendeu seu mestre por trinta peças de prata. Sua Alteza o venderia novamente por trinta mil. Aqui está ele, leve-o Papara longe e leiloe-o’]”. [xii] O que aconteceu a seguir ilustra que o que quer que aconteça, os judeus estão obrigados a ser o que são, e a fazer o que devem fazer. “Então a Rainha deu uma resposta aos representantes dos judeus, semelhante ao dizer do Rei Salomão [Provérbios 21:1]: ‘O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer’. Ela acrescentou: ‘Acreditais que isto vem sobre vós de nós? O Senhor havia colocado esta coisa no coração do rei’”.[xiii]

Certamente, os judeus foram expulsos não só por terem deixado de ter valor econômico aos espanhóis. Os judeus haviam sido reconhecidos como um bem econômico durante séculos. Na realidade, quando eles foram expulsos da Espanha, muitos deles fugiram para a Turquia, que os acolheu precisamente devido a sua contribuição para a economia de seu país anfitrião. Desta forma, o Sultão Otomano, Bayezid II, estava tão deleitado com a expulsão dos judeus da Espanha e sua chegada à Turquia que é relatado que ele “sarcasticamente agradeceu a Fernando por lhe enviar alguns dos seus melhores súditos, empobrecendo assim suas próprias terras enquanto enriquecia as dele (de Bayezid)”. [xiv] Outra fonte relata que “quando o Rei Fernando, que expulsou os judeus da Espanha, foi mencionado na sua presença [de Bayezid], ele disse: ‘Como podeis considerar o Rei Fernando um sábio governante quando ele empobreceu sua própria terra e enriqueceu a nossa?’” [xv]

Repetidamente, nós descobrimos que não é a nossa astúcia que nos concede o favor da nação. Em vez disso, é a nossa unidade, pois ela projeta sobre eles a luz, ou em vez disso o deleite que eles supostamente receberiam através de nós no pensamento da Criação. Nas palavras do escritor e pensador, Rabi Hillel Tzaitlin, “Se Israel é o verdadeiro redentor do mundo inteiro, ele deve primeiro redimir sua própria alma… Mas como ele redimirá sua alma? …Irá a nação, que está em ruínas tanto em matéria como em espírito, se tornar uma nação feita inteiramente de redentores? …Para esse propósito, eu quero estabelecer com este livro a ‘união de Israel’ …Se fundada, a unificação de indivíduos será pelo propósito da ascensão interior e uma invocação para correções de todos os males da nação e do mundo”. [xvi]

Certamente, até mesmo se reivindicarmos todos os Prêmios Nobel daqui até o Juízo Final, por todos os benefícios que as concretizações cientificas trazem à humanidade, não ganharemos crédito, mas aversão. Nós podemos produzir os melhores físicos, os mais ilustres economistas, os mais brilhantes cientistas e os mais inovadores empresários, mas até que produzamos a luz, o poder que suscitamos através da união, as nações nunca nos aceitarão, e nós nunca justificaremos nossa existência neste planeta.

[i] William Whiston, Os Trabalhos de Flavius ​​Josephus, 565.

[ii] ibid.

[iii] Flávio Josefo, Antiguidades dos Judeus, XIV, 115.

[iv] “Diáspora” A Enciclopédia Judaica, url: http://www.jewishencyclopedia.com/articles/5169-diaspora.

[v] Norman Roth, Judeus, Visigodos e Muçulmanos na Espanha Medieval: cooperação e conflito (Holanda, EJ Brill, 1994), 2.

[vi] ibid.

[vii] Jane S. Gerber, Os Judeus da Espanha: A História da Experiência Sefardita (Nova Iorque, Free Press, 2 de novembro de 1992), edição Kindle.

[viii] ibid.

[ix] Rabi Shimon Bar Yochai (Rashbi), O Livro do Zohar (com o Comnetário Sulam [Escada] de Baal HaSulam, Noah, vol. 3, inciso 385 (Jerusalém), 132.

[x] Michael Grant, De Alexander à Cleopatra: O Mundo Helenístico (New York: Charles Scribner & Sons, 1982), 75.

[xi] Citado em O Tesouro das Citações Espirituais e Religiosas (Readers Digest, 01 de janeiro de 1994 dos EUA,), 280.

[xii] Jacob Rader Marcus, O Judeu no Mundo Medieval: Um Manual: 315-1791 , (US: Hebrew Union College Press, 1999), 60-61.

[xiii] ibid.

[xiv] Dr. Erwin W Lutzer com Steve Miller, A Cruz na Sombra do Crescente: Uma Resposta Informada á Guerra do Islã com o Cristianismo (Harvest House Publishers, Oregon, 2013), de 65 anos.

[xv] Israel Zinberg, História da Literatura Judaica: O Centro da Cultura Judaica no Império Otomano, Vol 5 (New York, Ktav Pub House, 1974.), 17.

[xvi] Hillel Tzaitlin, O Livro de Alguns (Jerusalém, 1979), 5.

Como Um Feixe De Juncos – Sinos Misturados, Parte 1

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Capítulo 7: Sinos Misturados

Ser Judeu, ou Não Ser Judeu, Eis a Questão!

Uma das mais importantes orações em Yom Kipur (Dia do Perdão) é conhecida como o Maftir Yoná (Jonas) [i], durante a qual o livro inteiro de Jonas é lido. A história do profeta Jonas simboliza mais do que qualquer coisa a ambivalência que o nosso povo sente para com o seu papel no mundo.

Reconhecidamente, não é uma tarefa agradável ser um eterno estraga-prazeres. Até mesmo dentro da nossa própria nação, os profetas raramente tinham uma vida fácil ou eram tratados com gratidão por nos salvarem da calamidade e aflição. Todavia, os profetas sempre levaram a cabo suas tarefas. Eles eram impelidos a fazer pelo pavor do tormento que inversamente cairia sob seus confiantes irmãos, então eles não podiam ficar quietos.

Jonas tentou evitar ao máximo a sua missão. Ele escondeu sua identidade como hebreu e entrou a bordo de um navio que velejou para Tarshish, longe de Nínive, onde o Criador lhe havia dito para profetizar. Mas como sabemos, o Criador o encontrou no navio e os marinheiros descobriram sua identidade e o jogaram ao mar, onde ele foi atormentado nas entranhas de um peixe. Finalmente, ele se arrependeu (orando das entranhas do peixe), foi para Nínive e profetizou. Graças ao arrependimento de Jonas, os residentes de Nínive aprenderam sobre a correção exigida deles, a executaram, a cidade foi poupada e seu povo foi perdoado.

Curiosamente, Nínive não era uma cidade hebraica. Ela era a cidade mais populosa no Império Assírio e um eixo de comércio próspero. Todavia, o Senhor ordenou Jonas a profetizar para eles para que melhorassem suas maneiras e evitassem a aflição. Isto, novamente, indica o caminho da correção e que a realização do Criador não era destinada somente aos judeus, mas a toda a humanidade. Quão simbólico é que leiamos esta história no dia mais judaico do ano – Yom Kipur, O Dia do Perdão.

Assim, a história de Jonas resume o dilema do povo Judeu durante as gerações. Por um lado, nós somos o povo escolhido, destinado a mostrar o caminho para a luz a todas as nações. Por outro lado, insistente e infrutuosamente tentamos evitar o nosso destino porque a mensagem de responsabilidade mútua e união é desagradável ao ego do ouvinte, uma vez que todos nós nascemos egocêntricos e queremos permanecer dessa maneira.

Quando os judeus regressaram do exílio na Babilônia para construir o Segundo Templo, aqueles que ficaram para trás se assimilaram tanto entre suas nações anfitriãs que desapareceram inteiramente. A Enciclopédia Judaica [ii] escreve que assim que foram libertados do cativeiro na Babilônia, os judeus gradualmente se espalharam para a Síria, Egito e Grécia – principalmente como escravos, mas algo desadequados, de modo não tiveram problemas em serem resgatados e libertados.

“Além do mais”, informa A Enciclopédia Judaica, “devido à solidariedade próxima, que é uns dos traços duradouros da raça judaica, eles não tiveram dificuldade em encontrar correligionários dispostos a pagar a quantia de seu resgate”. [iii] Contudo, continua a enciclopédia, “Os judeus então libertos, em vez de regressarem à Palestina, frequentemente permaneceram na terra de sua anterior escravidão, e lá, em conjunto com seus irmãos de fé, estabeleceram comunidades. De acordo com o antigo testemunho de Filo (Legatio ad Caium, §23), a comunidade judaica em Roma devia sua origem aos prisioneiros de guerra libertos”. [iv] De Roma, os judeus continuaram a se espalhar pelo resto da Europa.

Uma vez libertada da Babilônia, contudo, a minoria dos hebreus regressou à Terra de Israel, e seus descendentes são o que hoje conhecemos como “o povo Judeu”. Depois da ruína do Segundo Templo, eles desejaram se igualar. Todavia, ao contrário de seus irmãos anteriores, os judeus que foram exilados de Jerusalém e da Judeia nunca lhes foi permitido pelas nações se misturarem até o ponto do desaparecimento. Tivesse isso acontecido, o propósito para o qual os judeus existem, nomeadamente a revelação do Criador ao resto das nações, teria sido derrotado.

Certamente, quando tentamos nos misturar e assimilar, somos sempre lembrados de nossa herança e ou duramente conduzidos de volta ao judaísmo, ou permanecemos como exilados nas nossas novas religiões. Hoje, muitos judeus ainda tentam assimilar nas suas culturas anfitriãs, mas por todo o sucesso aparente em alguns países, a história demonstra que isso nunca teve sucesso, e a tarefa Judaica manda que nunca tenha.

Exemplos particularmente notáveis de assimilação e rejeição judaica ocorreram na Espanha dos séculos XIV e XV, e na Alemanha, antes e durante a 2ª Guerra Mundial e o Holocausto, resultando no extermínio de virtualmente toda a população judaica europeia. Embora muito tenha sido dito e escrito sobre essas duas épocas da história judaica, é vantajoso notar algumas similaridades que podem apontar para uma tendência repetitiva que podemos usar como augúrio. Nós falaremos desses dois períodos um de cada vez, e concluiremos com reflexões sobre a população judaica mais proeminente fora de Israel – a dos Estados Unidos.

[i] A leitura da haftarah (despedida) segue a leitura da Torá a cada Shabat e nos feriados judaicos e dias de jejum. O leitor da haftarah é chamado de maftir.

[ii] “Diaspora”, Encyclopedia Judaica, url: http://www.jewishencyclopedia.com/articles/5169-diaspora.

[iii] ibid.

[iv] ibid.

Como Um Feixe De Juncos – Dispensáveis, Parte 5

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Capítulo 6: Dispensáveis

Antissemitismo Disfarçado

Embora as atrocidades do Holocausto tenham ajudado o estabelecimento judaico em Israel a ganhar reconhecimento e compaixão, e o Estado Judeu de Israel foi fundado em 1948, ele fez muito pouco para extirpar o antissemitismo. Em vez disso, o antissemitismo adquiriu uma nova forma: “antissionismo”.

Há aqueles que argumentam que o antissionismo difere do antissemitismo. Baal HaSulam, pelo contrário, afirma que o ódio aos judeus é precisamente isso, independentemente da forma que assuma. No seu estilo sucinto e direto, ele escreve, “É um fato de que Israel é odiado por todas as nações, seja por razões religiosas, raciais, capitalistas, comunistas ou cosmopolitas. É assim porque o ódio precede todas as razões, mas cada [pessoa] resolve meramente sua repugnância de acordo com a sua própria psicologia”. [i]

Mas como é frequentemente o caso com os judeus, nossos melhores advogados vêm das nações. Cerca de um ano antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, o escritor social americano, Eric Hoffer, a quem foi atribuída a Medalha Presidencial da Liberdade, e em cuja honra o Prémio Eric Hoffer foi estabelecido, publicou uma carta aberta no Los Angeles Times. Talvez fosse o fato de Sr. Hoffer não ser judeu que o permitiu escrever tão candidamente sobre o estado dos judeus no mundo.

“Os Judeus são um povo peculiar”, começa ele. “Coisas permitidas a outras nações são proibidas aos judeus. Outras nações expulsam milhares, até milhões de pessoas, e não há problema de refugiados. A Rússia fez isso, a Polônia e a Checoslováquia fizeram. A Turquia expulsou um milhão de gregos e a Algéria um milhão de franceses. A Indonésia expulsou sabe Deus quantos chineses e ninguém diz uma palavra sobre refugiados. Mas no caso de Israel, os árabes deslocados tornaram-se refugiados eternos. Todos insistem que Israel deve receber todos árabes”.

“[O historiador Britânico] Arnold Toynbee chama o deslocamento dos Árabes de uma atrocidade maior que qualquer uma cometida pelos Nazistas”.

“Outras nações, quando vitoriosas no campo de batalha, ditam os termos de paz. Mas quando Israel é vitorioso, ele deve pedir pela paz. Todos esperam que os Judeus sejam os únicos cristãos verdadeiros neste mundo”.

“Outras nações – quando são derrotadas – sobrevivem e se recuperam, mas se Israel é derrotado, ele seria destruído. Tivesse Nasser [Presidente do Egito durante a Guerra dos Seis Dias de 1967] triunfado junho passado, ele teria apagado Israel do mapa e ninguém levantaria um dedo para salvar os judeus. Nenhum compromisso com os judeus por qualquer governo, incluindo o nosso [Governo Americano], vale o papel em que está escrito”.

“Há um grito de revolta por todo o mundo quando morrem pessoas no Vietnam ou quando dois negros são executados na Rodésia. Mas quando Hitler assassinou judeus, ninguém protestou com ele. Os suecos, que estão prontos para romper relações diplomáticas por causa do que fizemos no Vietnam, não soltaram um pio quando Hitler matava judeus. Eles enviaram à escolha de Hitler minério de ferro e rolamentos de esferas, e serviram às suas tropas comboios para a Noruega”.

“Os judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel sobreviver, será somente devido aos esforços e recursos Judaicos. Todavia neste momento Israel é o nosso único aliado confiável e incondicional. Nós podemos contar mais com Israel que Israel pode contar conosco. E um só tem que imaginar o que aconteceria no verão passado se os árabes e seus apoiadores russos tivessem vencido a guerra para perceber quão vital é a sobrevivência de Israel para os EUA e o Ocidente em geral”.

“Eu tenho uma premonição que não me deixará; o que ocorrer com Israel assim será com todos nós. Caso Israel pereça, o holocausto será sobre nós”. [ii]

Outro exemplo marcante de simpatia relata desta vez o debate sobre se aquele que se opõe ao Sionismo também se opõe aos judeus. Abaixo estão as extraordinárias palavras do Reverendo Martin Luther King Jr., que, numa carta a um amigo, defende os judeus em geral, e o estado judeu em particular, com tamanha eloquência constrangedora que o Ministro de Relações Exteriores de Israel só podem invejar.

Aqui está a “Carta a um Amigo Antissionista” de Martin Luther King: “…Tu declaras, meu amigo; que não odeias os judeus, que és meramente ‘antissionista’. E eu digo, deixa que a verdade soe dos altos cumes das montanhas, deixa que ela ecoe através dos vales da terra verde de Deus: quando as pessoas criticam o Sionismo, elas querem dizer judeus – esta é a própria verdade de Deus”.

“Antissemitismo, o ódio ao povo Judeu, foi e permanece uma mancha na alma da humanidade. Nisto estamos completamente de acordo. Portanto, saiba também isto: antissionismo é inerentemente antissemita, e sempre o será”.

“Por que isso? Tu sabes que o sionismo é nada menos que o sonho e ideal do povo judeu de voltar a viver na sua própria terra. O povo judeu, as Escrituras nos contam, desfrutava antigamente de uma riqueza comum florescente na Terra Santa. Disto eles foram expulsos pela tirania Romana, os mesmos Romanos que cruelmente assassinaram nosso Senhor. Empurrados de sua pátria, sua nação em cinzas, forçados a vaguear pelo globo, o povo judeu repetidamente sofreu o chicote de qualquer que fosse o tirano que governasse sobre eles”.

“…Quão fácil seria, para qualquer um que tenha como caro este direito inalienável de toda a humanidade, compreender e apoiar o direito do povo judeu a viver na sua antiga Terra de Israel. Todos os homens de boa vontade exultarão a concretização da promessa de Deus que Seu povo deve regressar com alegria para reconstruir sua terra saqueada. Isto é sionismo, nada mais, nada menos”.

“E o que é antissionismo? É a negação ao povo judeu de um direito fundamental que justamente reivindicamos para o povo da África e livremente concordamos com todas as outras nações do mundo. É a discriminação contra Judeus, meu amigo, porque eles são Judeus. Em resumo, é antissemitismo”.

“O antissemita se rejubila com qualquer oportunidade de desafogar esta malícia. Os tempos tornaram impopular no Ocidente proclamar abertamente o ódio aos judeus. Sendo este o caso, o antissemita deve constantemente procurar novas maneiras e fóruns para seu veneno. Como ele deve se deleitar no novo baile de máscaras! Ele não odeia os judeus, ele é apenas ‘antissionista!’”.

“Meu amigo, eu não te acuso de antissemitismo intencional. Sei que sentes, tanto quanto eu, um profundo amor pela verdade e a justiça, e repulsa pelo racismo, preconceito e discriminação. Mas sei que foste enganado – como outros foram – a pensar que podes ser ‘antissionista’ e ainda permanecer verdadeiro àqueles princípios sinceros que tu e eu partilhamos. Deixa que minhas palavras ecoem nas profundezas de tua alma: Quando as pessoas criticam o sionismo, elas querem dizer judeus – não te enganes nisso”. [iii]

Aproximadamente desde a virada do século, nós temos testemunhado um aumento no antissemitismo por todo o mundo. Um relatório executivo emitido pelo Departamento de Estado dos EUA confirma que “A crescente frequência e severidade dos incidentes antissemitas desde o começo do século XXI … obrigou a comunidade internacional a se concentrar no antissemitismo com vigor renovado. …Em recentes anos, incidentes foram mais direcionados na natureza com os infratores parecendo ter intenção especifica de atacar os judeus e o judaísmo”. [iv]

Em alguns casos, há antissemitismo onde não há judeus! Um relatório intitulado, “Antissemitismo sem Judeus”, pela escritora, editora e fotografa Ruth Ellen Gruber, detalha a prevalência do antissemitismo na Europa, até onde não há quaisquer judeus. De acordo com Gruber, “Foi-me pedido para discutir o fenômeno do ‘antissemitismo sem judeus’ em termos históricos, mas também dentro do contexto do que foi chamado o ‘novo antissemitismo’ que se manifestou na Europa – e, certamente, em outro lugar… Eu tenho que dizer que não estou realmente confortável com o termo ‘novo antissemitismo’. Como o London Jewish Chronicle colocou num editorial no ano passado, o antissemitismo tem o ‘sono leve’, fácil de despertar. É também frequentemente referido como um vírus, um vírus proteico que, como as viroses causadoras de doenças no corpo humano, é capaz de sofrer mutações de uma maneira oportunista para derrotar quaisquer defesas ou anticorpos que possam ser edificados contra ele. Isso foi feito tantas vezes, até em países pós-Holocausto cuja população judaica é praticamente invisível. E está fazendo isso agora”.[v]

Talvez menos surpreendente, mas ainda assim inquietante, é o fenômeno do antissemitismo formal da Malásia. Em 6 de Outubro de 2012, Robert Fulford do Canadian National Post, publicou uma história sobre o antissemitismo na Malásia, afirmando que na Malásia, “Políticos e funcionários públicos devotam uma quantidade de tempo surpreendente pensando em Israel, a 7.612 km [4730 milhas] de distância. Por vezes parecem obcecados com isso. A Malásia nunca teve uma disputa com Israel, mas o governo encoraja os cidadãos a odiarem Israel e também a odiarem os judeus, sejam eles Israelitas ou não”. [vi]

“Poucos Malaios puseram olhos num judeu; a minúscula comunidade judaica emigrou há décadas atrás”, escreve Fulford. “Independentemente, a Malásia tornou-se um exemplo de um fenômeno chamado ‘Antissemitismo sem judeus’. Em Março passado, por exemplo, o Departamento Federal de Assuntos Islâmicos enviou um sermão oficial para ser lido em todas as mesquitas, afirmando que ‘Muçulmanos devem entender que os judeus são o maior inimigo dos muçulmanos como provado pelo seu comportamento egoísta e assassinatos realizados por eles’.

“Em Kuala Lumpur, é rotina culpar os judeus por tudo, desde fracassos econômicos à má imprensa que a Malásia recebe em jornais estrangeiros (‘Mantidos por Judeus’)”. [vii]

Evidentemente, até o Holocausto não mudou as mentes das pessoas em relação aos judeus. Como escrevi no Prefácio a este livro, “desde a virada do século, o antissemitismo tem aumentado uma vez mais, desta vez por todo o mundo. O espectro do ódio aos judeus enraizou-se mundialmente”. A simpatia que tivemos após a 2ª Guerra Mundial foi evidentemente de pouca duração, e agora uma nova onda, ainda mais ampla de antissemitismo está aumentando.

No Capítulo 2 citamos as palavras de Rabi Nathan Shapiro: “Há quatro forças no homem – inanimada, vegetal, animal e falante – e Israel têm ainda outra quinta parte, pois eles são o Divino falante”. [viii] Se mantivermos em mente que a meta da criação é que todos alcancem o último grau, que somente Israel tem, e que Abraão havia pretendido dar a todos os seus conterrâneos Babilônios, veremos que o que precisamos dar ao mundo é uma coisa muito simples: a qualidade de doação, incorporada na máxima, “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Quando o egoísmo prospera pelo mundo, esta qualidade é o único remédio que consegue compensar uma colisão global de proporções sem precedentes.

Os judeus, desta forma, devem reacender esse traço dentro deles enquanto indivíduos e enquanto nação, e conduzir o caminho para o todo da humanidade. Certamente, adquirir a qualidade de doação é comparável à revelação do Criador através da equivalência de forma. Lamentavelmente, como o próximo capítulo irá demonstrar, nós frequentemente tentamos evitar essa missão, seja porque não estamos conscientes disso, ou porque não temos desejo por isso. Assim, em vez de abraçar nossa vocação e pavimentar o caminho para a luz para toda humanidade, tentamos nos assimilar até à extinção e ser como todas as outras nações.

[i] Baal HaSulam, Os Escritos do Baal HaSulam , “Os Escritos da Última Geração”, 832-833.

[ii] Eric Hoffer, Los Angeles Times, 26 de maio de 1968.

[iii] De ML King Jr., “Carta a um Amigo Antissionista”, Saturday Review XLVII (agosto de 1967), p. 76. Reproduzido no ML King Jr., “Isso Eu Acredito: Seleção dos Escritos de Dr. Martin Luther King Jr.”), url: http://www.internationalwallofprayer.org/A-022-Martin-Luther-King- Zionism.html

[iv] Departamento de Estado, “Relatório Global do Antissemitismo (5 de janeiro de 2005) dos Estados Unidos, url: http://www.state.gov/j/drl/rls/40258.htm

[v] Ruth Ellen Gruber, “Antissemitismo Sem Judeus”, url: http://www.annefrank.org/ImageVaultFiles/id_11774/cf_21/Gruber.pdf

[vi] Robert Fulford, “Antissemitismo Sem judeus na Malásia”, National Post (6 de Outubro de 2012), url: http://fullcomment.nationalpost.com/2012/10/06/robert-fulford-anti-semitism-without-jews-in-malaysia/

[vii] ibid.

[Viii] Rabino Nathan Neta Shapiro, Revela Coisas Profundas, Parashat Shemot [Êxodo].

Como Um Feixe De Juncos – Dispensáveis, Parte 4

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Capítulo 6: Dispensáveis

Antissemitismo Contemporâneo

Em Desuso

Para demonstrar como dispensável o mundo pode pensar que somos, considere os seguintes fatos: em 1938, Adolf Hitler estava disposto a enviar judeus alemães e austríacos para fora a quem pudesse tê-los. Ninguém respondeu. Hitler declarou que ele poderia “apenas desejar e esperar que o outro mundo, que tem tanta simpatia profunda por esses criminosos [os judeus], ​​será, pelo menos, generoso o suficiente para converter essa simpatia em ajuda prática. Nós [a Alemanha nazista], de nossa parte, estamos prontos para colocar todos esses criminosos à disposição desses países, por tudo que me importa, mesmo em navios de luxo”. [I]

E, no entanto, as nações se recusaram, por unanimidade, em ficar com os judeus . Em julho de 1938, representantes da maioria dos países do mundo livre se reuniram em Évian-les-Bains, uma cidade turística na costa sul da intocada “Lago de Genebra”, na França. Seu objetivo era discutir e encontrar soluções para o “problema judeu”, ou seja, os judeus que queriam fugir da Alemanha e da Áustria, antes que fosse tarde demais. Os judeus alemães e austríacos estavam muito esperançoso sobre a conferência. Eles acreditavam que os países participantes genuinamente procurariam ajudá-los e oferecer-lhes um porto seguro. Eles foram amargamente desiludidos.

Enquanto os delegados da conferência expressaram empatia com o sofrimento dos judeus sob o regime nazista, eles não firmaram qualquer compromisso e não ofereceram soluções. Em vez disso, retrataram a conferência como um mero princípio, que nunca foi continuado. Diplomaticamente, os delegados afirmaram que, “A emigração involuntária de pessoas, em grande número, tornou-se tão grande, que tornam os problemas raciais e religiosos mais agudos, aumentam a agitação internacional e podem prejudicar seriamente os processos de pacificação nas relações internacionais”. [ii]

No entanto, desde a conferência, convocada pelo presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, montada sob a condição de que “nenhum país seria forçado a alterar as suas quotas de imigração, mas, ao invés, poderia ser convidado a fazer mudanças voluntárias “. [iii] Para surpresa de ninguém, as resoluções da conferência ofereceram aos judeus desesperados, da Alemanha e da Áustria, muito pouca esperança.

De acordo com a Yad Vashem, do Centro Mundial de Pesquisa do Holocausto, Documentação, Educação e Comemoração, memorial oficial de Israel às vítimas judias do Holocausto, “Como a conferência procedeu , delegado após delegado desculpando seu país de aceitar refugiados adicionais. O delegado dos Estados Unidos, Myron C. Taylor, afirmou que a contribuição do seu país era fazer a cota de imigração alemã e austríaca, que até o momento tinha se mantido não preenchida, totalmente disponível. O delegado britânico declarou que os seus territórios ultramarinos eram em grande parte inadequados para assentamento europeu, com exceção de partes da África Oriental, o que pôde oferecer possibilidades de números limitados. A própria Grã-Bretanha, sendo totalmente preenchida e sofrendo desemprego, também não estava disponível para a imigração; e ele excluiu a Palestina da discussão Evian, inteiramente. O delegado francês declarou que a França tinha alcançado “o ponto extremo de saturação no que respeita à admissão de refugiados”. Os outros países europeus ecoaram esse sentimento, com pequenas variações. A Austrália não poderia incentivar a imigração de refugiados, porque, “como não temos nenhum problema racial real, nós não estamos desejosos de importar um”. Os delegados de Nova Zelândia, Canadá, e as nações latino-americanas citaram a depressão como a razão pela qual eles não podiam aceitar refugiados. Apenas a pequena República Dominicana ofereceu para contribuir grandes áreas, mas não especificadas, para a colonização agrícola”. [iv]

Poucos meses após a conferência, as portas tinham fechado-se e o destino dos judeus da Europa foi selado.

[I] Ronnie S. Landau, O Holocausto Nazista: Sua História e Significado (US, Ivan R. Dee, 1994), 137.

[ii] “Decisões Tomadas Na Conferência de Evian Sobre Os Refugiados Judeus” (14 de julho de 1938), Biblioteca Judaica, url: HTTP://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/evian.html

[iii] Yad Vashem, Shoah Resource Center, “Conferência de Evian,” url: http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-% 206305.pdf

[iv] Yad Vashem, “Recursos Relacionados, Conferências de Evian”, url: http://www1.yadvashem.org/yv/en/exhibitions/this_month/resources/evian_conference.asp

Como Um Feixe De Juncos – Dispensáveis, Parte 3

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Capítulo 6: Dispensáveis

Antissemitismo Contemporâneo

O Que Eles Precisam E O Que Nós Damos

Em face disso, parece que o mundo é ingrato pelas contribuições feitas pelos judeus para o benefício da humanidade na ciência, educação, economia, sociologia, psicologia e virtualmente todo o reino da vida. Contudo, essa ingratidão ostensiva deve servir como indicação de que o que estamos dando não é necessariamente o que eles precisam de nós.

Na realidade, as pessoas realmente reconhecem a singularidade do povo judeu, mas somos nós que usamos mal essa singularidade ao dar o que queremos dar, em vez do que eles querem receber.

Para entender melhor o que o mundo precisa de nós, devemos olhar para alguns dos documentos mais críticos e agudos escritos sobre os judeus. Um grande exemplo de tais documentos é o infame livro de Henry Ford (fundador da Ford Motor Company), O Judeu Internacional – O Principal Problema Do Mundo. Ao fazer generalizações grosseiras, o livro frequentemente estabelece pontos que merecem ser considerados. Para isso, contudo, nós devemos deixar de lado nossa afronta, e olhar verdadeiramente para os argumentos de Ford (a ênfase em itálico é do editor): “Cada judeu deveria também saber que em cada igreja Cristã onde as antigas profecias são recebidas e estudadas, há um grande renascimento do interesse no futuro dos Povos Antigos. Não se pode esquecer que certas promessas foram feitas a eles com respeito à sua posição no mundo, e é assegurado que estas profecias serão concretizadas. O futuro do Judeu… está intimamente ligado ao futuro deste planeta, e a igreja Cristã em ampla parte… vê uma Restauração do Povo Escolhido ainda por vir. Se a massa de Judeus soubesse quão compreensivamente e simpaticamente todas as profecias que lhe diz respeito estão sendo estudadas na Igreja, e a fé que existe de que estas profecias encontrarão preenchimento e que elas resultarão em grande serviço Judaico à sociedade como um todo, eles provavelmente considerariam a Igreja com outra mente”. [i]

Inicialmente no livro, Ford escreve, “O inteiro propósito profético em referência a Israel parece ter sido a iluminação moral do mundo através de sua interferência”. [ii] Em outro lugar, ele acrescenta, “A sociedade tem uma grande reivindicação contra [o judeu] de que ele… comece a concretizar [o que], em um sentido, sua exclusividade nunca o permitiu concretizar ainda – a antiga profecia que através dele todas as nações da terra devem ser abençoadas”. [iii]

John Adams, o segundo Presidente dos Estados Unidos, também comentou o que ele acreditava que os judeus haviam dado ao mundo. Nas suas palavras, “Os hebreus fizeram mais para civilizar os homens que qualquer outra nação. Se eu fosse um ateu, e acreditasse em destino cego eterno, eu ainda assim acreditaria que esse destino havia ordenado os judeus a ser o instrumento mais essencial para civilizar as nações. Se eu fosse um ateu de outra seita, que acredita, ou finge acreditar que tudo é ordenado por acaso, eu deveria acreditar que o acaso ordenou os judeus a preservar e propagar a toda a humanidade a doutrina de um supremo, inteligente, sábio, todo-poderoso soberano do universo, que creio ser o grande e essencial princípio de toda a moralidade, e consequentemente de toda a civilização”. [iv]

Samuel Langhorne Clemens, melhor conhecido pelo seu pseudónimo, Mark Twain, reconhece a distinção judia em todos os reinos de envolvimento humano, mas ele também acaba por ponderar a origem dessa proeminência: “…Se as estatísticas estão certas, os judeus constituem apenas um por cento da raça humana. Isso sugere um fosco e nebuloso sopro de poeira das estrelas perdido na labareda da Via Láctea. Adequadamente, o judeu pouco deveria ouvir falar dele, mas ele é escutado, foi escutado. Ele é tão proeminente no planeta como qualquer outro povo, e sua importância comercial é extravagantemente fora de proporção com a pequenez de sua massa. Suas contribuições à lista mundial dos grandes nomes na literatura, ciência, arte, música, finanças, medicina e aprendizagem oculta também são de longe fora de proporção com a fraqueza de seus números. Ele combateu maravilhosamente neste mundo, em todas as eras; e o fez com suas mãos atadas atrás dele. Ele podia ser vaidoso de si mesmo, e ser desculpado disso.

“O egípcio, o babilónio e o persa, preencheram o planeta com som e esplendor, depois esvaeceram em coisas sonhadoras e faleceram; os gregos e os romanos se seguiram, e fizeram amplo alarido, e se foram. Outros povos nasceram e mantiveram sua tocha alta por um tempo, mas ela se apagou, e eles já estão sentados no crepúsculo agora, ou desapareceram. O judeu viu a todos, venceu a todos, e é agora o que sempre foi, não exibindo decadência, nem enfermidades da idade, enfraquecimento de suas partes, nem abrandamento de suas energias, ou enfadar de seu alerta e mente agressiva. Todas as coisas são mortais, menos o judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo de sua imortalidade”? [v]

E finalmente, há aqueles que não reconhecem que os judeus são especiais no sentido espiritual, mais que no corpóreo, mas até detalham a essência dessa espiritualidade: união. Tal foi o caso do Primeiro Ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial, Sir Winston Churchill. Em Churchill e os Judeus, o autor Martin Gilbert cita Churchill: “Os judeus foram uma comunidade sortuda porque tinham esse espírito corporativo, o espírito de sua raça e fé. [Churchill] não … lhes pediria para usar esse espírito em qualquer sentido estreito ou de clãs, a se isolarem a si mesmos dos outros … longe de seu humor e intenção, longe dos conselhos que lhes foram dados por aqueles mais intitulados a aconselhar. Esse poder pessoal e especial que eles possuíam lhes permitiu trazer vitalidade para suas instituições, que nada mais traria. [Churchill acreditava sinceramente que] um judeu não pode ser um bom Inglês a menos que ele seja um bom Judeu”. [vi]

Desta forma, nós podemos ver que o que as nações querem dos judeus não é a excelência em ciência, finanças, ou qualquer dos outros reinos mencionados nas acima citações. O que o mundo precisa de nós é a espiritualidade, particularmente a capacidade de se conectar com o Criador. Esta é a única coisa que nós possuímos, e que nenhuma outra nação tem, teve, pode ou está destinada a possuir a menos que o reacendamos dentro de nós e o passemos como uma luz para as nações. Enquanto nos abstivermos de levar a cabo essa missão, as nações irão amplamente nos considerar dispensáveis, se não francamente prejudicial, certamente como Ford afirmou, “O principal problema do mundo”.

[i] Henry Ford, O Judeu Internacional – O Principal Problema do Mundo (The Noontide Press: Books On-Line), 40.

[ii] Henry Ford, O Judeu Internacional – O Principal Problema do Mundo (The Noontide Press: Books On-Line), 8.

[iii] Henry Ford, O Judeu Internacional – O Principal Problema do Mundo (The Noontide Press: Books On-Line), 28.

[iv] John Adams, em uma carta à F.A. Vanderkemp (16 de Fevereiro de 1809), como citado em As Raízes da Ordem americana (1974) por Russel Kirk.

[v] Mark Twain, Os Ensaios Completos de Mark Twain, “A Respeito dos Judeus” (publicado na Revista Harper, 1899), Doubleday, [1963], pg. 249.

[vi] Martin Gilbert, Churchill e os Judeus (Reino Unido, Simon & Schuster, 2007), 16

 

Como Um Feixe De Juncos – Dispensáveis, Parte 2

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Capítulo 6: Dispensáveis

Antissemitismo Contemporâneo

Os Escritos na Parede

Todavia, no começo do século XX, os judeus haviam se afastado tanto da sua pretendida vocação que eles se tornaram ou totalmente preocupados com a meticulosa observação dos mandamentos práticos, esquecendo-se e rejeitando seu significado interno, ou totalmente absortos em desejos mundanos e materiais, esquecendo-se ou rejeitando sua vocação irrevogável. Num tempo em que o egoísmo atingiu níveis que ameaçaram a paz mundial, nenhuma das vias era desejável, e alguns dos grandes líderes espirituais da nação começaram a alertar que o tempo era fugidio, que tínhamos que despertar para nossa missão e realiza-a antes que a calamidade se revelasse.

O grande acadêmico humanista, e Cabalista, Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook, desesperadamente tentou alertar os judeus do crescente antissemitismo. Ele alertou-os que nenhum país no mundo seria seguro para eles, e que Israel era a única opção segura. Em retrospectiva, o conteúdo de sua premonição é alarmante, nos dando um vislumbre nas profundezas da clareza de visão de tais pessoas.

O tratado no qual ele suplicou aos Judeus que viessem para Israel foi chamado, “O Grande Chamamento para a Terra de Israel”. Tome nota não só de seu pedido, mas também do seu aviso a respeito do futuro possível dos judeus nas suas pátrias: “Venham para a terra de Israel, doces irmãos, venham para a terra de Israel. Salvem suas almas, as almas de suas gerações, e a alma de nossa nação inteira. Salvem-na da desolação e do esquecimento; salvem-na da decadência e degradação; salvem-na da sujeira e maldade, de cada problema e peste que possa recair sobre todos os países das nações sem exceção.

“‘Venham à terra de Israel’! Clamaremos com alta e terrível voz, com o som do trovão e uma grande voz, uma voz que agita tempestade e abala os céus e a terra, uma vez que rasga cada parede no coração. Corram por vossas vidas e venham para a terra de Israel. A voz do Senhor nos chama, Sua mão está esticada para nós, Seu espírito está nos nossos corações, e Ele nos reúne, encoraja e impele a clamar alto com uma terrível e poderosa voz: ‘Nossos irmãos, filhos de Israel, queridos e amados irmãos, venham para a terra de Israel. Reúnam-se um a um, não esperem palavras e ordens formais; não esperem permissões dos reconhecidos. Façam o que puderem, fujam e reúnam-se, venham para a terra de Israel. Pavimentem o caminho para nossa amada e oprimida nação. Mostrem-lhe que seu caminho já está pavimentado, esticado perante ela. Ela não deve repousar, ela não tem nada que exigir; ela não tem muitos caminhos e rotas. Há um caminho perante ela, e este é aquele em que ela marchará; é aquele que ela deve marchar, especificamente para a terra de Israel’”. [i]

O Rav Kook não estava só na sua preocupação. Na Polônia, um brilhante e jovem dayan (juiz ortodoxo) em Varsóvia – no tempo da maior e mais proeminente comunidade Judaica na Europa – Rav Yehuda Ashlag, que mais tarde se tornou um comentador reconhecido do Livro do Zohar, não se contentou apenas em anunciar publicamente que todos os judeus deviam fugir da Europa. Ele organizou a compra de 300 cabanas de madeira da Suécia e um lugar para elas serem erguidas na Terra de Israel (que era chamada de “Palestina”).

Mas eis que seu plano foi impedido pela oposição dos líderes da congregação judia na Polônia. A consequência trágica do fracasso de Ashlag de trazer seus companheiros judeus com ele foi de todos os judeus que contemplaram vir com Ashlag, somente Ashlag e sua família emigraram no final. O resto das famílias permaneceu na Polônia e pereceu no Holocausto. [ii]

Tanto o Rav Kook e o Rav Ashlag (Baal HaSulam) exprimiram como percebiam a ascensão do Nazismo ao poder, especificamente Hitler. Tenham em mente que o Rav Kook morreu em 1935, quatro anos antes que a 2ª Guerra Mundial irrompesse. Abaixo estão as palavras editadas de Rav Kook (para torna-las mais amigáveis ao leitor, devido ao tamanho do texto e seu estilo anacrônico), seguidas das palavras de Baal HaSulam.

O profeta previu um grande Shofar da redenção. [Um Shofar é um chifre de carneiro usado para o sopro festivo, mas também um clarim]. Nós oramos especificamente pelo sopro do grande Shofar. Há vários graus num Shofar da redenção – um grande Shofar, um Shofar médio e um pequeno Shofar. O Shofar do Messias é considerado o Shofar de Rosh Hashaná [A Noite do Fim de Ano Judaico]. A Halachá [Lei Judaica] distingue três graus no Shofar de Rosh Hashaná: 1) Um Shofar de Rosh Hashaná que é feito de um chifre de carneiro; 2) Em retrospectiva, todos os Shofarot são kosher, 3) Um Shofar de uma besta impura, bem como um Shofar de bestas de idolatria de um gentio não-kosher. Contudo, se um homem soprou tal Shofar, fez o seu dever.

É permitido soprar qualquer Shofar, kosher ou não, desde que a pessoa não abençoe sobre ele, e os graus explicados na lei do Shofar de Rosh Hashaná coincidam com os graus do Shofar da redenção.

Todavia, o que é um Shofar da redenção? Pelo termo, “Shofar do Messias”, nós nos referimos ao despertar e à confiança que causa a reanimação e redenção do povo de Israel. É este despertar que reúne os perdidos e rejeitados, e os leva à montanha da santidade em Jerusalém.

Durante as gerações, houve aqueles em Israel que sentiram o despertar que deriva do desejo de fazer o desejo de Deus, que é a redenção completa de Israel [levar todos de Israel à qualidade de doação]. Este é o delicado e grande Shofar, o desejo do povo de ser redimido.

Às vezes, o desejo esmorece e o zelo pelas noções sublimes da santidade não é tão fervente. Contudo, a natureza humana saudável permanece e desencadeia um simples desejo na nação de estabelecer seu governo na sua terra. Esse desejo natural é o Shofar médio, comum, que está presente em todo o lugar. Esse, também, ainda é um Shofar kosher.

Porém, há um terceiro grau ao Shofar do Messias, que é comparável ao Shofar de Rosh Hashaná: ele é o Shofar pequeno, não-kosher, que é soprado somente se um Shofar kosher não puder ser encontrado.

Assim, se o zelo pela santidade e o anseio pela redenção que derivam dele desapareceram por completo, e se o desejo nacional natural por uma vida nacional também diminuiu, e nenhum Shofar kosher se encontre com o qual soprar, os inimigos de Israel vêm e sopram nos nossos ouvidos pela nossa redenção. Eles nos forçam a escutar a voz do Shofar; eles alertam e chocalham nos nossos ouvidos, e não nos dão repouso no exílio.

[Esta parte está citada em completo]. “Assim, o Shofar da besta imunda torna-se o Shofar do Messias. Amaleque, Petlura [Líder Ucraniano suspeito de ser antissemita], Hitler, e assim por diante, despertam para a redenção. Aquele que não escutou a voz do primeiro Shofar, ou a voz do segundo… pois seus ouvidos estavam bloqueados, escutará a voz do Shofar impuro, o imundo [não-kosher]. Ele escutará contra sua vontade… Embora exista redenção nesse chicote, também, nos apuros dos judeus, a pessoa não deve abençoar tal Shofar. [iii]

Baal HaSulam também fez várias referências ao Nazismo, incluindo como ele acreditava que este podia ser derrubado. Em suas palavras, “É impossível derrubar o Nazismo senão através de uma religião de altruísmo”. [iv] Observe que quando Baal HaSulam fala de “religião de altruísmo”, ele não quer dizer que devemos realizar certos rituais ou observar determinadas condutas.  Pelo contrário, com “religião de altruísmo” ele pretende dizer que a pessoa mudou a sua natureza para aquela do altruísmo. Ao mesmo tempo, as pessoas escolherão se ficam ou não nas suas denominações formais, independentemente desta transformação.

Baal HaSulam também disputa a noção de que a Alemanha Nazista foi um evento único na história. Este pode ter sido o primeiro, mas ele acreditava que a menos que façamos o que devemos, não será o último. Nas suas palavras, “Acontece que as pessoas pensam erradamente que o Nazismo é apenas um rebento da Alemanha… todas as nações são iguais nisso, e é totalmente fútil esperar que os Nazitas pereçam com a vitória dos Aliados, pois amanhã os Anglo-Saxões abraçarão o Nazismo”. [v]

À Luz do pico no antissemitismo a nível mundial, seria sábio considerar seriamente as palavras destes homens sábios. Afinal, nós certamente podemos ver que o antissemitismo não desapareceu, nem o Nazismo ou o chamado para se livrar dos judeus.

[i] Rav Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah), Ensaios do Raaiah , vol. 2, “Ao Grande Chamado à Terra de Israel”, 323.

[ii] Aaron Soresky, “O ADMOR, Rabino Yehuda Leib Ashlag ZATZUKAL – Baal HaSulam: 30o Aniversário da Sua Partida”, Hamodia, 9, Tishrey, TASHMAV (24 de Setembro de 1985).

[iii] Rav Avraham Yitzchak HaCohen Kook (o Raaiah), Ensaios do Raaiah , vol. 1, pp 268-269.

[iv] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “Os Escritos da Última Geração” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 853.

[v] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “Os Escritos da Última Geração” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 841.