Purificar Nossos Desejos

laitman_560A Torá, “Levítico” (Metzora), 14:1-4: Disse também o Senhor a Moisés: Este é o ritual acerca da purificação de um leproso.

Ele será levado ao sacerdote, que sairá do acampamento e o examinará. Se a pessoa foi curada da lepra, o sacerdote ordenará que duas aves puras, vivas, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo sejam trazidos em favor daquele que será purificado.

Pergunta: Depois que Moisés leva seu povo ao Criador, cada capítulo começa com as palavras, “Disse também o Senhor a Moisés”. Por que isso acontece?

Resposta: Porque o nível de Moisés é um nível intermediário, por meio do qual cada pessoa descobre o Criador. Esta é a única maneira dela poder atingir uma conexão com a força superior, com o Criador (Keter), que está vestido no atributo de Moisés, que é o atributo completo de Bina, doação completa. Depois do nível de doação há o próximo nível mais sublime que é o amor.

Pergunta: É dito que o leproso (tzara’ath) foi levado ao sacerdote. Qual é o significado de “o sacerdote sairá do acampamento”?

Resposta: O sacerdote e Moisés são o mesmo nível que tem subníveis. Moisés é o atributo mais alto em Bina.

Quando uma pessoa sobe para o nível de um Cohen (sacerdote, Bina), ela tem que examinar todos os seus desejos, intenções e objetivos, e verificar se depois dos dias de purificação ela deixou alguma lepra (falhas).

A falha é um desejo ou um pensamento que opera para o seu próprio eu. No momento em que tal pensamento é revelado, indica que a pessoa ainda não é pura. Por isso, deve haver sete dias adicionais de correção. Se não descobrirmos uma falha, a pessoa é considerada pura, o que significa que está realmente no nível de Bina, no atributo de doação, mas não o realizou ainda!

Como ela pode se preparar para a sua realização? Ela tem que tomar todos os seus desejos e não apenas restringi-los da satisfação egoísta, mas agir contra a intenção para si mesmo que tinha antes. Ela deve concentrar a sua intenção em benefício dos outros.

O início da realização do desejo para o bem dos outros é chamado de “Eid“, um sacrifício, decorrente da palavra hebraica “aproximação”.

Normalmente, certo desejo dos estados inanimado, vegetal, animal e a natureza humana são utilizados para a correção. A Torá nos fala sobre isso alegoricamente e explica que “duas aves puras, vivas, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo sejam trazidos em favor daquele que será purificado”. As aves são o desejo no nível animal numa pessoa, o pedaço de madeira de cedro e um pano vermelho são os desejos no nível vegetal.

Estes são atributos internos especiais que existem no nosso mundo em sua forma corpórea e, portanto, não são descritos na linguagem das raízes, mas na linguagem dos ramos do nosso mundo.

No entanto, quando os Cabalistas leem a Torá, eles entendem que desejos e intenções são referidos e o que a pessoa pode usar para começar a trabalhar para o bem da sociedade e, através dela, para o bem da força superior, para o Criador.

A sociedade e o Criador são, na verdade, a mesma coisa, mas trabalhar para a sociedade é trabalhar para alguém que eu posso ver e sentir. Quando eu faço isso, eu descubro um nível que é totalmente diferente de tudo o mais, onde eu simplesmente trabalho a fim de doar, nem mesmo para alguém ou alguma coisa, mas externamente para mim mesmo, para o Criador.

Eu começo a descobrir um atributo totalmente novo do mundo espiritual, que me rodeia e eu estou dentro dele.

Comentário: Em outras palavras, trata-se de uma fase evidente, como quando eu vejo você, por exemplo, e quero preenchê-lo.

Resposta: Não. Se você quer me preencher, você tem que primeiro descobrir o que eu quero. Você tem que estar incorporado em meus desejos e começar a criar algo com o qual será capaz de me preencher. Quando você me preencher, vai sentir a força superior nesta ação.

Ao mesmo tempo, você não precisa da minha resposta, não na forma de um sorriso ou uma palavra amável, uma vez que se houver uma resposta já é um preenchimento egoísta. Eu nem sequer tenho que saber sobre isso.

Este é o trabalho de um Cabalista que ninguém conhece. Portanto, a sabedoria da Cabalá é chamada de sabedoria oculta. A verdadeira ação do Cabalista não se expressa fisicamente, mas em sentimentos, em melhorar a situação e a atmosfera no mundo, nas pessoas se aproximando umas das outras, etc.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 25/02/14