Antecipando O Remédio Para Uma Doença

laitman_560Pergunta: É verdade que uma pessoa está aberta a uma influência negativa mais do que uma influência positiva? Quanto mais fácil é entrar em pânico e se preocupar do que estar relaxado?

Resposta: Eles simplesmente não nos ensinaram a se opor ao pânico porque a inclinação ao mal, o ego, é o que sempre nos motiva: a sede de controle, respeito e fama, a inveja, e assim por diante.

Mas se transformarmos essas características numa direção positiva, elas vão nos influenciar com a mesma intensidade quanto a negativa, e ainda mais.

Em cada situação nós fazemos algum tipo de cálculo. Eu me lembro que quando meu filho era estudante, ele teve a oportunidade de viajar na Europa. E eu o deixei. Ele ficou fora de casa por dois meses. Certamente eu estava preocupado. Isso foi há mais 20 anos; não havia telefones celulares na época.

Muito mais tarde, ele viajou para o Extremo Oriente, para lugares ainda mais perigosos, para a América do Sul. Como eu não poderia deixá-lo? Eu me coloco no lugar dele. Como ele poderia ter descoberto de outra forma a vida numa idade tão jovem? Eu tive que deixá-lo, mesmo que isso me preocupasse.

Comentário: Mas eu tenho certeza que há outras pessoas que permitem a mesma coisa para os seus filhos e não conseguem dormir de preocupação.

Resposta: Isso é chamado de sensibilidade dolorosa. É muito difícil superá-la sozinho. É totalmente possível programar-se para outro comportamento. Por exemplo, colocar-se sob a influência do ambiente.

Pergunta: Venha, vamos imaginar algum tipo de estado de pânico. Ontem à noite, minha filha estava atrasada em algum lugar. Eu liguei para uma amiga dela, depois eu liguei para a polícia, hospitais, e não recebi nenhuma resposta. Eu não sabia para onde correr. Liguei para minha esposa e só fiquei irritado porque ela recebeu esta informação de forma totalmente descontraída. Eu entrei em pânico. Então influencie-me de alguma forma para que eu deixe de ficar em pânico.

Resposta: É necessário abandonar completamente este estado e considerá-lo de uma forma completamente neutra, sem tocar no problema. Ligue alguma música, coloque um pouco de bolo e café sobre a mesa. A partir deste momento nós nos comportamos como se nada tivesse acontecido, como se estivéssemos simplesmente sentados numa casa de café falando sobre a vida diária.

Assim, aos poucos, vamos passar para o assunto dos medos e preocupações, com a condição de que, no início, falamos sobre a nossa atitude positiva em situações semelhantes. Em outras palavras, o remédio deve antecipar a doença. Depois disso, é necessário falar sobre como é bom estar confiante e calmo. Nós tentamos nos relaxar; por exemplo, nós nos imaginamos na praia.

Depois disso, nós começamos a pensar em como permanecer nesse estado de calma em nossa vida cotidiana. Afinal de contas, os filhos têm suas próprias vidas. E o que vai ser quando em mais cinco ou seis anos a sua filha for para o exército? Será que ela vai se tornar mais madura e inteligente ou eu vou parar de me preocupar com ela? Eu devo entender que todas as minhas preocupações não trazem qualquer benefício.

Pergunta: E se eu vejo que alguém se relaciona com certa situação com desprezo?

Resposta: Isso não importa, porque “Quem condena, o faz por suas próprias falhas” (Kiddushin 70a). Se eu começar a comparar sua irresponsabilidade com a minha inclinação para com a preocupação exagerada, eu vou ficar sem nada. E mesmo se alguém não sabe como agir bem, de qualquer forma, eu estou incluído em seu estado.

Pergunta: Mas eu não quero mergulhar no outro extremo…

Resposta: Não se preocupe. Antes de chegar a um equilíbrio, será necessário que isso “jogue” você na direção oposta. Em última análise, tudo voltará ao normal.

De KabTV “Uma Nova Vida” 21/10/12