Textos na Categoria 'Arte'

Um Cão Que Persegue Seu Rabo

Dr. Michael LaitmanPergunta: Uma atividade profissional atrai a pessoa pela oportunidade de criar e se renovar. Quanto vem de mim nessa renovação e quanto vem do apoio do ambiente que me aprecia? Eu quero estar orgulhoso de mim mesmo, ser respeitado, etc. Pode a criatividade se tornar uma armadilha, como uma ratoeira?

Resposta: Eu sinto alguma renovação cada vez que trabalho criativamente. Há uma outra pintura, um filme, uma performance e uma canção. Eu como que morro ao trabalhar nisso, como geralmente ocorre entre as pessoas criativas. Eu escrevo, faço filmes, componho música, e há um determinado nicho onde a pessoa é como o Criador. Ela cria e se sente renovada com cada parte criativa. É uma armadilha.

Esta é a vida de algumas pessoas envolvidas no trabalho criativo. Ao mesmo tempo, elas não sentem prazer em qualquer outra coisa; elas negligenciam tudo e estão prontas para escrever com o seu próprio sangue. A coisa mais importante para elas é criar uma nova imagem ou fazer uma nova descoberta, porque essa ação atende às suas necessidades. A criação está dentro delas, e é por isso que nada mais as preocupa.

Para uma pessoa absorvida em obras criativas, não há prazer na comida, sexo, família, riqueza ou poder. Se ela pensa nisso, ela não produz criativamente; ela não se torna diferente dos outros. Hoje, pessoas como essas são mais difíceis de encontrar. Hoje a criatividade está sendo usada para o lucro e o sucesso, tornando-se uma espécie de negócio.

Pergunta: O Rei Salomão conclui no final de uma reflexão sobre o labor e o trabalho, “E eu comecei a odiar todo o trabalho que eu tenho feito debaixo do sol”. Você chama isso de uma armadilha. Por quê?

Resposta: Porque não leva à meta! O artista, como um cão, também persegue seu rabo, ​​apenas sentindo prazer, por vezes, durante os ciclos do próprio trabalho. Nós fazemos o mesmo ao mudar de emprego, família, até mesmo de país, e ainda sentimos o vazio, embora num nível diferente.

Pergunta: Salomão, no “Eclesiastes”, diz com um tremor que a próxima área é a das relações pessoais e familiares. Em última análise, não há felicidade lá, e as estatísticas modernas confirmam isso. O que pode ser mais natural do que laços de família? A pessoa se sente feliz num casamento e durante o nascimento de um filho.

Resposta: É assim que a natureza tem feito e por isso nós continuamos a raça humana. O objetivo geral do desenvolvimento da humanidade no processo de evolução é fazer com que cada pessoa se pergunte: Por que eu vivo?

Esta questão e a sua correta aplicação nos separam dos animais. Caso contrário, nós somos animais. Eu só vivo, trabalho, economizo dinheiro para um período de férias, a casa e outras coisas, cuidar dos afazeres da vida, e isso não tem começo nem fim lógicos. Para quê?

De KabTV “Uma Nova Vida” 23/05/13

A Simplicidade Da Grandeza

Dr. Michael LaitmanComentário: “As Melodias dos Mundos Espirituais” (os mundos superiores) é o tipo de arte que deve ser revelada agora a todos. Eu diria que é um nível que é um pouco superior ao da música clássica, já que o sexto sentido (o ponto no coração) está envolvido aqui. À primeira vista, as melodias parecem bastante simples e não tão sofisticadas, mas…

Resposta: A música “Um Deus Oculto” soa muito simples e pode até ser incompleta, como uma composição menor, mas é a expressão da harmonia da realização superior ou a harmonia da revelação.

Há palavras muito sublimes para esta música sobre a força superior única, eterna e plena que nos rodeia e nos leva a um estado perfeito e ideal.

As músicas louvam e glorificam os dez fluxos de abundância que descem até nós, a liderança do nosso mundo que, infelizmente, por causa de nossos atributos egoístas que são revelados no nível deste mundo, tornam-se o completo oposto.

Em vez de nos abrir para receber a abundância espiritual e nos assemelhar a ela em perfeita harmonia entre nós, nós distorcemos tudo isso e, no final, recebemos um pouco de energia espiritual que mantém nosso mundo vivo.

De KabTV “Conversas com Michael Laitman” 09/02/14

A Linguagem De Uma Nova Cultura

Dr. Michael LaitmanPergunta: Nós esperamos que o método de educação integral seja disseminado em todo o mundo. Como você vê a interação do grupo de Moscou com os grupos da América do Sul, por exemplo? Será que faz sentido eles manterem uma relação um com o outro?

Resposta: Se nos livrarmos da barreira da língua através da tradução simultânea, as pessoas vão se entender perfeitamente. Elas vão entender os sentimentos, as canções, as danças e expressões diferentes. Você verá que, de repente, elas têm os mesmos movimentos corporais.

Quando falamos em integração, as pessoas começam a se expressar da mesma maneira, independentemente de quem elas são. As diferenças nacionais, étnicas e raciais derretem-se.

Por exemplo, os nativos da América do Sul e África, que têm movimentos de dança completamente diferentes, começam a se mover em sincronia, tentando sentir o outro. Sua dança já não se assemelha a dança moderna, onde todos estão a dois metros de distância um do outro e ninguém vê ninguém, enquanto dançam e pulam por conta própria. Pelo contrário, eles tentam ficar juntos, para entrar em contato, para estar mais perto, talvez até mesmo parar de se mover, mas para sentir-se fisicamente e, mais importante, internamente.

Eles adquirem uma linguagem corporal completamente nova e eu diria, uma nova cultura, comunicação e comportamento. Mas não é apenas uma cultura, é uma nova forma de arte, a arte da dança e da expressão que provém precisamente da sensação integral.

Espero que esta cultura surja e seja revelada, e talvez por ela a humanidade se adapte ao mundo integral. Isto é chocante e mostra-nos que realmente estamos nos aproximando da única imagem de “Adão”.

Esta é uma linguagem que não existia durante a separação de pessoas que viviam na antiga Babilônia, durante a sua dispersão por todo o mundo (se aceitarmos a lenda da Bíblia como um fato). É uma linguagem inserida na fundação da nossa raiz, mesmo antes dos seres humanos surgirem, e vem de nossa fundação espiritual antes dela se materializar.

Se tomarmos todas as canções, danças, qualquer tipo de música, ou quaisquer outras formas de expressão de vários grupos de diferentes continentes, vamos descobrir um denominador comum em todos eles. E as diferenças entre eles serão muito menores.

 Da “Discussão sobre a Educação Integral” # 11, 16/12/11

Obras-Primas Mundias Já Não Nos Agradam?

Dr. Michael LaitmanComentário: Você constantemente fala sobre a educação integral. Mas nem todo mundo vai gastar todo o seu tempo no trabalho espiritual, porque as pessoas têm outros desejos corporais: dança, música, trabalho criativo, etc.

Resposta: Eu não acho que as pessoas terão muitos desejos secundários diferentes. O desenvolvimento da comunidade integral será tão salutar que vai consumir todos os outros hábitos, interesses, hobbies e as pessoas encontrarão tudo aquilo que pode satisfazê-las, incluindo uma nova cultura, música e literatura, tudo, em sua conexão, atividades e comunicação integrais.

A satisfação que a pessoa receberá através da conexão integral com os outros é a maior satisfação, a satisfação da Luz. Ela não terá as outras exigências. Claro que isso incluirá música, literatura e arte, mas será completamente diferente. Elas refletirão o novo mundo da pessoa, uma nova visão e novos movimentos.

Comentário: As pessoas são contra a previsão do desaparecimento dos valores culturais contemporâneos: música, arte…

Resposta: Eu não negligencio os valores culturais, nem diminuo seu valor ou incentivo a sua destruição! Literatura, música e arte são importantes na minha visão e na percepção do mundo, pois são fonte de emoções positivas para mim. Mas a questão é que à medida que avançamos, a cultura, construída sobre a percepção egoísta do mundo, gradualmente desaparecerá. O significado, sentimentos, satisfação, qualidades e valores inculcados em nossas atuais obras de arte serão gradualmente perdidos. Eles não têm nenhum significado para nós.

Em outras palavras, eu verei a melhor música, o melhor livro e as mais belas obras de arte como algo muito pequeno que não corresponde às minhas novas exigências, porque é criado por uma pessoa pequena que só tem a capacidade de desenhar imagens bonitas, usar palavras agradáveis ou expressar emoções através da música. Mas tudo isso ocorre num nível egoísta tão pequeno que só satisfaz a minha pequena alma fisiológica, para que quando eu desenvolva novos instrumentos de recepção e realização, eu simplesmente pare de sentir qualquer grandeza nisso.

Eu vejo as coisas como elas são: eu fui ao Louvre, eu olhei para as pinturas, e não fui capaz de “me encontrar” nisso. Mas, há algum tempo, elas me encantaram tanto que eu queria voltar sempre para estas salas. Você gradualmente começa a sentir que todas estas coisas estão num nível que não lhe satisfaz de forma alguma, não encantam você, e você não vê valor nelas.

A pessoa começa a exigir uma satisfação maior. Essa perspectiva existe e certamente acontecerá. Basicamente, este é um vetor de crescimento.

De KabTV “Fundamentos da Sociedade Integral” 12/02/12

Música Que Aquece O Coração

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como deve ser a música na Convenção, de modo que ela realmente aqueça o coração das pessoas?

Resposta: Música alegre não significa divertir-se estupidamente. Pelo contrário, ela deve despertar um sentimento bom dentro de mim, a simpatia pelo que está acontecendo. Na Convenção, bem como todos os dias, nós devemos imaginar o estado futuro que desejamos, do qual queremos receber uma iluminação, um brilho, uma influência. Deixe que a Luz que Corrige venha de lá e nos atraia até lá.

Ao olhar para algo bonito, eu sou automaticamente atraído a ele. Mas, neste caso, eu tenho que imaginar a beleza por mim mesmo, como um exercício antes e durante a Convenção. Em dezembro nós vamos mergulhar no mundo do futuro por 72 horas. Nós temos um único vaso onde a força geral de doação se revela e todos nós vivemos em doação mútua.

O que nós queremos descobrir com isso, além de uma sensação de euforia? Quais são as nossas relações? Como é que vamos interagir na família, entre amigos, no trabalho (com os nossos colegas de trabalho, empregados e empregadores), na economia da nova geração, na ecologia, na sociedade? Nós estamos entrando num novo mundo e estamos começando a analisar os seus detalhes: cultura, educação, ciência, nossa atitude para com todos os tipos de coisas…

E é aí que a música pode nos ajudar a desenvolver a abordagem correta para a vida. E não importa se há palavras ou não.

No entanto, a música não deve atrair-me a pensamentos tristes, qualquer coisa que me lembre uma descida ou desespero. Esta proibição também é eficaz no nosso trabalho diário. A música triste, a linha de esquerda, só pode ser usada se eu construí uma forte linha direita antes do tempo e estou nela. Como o Baal HaSulam escreve, apenas meia hora por dia pode ser gasta em auto-análise crítica, sob a condição de que eu trabalhei na linha direita por 23,5 horas.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 01/11 /11, “O Amor pelo Criador e o Amor pelos Seres Criados”

Homem, O Criador

Dr. Michael LaitmanPergunta: As pessoas tendem a pensar que a garantia mútua e a unificação são uma ameaça à sua exclusividade, isto é, apaga sua individualidade. Cada pessoa se sente especial e não quer desisitir desse sentimento até por uma questão de unidade…

Resposta: A pessoa sempre manterá a sua exclusividade. Ninguém terá que desistir de suas qualidades  iniciais, únicas. Nós nos unimos num nível superior, acima delas.

Suponha que eu aderi a uma associação criativa de trabalhadores na indústria da televisão: artistas, roteiristas, autores e outras pessoas criativas que trabalham para criar juntos uma peça de arte em grande escala. Cada um deles deve se destacar com sua própria individualidade? Ou, pelo contrário, cada um deve ser igualmente medíocre? Obviamente, nós precisamos de pessoas excelentes com talentos únicos que dão o máximo de si para o esforço comum.

Nós não perdemos nossa exclusividade, mas baixamos nossas cabeças diante da meta, diante da nossa idéia. É exatamente isso que permite que qualquer pessoa se revele.

Hoje, a natureza está nos colocando em condições onde teremos, involuntariamente, que desistir dos excessos animais, que realmente não nos trazem nada, exceto danos. Nós temos que construir nossas vidas com base no que é bom para o corpo, e não exceder nem um pouco esta norma. Afinal, qualquer coisa além disso leva a doenças e problemas.

Por outro lado, todos os nossos próximos movimentos, todo o nosso desenvolvimento e prosperidade, a total abundância de qualidades pessoais será realizada na dimensão espiritual. Dito de outra forma, eu posso encontrar na sociedade oportunidades de auto-expressão, por contribuição e participação pessoal, como alguém que é criativo e influente. Eu posso fazer muitas coisas na sociedade e não exijo nada em troca, além de uma vida material normal, suficiente e segura. O ambiente fornece as necessidades do meu corpo animal, e em todos os outros aspectos eu quero fazer parte de todos, e lá, no todo comum, encontrar a minha felicidade, prazer e as forças vitais.

É exatamente aí que eu adquiro oportunidades ilimitadas. Ninguém me limita, nada me falta, e eu não entro em competição com ninguém ou tento chegar à frente daqueles que me parecem mais bem sucedidos. Como um pintor ou compositor, eu percebo e me expresso plenamente na minha arte – na obra criativa para o bem comum. Eu me sinto como um criador, e essa sensação preenche todos os meus desejos.

Da 5ª parte da Lição Diária de Cabalá 23/10/11, “Paz no Mundo”

A Cabalá E As Sete Ciências Externas

Dr. Michael LaitmanA ciência da Cabalá fala sobre o mundo espiritual e as forças que operam na natureza. Estas forças influenciam a matéria do nosso mundo, criando várias imagens, o que resulta em um universo inteiro com tudo preenchendo-o:  objetos inanimados, vegetação, animais e pessoas. Mas nós vemos tudo isso na tela, na parte reversa do nosso cérebro, e é por isso que nos parece estar na nossa frente. É assim que nós imaginamos a realidade.

É por isso que a ciência da Cabalá está separada deste quadro totalmente falso, mesmo que ele nos ajude a atingir a profundidade da criação, suas intenções e o caráter do Criador. No entanto, em essência, a ciência da Cabalá nos ensina como ir desta imagem externa ao estado interior, verdadeiro, onde apenas duas forças permanecem: a força do Criador e a força da criação.

Claro que cada uma delas se divide em muito mais partes, forças e ações específicas. Mas, em essência, estamos falando apenas de forças: o desejo de receber, o desejo de ter prazer, e o que acontece entre eles. Isto compõe toda a ciência.

Se a ciência fala sobre a interação destas duas forças fundamentais, então nós temos a ciência da Cabalá. E se ela fala sobre vários resultados delas nos diferentes níveis da matéria – inanimada, vegetal, animal e humana, então temos as ciências deste mundo.

É obvio que essas ciências são verdadeiras, porque elas nos dão conhecimento sobre o comportamento exterior, através do qual é expressa a ação dessas duas forças internas. Mas essas ciências são muito limitadas e nós só podemos confiar nelas dentro das fronteiras do nosso limitado mundo.

Acontece que a ciência da Cabalá, que explica as duas forças fundamentais que operam na natureza, é a base para todas as outras ciências. E isso não inclui apenas as ciências naturais que estudam a natureza e o mundo exterior, tais como física, química, biologia e zoologia, mas também aquelas que pertencentes diretamente ao homem, tais como música, dança e arte.

Tudo isso também faz parte das “sete ciências extenas fundamentais ” porque nos dá conhecimentos sobre as habilidades do homem de perceber e sentir seu mundo.

 Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 21/2/11, “Introdução ao livro Panim Meirot uMasbirot “