Paraíso Na Cabana Com O Criador

laitman_761_2Quando nós começamos nossa busca para encontrar o Criador, Ele brinca de “esconde e esconde” conosco. Ele se “esconde” e, ao mesmo tempo, nos leva para frente. Nessa busca, a festa de Sucot carrega certa sensação de calor. É como se alguém nos dissesse: “tá quente, mais quente, quente…!” Algo incomum emerge, algo na neblina, os contornos de uma nova etapa, que se situa entre o Criador e nós, aparecem.

Vamos falar sobre os símbolos de Sucot e seu significado na nossa busca.

Em primeiro lugar, nós temos que conhecer o sistema em que estamos. Quaisquer medidas que fazemos são feitas em conformidade com determinados padrões semelhantes às medições dos parâmetros de qualquer sistema físico. Por exemplo, um litro de água pesa um quilo. Esta medida permite pesar vários objetos, colocando uma carga igual a um quilograma em uma das bandejas da balança. De uma maneira ou de outra, sempre comparamos nossas ações com algum padrão que se baseie nos parâmetros conhecidos.

No entanto, o nosso caminho espiritual começa com vazio, um estado de inconsciência. Enquanto nos dirigimos ao Criador, nós devemos transformar a escuridão em Luz, ocultação em revelação, insensibilidade em sensibilidade. A princípio, não sabemos o que está faltando. Mais tarde, nós sentimos a deficiência como se “provássemos” esta insuficiência.

Digamos que eu estou satisfeito, não quero comer, nem penso em comida. Um pouco mais tarde, eu sinto que não me importaria de comer um lanche. O desejo cresce em mim. Para colocar metaforicamente, eu diria que há algum tempo minha vida foi fácil e serena, mas em algum momento apareceu uma cortina, um véu.

Na Cabalá, a ausência de fome é chamada de “ocultação dupla”, já que não só o objeto do meu desejo (comida) está fora da minha atenção, mas até a fome mesma é imperceptível. Então, quando eu sinto os primeiros sinais de fome, uma deficiência, eu começo a procurar maneiras de satisfazê-la.

No nosso caminho espiritual, nós precisamos sentir a ocultação, a “fome”. É por isso que o nosso trabalho no início das férias de outono que começam no mês de Elul e continuam mais adiante, durante o Ano Novo (Rosh Hashaná), durante os primeiros dez dias de expiação, no dia do julgamento, é o de revelar a deficiência, sentir a necessidade do Criador.

Depois vem a festa de Sucot, o festival das “cabanas”. A cabana simboliza a cúpula do mundo: acima dela há a Luz. Nós estamos dentro da “cabana”, sentados numa sombra relativa. Não é o Criador que se esconde de nós; somos nós que O “encobrimos” para revelá-Lo aos poucos, conforme nossas habilidades. “Estar na cabana”, significa que estamos nos aproximando da revelação, mesmo que ainda estejamos na primeira fase dela.

Este estado aciona as Luzes Circundantes (Makifim): o Criador pode ser sentido apenas à distância. Nosso “abraço” com Ele ainda não é óbvio, esclarecido ou reconhecido. Na Cabalá, este estado também é chamado de Luz de Hassadim o “abraço” do braço direito. “Seu braço esquerdo está sob minha cabeça, Seu braço direito me abraça”, como está escrito no Cântico dos Cânticos. À esquerda, é o abraço das propriedades duras do julgamento (Gevurot), à direita, estão os abraços de misericórdia (Hassadim).

Mesmo que estejamos atrás da cortina, ainda fazemos esforços para reconhecer Aquele que a atirou em nós. Em outras palavras, nós diligentemente trabalhamos para a revelação. O Criador nos aproxima conforme o grau de nossos esforços.

Este trabalho começa com um “zero”, quando nem mesmo nós sentimos que há alguém que escondido de nós. “Onde está Ele? Ele está dentro de mim? Ele está em meus pensamentos e desejos?” Todas estas perguntas exigem uma pesquisa meticulosa, compreensão profunda e profunda penetração no material. Então, Ele vai aparecer.

De KabTV “Uma Nova Vida” 05/10/14