Ou Ele Ou Eu!

Dr. Michael LaitmanComo podemos aprender o que é doação? Para fazer isso a natureza plantou um desejo de desfrutar em nós através do qual podemos aprender sobre doação por sua oposição, por seu atributo oposto.

Nosso desejo de desfrutar recebe certas impressões que evocam diferentes respostas nele e imprimem diferentes buracos, rachaduras, poços e ondulações no nosso desejo. Graças a isso, o desejo começa a sentir em certa medida que estas impressões são diferentes em tamanho e caráter, e que há certa conexão entre elas que não compreendemos.

De repente, nós descobrimos que nosso desejo de desfrutar é versátil, com várias camadas, e muito complexo, e assim ele recebe diferentes impressões complexas. Desta forma, nós aprendemos sobre nossa natureza. Quanto mais nós sabemos sobre ela, mais alcançamos o atributo oposto, a natureza oposta. Afinal, todo o nosso estudo baseia-se no confronto entre dois atributos opostos: recepção e doação.

Diz-se: “E eles não terão outros Deuses diante de Mim”, o que significa que estudando justamente sobre estes “outros deuses”, nós estudamos sobre o Criador e podemos formar a Sua imagem em nós. Caso contrário, Ele não tem nenhuma imagem e nenhuma forma que nos permita imaginar alguma imagem do que Ele é, quem Ele é e como descobri-Lo.

Como podemos descobrir o que é impossível descobrir? Apenas por impressões negativas que são percebidas negativamente no desejo de desfrutar nós podemos gradualmente construir uma atitude contrária, de modo que começamos a imaginar o que é o atributo de doação. Nós não podemos alcançar isso de outra forma: nem usando nossa imaginação, nem pelos nossos sentimentos ou qualquer ação de nossa parte que podem ser diretamente adaptados a Ele.

Tudo acontece apenas devido a alguma força especial, a Luz que atua em diferentes estados e evoca respostas diferentes em nós. Nosso trabalho é atribuir tudo à força superior, à medida que determinamos que “não há outro além Dele”. Isso, no entanto, encontra grande resistência por parte de nosso desejo de desfrutar, que até então pensava que não há nada além de si mesmo e agora tem que se contentar com isso. Um anula o outro, o que significa que um argumento surge: quem vai governar?

Ambas essas afirmações anulam uma à outra: é Ele ou eu! Este conflito é a base de todos os nossos estados. Nós não devemos ter medo de ficar entre esses dois lados opostos e lidar com os dois domínios insolúveis, para suportar, aceitar, se render, mas alcançar e justificar, entender e assemelhar-se à força de doação. Se a pessoa não foge deste esclarecimento, mas consegue trabalhar sob as condições desta separação, as opiniões conflitantes e sentimentos, se ela não conta com sua mente animal e não foge do campo de batalha, ela recebe uma nova mente e sentimentos desde Cima. Nesse caso, ela adquire uma forma semelhante ao Criador.

Até então, é impossível entender o que é doação. Quando a pessoa finalmente a alcança, isso se chama ajuda do Criador, um achado. A pessoa que aceita todas as formas de trabalho que lhe são dadas e abaixa sua cabeça, sem seguir sua própria mente, que parece entender e determinar tudo, então ela consegue. O principal é, como se diz, não acreditar em si mesmo até o dia da morte, ou seja, a morte do seu ego. Depois disso você já adquiriu fé.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/03/13, Shamati #15