“Amor” À Venda

Dr. Michael LaitmanPergunta: Nos países ocidentais, a publicidade em geral usa, na maioria das vezes, as mulheres num contexto sexual que é mais ou menos óbvio. Por que os homens modernos consideram a mulher como objeto sexual?

Resposta: Isso porque ao longo dos anos, a nossa inclinação ao mal (desejo egoísta) atingiu dimensões enormes. Nós não a corrigimos e ela ainda permanece num nível animal. A atração sexual é a chamada mais simples e natural de se implementar. Praticamente tudo gira em torno dela; é muito fácil criar toda uma “indústria do amor” composta de filmes, TV, música, etc.

Nunca no passado houve tal ideal de “amor” construído. Não importa a forma como nós percebemos os velhos tempos, as pessoas costumavam ser mais diretas e simples. Um homem se casava com uma mulher “adequada” de seu bairro e criava uma família sem envolver tais “questões de elevadas”. A glorificação maciça do “amor” foi lançada cerca de 150 anos atrás; antes, nunca houve qualquer “culto” associado a ele.

Esta noção semelhante a um culto do amor não surgiu por acaso; afinal, o homem deve ter algo para desfrutar. Com o que os homens poderiam se satisfazer? O que eles poderiam encontrar de bom na vida? É assim que a indústria do “amor por atacado” foi criada. Ela usa um prazer simples, poderoso e acessível, que, ao contrário dos outros, não requer quase nenhum investimento. Hoje, ele é usado em demasia na Internet e TV, sem quaisquer restrições.

Além disso, nós alimentamos à força nossos filhos com os efeitos colaterais da “revolução sexual”. Com a ajuda da mídia, a sociedade oprime a criança com os estereótipos do adulto que não são naturais para a geração mais jovem. Junto com os hormônios que as crianças ingerem nos alimentos, nós violamos o processo natural de crescimento e, literalmente, forçamos as crianças a “se modificar.” Este é apenas um lado da crise geral.

Nós nos consideramos uma sociedade racional e inteligente, com certos princípios e considerável experiência; em caso afirmativo, como podemos permitir que tais coisas aconteçam? No passado, os pais se esforçavam em proteger seus filhos das más influências, davam-lhes o melhor que podiam e cultivavam em seus filhos os valores espirituais elevados. O que fazemos com nossos filhos agora? Por que permitimos que meios de comunicação contemporâneos repletos de crueldade, cinismo e sujeira interferiram na vida de nossos filhos?

Por que nós toleramos a vulgaridade consentindo silenciosamente com ele?

A criança vai à escola, assiste TV e navega na Internet. O ambiente a molda de uma forma que ela se torna semelhante a ele. Por que nós não preocupamos ao menos com isso? Será que nós temos algo mais precioso do que os filhos?

Nós não podemos confiná-los em quatro paredes; assim, os canais envenenam os ouvidos de nossos filhos devem ser desligados. Vamos, pelo menos, cuidar de nossos filhos, uma vez que já fracassamos com os adultos. A sociedade deve ser responsabilizada pelo conteúdo que está sendo oferecido para a nossa geração mais jovem. Coisas desnecessárias não devem ser impostas à geração mais jovem.

Voltando ao tema da mulher. Nós não devemos obrigar as meninas a pensar que elas nasceram para seduzir os homens e, portanto, devem olhar dessa forma. Ao fazer isso, nós aumentamos a prostituição e criamos padrões errados nas relações entre os sexos, só porque alguém ganha dinheiro com isso. De uma forma ou de outra tudo gira em torno do dinheiro.

Enquanto deixarmos a mídia “educar” as pessoas, distorcendo-as, não poderemos esperar nada de positivo delas. Ao mesmo tempo, a situação só pode ser melhorada com a ajuda dos meios de comunicação, mas nós devemos controlar sua atividade.

A sociedade deve ser chamada à ordem; entre outras coisas, isso significa que a mídia tem que ser regulamentada. Nós não estamos falando da liberdade de expressão, mas sim sobre da liberdade do apelo animal. Os meios de comunicação devem ser organizados de forma diferente e continuar a trabalhar para o benefício público, em vez de deixar agências de publicidade e suas afiliadas ganhar mais dinheiro.

Nós temos que começar com a educação em massa; caso contrário não há ninguém com quem conversar. As pessoas já foram “esculpidas” e percebem o atual estado das coisas como a única possibilidade.

Assim, os pais transmitem prioridades vagas, pois observam com indiferença os seus filhos se degradarem.

Se uma pessoa em particular – alguém mais velhos ou um adulto – estivesse prejudicando meu filho, eu faria tudo ao meu alcance para evitar qualquer contato entre eles. Mas, de alguma forma, nós não agimos contra a mídia. Pelo contrário, nós conscientemente permitimos que ela entre em nossa casa e concordamos com o que está fazendo. O mesmo se aplica às escolas.

As pessoas simplesmente desistiram. Nós preferimos manter o nosso bom humor mantendo a situação e pensando que está tudo bem. Nosso problema comum é que nós estamos completamente (não parcialmente) consolados.

Alterar o ambiente nos trará alívio. Mas primeiro nós temos que limpá-lo um pouco. Até o momento, enquanto nós estamos sendo suprimidos pela nossa indiferença, o tempo passa…

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 28/12/11, “A Liberdade”