Questão Proibida

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Introdução ao Livro do Zohar“, Item 67: Quando uma pessoa de Israel aumenta e dignifica a sua interioridade, que é Israel nessa pessoa, sobre a exterioridade, que são as nações do mundo nela, isto é , quando ela dedica a maior parte de seus esforços para melhorar e exaltar a própria interioridade, para beneficiar sua alma, e realizar os menores esforços, a mera necessidade, para sustentar as nações do mundo em si, ou seja, as necessidades corporais, como está escrito: (Avot , 1), “Torne a sua Torá permanente e seu trabalho temporário”, fazendo assim, a pessoa também faz os filhos de Israel se elevar na interioridade e exterioridade do mundo, e as nações do mundo, que são a externalidade, reconhecer e admitir o valor dos filhos de Israel.

Pergunta: Existe a interioridade e existe a exterioridade. É claro para mim. No entanto, eu não entendo o que significa preferir um em detrimento de outro.

Resposta: Existe uma alma e existe um corpo. Aqui “corpo” não é usado no sentido físico da palavra. No nível falante, o corpo é o desejo de receber. O que é um ser humano em primeiro lugar?

Não é um corpo físico. Mesmo um macaco tem mãos e um galo tem pernas. Os seres humanos ficam acima do nível animal porque têm a capacidade de alcançar o Criador. Mesmo que os seres humanos pertençam ao nível animal, eles ainda têm um potencial adicional: o desejo de procurar o Criador.

Nós somos “macacos estranhos” que têm horizontes ilimitados de desenvolvimento.

“O que você está procurando em nossa floresta”, questionam os macacos; “Você perdeu alguma coisa?”.

“Eu estou procurando meus irmãos. Eu quero encontrar o pai”.

“Aqui está o seu pai, você não vê?”.

“Não. Eu estou procurando a fonte da vida. Há algo faltando em minha vida. Eu quero saber por que eu vivo. Há algo além de bananas lá fora? É difícil para mim permanecer sem procurar”.

“Sem o que …?”

“Eu mesmo não sei ainda, mas tenho que encontrar um sentido na vida. Minha existência não tem gosto sem sabor”.

“Tente estas bananas maravilhosas!”

“Isso não vai funcionar! Eu ainda tenho um desejo que está além de ter apenas o sustento”.

Este desejo adicional é chamado de “o Homem” (Adão). Nossa busca interna aborda a aspiração de se tornar semelhante (Domeh) ao Criador, às Suas propriedades e natureza.

Um macaco começa a procurar sem ter qualquer pista sobre algo. Até agora, a procura está envolta em desenvolvimento egoísta.

O desenvolvimento é rigidamente orientado para ganhar mais dinheiro, ter mais sucesso e construir mais. Este processo já se arrasta por centenas de milhares de anos: houve a agricultura, depois emergiu a indústria, interações sociais complexas, inúmeras realizações humanas, e ainda assim o macaco nunca está completamente feliz ou satisfeito.

No emaranhado de desejos dos macacos, dentro se esconde uma corrida para sentir o Criador. Mas essa aspiração é desarticulada, implícita, como se escondida sob várias camadas de roupas, outros desejos. Novas terras inexploradas e continentes parecem tão atraentes para os macacos! Macacos se esforçam para explorar o mundo e suas leis: “O que há nos céus? O que há na profundidade da terra? O que está na mente dos nossos amigos e em seus corações?” Os macacos desenvolvem as ciências e tecnologias que representam marcos evolutivos na linguagem que eles entendem.

Em essência, no mais profundo de suas mentes, por trás de todos os esforços possíveis na ciência, na filosofia, e nas mais recentes tecnologias, os macacos aspiram à revelação da fonte da realidade.

Com o tempo, os macacos se tornam muito estranhos e começam a se chamar “seres humanos”. Essa situação continua até que um desejo, antes escondido, começa a se manifestar de forma mais vívida. Então, os macacos começam a procurar certos poderes naturais; eles se envolvem em misticismo e astrologia, começam a olhar para os sacramentos, percebendo “sinais” que estão ao redor e dentro deles. Eles atribuem propriedades misteriosas para várias coisas e fenômenos e criam inúmeras teorias. Como resultado, eles ainda não encontram nada.

No entanto, o desejo mais profundo dos macacos gradualmente emerge cada vez mais. De repente, no meio de milhares de macacos altamente desenvolvidos surge um com o nome de “Adão”. Não é por acaso que seus pais lhe deram este nome em particular. Este enorme desejo recém-criado finalmente revela a força superior que iniciou toda a realidade com tudo o que já existiu.

Este homem é chamado de “o primeiro homem” (Adam Ha-Rishon), uma vez que é o único que adquiriu uma aparência humana: semelhança com a força superior. Assim, ele revelou o Criador.

Ele foi seguido por muitos outros ao longo de vinte gerações antes de Abraão. Alguns deles conseguiram atingir o nível humano.

Consequentemente, uma sede de revelar a força superior é construída neste tipo de macaco. Até agora, o seu egoísmo só o acompanhava em direção a essa força. Eles estão tentando construir uma vida melhor e tentam vários remédios, visto que o seu apelo interno ainda está escondido.

Da mesma forma, eles “enganam” as nossas crianças para envolvê-las em atividades benéficas ao colocar coisas que são boas para elas em invólucros atrativos, para que elas gradualmente se movam na direção desejada. O mesmo se aplica aos macacos: eles se aproximam lentamente da questão sobre o propósito da vida impulsionados por inúmeros desafios, desapontamentos e provocações. É assim que acontece qualquer avanço.

Na antiga Babilônia, havia grandes discussões entre as pessoas. Elas não tinham ideia de como resolvê-las. A situação tornou-se tão aguda que elas começaram a gritar: “Queremos conhecer o nosso Rei!” Estes eram macacos racionais muito avançados, progressistas. Eles levaram centenas de milhares de anos antes de proclamar seu desejo de se “familiarizar” com a força superior. Eles não eram meros idólatras primitivos, eles construíram zigurates (antigos templos da Mesopotâmia). Com a sua torre alcançando o céu, em essência, eles estavam engajados em ações espirituais que trabalham com as forças da natureza, embora egoisticamente.

Em suma, este é o momento em que começou o desejo dos macacos de revelar a força superior. No entanto, eles não sabiam como alcançá-la. Eles tinham uma longa tendência milenar de progresso técnico e social atrás deles, de modo que decidiram continuar neste caminho, mas encontraram uma crise, uma vez que é impossível alcançar o Criador desta forma.

Nós temos que entender que eles viviam muito modestamente, tinham o suficiente para comer, e todos os seus esforços eram direcionados para a realização da força superior.

Na época da Babilônia, os macacos se aproximaram do estado humano a um certo grau. Algo mudou neles. Eles começaram a aspirar à fonte, à força superior.

Desde então, o desenvolvimento de uma nova metodologia de realização foi lançado. Esta metodologia revela a verdade para nós. Não importa se a verdade é agradável ou confortável. Eu não estou à procura de conforto, mas sim quero saber.

Nós só podemos continuar este caminho de realização adquirindo um grau ainda maior de egoísmo. Isso significa que temos que passar para a próxima etapa.

O egoísmo Babilônico “adicional” permitiu que uma pequena parte (cerca de cinco mil pessoas de três milhões) triunfasse, subisse acima do seu egoísmo, se tornasse Galgalta ve Eynaim e se juntasse aos grupo de Abraão. A maioria não foi capaz de lidar com o seu egoísmo e se esqueceu do propósito de sua vida, a “torre para o céu”, isto é, a busca da força superior. Eles caíram sob o peso do amor-próprio e se espalharam por todo o mundo e continuaram estabelecendo a sua existência material.

O egoísmo amplificado dividiu-se em duas partes: interno e externo. Esse processo continua até agora: uma pequena parte, a casa de Abraão, de Israel, se desenvolve e corrige, enquanto que a parte maior (AHP) só deve ganhar a vontade de se corrigir, mas é incapaz de fazê-lo por conta própria e é corrigida unicamente através de Galgalta ve Eynaim. Isso explica por que o mundo inteiro também tem que passar por uma grande crise e muitas decepções para que, no final, eles se conectem a Galgalta ve Eynaim e a apoiem.

Como o profeta Yeshayahu (Isaías) disse, as “nações do mundo” vão levar os “filhos de Israel” sobre os seus ombros para o Templo. Elas são capazes de fazê-lo, embora não sejam capazes de se corrigir por conta própria. Galgalta ve Eynaim é um ponto de transição entre AHP (as “nações do mundo”) e a força superior.

Assim, em conjunto, ambas as partes vão atingir a correção completa.

Por que os macacos preferem a interioridade à exterioridade? Eles se questionam sobre o sentido da vida: “Por que eu faço alguma coisa? Pra que eu vivo? Por que eu desenvolvo a indústria, ciências, cultura, educação e sistemas políticos? Por que eu descubro novas terras? Por que eu conquisto o cosmos?”.

Hoje em dia, pelo menos metade do mundo passa por vários estágios de disparidade. Um grande número de pessoas está tomando antidepressivos, drogas leves ou álcool. Estes são sinais de fraqueza e desamparo. Ninguém tem uma resposta para a questão mais profunda de sempre: “Por que eu estou aqui?”.

As pessoas não percebem isso, mas sentem o vazio e a devastação. Se elas forem privadas da televisão ou de outros tipos de meios de comunicação que as confundem ainda mais, se elas se libertarem de tudo o que são forçadamente “alimentadas” de manhã até a noite, o que lhes restará?

As pessoas são obrigadas a trabalhar duro, mas é desnecessário. Trabalhando duro, elas são propositadamente distraídas da grande questão evocada pela natureza. Hoje, esta questão torna-se muito perigosa. É como um jogo que pode acender um fogo em todo o mundo.

Ninguém quer ouvir esta questão. As pessoas têm medo da dor que carregam dentro. Quando uma pessoa se pergunta a cerca desta questão, toda a vida se transforma num grande espasmo doloroso. Quem quer isso? As pessoas estão tentando encontrar um pouco de alegria; elas não querem ficar submersas num desespero total.

As pessoas estão prontas para matar quando questões sobre o sentido da sua vida causam uma dor que não pode ser curada por qualquer medicação conhecida.

A humanidade faz tudo o que pode para evitar dores: turismo, moda, cinema, televisão, entretenimento; não há fim para as “alternativas”. Faça o que quiser, mas não desperte a angústia que não tem solução.

No entanto, a questão sobre o sentido da vida desperta independentemente de políticos ou outros profissionais que sabem como inverter esta questão de cabeça para baixo. Seus esforços não são bem sucedidos, uma vez que contradiz o propósito da criação.

No entanto, as pessoas precisam “cozinhar” e “amadurecer” internamente. Por todos os meios este processo depende da oportunidade de ter um amplo acesso à metodologia da correção que carrega um remédio pronto, uma bela vida saturada com uma sensação de eternidade e perfeição, bem como uma subida interminável para todos em vez de doenças ou o absurdo de nossa existência atual.

Por um lado, a metodologia da correção apresenta uma explicação clara da situação em que estamos neste momento. Ela explica por que essa situação aconteceu conosco e como corrigi-la. Por outro lado, ela fornece uma técnica forte e prática de correção que mostra resultados positivos imediatos.

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 03/03/14, Escritos do Baal HaSulam