Purim No Calendário E No Coração

215Aproxima-se o feriado de Purim, simbolizando a ocultação, o costume de se vestir com fantasias carnavalescas e usar máscaras. De onde vem a tradição de usar máscaras em Purim?

A personagem principal de Purim é a rainha Ester, que representa o reino (Malchut), o sistema que governa todo o universo. Este reino é chamado de “Ester”, que significa “ocultação”.

Na verdade, no nosso tempo vemos que tudo está oculto. Não sabemos quem nos governa e não temos consciência de que existe um programa na natureza que controla as nossas vidas. Existimos num reino onde alguma força superior controla tudo, que se manifesta como várias forças, como uma vasta rede que supervisiona o mundo inteiro.

A ciência só agora começa a descobrir que tudo na natureza está interconectado e que o mundo é um sistema integrado com conexões globais. Percebemos apenas uma pequena parte da realidade. Não estamos falando de alguma energia escura desconhecida no universo, mas de uma realidade completamente oculta de nós, da qual nem sequer imaginamos. Nosso mundo inteiro é uma ocultação completa.

A natureza inanimada, vegetativa e animada é governada por instintos e, portanto, não faz perguntas. Mas os humanos devem compreender por que vivem. Se não conseguirem encontrar uma resposta para essa pergunta, se sentirão muito limitados, decepcionados com a vida e inseguros sobre o que fazer consigo mesmos. O corpo animalesco continua sua vida normal e dá origem a descendentes, mas a pessoa se sente infeliz.

Os humanos sentem que há ocultação – um sistema, Malchut – que os controla secretamente, como uma vasta “Rainha Ester”. Ester não aparece na imagem de uma mulher, mas de todo o reino que nos governa para que não entendamos para onde vamos e o que estamos fazendo.

Muitas vezes ao longo da história, o povo judeu enfrentou situações de “Purim”, o que significa uma ameaça de aniquilação. Essa ameaça surge para nos despertar e para nos lembrar do nosso propósito e de não continuarmos a viver como as outras “127 nações” mencionadas no Pergaminho de Ester.

Devemos revelar Ester e obrigar a ocultação a ser revelada. Todas as outras nações em que vivemos agem para nos despertar para essa missão. Afinal, o bem não pode despertar um povo ou o seu desejo egoísta e fazê-lo pensar na vida espiritual.

Os judeus tentam esquecer a sua missão e enterrar-se em valores corporais onde lutam por conquistas na ciência, na cultura e especialmente onde há dinheiro e poder.

Para nos despertar, aparecem o rei Assuero e seu ajudante Hamã. Na realidade, eles não entendem o que estão fazendo porque, acima de Assuero, existe outro rei, totalmente oculto, um rei que guia tudo para levar toda a humanidade à realização do Criador. Isto só é possível através dos Judeus porque dentro deles reside o segredo, o gene espiritual, que lhes permite fazê-lo.

Hamã é um desejo egoísta que não pode ser corrigido, mas apenas destruído. Hamã e seus dez filhos representam um sistema maligno, impróprio para correção, um sistema que se opõe ao governo da força superior e ao desejo de doar e amar o próximo como a si mesmo. Hamã não pode aceitar isso, por isso precisamos eliminar tais desejos dentro de nós.

O imenso desejo egoísta de Hamã está se preparando para matar a todos, incluindo Mordecai e o rei Assuero, a fim de governar ele mesmo todo o reino. Esse enorme egoísmo não pode cooperar com outras forças, mas procura o poder absoluto sobre tudo. Portanto, hoje Hamã se manifesta em todos os lugares: nas religiões, nas crenças e na liderança dos países, se eles afirmam que só eles deveriam governar o mundo.

Mas o Pergaminho de Ester nos diz que por decreto do rei, Hamã é enforcado na árvore que ele preparou para Mordecai, e a cidade de Susã celebra sua libertação. Assim, chegamos a um ponto em que o mal não existe mais no mundo porque o destruímos e anulamos.

Em essência, o Pergaminho de Ester nos conta como a humanidade revela todo o mal no mundo e compreende a necessidade de erradicar o egoísmo humano, o desejo de receber para seu próprio bem. É assim que alcançamos um estado completamente bom e o fim da correção onde não resta mais mal no mundo.

É a isso que se dedica o feriado de Purim, para celebrar e beber até “não se saber a diferença entre Hamã e Mordecai” porque não existe mais Hamã no mundo e não há necessidade de temer o egoísmo!

O malvado Hamã se esconde dentro de cada pessoa e de todas as nações porque representa o desejo egoísta de governar os outros. Se conseguirmos escapar deste mal e nos distanciarmos dele, nos aproximaremos da revelação do bem, do sistema superior que nos governa.

Sem o mal é impossível revelar o bem ou mesmo se aproximar dele. O mal existe precisamente para nos fazer sentir a necessidade do bem e nos direcionar para ele.

Precisamos identificar esse mal em cada pessoa, em cada país e no mundo. Assim como Mordecai, Ester e Assuero agiram sabiamente contra Hamã, precisamos provocar o desaparecimento da força maligna do mundo. Devemos aprender isso com o Pergaminho de Ester e espero que consigamos!

De KabTV, “Nova Vida – 1094”, 14/03/19