Ynet: “Sim, Vivemos Em Uma Realidade Virtual”

Da minha coluna no Ynet: “Sim, Vivemos em uma Realidade Virtual”

“Muitos cientistas, filósofos e empresários acreditam que é altamente provável que as pessoas estejam vivendo em um mundo virtual que é simulado por um computador”, diz um relatório surpreendente publicado pelo Bank of America. Será que estamos vivendo em uma espécie de matriz? Rav Laitman fala sobre a origem de tais teorias.

O relatório, que foi enviado a milhões de clientes do segundo maior banco dos EUA e que também foi amplamente coberto pela imprensa mundial, surpreendeu a todos. Embora o objetivo fosse explicar por que devemos investir na área da realidade virtual, as questões existenciais que ela trouxe intrigaram as massas e iniciaram um debate sobre uma questão que quase desapareceu desde os filmes Matrix há muito esquecidos.

A inspiração para esta teoria incomum é baseada nas ideias do empresário Elon Musk, do astrofísico Neil de Grass Tyson e do professor Nick Bostrom da Universidade de Oxford, que afirmam que é altamente provável que nosso mundo seja realmente uma simulação.

Estamos realmente vivendo em uma realidade virtual, ou somos talvez parte de uma experiência cósmica? O nosso universo nada mais é do que um software de computador gigante, uma simulação tridimensional de uma realidade em que matéria, energia, carga elétrica, nossos pensamentos e desejos são apenas os resultados de complexos cálculos matemáticos?

100% Realidade Virtual

De acordo com a sabedoria da Cabalá, a ideia “única” da realidade virtual não é de forma alguma surpreendente. A Cabalá tem estado envolvida nela desde o início da criação. Navegar pelos antigos livros de Cabalá escritos há mais de 2.000 anos, como O Livro do Zohar, revela que não se trata de uma probabilidade de vinte a cinquenta por cento que nossa realidade seja virtual, mas uma certeza de 100%!

Na verdade, é impossível calcular a probabilidade de existir ou não uma realidade tão imensa. Todos os seus detalhes são totalmente controlados por leis claras e absolutas, como as leis da física e da química, que não podem provar a existência real e o propósito desta realidade, mas apenas caracterizam seus diferentes componentes exatamente como fazem os cientistas em relação a cada pequeno detalhe em nosso mundo. Os Cabalistas são os que decodificaram o objetivo escondido por trás dessa “produção de computador”, que se espalhou diante de nossos olhos com todos os detalhes desde o Big Bang há 14 bilhões de anos. Rav Kook escreveu em seu livro Shmona Kvatzim, “por maior que tenha alcançado, o mundo tangível e temporário não ocupa nenhum lugar. Eles não consideram ou valorizam a vida corpórea, como as pessoas do mundo que veem essa imagem fixa do mundo. O problema constante do maior é a eternidade. Isso envolve sua alma e preenche toda a sua existência”.

Os Cabalistas nos dizem que a enorme matéria que preenche e circunda todo o universo até o infinito é apenas uma milésima parte da matéria que nos é revelada, e não há nada real nela. Portanto, devemos explorar não a matéria revelada, mas a rede de forças que estão espalhadas no espaço enorme e estão escondidas de nós. Essas forças operam o software da realidade em que vivemos e quando as revelarmos, assim como milhares de Cabalistas fizeram antes de nós, seremos capazes de saber de onde viemos, entender qual é o objetivo da criação e como ela se expressa em nosso mundo. Consequentemente, poderemos planejar nosso futuro e controlar nossas vidas para melhor.

De acordo com a sabedoria da Cabalá, o software que gerencia a percepção da realidade de nossas vidas ao longo da evolução é chamado de egoísmo. Isso significa “autocuidado embutido”, uma inclinação que é má desde a nossa juventude, um desejo que é exclusivamente destinado a encontrar um pouco mais de prazer, mesmo à custa dos outros. A força negativa da nossa natureza egoísta nos conduz ao longo da vida em uma perseguição sem fim atrás de satisfação, e para a qual opera todos os nossos cinco sentidos e nos fazem trabalhar o dia todo, do nascimento à morte.

Windows 2016

Nosso mundo está se desenvolvendo rapidamente, e a tecnologia que está se tornando cada vez mais sofisticada é uma indicação disso. No início dos anos 80, o primeiro sistema operacional de computador era pesado, baseado em uma janela e em uma interface gráfica obsoleta. Alguns anos mais tarde, uma nova versão já suportava inúmeros usuários, inúmeros idiomas e inúmeras opções. Hoje, os sistemas operacionais são ainda mais rápidos, mais estáveis, mais seguros e usam muito pouco dos recursos do sistema. A maioria deles está a caminho da computação em nuvem, um serviço que fornece acesso a informações de qualquer lugar e de qualquer dispositivo. A diferença entre as diferentes versões é apenas como eles podem atualizar e melhorar nossas vidas e até que ponto podem nos oferecer uma alternativa melhor, mais barata, mais conveniente. Na verdade, é também tudo o que pedimos na vida

Tente se lembrar do seu primeiro computador. O que teria acontecido se tivéssemos instalado um novo software avançado? Um bug. Uma crise. Não teria funcionado. Isso é exatamente o que acontece com o sistema operacional de nossas vidas. O software do egoísmo que vem nos motivando há milhares de anos não é mais compatível com o novo software que entrou em nossas vidas no início do século XX, uma realidade global na qual todos os componentes estão interconectados e totalmente interdependentes. Quanto mais nos preocupamos apenas com nós mesmos, usando o obsoleto software egoísta, mais operamos totalmente em contraste com a nova realidade global, com o software operacional que está sendo instalado. O choque entre esses dois opostos é destrutivo, doloroso e expresso por infinitos problemas, distúrbios, guerras e diferentes crises.

Como atualizamos o software?

O software para criar planilhas (Excel, por exemplo) é composto dos mesmos componentes que compõem o software para processamento de documentos e material textual (como o Word), e a única diferença é a forma como os componentes em cada um dos programas de software se comunicam. O mesmo vale para o software de nossas vidas. Todos os bugs que são criados são o resultado da falta da comunicação correta entre nós.

Mudar nosso software significa mudar nossas relações. Em vez de cuidar de nós mesmos, usar os outros e viver numa realidade virtual condenada, devemos fazer exatamente o oposto: cuidar dos outros, conectar-se com eles, sentir o que eles precisam e preenchê-los com a força positiva e amor. Somente quando o software for atualizado para uma versão mais avançada, toda uma realidade eterna se abrirá diante de nós.

Ao usar o código que opera o software de nossas vidas, “Amar ao próximo como a si mesmo”, uma regra que inclui toda a Torá, podemos fazer uma mudança significativa em nossas vidas. Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam) diz que toda a criação é pré-determinada apenas para alcançar essa meta, para que a humanidade se desenvolva nela e se torne mais virtuosa até que eles possam sentir a força superior assim como sentem uns aos outros. As virtudes que adquirem são como os degraus de uma escada, dispostos passo a passo até que a pessoa seja plena e atinja seu objetivo (Os Escritos de Baal HaSulam).

Na nova realidade, começamos a sentir o objetivo do software operacional de acordo com o nível de nossa preocupação pelos outros e a maneira como todo o sistema de computadores nos opera. “Quando a pessoa se cansa de receber, torna-se livre de todas as restrições da criação e vagueia livremente no mundo do Criador; ela está garantida que nada lhe acontecerá e que não será ferida nem prejudicada para sempre” (Os Escritos de Baal HaSulam).

Diferente do software egoísta, nós recebemos o controle total de nossas vidas pela primeira vez, a capacidade de se tornar os programadores e melhorar o software para que ele produza uma realidade ainda mais perfeita para nós. Então, veremos claramente e sentiremos o verdadeiro software da realidade por nós mesmos, a realidade que os grandes cientistas e filósofos têm procurado por décadas com somente uma taxa de sucesso de vinte a cinquenta por cento como diz o relatório apresentado pelo Bank of America.

De Ynet: “Sim, Vivemos em uma Realidade Virtual” 27/10/16