Combustível Egoísta Por Um Propósito Altruísta

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “O Arvut (Garantia Mútua)”: Porque a Torá não foi dada a eles antes que todos de Israel respondessem se tomariam para si a Mitzva (mandamento) de amar aos outros na medida completa, expressa nas palavras: “Amai ao amigo como a ti mesmo” (como explicado nos Itens 2 e 3). Isso significa que todos em Israel tomariam para si a responsabilidade de cuidar e trabalhar por cada um dos membros da nação, e de satisfazer todas as suas necessidades, nada menos do que na medida impressa nele para cuidar de suas próprias necessidades.

Esta condição parece clara. No entanto, toda a realidade está oculta aqui, tudo o que a vida pode nos dar. E uma vez que existe apenas uma condição diante de nós que deve ser mantida, “E amarás ao amigo como a ti mesmo”, tudo o que acontece na minha vida pessoal, com relação a mim mesmo, a minha família, ao ambiente próximo e distante, a humanidade, ao mundo, tudo o que aconteceu comigo até este momento, deve ser direcionado apenas a uma única meta. E a cada momento eu preciso verificar: será que eu tenho vivido para alcançar o amor ao próximo?

Se eu começo a me avaliar, é compreensível que a cada momento surjam muitos questionamentos: “Por quê? Para quê? Como uma coisa está ligada a outra? O que eu ganho com isso?”, etc. Rejeição e resistência vão crescer, mas se eu realmente quero esclarecer o que deve ser esclarecido e corrigido, então tudo vai ser considerado de acordo com um único critério, de acordo com a frase: “E amarás ao teu amigo como a ti mesmo”.

Está escrito que esta é uma grande regra na Torá. Em outras palavras, este é o princípio que inclui toda a realidade, todas as minhas encarnações, e, em geral, tudo o que existiu. Portanto, a pessoa que está pronta para aceitar este princípio como base, como uma vara de medição para sua vida, está pronta para aceitar a Torá, o método de correção. Você vê, toda a Torá é projetada apenas para perceber este princípio.

Por outro lado, a pessoa que não se orienta nessa direção, não precisa da Torá. Ela pode lê-la, estar interessada nela como um historiador, ou usá-la de alguma outra forma. Ao longo da história, todo mundo já vagou por ela como lhe convinha. Dito isto, a verdadeira Torá é revelada a mim, me move, e abre o caminho diante de mim com a condição de que eu aspire ao “E amarás ao teu amigo como a ti mesmo”.

Desta forma, eu começo à distância, da maior resistência, de uma absoluta falta de entendimento, do lugar mais distante, até que, gradualmente, começo a entender que isso é importante, que isso está ligado a toda a realidade, ao mundo, a todas as outras pessoas e ao meu ego. Eu começo a me interessar por este princípio, pelo menos de uma forma egoísta, com a esperança de ganhar algo com isso. Então, eu já tenho algo no que me agarrar; esta expressão se torna importante aos meus olhos, porque eu vejo isso como um meio para receber prazer, o conhecimento de si mesmo, uma oportunidade de começar algo novo. E mesmo se essa conexão não estiver organizada como eu gostaria, e passa pelo lado inverso, isto ainda é uma conexão, e é muito importante.

Um estado como este é chamado de “Lo Lishma“, e é um nível elevado onde já estou mantendo o princípio do “E amarás ao teu amigo como a ti mesmo”, e através dele, o amor pelo Criador, que pode ser encontrado no outro, na comunidade, como está escrito: “Eu vivo no meio do meu povo”. Portanto, tudo é para mim, exceto a intenção.

Em primeiro lugar, do meu “saudável” e materialista desejo egoísta, eu entendo este princípio fortemente; então, é possível falar sobre a intenção. Primeiro de tudo, é necessário construir uma relação saudável, como está escrito: “Educar os jovens de acordo com a sua maneira”. E quanto mais cruel o seu desejo de realizar-se, melhor, porque então você pode abrir o caminho diante dele e explicar a ele do que depende o progresso.

Em geral, todos os passos que levam tanto à pureza quanto à impureza estão sujeitos à mesma dependência e encontram-se no mesmo caminho. Apenas a relação é diferente. Sobre isso está escrito: “O Criador fez isso oposto aquilo” (Eclesiastes, 7). Nós usamos os mesmos Kelim tanto para ações egoístas quanto altruístas, e apenas em intenção essas ações são opostas.

Diante de mim está o sistema das minhas relações com o grupo. Eu me entrego a ele e através dele ao Criador, que está dentro dele. Eu quero me aderir a Ele e, assim, me encher com toda a Luz do Infinito. Esta é a abordagem desejada, útil e imperativa.

Se eu começo a me confundir com considerações supérfluas, eu só reduzo o meu desejo mesmo antes que ele cresça, para que eu possa ter algo a corrigir. A pessoa corrige apenas o que é descoberto por ela, e ela não deve ter vergonha ou ficar tímida por causa de suas aspirações espirituais egoístas. Isto é normal. A principal coisa é ter certeza, que, especificamente no sistema chamado de “grupo”, eu vou revelar o Criador.

Em geral, este sistema inclui toda a realidade, e mesmo que ele agora me pareça estar dividido, mais tarde eu vou ver que tudo está incluído dentro dele. Então, é importante ver o estado real, mesmo que nesta fase seja para o meu próprio benefício.

Este é o começo da auto-anulação; isso me coloca diante de questionamentos eternos: “Como eu posso ser incorporado no sistema? Como é que eu desfruto-o?”. Então, a Luz que Reforma age sobre mim. O sistema é construído de tal forma que o lado posterior da parte superior encontra-se no lado da frente da parte inferior, e, por conseguinte, mesmo se eu penso em subir egoisticamente, a parte superior aperfeiçoa meu defeito e me dá um remédio para o meu ego. Afinal, esse ego é direcionado para “E amarás ao teu amigo como a ti mesmo”.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 25/04/13, “A Garantia Mútua”