Sofrimento Mínimo, Prazer Máximo

Dr. Michael LaitmanEu gostaria de falar sobre a condição que a Natureza coloca diante de nós: nós temos que alcançar o amor absoluto entre todos os sete bilhões de indivíduos no mundo. Esta condição é realmente incontestável? Será que somos capazes de cumpri-la? Será que é realmente assim, que se conseguirmos pelo menos um êxito parcial, se avançarmos nesta direção, nós iremos ver, repetidas vezes, que tudo isso é para o nosso benefício, que isto nos muda, nosso ambiente e toda a vida para melhor?

A essência da Natureza de cada pessoa é a preocupação por si mesma. Uma pessoa é incapaz de pensar em outra coisa. Se examinarmos e estudarmos todas as nossas ações, nós vamos ver que precisamos de energia para realizá-las. Mesmo um simples movimento, como quando mudo a minha mão de um lugar para outro, eu preciso gastar energia. No entanto, esta energia pode aparecer e estar a meu serviço apenas sob a condição de que usando-a, eu vou conseguir algum benefício para mim.

Assim, nós temos a seguinte condição: quaisquer mudanças internas dentro dos átomos ou moléculas, qualquer movimento corporal, qualquer movimento em meus sentimentos e razão, exigem que eu veja qual estado benéfico resultará deste processo. Esta é a forma como eu me relaciono com tudo na minha vida.

Certas ações, eu executo instintivamente. Por exemplo, sempre que eu estou sentado numa cadeira, eu não penso sobre que posição sentar. Durante uma conversa, eu não pondero minhas inflexões vocais. Na maioria dos casos e ações tudo é realizado de acordo com um cálculo interno. Dentro de mim abriga um desejo egoísta de me sentir bem e experimentar uma sensação agradável de bem-estar. Isso eu vejo como o resultado desejado de todas as minhas ações.

A esperança de um bom sentimento age constantemente e me dá segurança em determinado estado. Onde quer que eu possa ir, o que eu estou fazendo ou dizendo, não importa como eu me conduza, tudo isso é apenas para obter os melhores meios possíveis para um bom estado.

Eu quero comer, dormir, festejar. Eu sou obrigado a trabalhar a fim me sustentar. Tudo isso eu faço só para me trazer benefícios. Em essência, toda a minha vida baseia-se em como alcançar o maior lucro com o mínimo de sofrimento e máximo de prazer, a fim de me satisfazer com tudo o que puder.

Com o que eu devo me satisfazer? Isso depende da minha educação, da influência do meu ambiente, da escala de valores que eu recebi, e do hábito que se torna uma segunda natureza. O que me foi ensinado é com o que eu aprendi a conviver, mesmo que seja artificial. É assim que eu vivo, fazendo muitas coisas na minha vida não porque eu queira isso inicialmente, mas porque a sociedade, pais e educadores ensinaram e me acostumar a isto. Como resultado, eu ajo mecanicamente, sem precisar do poder do pensamento.

Existem outras coisas na vida também. Essas coisas que sou forçado a fazer, e que exigem esforço interno, como quando eu me convenço de que vale a pena. Digamos que um alarme toca e eu me levanto mesmo que eu queira dormir. Talvez eu tenha um trabalho difícil e desinteressante, mas ainda assim eu sei que depois de um dia exaustivo de trabalho, vou voltar para minha família e para o ambiente acolhedor e aconchegante onde posso descansar e experimentar sentimentos bons. No entanto, eu tenho que pagar por esses sentimentos, e é por isso que eu estou escravizado.

Todas as minhas ações, todos os contatos com algumas pessoas e o distanciamento de outras, em última análise são projetados para criar uma atmosfera mais agradável para mim. Então, eu estou sempre preocupado em como posso me sentir melhor.

Essa é a natureza de cada um de nós, e que pertence ao nível “animal”. Basicamente, os níveis inanimado, vegetativo e animal da Natureza sempre aspiram a se sentir melhor, a um estado cada vez melhor. Todas as criaturas acreditam que esse estado será equilibrado, que nele não sentirão pressão ou serão puxadas em alguma direção diferente, mas estarão em harmonia com o que imaginam ser uma vida melhor.

Assim, verifica-se que toda a minha vida eu observo a “lei de sentir-me melhor”. Esta é a condição onde existimos, e nossa natureza egoísta constantemente nos orienta em direção a isto.

De KabTV “Uma Nova Vida” Episódio 13, 11/01/12