Eu Sou Justo Ou Pecador?

Dr. Michael LaitmanQual é a conexão entre o ódio ao mal e a salvação do mal? Por um lado, simplesmente por ser humano, entendemos que, quando eu odeio algo, eu me distancio dele. Isso me guarda e protege, me ajuda a estar a salvo do mal. Mas isso não funciona na espiritualidade. Lá, eu devo evocar a Luz superior para me corrigir.

Há outra instrução para entender isso, que declara que o mundo é criado apenas para dois estados, seja o estado, a percepção e a compreensão do mal absoluto ou o estado da bondade absoluta. Não há outra opção. Em outras palavras, o mundo é criado, quer para pecadores absolutos ou justos absolutos; é um ou outro, não há terceira opção. É por isso que é pior ser um justo incompleto do que um pecador absoluto. Como pode ser isso? Isto é o que está escrito. Então, o que os professores nos mostram?

Eles escrevem que, da perspectiva do Criador, não há nada no mundo que possa ter duplo sentido, um pouco de bondade e um pouco de maldade. Do ponto de vista do Criador há apenas o absoluto: a bondade absoluta ou o mal absoluto, a doação absoluta ou a recepção absoluta.

Por esta razão, quando uma pessoa deseja avançar em direção à meta, ela não tem direito de aceitar que exista um pouco disto e um pouco daquilo nela! Esta é a pior qualidade, o pior estado!

Aceitar é uma qualidade ruim. Estar nisso e consolar-se de que não há nada horrível nisso é um mau estado: “há um pouco disto e um pouco daquilo em mim”, “eu não sou pior ou melhor do que outros”, “há estes e aqueles”. Quando eu me consolo com esses tipos de pensamentos, eu não serei capaz de alcançar o estado de pecador absoluto ou justo absoluto. Quando eu não consigo chegar a esses estados, eu fico suspenso em algum lugar e me falta o ponto de referência para o avanço.

Do ponto de vista do Criador, não há diferença entre o bem e o mal. Não há duplo sentido do seu ponto de vista: tudo é totalmente bom.

Em nosso estado, em nosso mundo, quando uma pessoa começa a perceber que tudo vem do Criador, ela já está analisando a sua atitude para com o mundo. Se tudo vem do Criador, eu percebo que o mundo vem de uma fonte boa, eterna e perfeita ou percebo que o mundo está cheio de sofrimento, contradições e falta de sentido. Se assim for, eu não acredito, sinto e reconheço que o mundo é realmente eterno, perfeito e bom como Aquele que o criou e o preenche.

Por que precisamos disso? Quando, desde o início, percebemos o mundo como perfeito, bom, eterno e cheio de luz, então o problema está em nós, em nossa percepção do mundo, nas nossas sensações. Quando eu sinto que ele é oposto a esta perfeição que sou capaz de imaginar, então eu avalio a mim mesmo, as minhas qualidades, como oposto e egoísta. No entanto, quando eu não vejo nada de bom no mundo, então eu sou um pecador, eu não estou justificando o Criador, eu O acuso de criar isso. Se eu não sinto nada, então eu nem sequer reconheço o fato de que Ele existe e que Ele criou e mantém tudo isso, em outras palavras, eu nego a presença da força superior.

A pessoa deve entender claramente sua atitude para com o mundo do qual ela vem e como é em relação ao Criador.

Da Convenção de Vilnius 25/03/12, Lição 5