Uma Necessidade Natural

Dr. Michael LaitmanPergunta: Na década de 1920 e 30, um famoso psicólogo Soviético, Vygotsky, introduziu o conceito de “zona de desenvolvimento proximal”, que, entre outras coisas, fala sobre a diferença entre o “Eu” ideal e o “Eu” real. Se esta zona se torna muito grande, em algum ponto o contato entre os dois sistemas se quebra e a pessoa perde o contato com a realidade. O engano e a mentira aparecem, que é o que aconteceu na Rússia. Você vê algum perigo no fato de que é muito grande a diferença entre a imagem ideal de uma sociedade integral e o estado real das pessoas?

Resposta: Você entende o que é uma “necessidade natural”? Se naquela época todas essas idéias eram simplesmente desejáveis na Rússia, em nosso estado atual elas são totalmente necessárias. Se naquela época era possível criar uma sociedade capitalista, e para aqueles que viviam na demolida, pobre, deprimida e livre Rússia, o florescente mundo ocidental parecia um paraíso na terra, hoje já não é este o caso. Hoje, apenas uma única imagem aparece diante de todos nós: a aniquilação absoluta ou o trabalho construtivo num novo nível.

É por isso que eu enfatizo que é necessário estimular constantemente este ponto na pessoa. Outra solução simplesmente não existe.

Da mesma forma, não há outra solução para a atual crise Européia. Eles estão constantemente tentando evitá-la, adiar a decisão até futuras reuniões, prometendo que daí vão pensar em algo. Mas, é claro, não há nada para pensar. Tudo está se dirigindo sabe-se lá para onde, porque ninguém consegue calcular e prever as consequências negativas dessa história sem fim e da destruição forçada que se segue.

Não há outra maneira. Isso é em primeiro lugar.

E segundo, o racha. Acho que aqui devemos nos empenhar num trabalho sério e, mais importante, para desenvolvermos progressivamente a sociedade. Nós só temos um único mecanismo de influência sobre a pessoa: o ambiente circundante. Apenas o ambiente circundante, não existe outra possibilidade. Psicólogos, sociólogos, tudo isso é bom, mas sem a influência de uma sociedade sobre a personalidade, esta não vai mudar, não vai receber deles um propósito que viva internamente.

Se algum especialista me fala sobre tudo isso, eu o ouço, fico assustado por um instante, surpreso, imbuído de um conceito, e estou pronto a realizá-lo, a agir e lutar por algo logo ali e agora. Eu faço promessas a mim mesmo. Mas depois, sem o ambiente, sem a força envolvente a obrigar-me, eu nunca o farei realmente.

Preciso de uma sociedade que defenda esta idéia e um movimento que me obrigue à sua implementação, contando com as minhas qualidades pessoais como a inveja, o ciúme, o desejo de me elevar e realizar-me, e o sentimento de vergonha: quem sou eu comparado a eles, como me pareço aos olhos dos meus filhos e entes queridos. Aqui é preciso utilizar todos os recursos disponíveis (e todos eles são egoístas, uma vez que existem em torno de egoísmo), a fim de obrigar a pessoa a penetrar progressivamente nessa necessidade conscientemente reconhecida de uma unificação integral com os outros.

Especialistas e psicólogos devem liderar isto, e atrás deles, uma parede social, os meios de comunicação de massa.

De uma “Conversa sobre a Educação Integral” # 6, 14/12/11