Contato Num Nível Emocional

Dr. Michael LaitmanPergunta: O objetivo da parte psicológica do curso de educação integral é ensinar as pessoas a se comunicar entre si, a ouvir uma a outra, e desenvolver um contato significativo e profundo entre si. Como isso pode ser feito?

Resposta: Nós precisamos entender o que são os contatos interpessoais.

Eles dizem que não há uma família, se não houver filhos. Para que as pessoas vivem? Suponha que hoje um casal gosta fisicamente um do outro, eles estão satisfeitos fisiologicamente, estão confortáveis juntos. Confortáveis por agora… A criança é uma espécie de meio termo comum, algo que os une.

Quando uma pessoa tenta estabelecer contato com alguém, ela deve claramente ver o que eles têm em comum um com o outro, o que os une. Não é apenas uma junção, mas um lugar comum emocional, fisiológico, físico, social e cultural onde não basta tocar mas como que sobrepor-se um sobre o outro.

Cada indivíduo representa um “círculo”, e até que ponto ele pode sobrepor-se ao “círculo” de outra pessoa define sua capacidade de estabelecer um contato profundo e multidimensional.

Em primeiro lugar, nós precisamos entender que em nosso tempo, o contato entre duas pessoas é tal que seus círculos individuais não se tocam porque seu egoísmo cresceu até o seu estado final, e tudo o que meu círculo engloba não se encaixa em nenhum outro círculo. Eu me sinto tão excepcional, uma personalidade, um egoísta, que não consigo perceber o outro como um indivíduo que tem seus próprios interesses e necessidades.

Para mim, o outro é apenas um objeto de consumo. Se isso me interessa, eu entro em contato com ele, mas eu não o trato como uma pessoa, um indivíduo com seu próprio mundo interior e o círculo de interesses, mas interajo com ele como um consumidor com uma fonte de prazer, e nada mais.

E é assim que nos comunicamos uns com os outros. É conveniente assim: todo mundo tem seu telefone celular, computador e e-mail. Nós nos escondemos atrás deles e, assim, mascaramos a nossa absoluta separação do outro.

Nós vemos como diferentes comunidades gradualmente desaparecem, e nós estamos nos escondendo atrás de nossos monitores, aparentemente socializando, enquanto inventamos novos padrões de regras e comportamento para nós mesmos. Mas tudo isso acontece virtualmente, sem nos unirmos emocionalmente com quaisquer outros círculos. Nós inventamos uma nova linguagem, nos escondendo atrás de outras formas, outras cascas, nos apresentando on line completamente diferentes da forma como realmente somos, usando emoticons ao invés do nosso próprio rosto, ou entrando com nomes diferentes. Em outras palavras, as pessoas estão jogando sem se revelar sob qualquer circunstância. E o egoísmo vai junto com isso; ele se sente bem e confortável.

Nossa principal tarefa é revelar se as pessoas têm algo em comum, e não apenas duas pessoas, mas todas. Isso porque nós estamos falando de uma sociedade integral para a qual a natureza está nos empurrando, por meio de sofrimentos ou pela nossa realização voluntária e dirigindo-nos para este estado brilhante da humanidade. É por isso que ao revelar o que todos nós partilhamos em comum, seremos capazes de fazer contato num nível emocional; não vamos nos esconder, mas pelo contrário, vai tentar nos abrir.

Cada um vai revelar o seu “Eu” interior e colocá-lo acima do “Eu” externo, acima desta imagem, acima de seu primeiro e último nome, acima de sua ocupação e todos os tipos de hábitos, costumes, língua externos, e tudo mais. Seu mundo emocional vai subir acima do seu habitual estado físico, dado a ele pela natureza. Isto é o que precisamos desenvolver na pessoa.

Para isso, nós precisamos mostrar às pessoas que através da unificação entre nós, pela superposição de nossos círculos individuais um no outro, pela ligação com os outros num único mecanismo, não vamos nos transformar em robôs ou nos tornar vulneráveis, como no famoso ditado russo, “Abra sua alma para que alguém possa cuspir nela”. Nós estamos fazendo isso para que em nosso movimento unificado integral, quando formos como um mecanismo analógico unificado, vamos atingir uma meta especial e dar à luz a algo novo, assim como um casal que se une para ter filhos.

Exceto que aqui nós estamos todos dando à luz, criando um estado completamente novo na humanidade, onde não teremos que nos esconder, temer ou lutar para nos livrar uns dos outros de modo a elevar a nós mesmos. Pelo contrário, nossa subida será mútua, precisamente através desta nossa “descendência” comum que vamos cuidar com carinho, constantemente subindo e desenvolvendo.

De uma “Discussão sobre a Educação Integral” # 6, 14/12/11