Um Ladrão Na Irmandade Santa

Dr. Michael LaitmanSe eu desejo que a Luz me influencie de Cima, eu preciso criar meu próprio desejo embaixo, que sirva à Luz superior. Em outras palavras, este desejo deve ser dirigido especificamente para a doação, como a Luz que vem do Doador.

Mas nós não sabemos o que significa o desejo de doar, e poderíamos errar mil vezes sem jamais encontrar a resposta certa. O grupo é dado a nós para que possamos encontrá-la. O grupo está em oposição a todos; ele nos permite trabalhar a partir do “contrário”, porque eu devo amá-los, pensar neles, e cuidar deles, o que não corresponde em absoluto ao meu desejo. Isso me ajuda a ver quão oposto e o quanto eu não correspondo à qualidade de doação, o Criador.

Eu posso aprender tudo através desse trabalho. A principal coisa é ter certeza de não me confundir, e esforçar-me em direção ao Criador, através do grupo. Assim, ele se tornará como o Criador para mim, evocando a mesma repulsa, ódio e falta de desejo.

Isso é porque eu vou perceber o grupo como o local de doação, mas eu não quero doar: eu quero receber dele. Eu gosto de estar com meus amigos, ajudando-os e abraçando-os, porque eu gosto. Mas eu não consigo me conectar com eles a fim de agradar o Criador; isso se espalharia e se tornaria consumido em algum lugar dentro do grupo, numa fonte superior oculta, sem me trazer qualquer compensação em troca. Mas esta é a única forma de alcançar o desejo correto, o que acabará por provocar o despertar do Alto.

O Criador deve ser o meu objetivo final, e não o grupo. Só então eu descobrirei como sou incapaz de me unir com Ele, e eu nem sequer preciso do grupo. Afinal, o Criador é uma espécie de raiz superior oculta, que não me beneficia de forma alguma.

Eu ainda sinto que o grupo é um tanto benéfico: nós nos reunimos, fazemos refeições, organizamos convenções, e nos divertimos. Muitas pessoas no mundo pagariam muito dinheiro para estar neste tipo de grupo, como num clube agradável, para embelezar suas vidas; é impossível encontrar um círculo espiritual e caloroso como este em qualquer outro lugar.

Mas como eu faço para transformar este “clube”, o “ajuntamento de ladrões”, (porque todo mundo quer usá-lo para si e roubar para seu egoísmo) numa “irmandade santa” (Hevra Kadisha), que me elevará ao Criador enterrando meu egoísmo (Hevra Kadisha é também o nome do serviço memorial). É por isso que eu sempre preciso imaginar o Criador por trás do grupo. Somente então ele se tornará um mecanismo que me elevará, porque depois eu vou pensar na doação.

E aqui surge uma questão, se eu quero me conectar a um grupo como este, de modo que o tipo correto de trabalho comece. Caso contrário, o ladrão vai continuar correndo na frente de todo mundo, gritando: “Peguem o ladrão!”. E você não vai saber que o ladrão está correndo bem a sua frente; você continuará pensando que está tudo bem, você está num grupo e está avançando.

Mas nós podemos ver muito bem durante os tempos de descida que quando a pessoa perde o interesse egoísta de estar no grupo, ela não tem desejo por ele, ela perde a conexão e já não deseja participar. É por isso que é muito importante avaliar a atitude correta da pessoa para com o grupo, uma vez que isso determina tudo.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 09/01/12, Shamati # 5