Encalhar Ou Render-se Ao Fluxo?

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “A Essência da Religião e Seu Propósito”: Neste artigo eu gostaria de resolver três questões:

A. Qual é a essência da religião?

B. É a sua essência alcançada neste mundo ou no outro mundo?

C. É o seu propósito beneficiar o Criador ou a criatura?”

Evidentemente, estas três questões cobrem o imenso tema da religião. Então, o que é religião?

Uma pessoa que vive neste mundo tem estas três perguntas sobre sua vida. Ela quer saber: “Quem sou eu? De onde eu venho? Quem me governa? Como é que eu existo? Para onde vou?”.

Os animais não estão preocupados com isso. Eles nascem naturalmente, vivem sob a regra de seus instintos, e morrem sem se fazer todas as perguntas. As perguntas despertam apenas na raça humana, e não em todos. Noventa por cento das pessoas não pensam sobre tudo isso. Elas aceitam o nascimento, a vida e a morte como dadas. O que acontece é óbvio e claro para elas.

No entanto, e se a pessoa pensa em algo maior, sobre a razão? Esta razão vem do Criador.

Como sabemos, cada etapa é dividida em quatro níveis de Aviut, isto é, a profundidade ou a aspereza do desejo. Se uma pessoa já alcançou um nível mais profundo, mais corrupto, ela tem mais perguntas. Ela experimenta vários medos, quer ganhar dinheiro, busca a verdade e se aprofunda. Assim, as pessoas tornam-se cientistas e filósofos, e, em geral, desenvolvem uma atitude particular em relação à vida.

Na última etapa desta escada, a pessoa começa a se relacionar com o que está acontecendo objetivamente, independentemente de si mesma. Não é apenas uma abordagem científica; ela quer descobrir o segredo da vida, apesar de grande interesse pessoal, mantendo-se o máximo possível independente em seu juízo.

Um cientista tradicional obtém dados, ignorando a si mesmo, sem revelar sua própria relação com o assunto. Ele estuda apenas a natureza material, na qual não há respostas às perguntas sobre o significado. É por isso que cientistas e filósofos não conseguem descobrir a dimensão que está acima desta vida, desdobrando-se nos cinco órgãos dos sentidos corporais.

No entanto, se uma pessoa percebe que ela deve revelar a essência da vida acima de sua natureza, para além de si mesma, ela deve se desligar desta vida, superá-la, e tornar-se um verdadeiro cientista. Ela não pode ficar prisioneira de sua própria natureza, que lhe dita a sua visão do mundo e comportamento.

Assim, na busca do sentido da vida, nós devemos chegar a um nível tal onde somos realmente independentes da nossa natureza, que é a coisa mais objetiva e completamente separada de tudo o que existe dentro de nós. Como pode ser isso? Este é um grande problema, e a sabedoria da Cabalá lida com isso acima de tudo.

Nosso progresso na vida é dividido em dois estágios. No primeiro estágio, nós temos que subir para o nível da independência, armados com todas as facilidades, ferramentas e detalhes de percepção necessários para ocupar a “terra de ninguém”, onde não devemos nada a ninguém: nem a este mundo, nem ao mundo futuro, nem ao egoísmo, nem à doação, nem a inclinação ao bem, nem a inclinação ao mal, nem ao Criador, ou à criatura. Nós devemos estar no meio, no lugar chamado Klipat Noga ou o terço médio de Tifferet.

Nós não entendemos como isso pode ser. Afinal, não há nada exceto o Criador e a criatura, nada, exceto a Luz e o Vaso. E já que estamos falando de nós mesmos, da criatura, então, por definição, nós estamos no vaso do desejo criado. Como podemos ser levados a um estado onde não dependemos nem de nós, nem da Luz? Como podemos caminhar no fio da navalha? Quem realmente toma decisões nesta situação, e de que lado nós podemos escolher se somos neutros?

Aqui, temos que entender que fazer uma análise imparcial da nossa vida só é possível se nos elevamos acima de nós mesmos, das nossas próprias propriedades. Assim, pairando no ar, nos tornamos independentes de nós mesmos em primeiro lugar. Então nós, possivelmente, vamos achar que estamos sob a autoridade do Criador e teremos de nos livrar disso também. Como poderia ser de outra forma?

Assim, para responder á pergunta sobre a essência da religião, é necessário entender a origem da minha vida, o que me controla, e para onde vou. Afinal, eu sou levado pelo fluxo, mas esse conhecimento pode me ajudar? Eu poderia mudar o meu destino para melhor?Revelando o sentido da vida, eu poderia melhorá-lo, ou ao contrário, é a minha ignorância uma bem-aventurança?

No final, o que será, será. Assim, a pergunta sobre a essência da religião é muito complexa, e ao abordá-la, temos que resolver algumas tarefas preliminares.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 24/11/11, “A Essência da Religião e Seu Propósito “