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Ynet: “Desculpe-me, Do Que Somos Culpados?”

Da minha coluna no Ynet: “Desculpe-me, Do Que Somos Culpados?

Elul é o último mês no calendário hebraico, por isso é considerado um mês de reflexão sobre o ano passado e uma preparação para o novo ano. Para quê e por quê devemos pedir perdão, e como devemos agir quando a razão é descoberta? Rav Michael Laitman ensina como realmente perdoar.

Quatorze bilhões de anos atrás, o Big Bang ocorreu e o universo foi criado. Uma enorme quantidade de energia que estava concentrada em um pequeno ponto explodiu em todas as direções e o universo começou a se expandir a uma velocidade tremenda. As muitas partículas que foram criadas se juntaram em átomos, e os átomos em estrelas e galáxias. Bilhões de anos depois, o planeta inanimado Terra foi formado, e as plantas e animais se desenvolveram nele até o nascimento da humanidade.

O homem viveu pacífica e calmamente, em equilíbrio com o resto da humanidade e com as forças da natureza, até que, de repente, uma outra explosão ocorreu. “O Big Bang da humanidade” quebrou a unidade pastoral na sociedade humana, e começou a distanciar as pessoas umas das outras, similar à forma como as estrelas no universo continuam a se afastar.

A força negativa, egoísta e inconsciente da separação que operava para nos distanciar foi identificada pela primeira vez por um ser humano chamado Adão. Ele entendeu que deveria curar o abismo entre seus contemporâneos. Visto que ele foi o primeiro a trazer uma mudança substancial no sistema de relações quebradas entre as pessoas, temos o costume de celebrar a sua descoberta em Rosh Hashaná.

Quatorze Bilhões de Anos Atrás, o Big Bang Aconteceu, e o Universo Foi Criado

Desde então, 5.777 anos se passaram. Nós os contamos de acordo com o calendário hebraico, e a cada ano estamos acostumados a reexaminar a essência de nossas vidas e o nosso papel neste mundo. Uma das perguntas que pode nos ajudar a definir a nossa situação é a seguinte: será que nos tornamos mais próximos entre nós este ano acima da nossa tendência natural que nos separa, ou não? Este exame de consciência é chamado de Slichot (pedir perdão) e para interiorizar o seu significado, nós devemos realizar uma curta viagem através do tempo.

Apresentando a Escolha de Israel

Vinte gerações se passaram desde que o ser humano desenvolveu suas observações e foi chamado de Adam HaRishon (O Primeiro Homem), até que a maioria da humanidade se estabeleceu no centro do mundo antigo, a antiga Babilônia.

Neste período, duas forças opostas naturais estavam trabalhando sobre a humanidade: a força da conexão, a força positiva que se esforça para desenvolver a sociedade através da manutenção de conexões de responsabilidade mútua, e oposta a ela, a força da separação, a força negativa que é controlada pela natureza egoísta. A força negativa é o que distanciou e separou os moradores de Babilônia a um nível previamente desconhecido até que, finalmente, pararam de se falar e se tornaram inimigos. Essas forças opostas da natureza que entraram em confronto uma com a outra causaram uma crise difícil, mas tal como uma planta brota de uma semente no solo que as rachaduras abrem, a partir da crise entre as pessoas, uma nova humanidade nasceu.

A fratura social continuou a se desenvolver, e a humanidade foi espalhada sobre a face da Terra. Apenas um pequeno grupo de pessoas decidiu desafiar as forças da natureza e, na verdade, se opôs ao processo de separação. Queimando dentro dessas pessoas estava uma unidade interior que as obrigava a se conectar.

Este grupo escolhido, chamava-se “Israel”, porque o seu desejo é ser Yashar – El (direto a Deus), como a característica da força eterna e completa da natureza. Em outros lugares, eles foram chamados de “hebreus” (Ivrim) porque já haviam se mudado (Avar) para agir de acordo com as leis da natureza, ou “judeus” (Yehudim) porque estavam agindo para se unir (Yichud) e se harmonizar com a natureza.

À frente deste grupo estava Abraão, um pesquisador intransigente que estava procurando o sentido da vida. Ele foi o primeiro a identificar a razão para a crise: o desenvolvimento do egoísmo que separa e distancia as pessoas. Abraão pediu aos seus alunos para serem fortes, para se levantar e fortalecer o espírito de unidade com todas as suas forças acima da terrível cisma. Seus esforços em se conectar despertou uma força positiva inerente à natureza. Esta força equilibrou a tendência negativa e os conectou em uma ligação forte que foi chamada de “um homem em um só coração”. A partir desses esforços, Abraão desenvolveu um método para a conexão que ele ensinou a todos os que vieram a ele. Esse método possibilitou que os membros do grupo começassem a desenvolver um sistema de relações entre eles com base em doação, amor e responsabilidade mútua que eles chamaram de Beit HaMikdash (Templo).

O Ponto de Viragem na História da Humanidade

Uma vez que os filhos de Israel atingiram um nível máximo de conexão entre eles, a situação deteriorou-se, e as conexões se enfraqueceram. Eles entenderam que, a fim de fortalecer as conexões entre eles, eles precisavam estar conectados a seus irmãos Babilônicos que tinham se dispersado e se tornado as setenta nações do mundo. O amor fraternal foi substituído pelo ódio infundado, levando não só à destruição do sistema de relações do “Templo”, mas também à destruição do Templo físico e continuou com a queda do reino unido de Israel. A força do ego continuou a dividir os Babilônios e semeou o ódio em todas as direções.

Um Ano Bom e Doce.

Por 2.000 anos, os judeus foram assimilados entre as nações do mundo. Por um lado, a centelha que Abraão semeou no povo de Israel começou a florescer no coração da humanidade, e, por outro lado, os Judeus absorveram novos desejos e opiniões egoístas. A conclusão da fusão mundial marca o ponto de partida para um processo real que está levando a um ponto de viragem na história da humanidade.

Slichah, O Erro Entre a Realidade e o Desejo

No mundo global e conectado dos nossos dias, o povo de Israel e as setenta nações do mundo estão imersos juntos em um problema comum, um pouco como Adam HaRishon 5.777 anos atrás, ou Abraão 3.500 anos atrás. A crise dramática que nos visitou, hoje, é resultado do mesmo desequilíbrio entre as forças opostas da natureza. O ego cria conflito e divisão, e nos leva a nos distanciar uns dos outros. Em contraste, o poder da conexão desenvolve as pessoas, consertando as peças quebradas em um sistema completo e harmonioso.

Nas primeiras gerações, não compreendíamos como as forças da natureza operavam porque não tínhamos as ferramentas em nossas mãos para fazer isso, mas uma vez que um ponto de conexão foi criado pela primeira vez na Babilônia, fomos obrigados a reforçar e a desenvolver quando confrontados com todos os estados de separação. Abraão nos deixou um método e uma missão: fornecer ao mundo o poder da conexão até que ele atinja um estado harmonioso e equilibrado.

A fim de não cometer um erro no caminho para o destino que a natureza colocou diante de nós, precisamos realizar uma limpeza diária na casa e analisar em profundidade o quanto temos avançado em direção à conexão entre nós e se ainda estamos a caminho para a mesma rede da completa conexão que Adam HaRishon descobriu.

Este esclarecimento essencial é chamado de Slichot, a descoberta da diferença entre as forças da natureza que aspiram à unidade e nossa falta de vontade em se unir. É simbolicamente habitual para nós, antes de Rosh Hashaná, esclarecermos juntos o quanto estamos agindo de acordo com as leis da natureza de todo o sistema. A esse respeito, nós confessamos que, “Nós somos culpados, traímos, roubamos …” e lamentamos a oportunidade que estava em nossas mãos de realizar a conexão entre nós e não o fizemos. Agora é o momento certo para considerar um novo caminho para a conexão.

Eu espero, desejo e oro por um ano de mudança, um ano da construção de um sistema de relações corretas entre nós.

Feliz ano novo a todos os filhos de Israel!

Do Ynet 02/06/16

Ynet: “Como Construímos Jerusalém Se Há Uma Ruína Em Nosso Coração?”

Jerusalém, o Monte do Templo e o Templo incorporam dentro deles muito mais do que aquilo que vem à mente quando pensamos neles pela primeira vez. O seu significado espiritual nos leva ao entendimento necessário de que a conexão entre nós não é apenas para o nosso benefício, mas para o benefício de toda a humanidade.

Quarenta e nove anos atrás, paraquedistas entraram em Jerusalém, libertaram a Cidade Velha, e a uniram. Parece que não há nenhuma cidade do mundo em que cada pedra dentro dela está mergulhada em uma história tão importante para a formação da espécie humana. A cidade que dá esperança a um povo inteiro é hoje o foco de anúncios ultrajantes desprovidos de toda a lógica da UNESCO, de que “o povo judeu não tem nenhuma ligação religiosa com o Monte do Templo e o Muro das Lamentações”.

As organizações internacionais estão tentando cortar a conexão entre o povo judeu e sua herança. A UE intervém em todas as atividades na cidade, e devido ao ritmo dos acontecimentos, não se surpreenda se o mundo iluminado acordar amanhã de manhã e decidir que Jerusalém não está ligada à nação de Israel, e isso não significa apenas a separação de Jerusalém Oriental.

Incansáveis ​​esforços e dinheiro são investidos na criação de uma falsa consciência, que deve despertar essa questão no coração de cada um de nós: Como pode ser que a capital de Israel – uma cidade antiga que engloba em si a história abundante do povo de Israel, nossa religião e cultura, a cidade onde dois templos foram construídos e, infelizmente, também destruídos – é passível de ser apagada do mapa da terra de Israel? Em geral, de onde veio uma oposição tão determinada entre as nações do mundo para reconhecer Jerusalém como a capital de Israel? O que isso diz sobre a atitude negativa em relação a nós como povo?

Nós Temos a Chave para os Portões

A sabedoria da Cabalá mantém que a razão para essa perseguição está em não termos percebido nosso papel como povo, um papel que está enraizado em nós desde a natureza da criação, sobre cuja base o povo de Israel foi estabelecido. De acordo com a sabedoria antiga, a humanidade está ligada por uma rede de ligações mútuas. Nessa rede, o povo de Israel se destinava a ser “uma luz para as nações”, ou seja, ligado de modo que a força positiva que é inerente à natureza fosse transmitida ao mundo e funcionasse para conectar as pessoas e nações.

O mundo inconscientemente sente que a fonte de todo o mal e a raiz do sofrimento experimentado vem diretamente do fato de que o povo de Israel não realiza o seu papel. Esse sentimento continua a borbulhar cada vez mais, e está se cristalizando em uma agenda que se expressa nas tentativas de boicotar a nação de Israel. Vozes da comunidade internacional estão pedindo o reconhecimento de que o mundo estava enganado quando permitiu o estabelecimento da nação judaica no Oriente Médio e que talvez chegou a hora de tomar o cetro.

Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam) escreve:

“O judaísmo deve apresentar algo novo às nações. Isto é o que elas esperam do retorno de Israel à terra! Não é por meio de outros ensinamentos, no que nunca inovamos. Neles, nós temos sido sempre seus discípulos. Pelo contrário, é a sabedoria da religião, da justiça e da paz. Nisso, a maioria das nações são nossos discípulos, e essa sabedoria é atribuída somente a nós. … ”

“Isso certamente provaria às nações o acerto do retorno de Israel à sua terra, mesmo para os árabes. No entanto, um retorno secular como o de hoje não impressiona as nações, e nós temos que temer que elas vendam a independência de Israel para as suas necessidades, sem mencionar o retorno para Jerusalém”. (Rav Yehuda Ashlag, Baal HaSulam, “Os Escritos da Última Geração”, Parte 1, Seção 12, pp. 75-76).

A UNESCO, a ONU, a UE e o resto dos organismos internacionais que nos protegem são uma espécie de reflexão para nós sobre a falta de cumprimento de nossa função. Em outras palavras, nós estamos determinando nosso destino com nossas próprias mãos. Se o mundo está exibindo tanto ódio e antissemitismo em relação a nós que negam a conexão entre o nosso povo e a nossa casa, isso depende apenas de nós. Em nossas mãos está a escolha para decidir o futuro de Jerusalém como a capital de Israel, para melhor ou para pior. O que cabe a nós é decidir implementar uma mudança essencial nas relações interpessoais entre nós, conectando-se como “um homem em um só coração”, em vez de cada pessoa estar preocupada apenas com ela mesma. Como resultado da força positiva que criamos entre nós, nós equilibramos as forças de separação e levamos a termo o sistema de conexão entre as pessoas. As forças de conexão entre nós, também vão permear as nações do mundo e obrigá-las a iniciar um processo similar, para nos conectar e reconhecer como a origem da ligação e bondade.

Jerusalém está edificada como uma cidade que é compacta” (Salmos 122:3)

De acordo com a sabedoria da Cabalá, há uma ligação paralela e direta entre o sistema chamado de terra espiritual de Israel e o estado da terra física de Israel. O desejo (Ratzon) que está no coração de uma pessoa é chamado de Eretz, a terra de Israel (Eretz Yisrael), que tem um desejo Yashar El (Direto a Deus), o que significa que tem desejos narcisistas, mas só de amor pelos outros (Os Escritos do Rabash). Jerusalém vem das palavras “Ir Shalem” (Cidade Perfeita/Plena) e Irah – (Medo), uma cidade que é construída sobre o medo da separação, representando o sentimento da necessidade em preservar a conexão aperfeiçoada entre nós.

No centro do medo compartilhado de Israel, bem no coração da conexão entre nós, um estrato espiritual único é revelado que é chamado de Monte do Templo. Nele, nós podemos construir o Templo, um termo para uma conexão mais interna entre nós, um desejo compartilhado por amor. No momento em que paramos de lutar pela conexão interna, as ligações começam a se desvencilhar, e o povo de Israel é expulso. Quando as raízes escondidas na terra são arrancadas, isso mata a árvore inteira. É assim que o primeiro Templo foi destruído, é assim que o segundo Templo foi destruído, e é assim que tem continuado até hoje. E essa não é a destruição de um edifício construído em madeira e pedra, mas a destruição da rede de amor entre nós que se conecta em um. Isso porque “A casa [Jerusalém] foi arruinada por causa do ódio infundado” (Rabbi Israel Segal, Netzah Israel, Capítulo 4).

A mesma regra se aplica em nossos dias, “De acordo com a conexão do povo de Israel e seu despertar para o amor e o medo, Jerusalém é construída” (Koznitzer Maguid). Jerusalém será construída apenas quando a estabelecermos pela primeira vez em nossos corações com as relações corrigidas de conexão e amor. Até então, o ódio infundado vai continuar, e Jerusalém continuará como a capital em ruínas até lá, como uma cidade dividida, cheia de conflitos e derramamento de sangue, pois em vez de um lugar onde mora o amor, depois da destruição, o poder de separação e ódio domina.

“O Messias se senta na porta de Jerusalém e espera que as pessoas sejam dignas de redenção. Ele está algemado e precisa de pessoas completas para libertá-lo de suas correntes. … Agora ele almeja homens de verdade” (Ditos do Rabino Menachem Mendel). A sabedoria da Cabalá, a sabedoria da verdade, é um método que nos ensina como conectar e aplicar a regra geral: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18). Com a ajuda do poder de conexão, nós podemos realizar o nosso papel como uma nação e restaurar o conceito espiritual de Jerusalém para toda a sua glória.

Então, Jerusalém será a capital do amor para toda a humanidade. Como está escrito: “No futuro, Jerusalém será como todos de Israel, e Israel será o mundo inteiro” (o Yalkut Shimoni). Então o mundo vai entender as palavras dos profetas: “… pois a minha casa será chamada de casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:7), e “porque todos me conhecerão do menor ao maior” (Jeremias 31:33).

O que mais os sábios da Cabalá escrevem sobre Jerusalém?

Do artigo no Ynet 02/06/16

Como Um Feixe De Juncos

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Posfácio

A humanidade merece estar unida numa única família. Nessa altura todas as discussões e a má vontade que derivam das divisões das nações e suas fronteiras cessarão. Contudo, o mundo necessita de mitigação, através da qual a humanidade será aperfeiçoada através das características únicas de cada nação. Esta carência é o que a Assembleia de Israel complementará.

– O Rav Kook, Orot HaRaaiah [Luzes do Raaiah], Shavuot, p. 70

Não foi fácil escrever este livro. Eu escrevi dezenas de livros, mas nenhum foi tão emocionalmente exigente ou intelectualmente desafiante. Durante muitos anos até então, eu conheci a tarefa que se encontra perante nós, mas sempre hesitei acerca de escrever diretamente aos meus irmãos Judeus. Não desejo ser percebido como condescendente ou arrogante, e ser tediosamente enfadonho ou repreensivo não está propriamente na minha lista de “coisas a fazer”.

Todavia, os meus estudos de Cabalá com o Rabash ensinaram-me que a direção na qual o mundo está se movendo está alinhada para acabar em mutilação. Foi por isso que o pai do Rabash, o Baal HaSulam, bem como seu filho, estavam mais propensos a circular a sabedoria oculta como uma cura para o crescente egoísmo da humanidade que qualquer outro Cabalista anterior.

Baal HaSulam estava ansioso com a crescente interdependência global no princípio dos anos 1930, quando poucas pessoas no mundo sequer estavam conscientes do processo. Ele sabia que isso conduziria a uma crise insolúvel se a humanidade não apoiasse essa dependência mútua com garantia mútua, que a natureza humana não seria capaz de tolerar o contraste entre interdependência e aversão mútua.

Ao mesmo tempo, até na fase inicial da nossa globalização, Baal HaSulam percebeu que o processo era irreversível, que porque somos partes de uma única alma, um único desejo, estamos naturalmente conectados. Ele também sabia, como todos os sábios citados neste livro, que a meta para a qual fomos criados não foi para que as pessoas fossem estranhas e odiosas, mas para se conectarem e se unirem através da qualidade de doação.

Hoje vemos quão certo ele estava. Nós estamos desesperadamente conectados de forma enferma, e veementemente rancorosos acerca disso. Nossos sistemas sociais, tais como a economia, saúde e educação, assumem que a má vontade é a base das relações humanas, e desta forma cada entidade cobre  a si mesma através de regulamentações, legislações e solicitadores.

Mas este modus operandi é insustentável. Como as boas famílias assumem a boa vontade entre membros da família, todos os membros da humanidade têm que aprender a confiar uns nos outros.

Contudo, como demonstrado no decorrer do livro, como nossos egos evoluem constantemente e enfatizam nossa singularidade em vez de nossa união, nós precisamos de um método para nos ajudar a alcançar a união acima de nossa disparidade, sem suprimir ou anulá-la. Esse método está enraizado no património espiritual de nosso povo, e é a dádiva dos Judeus à humanidade, a salvação que todas as nações esperam dos Judeus.

A dádiva que pode ser entregue através da sabedoria da Cabalá, através da Educação Integral, pelo meio que Baal HaSulam sugeriu em A Nação, ou por qualquer outro meio que renda uma mudança fundamental na natureza humana da divisão para a união, da animosidade para a empatia e preocupação. Se alcançarmos essa união, então quanto mais diferirmos na nossa personalidade, mais forte e quente será nosso laço. Como Rabi Nathan Sternhertz o descreveu, “Depende principalmente do homem, que é o coração da Criação, e do qual tudo depende. É por isso que ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’ é a grande klal [“regra”, mas também “coletivo”] da Torá, para incluir nela união e paz, que é o coração da vitalidade, persistência, e correção do todo da criação, pelas pessoas de visões diferentes sendo incluídas juntas em amor, união e paz”. [i]

Certamente, a beleza de nosso povo está na sua união, sua coesão. Nossa nação começou como um grupo de indivíduos que compartilharam um desejo comum: de descobrir a força essencial da vida. Nós descobrimos que ela era, numa palavra, “amor”, e nós a descobrimos porque desenvolvemos essa qualidade dentro de nós. Essa força de amor nos uniu, e no espírito do amor, procuramos compartilhar nossa descoberta com qualquer um que o quisesse.

Com o tempo, perdemos nossa conexão, primeiro uns com os outros, depois com a força que havíamos descoberto através de nosso laço. Mas agora o mundo precisa que reacendamos esse laço, primeiro entre nós, e posteriormente entre toda a humanidade.

Nós somos uma nação privilegiada, uma nação com a dádiva do amor, que é a qualidade do Criador. Receber esta dádiva é a meta para a qual a humanidade foi criada, e nós somos o único canal pelo qual este amor pode fluir a todas as nações. Desde a aurora da humanidade, “nunca tão poucos deveram tanto a tantos”, para parafrasear as palavras de Winston Churchill. Contudo, nunca tão poucos foram capazes de dar tanto a tantos.

Certamente, como Baal HaSulam diz, “Cabe à nação Israelita qualificar a si mesma e a todas as pessoas do mundo… a se desenvolverem até que tomem sobre si mesmas essa obra sublime do amor ao próximo, que é a escada para o propósito da Criação, que é Dvekut [equivalência de forma] com Ele”. [ii]

[i] Rabino Nathan Sternhertz, Likutey Halachot [Regras Sortidas], “Regras de Tefilat Arvit [Oração da Noite]”, Regra n.4.

[ii] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “O Arvut [Garantia Mútua]”, item 28 (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 393.

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 7

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Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Nosso Privilégio, Nosso Dever, Nosso Tempo

Uma última coisa precisa ser mencionada a respeito da educação de adultos, jovens e crianças. Nenhuma forma de Educação Integrada terá sucesso se ela visar melhorar somente nossas vidas materiais. Embora esta seja uma meta desejável, ela não será alcançada sem um profundo entendimento de que toda a humanidade está avançando para uma era de interconexão e interdependência porque essa é a Lei da Natureza.

As pessoas não precisam chama-la de “Criador”. Não há necessidade de alguém aspirar a alcançar um nível superior, mais profundo, mais amplo de percepção, a menos que seja sua vontade. Contudo, as pessoas terão que saber que a equivalência de forma, ser como a Lei da Natureza, ou seja, interconectado, nos impulsiona para adaptarmos nosso modo de vida correspondentemente.

Aqueles que dispõem o currículo e desenham os programas de estudo terão que ser como descrito, ou seja, Cabalistas. Dito isso, os estudos de Cabalá nunca serão mandatários porque somente aqueles que desejam transformar a si mesmos, dedicar a si mesmos ao serviço dos outros, e genuinamente desejam adquirir a qualidade de doação se devotarão a esta vocação.

Certamente, tal transformação social é uma tarefa robusta. Todavia, nós Judeus já fomos anteriormente transformados, e quer esteja dormente ou desperta, a reminiscência dessa transformação existe dentro de todos nós. A nenhuma outra nação foi dada a tarefa de redimir a humanidade, como aos Judeus, e a nenhuma outra nação foram dadas as ferramentas inerentes para fazer isso. É nosso chamado, é nosso privilégio, é nosso dever e é nossa hora. É a partir desse sentido de compromisso que o método sugerido de educação foi concebido.

Pode soar como um método um pouco ortodoxo, mas suas fundações estão profundamente enraizadas dentro de nossa história e dentro de nossas almas, e seus “princípios” foram testados com sucesso por outras doutrinas. Ele terá sucesso se nos unirmos, e ele fracassará se não o fizermos. Como nossos sábios disseram, “Grande é a paz, pois até quando Israel idolatra, mas há paz entre eles, o Criador diz, ‘É como se eu não conseguisse governa-los porque há paz entre eles’”. [i]

Eu gostaria de terminar com uma referência às palavras de Baal HaSulam no fim da sua “Introdução ao Livro do Zohar”. Ele conclui sua introdução com uma afirmação de que se Israel levar a cabo sua missão e trazer felicidade ao mundo através da união e aquisição da qualidade de doação, as palavras do Profeta Isaías se realizarão, e as nações se juntarão a nós e nos ajudarão na nossa missão. Como Baal HaSulam cita, “Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a minha mão para os gentios, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros’” (Isaías 49:22).

[I] Midrash Rabah, Bereshit (Gênese), Porção 38, Parágrafo 6º.

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 6

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Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Crianças Educadas Integralmente

Enquanto adultos devem assumir responsabilidade por mudar positivamente seus meios sociais, a situação é muito mais complicada no que diz respeito a crianças e jovens. Aqui é responsabilidade dos adultos, professores e educadores, seja através de iniciativas privadas ou com o apoio do governo, construir este meio que induz à coesão.

O atual sistema de educação promove uma competição sem trégua. Por si mesma, a competição é natural e não é naturalmente negativa. Mas se considerarmos a cultura competitiva de hoje e o que ela está fazendo conosco, e ainda mais com os nossos filhos, é claro que estamos empregando mal esse traço.

Em Sem Concurso: O Caso Contra a Competição, Alfie Kohn, um conhecido dissidente da competição, citou o psicólogo, Elliot Aronson: “Desde o jogador de futebol da escolinha de futebol que irrompe em lágrimas depois de sua equipe perder, aos estudantes de segundo grau no estádio de futebol cantando ‘Somos o número um!’; desde Lyndon Johnson, cujo juízo foi quase certamente distorcido pelo seu desejo frequentemente afirmado de não ser o primeiro Presidente Americano a perder uma guerra, a um aluno da terceira classe que despreza seu colega de turma por uma performance superior num teste de aritmética, nós manifestamos uma vacilante obsessão cultural pela vitória”. [i]

Certamente, bibliotecas e a Internet são abundantes em estudos que indicam que a competição e o individualismo são maus e que a colaboração e a cooperação são boas, tanto no trabalho como na escola. Jeffrey Norris publicou uma história no Centro Noticioso da UCSF, intitulada, “O Prémio Nobel de Yamanaka Salienta o Valor do Treinamento e Colaboração”. Nessa história, argumentou Norris, “O solitário cientista trabalhando até tarde à noite para completar uma experiência inovadora que conduz a um momento Eureka de alegria solitária é uma cena comum dos filmes de Hollywood, mas na ciência da realidade é um envolvimento altamente social”. [ii] Mais tarde, na seção, “Colaboração Sinérgica Impulsiona o Progresso”, ele acrescenta, “Nos moldes abertos dos modernos edifícios de laboratório, cada investigador cientifico principal trabalha com vários colegas pós-doutorados, estudantes graduados e técnicos, e um visitante não sabe dizer onde termina um laboratório e começa o outro. Ideias científicas e camaradagem são nutridas no meio interativo”. [iii]

E como na escola. Numerosas experiências foram já conduzidas sobre os benefícios da colaboração no sistema de educação. Num ensaio chamado, “Uma História de Sucesso da Psicologia Educativa: Teoria da Interdependência Social e Aprendizagem Cooperativa”, os professores da Universidade do Minnesota, David W. Johnson e Roger T. Johnson apresentam o caso para a teoria da “interdependência social”. Em suas palavras, “Mais de 1200 estudos de investigação foram conduzidos nas últimas onze décadas sobre esforços cooperativos, competitivos e individualistas. Os achados destes estudos validaram, modificaram, refinaram e prolongaram a teoria”. [iv]

Os autores avançaram para detalhar o que estes estudos haviam descoberto. Os pesquisadores compararam a eficácia da aprendizagem cooperativa à frequentemente usada aprendizagem individual e competitiva. Os resultados foram inequívocos. Em termos de responsabilidade individual e responsabilidade pessoal, eles concluíram, “A interdependência positiva que une membros de grupo está postulada para resultar em sentimentos de responsabilidade por (a) completar nossa quota do trabalho e (b) facilitar o trabalho de outros membros do grupo. Além do mais, quando a performance de uma pessoa afeta o resultado dos colaboradores, a pessoa sente-se responsável pelo bem-estar dos colaboradores, bem como o seu próprio bem-estar. Falhar por si só é ruim, mas falhar para com os outros é pior”. [v] Em outras palavras, a interdependência positiva torna pessoas individualistas em preocupadas e colaboradoras, o completo oposto da presente tendência de crescente individualismo até ao ponto do narcisismo. [vi]

Johnson e Johnson distinguem entre interdependência positiva e interdependência negativa. A positiva envolve “… uma correlação positiva entre as metas e realizações dos indivíduos; os indivíduos percebem que podem alcançar suas metas se e somente se os outros indivíduos com os quais estão cooperativamente ligados alcançam suas metas” . [vii] A negativa significa que “indivíduos percebem que podem obter suas metas se, e somente se, os outros indivíduos com os quais estão competitivamente ligados falharem em obter suas metas”. [viii]

Para demonstrar os benefícios da colaboração, os investigadores mediram as concretizações de estudantes que colaboraram em comparação com aqueles que competiram. Em seus achados, “Descobriu-se que a pessoa mediana cooperativa concretiza cerca de dois terços de um desvio padrão acima da pessoa mediana atuando dentro de uma situação competitiva ou individualista”. [ix]

Para compreender o sentido de tal desvio acima da média, considere que se uma criança é um estudante de média 2, ao cooperar, as notas desse estudante vão saltar para uma média impressionante de 4\5. Os Johnsons também escreveram, “Cooperação, quando comparada com esforços competitivos e individualistas, tem tendência de promover maior retenção a longo-prazo, elevada motivação intrínseca e expectativas de sucesso, mais pensamento criativo… e mais atitudes positivas para a tarefa e a escola”. [x] Em outras palavras, não só as crianças se beneficiam desta atitude pró-social, mas a sociedade como um todo ganha impulso.

No princípio de 2012, eu escrevi em conjunto com o Professor de Psicologia e terapeuta Gestalt, Dr. Anatoly Ulianov, um livro intitulado, A Psicologia da Sociedade Integral. O livro detalha os fundamentos da Educação Integral (EI), com referências específicas à sociedade competitiva de hoje. Em essência, o livro sugere que uma vez que a competição é inerente à natureza humana, como detalhado anteriormente neste livro com respeito à aspiração falante por riqueza, poder e fama, não a devemos inibir. Em vez disso, ao invés de competir para ser rei (ou rainha) do meu bairro, por assim dizer, podemos nutrir uma atmosfera social que promova a competição para a pessoa que contribui mais com as outras.

Especificamente, aqueles que deviam ser declarados vencedores são indivíduos que fizeram mais para tornarem os outros melhores. Num sentido, é uma competição para ser aquele que ama mais os outros. Assim, o impulso natural das crianças de se sobressair, e especificamente, se sobressair às outras, não é inibido, permitindo que elas atualizem seu completo potencial ao canalizá-lo para beneficiar a sociedade, em vez delas mesmas, uma vez que a única maneira de vencer este tipo de competição é serem as melhores ao serem boas. Desta maneira, a competição torna-se uma ferramenta para alcançar a qualidade de doação nas crianças.

Para criar este tipo de atmosfera saudável, relações colega-a-colega e relações estudante-a-estudante devem refletir estes valores pró-sociais. Isto envolve algumas modificações no estilo tradicional de ensino. A premissa na EI é que o desafio principal de hoje na educação não é a transmissão de informação, mas em vez disso inculcar capacidades com as quais se adquire informação rapidamente e de uma maneira que sirva melhor as várias metas dos estudantes.

Esta é uma mudança do paradigma tradicional, que resulta do fato de que a vida hoje é muito diferente do tempo da Revolução Industrial, durante a qual foi concebido o conceito do lecionar a informação de frente. Na Era da Informação, os dados se acumulam tão rápido que as experiências passadas só podem servir como uma base para uma posterior aprendizagem. Em preparação para o mundo adulto de hoje, as crianças escolares precisam aprender como aprender mais do que precisam para absorver informação.

Adicionalmente, devido à natureza interconectada e interdependente do mundo de hoje, desde cedo as crianças precisam compreender que o interesse pessoal sozinho não conduzirá à felicidade. Em vez disso, como Johnson e Johnson demonstram, a consideração mútua e a abertura aos outros promoverão melhor suas chances de sucesso e felicidade.

Mas as crianças precisam experimentar sua interconexão do mundo na vida real, e não escutar somente ou falar sobre isso. Uma maneira prática de alcançar isto é ao transformar a sala de aula num microcosmo, um pequeno meio ambiente, uma pequena família onde todos se preocupam uns com os outros.

Para esse fim, a EI propõe que estudantes e professores, ou “educadores,” como eles são referidos na EI, se sentem em círculos, e a aprendizagem tomará lugar através de discussões animadas, sobre o assunto estudado. Os círculos colocam o educador e estudantes no mesmo nível, para que o educador possa gentilmente guiar a discussão para a aprendizagem, e ainda mais importante, para o entendimento mútuo sem ser arrogante ou dominador.

Outro assunto importante é o currículo escolar. Isto deve refletir a natureza interligada do mundo. O currículo também deve apoiar a integração dos tópicos. Assim, o campo de estudo tal como a matemática, física e biologia não serão leccionados separadamente, mas dentro do contexto da Natureza como um todo, que é como as leis das três disciplinas na realidade funcionam.

A integração deve ser inerente ao próprio estudo, e é muito provável ver estudantes aplicarem das leis da biologia aos seus estudos nas humanidades. Afinal, a humanidade foi rotulada como “um superorganismo,” então aplicar as leis da biologia à sociedade humana parece uma evolução natural.

Também notável é o ponto de que na EI, os educadores não são professores, mas estudantes mais velhos. Isto aumenta a coesão geral e camaradagem entre estudantes de diferentes grupos etários, a desenvolver aptidões verbais e pedagógicas dos jovens educadores e induz uma muito mais profunda assimilação de informação nos tutores porque eles a têm que ensinar.

Mas, acima de tudo, quando os jovens tutores ensinam em vez de professores adultos, os problemas de disciplina se tornam virtualmente obsoletos. Porque crianças mais novas naturalmente aspiram a crianças que são mais velhas que elas em dois ou três anos, em vez de ressentir os educadores, como frequentemente sentem com os professores adultos, elas procuram favorecê-los e concorrem para ser o melhor estudante aos olhos do tutor. Casar essa aspiração com o desejo de ser o melhor ao ser bom, e você tem em suas mãos uma atmosfera escolar para as qual as crianças terão prazer de ir de manhã, e na qual elas crescerão para se tornarem adultos confiantes e pró-sociais.

Condizendo aos propósitos da EI, a própria aprendizagem tomará lugar em grupos, pois ela é a forma mais vantajosa de estudo para nutrir aptidões sociais e para inculcar informação, de acordo com os mencionados estudos da Johnson e Johnson. Assim, a avaliação de um estudante não se relacionará à sua habilidade de memorizar e recitar num teste padronizado. Em vez disso, avaliações serão dadas aos grupos, em vez de indivíduos. Isto aumentará ainda mais a sensação de responsabilidade do grupo e responsabilidade mútua entre os estudantes.

Com isso dito, professores e educadores regularmente enviarão relatórios aos pais e administradores escolares a respeito do progresso social e educativo das crianças. Porque os professores estarão muito mais próximos dos estudantes do que os métodos de ensino de hoje permitem, eles verão que um problema surge com uma criança antes que ele se deteriore numa grande crise.

Uma vez por semana, os estudantes devem abandonar o edifício escolar e saírem em excursões. Para conhecerem o mundo em que vivem, o sistema educativo deve fornecer-lhes em primeira mão o conhecimento das instituições que afetam suas vidas, as autoridades governamentais, a história e natureza dos lugares em que elas vivem. Tais excursões devem incluir museus, passeios em parques próximos, visitas às comunidades agrárias, visitas a fábricas, hospitais e excursões a instituições governamentais, estações de polícia e assim por diante.

Cada uma destas excursões irá necessitar de preparação que equipará os estudantes com conhecimento prévio do lugar que estão prestes a visitar, o papel desse lugar na sociedade, do que ele contribui, possíveis alternativas e as origens desse lugar ou instituição.

Por exemplo, antes de uma excursão à esquadra de polícia local, os estudantes pesquisarão o tópico da polícia na Internet, se possível com informação específica sobre a esquadra que estão prestes a visitar. Eles aprenderão como a polícia chegou ao seu presente modo de ação, como ela se encaixa dentro do tecido da vida na nossa sociedade e que alternativas para a polícia podemos imaginar.

Desta maneira, as crianças aprenderão sobre o mundo em que vivem, desenvolverão pensamento criativo para imaginar um futuro mais desejável, praticarão trabalho de equipe, e melhorarão suas aptidões de aprendizagem. Depois da excursão, maiores discussões permitirão aos estudantes partilhar o que aprenderam, tirar conclusões, fazer sugestões e comparar o que descobriram com as noções que tinham a respeito do tópico em discussão antes da excursão.

Há muito mais a dizer sobre as escolas de EI, tal como em respeito das relações de pais-escola-estudante, abordagem aos trabalhos-de-casa, horas escolares recomendadas, feriados, políticas de punição ou não, etc. Desenvolver mais este tópico está além da amplitude deste livro, mas a ideia ao redor da EI deve ficar clara: as crianças precisam aprender em meio ambiente interligado e experimentar em primeira mão os benefícios e diversão associados a viver em tal meio ambiente.

[i] Elliot Aronson, O Animal Social, pp 153-54, citado em: Alfie Kohn, Sem Concurso: O Caso Contra a Competição (NY: Houghton Mifflin Company, 1986), 2.

[ii] Jeffrey Norris, “Destaques do Prêmio Nobel Prize de Yamanaka, Valor do Treinamento e Colaboração” UCSF News Section (11 de outubro de 2012), url: http://www.ucsf.edu/news/2012/10/12949/yamanakas-nobel-prize-highlights-value-training-and-collaboration

[iii] ibid.

[iv] David W. Johnson e Roger T. Johnson, “Uma História de Sucesso da Psicologia da Educação: Teoria da Interdependência Social e Aprendizagem Cooperativa”, Pesquisador Educacional 38 (2009): 365, doi: 10,3102 / 0013189X09339057

[v] Johnson e Johnson, “Psicologia da Educação História de Sucesso”, 368

[vi] Livros sobre narcisismo abundam na sociedade americana. Bons exemplos são: Jean M. Twenge e W. Keith Campbell, A Epidemia do Narcisismo: Vivendo na Era da Titularidade (New York: Free Press, uma divisão da Simon & Schuster, Inc. 2009), e Christopher Lasch, A Cultura do Narcisismo: A Vida Americana numa Era de Expectativas Decrescentes (EUA: Norton & Company, em 17 de maio de 1991)

[vii] ibid.

[viii] ibid.

[ix] Johnson e Johnson, “Psicologia da Educação História de Sucesso”, 371

[x] ibid.

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 5

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

As Chaves Para A Unidade

Para conceber uma sociedade mais coesa, cujos membros são responsáveis uns pelos outros, as pessoas precisam cultivar algumas regras básicas.

1) Comida e outras necessidades: primeiro e mais importante, as pessoas devem ter segurança alimentar. Sem a confiança de que possam alimentar seus filhos e a si mesmas, as pessoas não irão sentir que são partes integrais da sociedade, elas estarão constantemente lutando por comida (se não fisicamente, mentalmente).

Além disso, é imperativo que as pessoas tenham segurança suficiente sobre educação, habitação, vestuário e serviços médicos. Tudo o acima irá variar dependendo do nível médio de vida em cada localidade, mas o sustento básico deve ser fornecido para todos em um nível que preserve sua dignidade como seres humanos e como membros integrais da sociedade.

Em troca de garantir sustento básico, todos os membros da sociedade vão passar por alguma forma de treinamento, que irá ajudá-los a compreender a natureza interconectada e interdependente de nosso mundo — por isso é que estão recebendo esses serviços. Eles vão aprender que uma sociedade que garante seu bem-estar implica também alguns deveres. Isto vai se relacionar com as atitudes das pessoas entre si, bem como sua contribuição de tempo ou de serviços para o bem comum.

Por exemplo, a certeza de que todas as crianças recebem educação básica não tem que custar ao estado um centavo. Pode ser feito através de professores desempregados que voluntariamente trabalham em troca de um sustento básico. Esta medida contribuirá significativamente para a coesão social da comunidade e juntamente com a formação acima mencionada será percebida como participando na formação de um mundo melhor, dando assim às pessoas mais um incentivo positivo para para se esforçar pela comunidade.

2) A formação (treinamento): nós já mencionamos a formação que vai ajudar as pessoas a entender a natureza do nosso mundo interconectado e interdependente. O paradigma social da Educação Integral sugere que todos os cidadãos, inclusive todos os residentes do país vão participar nesta formação.

A formação tem uma dupla finalidade: social e econômica. A finalidade econômica, que é mais um benefício suplementar do que uma meta real em si, é fornecer às pessoas o conhecimento necessário para se sustentar em tempos de parcos rendimentos. Essa parte da formação irá incluir a educação do consumidor (finanças pessoais), para que as pessoas possam gerenciar suas famílias em uma maneira economicamente viável utilizando recursos limitados.

A outra parte do curso, mais extensa, irá incluir tópicos referentes à percepção de si mesmo como parte de um todo maior que compartilha um objetivo comum. Essa percepção é fundamental para a coesão da sociedade. Sem ela, vai ser cada um por si mesmo, uma sociedade do salve-se quem puder.

A dissonância crescente entre este tipo de sociedade e a direção agregada da realidade de hoje vai sem dúvida aumentar a já excessiva pressão sobre o funcionamento social das pessoas, e o resultado será o colapso da sociedade. Se isso acontecer, como prova a história, e conforme descrito nos capítulos anteriores, os Judeus serão responsáveis, cujas consequências ninguém sabe.

Portanto, abaixo estão os tópicos que eu acredito que devem ser incluídos na formação (treinamento) em EI para conduzir as pessoas a uma visão de mundo mais coesa e, portanto, sustentável:

•Interconectividade em economia, cultura, sociedade, e o que isso significa para cada um de nós. Este tópico irá detalhar a evolução dos desejos e como, no quarto nível, queremos desfrutar a riqueza, poder e fama, prazeres egoístas e que esses desejos nos levam a nos conectar, embora negativamente, a fim de usar um ao outro.

•Interdependência — por que nos tornamos interdependentes e como isso deve afetar as nossas relações nos níveis pessoais, sociais e políticos. Este tópico deve continuar a explicação da evolução dos desejos e mostrar por que nossos desejos de explorar uns aos outros nos fazem mais dependentes um do outro. Na medida em que esses desejos nos levam a nos envolver em relações cada vez mais estreitas, enquanto abrigam intenções mútuas inerentemente doentes, nós estamos cada vez mais interligados porque queremos usar um ao outro. Ainda assim, estamos igualmente interdependentes porque somos dependentes dos outros para a satisfação de nossos desejos.

•Melhorar as capacidades sociais, emocionais e mentais:

•Melhorar as capacidades sociais, emocionais e mentais:

◦Aprender como lidar com o desemprego e a resultante insuficiência financeira, estresse e depressão.

◦Habilidades de comunicação tais como aprender como ouvir, como expressar claramente as emoções e necessidades, respeitar um ao outro e como ler a linguagem corporal. O objetivo aqui é neutralizar a agressividade e estabelecer melhor compreensão recíproca.

◦Resolver conflitos internos de uma forma não-violenta.

◦Socialização como meio de aprendizagem, enriquecimento, suavizando tensões e restaurando a autoestima.

•Consumo de mídia: como dito acima, a mídia de massa é a mais poderosa ferramenta para moldar nossas opiniões e valores. Por esta razão, o sábio consumo de mídia pode reduzir as tendências agressivas, incentivar o comportamento pró-social e fornecer informações essenciais, a compreensão do mundo e nosso lugar nele. Para ter certeza, o termo “mídia” refere-se não só à TV e rádio, mas também a Internet, jornais e algumas formas de cultura pop, como filmes e música popular.

•Habilidades de gestão do tempo: aprender a usar o tempo para enriquecimento pessoal, laços de expansão dos círculos sociais, aquisição de competências profissionais novas ou melhoradas, e alimentar a laços familiares mais fortes e sólidos.

•Qualificação de estagiários como formadores de futuros cursos e treinamentos.

Além disso, onde a presença física for possível, o treinamento será dado através de atividades sociais, simulações, trabalhos de grupo, jogos e apresentações multimídia. A aprendizagem não será no formato tradicional, professor-classe frontal. Em vez disso, o professor e os alunos irão sentar-se em círculo e conversar como iguais, aprendendo por meio do enriquecimento e compartilhamento mútuo. Onde a presença física não for possível, o quadro educacional será em grande parte interativo, com exemplos e atividades projetadas principalmente para eLearning.

Os resultados de tal formação devem ser duplos: 1) compreensão de como gerir a vida pessoal no volátil ambiente social e instabilidade econômica de hoje; 2) compreensão de que há uma lei natural estimulando esse desdobramento, que essa lei é tão severa e inexorável como a gravidade, e, portanto, nós devemos dominar esses novos meios de lidar para nosso próprio bem.

Embora todos nós tenhamos que saber como lidar conosco mesmos sob a Lei da Interdependência, imposta sob nós pela Lei da Doação, o Criador, isso não significa que todos terão que estudar Cabalá. Aqueles que desejam estudar podem fazê-lo, mas aqueles que não têm desejo de alcançar o Criador irão contribuir tanto quanto o “superorganismo vivo da humanidade”, para usar as palavras de Christakis e Fowler, simplesmente vivendo as leis da garantia mútua sem atingir o funcionamento interno da Criação.

Assim como você não precisa ser um eletricista qualificado para ligar a luz com sucesso e com segurança, nem todo mundo deve ser um Cabalista, ou um “perito no funcionamento da lei de doação”, para usar um fraseado mais contemporâneo, para aplicar com sucesso e segurança a lei da doação nas suas vidas. Afinal, esta lei existe a fim de fazer o bem às Suas criações, como aprendemos no capítulo 2. Portanto, tudo o que precisamos aprender é como usá-la corretamente, assim como aprendemos como usar a eletricidade, magnetismo, gravidade e qualquer outra lei natural ou força para nosso benefício.

Dito isso, assim como eletricistas constroem os sistemas que todo mundo usa com segurança sem qualquer conhecimento profissional, os Cabalistas terão que construir os sistemas social e de aprendizagem que insiram a qualidade da doação na sociedade, de modo que todos possam usar estes sistemas beneficamente, mesmo sem qualquer conhecimento da Cabalá.

3) A mesa-redonda: um meio de primordial importância e que, portanto, merece um item para si, é o formato de discussão em mesa redonda. Neste tipo de discussão, todos os participantes têm o mesmo status e representam diferentes pontos de vista, muitas vezes se opondo sobre assuntos que são essenciais para o bem-estar e a solidez da comunidade, cidade, estado ou país.

O objetivo da deliberação é conciliar as diferenças, não induzir o compromisso. Pelo contrário, o objetivo é encontrar um denominador comum que se destaque acima dos conflitos e disputas. O resultado de encontrar esse elemento é que os temas em disputa de repente parecem muito menos importantes do que antes e pálidos em comparação com a unidade e o calor que os participantes agora sentem em relação um ao outro. Posteriormente, as soluções são facilmente encontradas para conflitos anteriormente persistentes num espírito de boa-fé, devido ao interesse comum recém descoberto.

Em Israel, vários movimentos e organizações têm implementado o formato de discussão em mesa redonda. O movimento Arvut (garantia mútua), por exemplo, implementou este meio de deliberação centenas de vezes, e cada vez que este formato foi utilizado, foi relatado como um grande sucesso pelos próprios participantes. Dessa maneira, problemas que não tinham sido resolvidos há anos foram resolvidos em questão de horas.

Até agora em Israel, isso já foi tentado em grandes cidades, aldeias e kibutzim, em aldeias Árabes e Druzes, reunido a extrema direita de colonos da Judeia e Samaria com árabes da Cisjordânia, no Knesset (Parlamento israelense) , e em populações em dificuldades como imigrantes da Etiópia e da antiga União Soviética. Esses eventos terminam com um profundo senso de unidade e calor em sua totalidade. Para depoimentos gravados em vídeo e mais detalhes sobre as discussões em mesa redonda, visite http://www.arvut.org/en/round-table.

Discussões em mesas-redondas também foram realizadas ao redor do mundo. Nova York e São Francisco (EUA), Toronto (Canadá), Frankfurt e Nuremberg (Alemanha), Roma (Itália), Barcelona (Espanha), São Petersburgo e Perm (Rússia), são apenas alguns dos muitos lugares onde essa forma de discussão tem sido implementada, todos apreciando o mesmo sucesso retumbante como em Israel.

O espírito de igualdade, as deliberações reais também envolvem a plateia, e seguem este procedimento: um painel de indivíduos de origens e agendas diversas e muitas vezes  conflitantes se sentam na mesa principal. Os palestrantes expressam suas opiniões sobre um tema declarado pelo anfitrião do evento.

Em seguida, o público faz perguntas aos palestrantes, as quais um ou mais deles responde. É uma regra inquebrável que os palestrantes não devem reprovar outros palestrantes ou interferir com suas palavras. Críticas pessoais também são proibidas. Desta forma, o público conhece uma variedade de pontos de vista que não se opõem, mas sim se complementam.

Posteriormente, o público se divide em várias mesas-redondas e discute questões colocadas pelo anfitrião na mesma forma e espírito demonstrado pelo painel. Finalmente, as mesas se reúnem em uma assembleia geral e cada mesa apresenta suas conclusões, bem como compartilha suas impressões do evento como um todo.

Recentemente, até mesmo algumas discussões de mesa-redonda online têm sido tentadas, e elas também foram muito bem sucedidas. Naturalmente, cada lugar tem sua mentalidade única, e cada veículo — um evento ao vivo, uma reunião online ou uma transmissão de TV — tem suas vantagens e desvantagens. Portanto, não há dois eventos iguais. Ainda assim, o espírito de camaradagem e o compromisso de garantia mútua que estão na base de cada discussão garantem o sucesso destas deliberações únicas. Embora a grande maioria das sociedades ainda esteja bem distante de viver conceitos de garantia mútua, estas discussões, como demonstram as gravações de vídeo, conseguem induzir um sentimento genuíno do será viver em garantia mútua.

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 4

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Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Mídia Pró-social

Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O maior de todos os prazeres imagináveis é ser favorecido pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia e prazeres corpóreos para obter certa quantia dessa coisa deliciosa. Este é o ímã que atraiu os maiores de todas as gerações, e pelo qual eles banalizaram a vida da carne”. [vi]

Desta forma, para alterar nosso comportamento social, nós devemos mudar o nosso meio social de um que promove a individualidade para um que promova a mutualidade. Falando de forma prática, nós podemos usar as mídias para demonstrar como o trabalho em grupo rende melhores resultados que o trabalho individual, e como a competição é prejudicial à nossa felicidade e saúde. Assim que percebemos que há uma recompensa maior na conduta cooperativa que no individualismo, será fácil colaborar e partilhar.

Em seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipes: Criar a Organização de Alta-Performance, os autores Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das vantagens do trabalho em equipe. A Burlington Northern Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e é atualmente parte de uma grande corporação detida pela Berkshire Hathaway, que é controlada pelo investidor Warren Buffett. Em 1981, a Burlington Northern Railroad sofreu uma revolução por sete homens — Bill Greenwood, Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns, Bill Dewitt, e Bill Berry — que usaram a desregulação Americana da indústria ferroviária para acelerar a entrega de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que Katzenbach e Smith descrevem o espírito com o qual eles levaram a cabo essa revolução: “Todas as verdadeiras equipes partilham um compromisso com seu propósito comum. Mas somente membros de equipe excepcionais… também se tornam profundamente dedicados uns aos outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação e compromisso tão profundos um pelo outro como sua dedicação à visão que estavam tentando concretizar. Eles procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns aos outros quando e como quer que fosse necessário e trabalharam constantemente uns com os outros para fazer o que fosse necessário fazer”. [vii]

Tal história podia ser um advogado poderoso para o caso a favor da unidade sobre a competição. O único problema é que no nosso mundo ultra competitivo, até a unidade é usada para ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica (ou devemos dizer, que a comete, devido ao seu mau uso). No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo de unidade é insustentável.

Na nossa sociedade egocêntrica, a unidade durará somente enquanto for lucrativa para os indivíduos envolvidos. No capítulo anterior, na secção, “De Eu, a Nós, a Um”, descrevemos os efeitos doentios da competição. Ao mesmo tempo, reconhecemos que “com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível falante do desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos”.

Contudo, já dissemos que não precisamos impedir nossa evolução, só mudar para uma direção construtiva para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto é através dos meios de comunicação de massa. Se desenvolvermos um conteúdo de mídia pró-social e nos bombardearmos com ele tanto quanto atualmente nos bombardeamos com anúncios e informativos que visam esgotar nossas contas bancárias, nos encontraremos vivendo numa sociedade muito diferente da atual.

Os meios domésticos contemporâneos das pessoas contêm uma grande dose de entretenimento das mídias, seja através da TV ou via a Internet. Uma publicação pelo Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia das Mídias – Como Ajudar Seus Filhos No Começo da Adolescência”, afirmou, “É difícil compreender o mundo dos jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto dos meios de comunicação de massa nas suas vidas. Eles competem com a família, amigos, escolas, e comunidades na sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores dos jovens”. [viii] Lamentavelmente, a maioria dos interesses que a mídia molda é antissocial.

Por exemplo, uma publicação online da Universidade do Sistema de Saúde de Michigan declara que “Literalmente milhares de estudos desde os anos 1950 questionaram se há um elo entre a exposição à violência da mídia e o comportamento violento. Todos senão 18 responderam, ‘Sim’. …De acordo com a AAP (Academia Americana de Pediatras), ‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a violência da mídia pode contribuir para o comportamento agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo de ser magoado’”. [ix]

Para compreender quanto a violência as jovens mentes absorvem, considere esta informação da publicação mencionada acima: “Uma criança mediana Americana verá 200.000 ações violentas e 16.000 assassinatos na TV pelos 18 anos de idade”. [x] Se este número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias em dezoito anos. Isto significa que em média, pelos dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a um pouco mais de trinta ações de violência na TV, 2.4 das quais são assassinatos, todos os dias da sua jovem vida.

Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento Durante a Vida: Uma Abordagem Psicológica, publicado em 2008, Barbara M. Newman, PhD e Philip R. Newman descrevem como a “Exposição a muitas horas de violência na televisão aumenta o repertório de comportamento violento das jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos de cólera, pensamentos e ações. Estas crianças são apanhadas na fantasia violenta, participando da situação televisiva enquanto assistem”. [xi] Se nos recordarmos dos neurônios-espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente as crianças, aprendem por imitação, podemos imaginar que dano irreversível a violência lhes causa, e nós já estamos sentindo os efeitos desta educação enferma.

Desta forma, desenvolver mídias que sejam pró-sociais e de pró-responsabilidade mútua é imperativo para nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso deve desempenhar um papel chave na mudança da atmosfera pública de alienação para camaradagem. As mídias nos fornecem praticamente tudo o que sabemos sobre o nosso mundo. Até a informação que recebemos de amigos e da família frequentemente chega via mídias — a versão moderna da parreira.

Mas as mídias não nos fornecem simplesmente informação. Também nos oferecem petiscos sobre pessoas que aprovamos ou desaprovamos, e nós formamos nossas visões baseadas no que vemos, escutamos ou lemos. Como seu poder sobre o público não tem rival, se as mídias mudarem para a convergência e a unidade, também mudarão a visão mundial da maioria das pessoas para esses valores.

Atualmente, as mídias se concentram em indivíduos bem sucedidos, magnatas da media, mega estrelas pop, e indivíduos ultra bem sucedidos que ganharam milhões nas costas dos seus rivais. Em tempos de crise, tais como depois do Furacão Sandy, ou durante inundações, as pessoas se unem em prol de se ajudarem. Em tais tempos estas histórias, que as mídias transmitem abundantemente, ajudam a levantar a moral e nos dão esperança de que o espírito humano não seja de todo mau. Mas, assim que o próximo item de notícias aparece, as mídias correm atrás dessa história e desaparecem, levando com elas a fé no espírito humano. Em vez disso, sensações de suspeita e alienação ressurgem no horário nobre.

Para instalar uma mudança duradoura e fundamental na nossa visão mundial, para nos fazer desejar a qualidade de doação, as mídias devem apresentar a imagem completa da realidade, e nos informar a sua estrutura interligada e interdependente. Para este fim, elas devem produzir programas que demonstrem como essa qualidade afeta todos os níveis da Natureza — inanimado, vegetal, animal e falante — e encorajar as pessoas a emulá-la com o objetivo de equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza ou seja, mutualidade e homeostase. Em vez de programas de entrevistas que idolatram pessoas que têm sucesso, estes programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter sucesso.

Se as mídias mostrarem pessoas se preocupando umas com as outras e as colocarem num pedestal principalmente porque suas ações coincidem com a lei da Natureza, a Lei da Doação, isso gradualmente mudará o desejo do público de egocêntrico para a camaradagem. As pessoas começarão a sentir que há ganho pessoal em ser altruísta, possivelmente muito mais do que o ganho onde há egoísmo, se é que há algum ganho nele.

Hoje, a mensagem predominante que as mídias devem retratar é, “Unidade é divertida, e ela também é boa para você, junte-se”! Há várias e amplas maneiras pelas quais podemos demonstrar que a unidade é uma dádiva.

Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na Natureza opera em isolamento, e que a interdependência é o nome do jogo, a maioria de nós está inconsciente disso. Quando virmos como cada órgão físico funciona para beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas colaboram em colmeias, como um cardume de peixes nada em uníssono que pode ser confundido com um único peixe gigante, e como os chimpanzés ajudam outros chimpanzés, ou até humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos que a principal lei da Natureza é a da harmonia e coexistência.

As mídias devem nos mostrar tais exemplos muito mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos que é assim que a Natureza funciona, espontaneamente examinaremos nossas sociedades e nos esforçaremos em emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos começarem a mudar nesta direção, eles criarão uma atmosfera diferente e introduzirão um espírito de esperança e força nas nossas vidas, até antes deles implementarem esse espírito na realidade, uma vez que estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o Criador.

Porque, tal como acabamos de afirmar, nosso maior prazer é o de ganhar a aprovação das pessoas, se outros aprovarem nossas ações e visões nos sentiremos bem acerca de nós mesmos. Se eles desaprovam o que fazemos ou dizemos, nos sentimos mal acerca de nós mesmos e tendemos a esconder ou modificar nossas ações para nos ajustarmos à norma social. Em outras palavras, como é tão importante para nós nos sentirmos bem conosco mesmos, as mídias estão numa posição única para mudar as ações e visões das pessoas.

Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas mais dependentes de votos na sociedade, pois suas carreiras e a própria vivacidade dependem da sua popularidade. Se lhes mostrarmos que mudamos nossos valores, eles mudarão os seus para seguir nossa conduta. E uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes contarmos o que valorizamos é mostrar-lhes o que queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações a programas que promovem unidade e camaradagem, os políticos irão se sintonizar nesse espírito e legislarão correspondentemente. Como os políticos querem manter sua posição, precisamos lhes mostrar isso, reter suas posições, eles têm que promover o que nós queremos que eles promovam: unidade.

Quando formos capazes de criar uma mídia que promova unidade e colaboração em vez da glorificação de celebridades, criaremos um meio que nos persuada que a unidade e a responsabilidade mútua são boas.

[vi] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, 44.

[vii] Jon R Katzenbach e Douglas K Smith, The Wisdom of Teams: Creating the High-Performance Organization (US: Harvard Business School Press, January 1, 1992), 37-38.

[viii] U.S. Department of Education, “Media Guide—Helping Your Child Through Early Adolescence,” http://www2.ed.gov/parents/academic/help/adolescence/index.html

[ix] University of Michigan Health System, “Televisão e as Crianças”, http://www.med.umich.edu/yourchild/topics/tv.htm

[x] ibid.

[xi] Barbara M. Newman e Philip R. Newman, Development Through Life: A Psychosocial Approach (Belmont, CA: Wadsworth Cengage Learning, 2008), 250

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 4

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Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Educação Integral Direcionada À Unidade

Estudar Cabalá é uma maravilhosa maneira de alcançar a unidade. Ela é um método construído especificamente para esse propósito. Contudo, a maioria das pessoas não tem um “ponto no coração” vigoroso que exija respostas. Portanto, é improvável que a maioria das pessoas queira se envolver nestes estudos. Todavia, a necessidade de estabelecer uma sociedade coesa é uma necessidade global, não uma necessidade pessoal, judaica, ou até relacionada a um país.

Dave Sherman, um líder em estratégia de negócios e perito em sustentabilidade descreveu o presente predicamento global no filme, Encruzilhada: Dores de Parto de uma Nova Visão Mundial (Crossroads: Labor Pains of a New Worldview): “O último Relatório de Riscos Globais, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, apresenta um surpreendente mapa de interligação de riscos. Ele revela claramente como todos os riscos globais estão inter-relacionados e entrelaçados, de modo que riscos econômicos, ecológicos, geopolíticos, sociais e tecnológicos são interdependentes. Uma crise em determinada área rapidamente conduzirá a uma crise em outras áreas. A interligação e complexidade deste mapa compararam, para nossa surpresa, o impacto e a velocidade das recentes crises financeiras, ilustrando a discórdia que existe entre todos os sistemas que construímos, e demonstra precisamente quão desconexos nos tornamos. Nossas tentativas de gerir estes sistemas são fragmentadas e simplistas, e não estão à altura dos desafios que hoje enfrentamos”. [i]

Para responder precisamente a esse contraste entre nossa própria desconexão e a interligação dos sistemas que construímos, precisamos desenvolver um pensamento interligado, uma percepção inclusiva do nosso mundo. A Educação Integral (EI), a anteriormente mencionada “educação direcionada à unidade”, responde precisamente a esses pontos.

O termo, “integral”, de acordo com Thomas J. Murray da Escola de Educação na Universidade de Massachusetts, “significa muitas coisas para muitas pessoas, e o mesmo é verdadeiro para a Educação Integral”. [ii] A percepção mais comum da EI, como descrita na Wikipedia, é que ela é “a filosofia e a prática da educação para toda a criança: corpo, emoções, mente, alma e espírito”. [iii]

Relacionar-se com toda a criança no processo de educação é certamente recomendado. Contudo, no mundo interligado de hoje, simplesmente não é suficiente. Como demonstramos no capítulo anterior, aprendemos primeiramente, senão somente, através do ambiente. Desta forma, o foco da educação deve estar em formar um ambiente que incite nossos valores escolhidos e informação para crianças e adultos de maneira igual.

Escola Para Adultos: Um Guia Para Os Perplexos

Além do nível falante (humano) da Natureza, todos os outros níveis (inanimado, vegetal e animal) operam em garantia mútua. A homeostase, como definida no Dicionário Webster, corresponde perfeitamente à descrição de garantia mutua em todos os níveis abaixo do falante: “Um estado relativamente estável de equilíbrio ou uma tendência para tal estado entre os diferentes, mas interdependentes, elementos ou grupos de elementos de um organismo, população ou grupo”. [iv]

Nossa presente sociedade, predominantemente capitalista, afasta-se do equilíbrio, zomba da tendência para ele, e tem pavor de interdependência. Na realidade, nós patrocinamos e lutamos pelo oposto. Louvamos concretizações individuais nos esportes, negócios, política e no ensino, e idolatramos aqueles no topo. Nós negligenciamos aqueles que contribuem para o bem estar do coletivo e apreciamos o individualismo e a independência.

Mas uma sociedade que funciona desta maneira não consegue durar muito tempo. Pense em corpos humanos. Se nossos corpos conduzissem a si mesmos pelos valores que predominam em nossa sociedade, não duraríamos além da diferenciação celular inicial na fase do embrião. Assim que as células começassem a formar diferentes órgãos, elas começariam a lutar umas com as outras pelos recursos e o embrião se desintegraria. A vida não seria possível se qualquer parte dela abraçasse os valores individualistas que acabamos de descrever. É porque a vida, isto é a Natureza, adere às regras da homeostase que nós podemos desenvolver e sustentar a nós mesmos, e evoluímos até ao ponto em que podemos ponderar a natureza e o propósito de nossa existência.

Certamente, não só os organismos, mas todo o nosso ecossistema planetário, até o cosmos, estão num estado de homeostase. Quando o equilíbrio se desmorona, logo problemas surgem. Um relatório revelador submetido ao Departamento de Educação Americano em outubro de 2003 por Irene Sanders e Judith McCabe demonstra claramente o que acontece quando desequilibramos um ecossistema do seu estado homeostático. “Em 1991, uma orca, baleia assassina, foi vista comendo uma lontra. As orcas e lontras normalmente coexistem pacificamente. Então, o que aconteceu? Os ecologistas descobriram que o sebastes e o arenque também estavam declinando. As orcas não comem esses peixes, mas focas e leões marinhos sim. E focas e leões marinhos são o que as orcas normalmente comem, e sua população também declinou. Portanto, privadas de suas focas e leões marinhos, as orcas começaram a se voltar às brincalhonas lontras marinhas para seu jantar”.

“Então as lontras desapareceram devido aos peixes, que elas nunca comeram em primeiro lugar, desapareceram. Agora, a onda se espalha. As lontras já não estão lá para comer os ouriços do mar, então a população de ouriços do mar explodiu. Mas os ouriços do mar vivem de florestas de algas do fundo do mar, então eles estão matando as algas. As algas foram o lar para os peixes que alimentam as gaivotas e águias. Como as orcas, as gaivotas podem encontrar outra comida, mas as águias não conseguem e estão em apuros”.

“Tudo isto começou com o declínio do sebastes e arenque. Por quê? Bem, os caçadores de baleias japoneses têm matado a variedade de baleias que comem os mesmos organismos microscópicos que alimentam o pollock [um tipo de peixe carnívoro]. Com mais peixe para comer, o pollock floresce. Eles por sua vez atacam o sebastes e arenque que eram comida para as focas e leões marinhos. Com o declínio na população de leões marinhos e focas, as orcas têm qe se voltar às lontras”. [v]

Pense como nos comportamos em relação aos outros. Nós somos competitivos, alienados, isolados uns dos outros, e aspiramos sobressair sobre os outros. Tenha em mente que esta não é a exceção, mas a regra, os valores que ensinamos aos nossos filhos como a maneira “certa” de ser. É por isso que uma escola adulta, um guia para o adulto perplexo, é necessária.

A maneira na qual esta escola vai operar deve variar de lugar para lugar e de país para país. Cada nação e país tem a sua própria mentalidade e cultura, um nível diferente de avanço tecnológico e de meios de comunicação, e tradições pelas quais as pessoas aprendem. Por esta razão, cada país, por vezes cada cidade, terá que desenvolver seu próprio método de instrução. Contudo, o conteúdo fundamental, os princípios que todos estes sistemas de educação adulta vão ensinar devem ser os mesmos. Caso contrário o resultado será disparidade no compromisso populacional com a responsabilidade mútua e a compreensão da sua importância nas nossas vidas.

Vamos examinar alguns dos princípios fundamentais que a educação rumo à responsabilidade mútua deve conter.

Mídia Pró-social

Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O maior de todos os prazeres imagináveis é ser favorecido pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia e prazeres corpóreos para obter certa quantia dessa coisa deliciosa. Este é o ímã que atraiu os maiores de todas as gerações, e pelo qual eles banalizaram a vida da carne”. [vi]

Desta forma, para alterar nosso comportamento social, nós devemos mudar o nosso meio social de um que promove a individualidade para um que promova a mutualidade. Falando de forma prática, nós podemos usar as mídias para demonstrar como o trabalho em grupo rende melhores resultados que o trabalho individual, e como a competição é prejudicial à nossa felicidade e saúde. Assim que percebemos que há uma recompensa maior na conduta cooperativa que no individualismo, será fácil colaborar e partilhar.

Em seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipes: Criar a Organização de Alta-Performance, os autores Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das vantagens do trabalho em equipe. A Burlington Northern Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e é atualmente parte de uma grande corporação detida pela Berkshire Hathaway, que é controlada pelo investidor Warren Buffett. Em 1981, a Burlington Northern Railroad sofreu uma revolução por sete homens — Bill Greenwood, Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns, Bill Dewitt, e Bill Berry — que usaram a desregulação Americana da indústria ferroviária para acelerar a entrega de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que Katzenbach e Smith descrevem o espírito com o qual eles levaram a cabo essa revolução: “Todas as verdadeiras equipes partilham um compromisso com seu propósito comum. Mas somente membros de equipe excepcionais… também se tornam profundamente dedicados uns aos outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação e compromisso tão profundos um pelo outro como sua dedicação à visão que estavam tentando concretizar. Eles procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns aos outros quando e como quer que fosse necessário e trabalharam constantemente uns com os outros para fazer o que fosse necessário fazer”. [vii]

Tal história podia ser um advogado poderoso para o caso a favor da unidade sobre a competição. O único problema é que no nosso mundo ultra competitivo, até a unidade é usada para ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica (ou devemos dizer, que a comete, devido ao seu mau uso). No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo de unidade é insustentável.

Na nossa sociedade egocêntrica, a unidade durará somente enquanto for lucrativa para os indivíduos envolvidos. No capítulo anterior, na secção, “De Eu, a Nós, a Um”, descrevemos os efeitos doentios da competição. Ao mesmo tempo, reconhecemos que “com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível falante do desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos”.

Contudo, já dissemos que não precisamos impedir nossa evolução, só mudar para uma direção construtiva para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto é através dos meios de comunicação de massa. Se desenvolvermos um conteúdo de mídia pró-social e nos bombardearmos com ele tanto quanto atualmente nos bombardeamos com anúncios e informativos que visam esgotar nossas contas bancárias, nos encontraremos vivendo numa sociedade muito diferente da atual.

Os meios domésticos contemporâneos das pessoas contêm uma grande dose de entretenimento das mídias, seja através da TV ou via a Internet. Uma publicação pelo Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia das Mídias – Como Ajudar Seus Filhos No Começo da Adolescência”, afirmou, “É difícil compreender o mundo dos jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto dos meios de comunicação de massa nas suas vidas. Eles competem com a família, amigos, escolas, e comunidades na sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores dos jovens”. [viii] Lamentavelmente, a maioria dos interesses que a mídia molda é antissocial.

Por exemplo, uma publicação online da Universidade do Sistema de Saúde de Michigan declara que “Literalmente milhares de estudos desde os anos 1950 questionaram se há um elo entre a exposição à violência da mídia e o comportamento violento. Todos senão 18 responderam, ‘Sim’. …De acordo com a AAP (Academia Americana de Pediatras), ‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a violência da mídia pode contribuir para o comportamento agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo de ser magoado’”. [ix]

Para compreender quanto a violência as jovens mentes absorvem, considere esta informação da publicação mencionada acima: “Uma criança mediana Americana verá 200.000 ações violentas e 16.000 assassinatos na TV pelos 18 anos de idade”. [x] Se este número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias em dezoito anos. Isto significa que em média, pelos dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a um pouco mais de trinta ações de violência na TV, 2.4 das quais são assassinatos, todos os dias da sua jovem vida.

Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento Durante a Vida: Uma Abordagem Psicológica, publicado em 2008, Barbara M. Newman, PhD e Philip R. Newman descrevem como a “Exposição a muitas horas de violência na televisão aumenta o repertório de comportamento violento das jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos de cólera, pensamentos e ações. Estas crianças são apanhadas na fantasia violenta, participando da situação televisiva enquanto assistem”. [xi] Se nos recordarmos dos neurônios-espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente as crianças, aprendem por imitação, podemos imaginar que dano irreversível a violência lhes causa, e nós já estamos sentindo os efeitos desta educação enferma.

Desta forma, desenvolver mídias que sejam pró-sociais e de pró-responsabilidade mútua é imperativo para nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso deve desempenhar um papel chave na mudança da atmosfera pública de alienação para camaradagem. As mídias nos fornecem praticamente tudo o que sabemos sobre o nosso mundo. Até a informação que recebemos de amigos e da família frequentemente chega via mídias — a versão moderna da parreira.

Mas as mídias não nos fornecem simplesmente informação. Também nos oferecem petiscos sobre pessoas que aprovamos ou desaprovamos, e nós formamos nossas visões baseadas no que vemos, escutamos ou lemos. Como seu poder sobre o público não tem rival, se as mídias mudarem para a convergência e a unidade, também mudarão a visão mundial da maioria das pessoas para esses valores.

Atualmente, as mídias se concentram em indivíduos bem sucedidos, magnatas da media, mega estrelas pop, e indivíduos ultra bem sucedidos que ganharam milhões nas costas dos seus rivais. Em tempos de crise, tais como depois do Furacão Sandy, ou durante inundações, as pessoas se unem em prol de se ajudarem. Em tais tempos estas histórias, que as mídias transmitem abundantemente, ajudam a levantar a moral e nos dão esperança de que o espírito humano não seja de todo mau. Mas, assim que o próximo item de notícias aparece, as mídias correm atrás dessa história e desaparecem, levando com elas a fé no espírito humano. Em vez disso, sensações de suspeita e alienação ressurgem no horário nobre.

Para instalar uma mudança duradoura e fundamental na nossa visão mundial, para nos fazer desejar a qualidade de doação, as mídias devem apresentar a imagem completa da realidade, e nos informar a sua estrutura interligada e interdependente. Para este fim, elas devem produzir programas que demonstrem como essa qualidade afeta todos os níveis da Natureza — inanimado, vegetal, animal e falante — e encorajar as pessoas a emulá-la com o objetivo de equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza ou seja, mutualidade e homeostase. Em vez de programas de entrevistas que idolatram pessoas que têm sucesso, estes programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter sucesso.

Se as mídias mostrarem pessoas se preocupando umas com as outras e as colocarem num pedestal principalmente porque suas ações coincidem com a lei da Natureza, a Lei da Doação, isso gradualmente mudará o desejo do público de egocêntrico para a camaradagem. As pessoas começarão a sentir que há ganho pessoal em ser altruísta, possivelmente muito mais do que o ganho onde há egoísmo, se é que há algum ganho nele.

Hoje, a mensagem predominante que as mídias devem retratar é, “Unidade é divertida, e ela também é boa para você, junte-se”! Há várias e amplas maneiras pelas quais podemos demonstrar que a unidade é uma dádiva.

Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na Natureza opera em isolamento, e que a interdependência é o nome do jogo, a maioria de nós está inconsciente disso. Quando virmos como cada órgão físico funciona para beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas colaboram em colmeias, como um cardume de peixes nada em uníssono que pode ser confundido com um único peixe gigante, e como os chimpanzés ajudam outros chimpanzés, ou até humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos que a principal lei da Natureza é a da harmonia e coexistência.

As mídias devem nos mostrar tais exemplos muito mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos que é assim que a Natureza funciona, espontaneamente examinaremos nossas sociedades e nos esforçaremos em emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos começarem a mudar nesta direção, eles criarão uma atmosfera diferente e introduzirão um espírito de esperança e força nas nossas vidas, até antes deles implementarem esse espírito na realidade, uma vez que estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o Criador.

Porque, tal como acabamos de afirmar, nosso maior prazer é o de ganhar a aprovação das pessoas, se outros aprovarem nossas ações e visões nos sentiremos bem acerca de nós mesmos. Se eles desaprovam o que fazemos ou dizemos, nos sentimos mal acerca de nós mesmos e tendemos a esconder ou modificar nossas ações para nos ajustarmos à norma social. Em outras palavras, como é tão importante para nós nos sentirmos bem conosco mesmos, as mídias estão numa posição única para mudar as ações e visões das pessoas.

Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas mais dependentes de votos na sociedade, pois suas carreiras e a própria vivacidade dependem da sua popularidade. Se lhes mostrarmos que mudamos nossos valores, eles mudarão os seus para seguir nossa conduta. E uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes contarmos o que valorizamos é mostrar-lhes o que queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações a programas que promovem unidade e camaradagem, os políticos irão se sintonizar nesse espírito e legislarão correspondentemente. Como os políticos querem manter sua posição, precisamos lhes mostrar isso, reter suas posições, eles têm que promover o que nós queremos que eles promovam: unidade.

Quando formos capazes de criar uma mídia que promova unidade e colaboração em vez da glorificação de celebridades, criaremos um meio que nos persuada que a unidade e a responsabilidade mútua são boas.

[i] Citado do filme, Crossroads: Labor Pains of a New Worldview, de Joseph Ohayon, publicado em 31 de dezembro de 2012, no Youtube, url: https://www.youtube.com/watch?v=5n1p9P5ee3c, 2: 53, desde o início.

[ii] Thomas J. Murray, Ed.D., “Qual é o Integral na Educação Integral? Da Pedagogia Progressiva à Pedagogia” Integral Review (Junho de 2009), Vol. 5, No. 1, p 96.

[iii] http://en.wikipedia.org/wiki/Integral_education.

[iv] http://www.merriam-webster.com/dictionary/homeostasis

[v] T. Irene Sanders e Judith McCabe, PhD, The Use of Complexity Science: a Survey of Federal Departments and Agencies, Private Foundations, Universities, and Independent Education and Research Centers, outubro de 2003, Washington Center for Complexity & Public Policy, Washington, DC. url: www.hcs.ucla.edu/DoEreport.pdf

[vii] Jon R Katzenbach & Douglas K Smith, The Wisdom of Teams: Creating the High-Performance Organization (US: Harvard Business School Press, January 1, 1992), 37-38.

[vi] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, 44.

[vii] Jon R Katzenbach e Douglas K Smith, The Wisdom of Teams: Creating the High-Performance Organization (US: Harvard Business School Press, January 1, 1992), 37-38.

[viii] U.S. Department of Education, “Media Guide—Helping Your Child Through Early Adolescence,” http://www2.ed.gov/parents/academic/help/adolescence/index.html

[ix] University of Michigan Health System, “Televisão e as Crianças”, http://www.med.umich.edu/yourchild/topics/tv.htm

[x] ibid.

[xi] Barbara M. Newman e Philip R. Newman, Development Through Life: A Psychosocial Approach (Belmont, CA: Wadsworth Cengage Learning, 2008), 250

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 3

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Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Escola Para Adultos: Um Guia Para Os Perplexos

Além do nível falante (humano) da Natureza, todos os outros níveis (inanimado, vegetal e animal) operam em garantia mútua. A homeostase, como definida no Dicionário Webster, corresponde perfeitamente à descrição de garantia mutua em todos os níveis abaixo do falante: “Um estado relativamente estável de equilíbrio ou uma tendência para tal estado entre os diferentes, mas interdependentes, elementos ou grupos de elementos de um organismo, população ou grupo”. [i]

Nossa presente sociedade, predominantemente capitalista, afasta-se do equilíbrio, zomba da tendência para ele, e tem pavor de interdependência. Na realidade, nós patrocinamos e lutamos pelo oposto. Louvamos concretizações individuais nos esportes, negócios, política e no ensino, e idolatramos aqueles no topo. Nós negligenciamos aqueles que contribuem para o bem estar do coletivo e apreciamos o individualismo e a independência.

Mas uma sociedade que funciona desta maneira não consegue durar muito tempo. Pense em corpos humanos. Se nossos corpos conduzissem a si mesmos pelos valores que predominam em nossa sociedade, não duraríamos além da diferenciação celular inicial na fase do embrião. Assim que as células começassem a formar diferentes órgãos, elas começariam a lutar umas com as outras pelos recursos e o embrião se desintegraria. A vida não seria possível se qualquer parte dela abraçasse os valores individualistas que acabamos de descrever. É porque a vida, isto é a Natureza, adere às regras da homeostase que nós podemos desenvolver e sustentar a nós mesmos, e evoluímos até ao ponto em que podemos ponderar a natureza e o propósito de nossa existência.

Certamente, não só os organismos, mas todo o nosso ecossistema planetário, até o cosmos, estão num estado de homeostase. Quando o equilíbrio se desmorona, logo problemas surgem. Um relatório revelador submetido ao Departamento de Educação Americano em outubro de 2003 por Irene Sanders e Judith McCabe demonstra claramente o que acontece quando desequilibramos um ecossistema do seu estado homeostático. “Em 1991, uma orca, baleia assassina, foi vista comendo uma lontra. As orcas e lontras normalmente coexistem pacificamente. Então, o que aconteceu? Os ecologistas descobriram que o sebastes e o arenque também estavam declinando. As orcas não comem esses peixes, mas focas e leões marinhos sim. E focas e leões marinhos são o que as orcas normalmente comem, e sua população também declinou. Portanto, privadas de suas focas e leões marinhos, as orcas começaram a se voltar às brincalhonas lontras marinhas para seu jantar”.

“Então as lontras desapareceram devido aos peixes, que elas nunca comeram em primeiro lugar, desapareceram. Agora, a onda se espalha. As lontras já não estão lá para comer os ouriços do mar, então a população de ouriços do mar explodiu. Mas os ouriços do mar vivem de florestas de algas do fundo do mar, então eles estão matando as algas. As algas foram o lar para os peixes que alimentam as gaivotas e águias. Como as orcas, as gaivotas podem encontrar outra comida, mas as águias não conseguem e estão em apuros”.

“Tudo isto começou com o declínio do sebastes e arenque. Por quê? Bem, os caçadores de baleias japoneses têm matado a variedade de baleias que comem os mesmos organismos microscópicos que alimentam o pollock [um tipo de peixe carnívoro]. Com mais peixe para comer, o pollock floresce. Eles por sua vez atacam o sebastes e arenque que eram comida para as focas e leões marinhos. Com o declínio na população de leões marinhos e focas, as orcas têm qe se voltar às lontras”. [ii]

Pense como nos comportamos em relação aos outros. Nós somos competitivos, alienados, isolados uns dos outros, e aspiramos sobressair sobre os outros. Tenha em mente que esta não é a exceção, mas a regra, os valores que ensinamos aos nossos filhos como a maneira “certa” de ser. É por isso que uma escola adulta, um guia para o adulto perplexo, é necessária.

A maneira na qual esta escola vai operar deve variar de lugar para lugar e de país para país. Cada nação e país tem a sua própria mentalidade e cultura, um nível diferente de avanço tecnológico e de meios de comunicação, e tradições pelas quais as pessoas aprendem. Por esta razão, cada país, por vezes cada cidade, terá que desenvolver seu próprio método de instrução. Contudo, o conteúdo fundamental, os princípios que todos estes sistemas de educação adulta vão ensinar devem ser os mesmos. Caso contrário o resultado será disparidade no compromisso populacional com a responsabilidade mútua e a compreensão da sua importância nas nossas vidas.

Vamos examinar alguns dos princípios fundamentais que a educação rumo à responsabilidade mútua deve conter.

[i] http://www.merriam-webster.com/dictionary/homeostasis

[ii] T. Irene Sanders e Judith McCabe, PhD, O Uso da Ciência da Complexidade: uma Pesquisa de Departamentos e Agências federais, Fundações Privadas, Universidades, e e Centros de Pesquisa e Educação Independentes, outubro de 2003, Centro de Washington para Complexidade & Políticas Públicas, Washington, DC. url: www.hcs.ucla.edu/DoEreport.pdf

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 1

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Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

No capítulo anterior, nós citamos as palavras de Baal HaSulam do seu ensaio, “A Liberdade”, afirmando que estamos “obrigados a pensar e examinar como eles [o ambiente social] sugerem”, e que nós somos “desprovidos de qualquer força para criticar ou mudar”. [i] Baal HaSulam concluiu que para evitar um destino predeterminado, nós podemos mudar o ambiente, que por sua vez mudará a nós e nossos destinos. Nas suas palavras, “Aquele que se esforça em escolher continuamente um bom ambiente é digno de louvor e recompensa… não devido aos seus bons pensamentos e ações… mas devido aos seus esforços em adquirir um bom ambiente, que traz… bons pensamentos”. [ii]

Para colocar em termos mais contemporâneos, em prol de canalizarmos nossas vidas e as vidas dos nossos filhos numa direção mais positiva, nós precisamos nutrir valores sociais que promovam a direção positiva que desejamos instar. Nós precisamos educar a nós mesmos, nossos filhos e a sociedade como um todo em direção à garantia mútua, responsabilidade mútua e, por fim, à união e coesão. Como foi demonstrado pelo livro, essa é nossa vocação enquanto Judeus.

Não precisamos conceber qualquer novo meio de educação para alcançar esta meta. Tudo o que precisamos é mudar o meio que já usamos — os meios de comunicação de massa, a Internet, o sistema de educação, nossos laços sociais e familiares — com o objetivo de promover a afinidade e mútua responsabilidade ao invés de prevalecer a narrativa de separação e alienação.

Embora mais frequente que o inverso, os traços de união e afinidade – e acima de tudo, de responsabilidade mútua – estão dormentes dentro de nós Judeus; é nosso dever, certamente nossa vocação, despertar e oferecê-los como nossa dádiva ao mundo. Como foi demonstrado repetidamente neste livro, a unidade é a dádiva dos Judeus, a qualidade que nos torna únicos, e a qualidade que devemos doar ao resto do mundo. Ela é a qualidade que o mundo precisa hoje, e somos nós que estamos obrigados a nutri-la internamente, e assim entregá-la ao mundo.

Há duas maneiras de transmitir responsabilidade mútua e a qualidade de doação. A primeira, dirigida àqueles com “pontos no coração”, como mencionado anteriormente no livro, é o estudo direto da Cabalá. De acordo com o nosso nível de interesse, isso pode ser feito em variados níveis de intensidade, desde assistir programas de TV a estudar atentamente (e intensamente) com um grupo e um professor. A outra maneira é o método de educação direcionada à unidade com a intenção de induzir coesão e um sentido de responsabilidade mútua dentro da sociedade. Eu elaborarei sobre estas maneiras uma de cada vez.

[i] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, “A Liberdade”, 419.

[ii] ibid.