Como Uma Única Pessoa No Domínio Privado

Laitman_931-03Escritos do Rabash, Vol. 2, “Igrot” (Cartas) # 42: Como eles poderiam ser como um homem com um coração? Afinal, o que os sábios disseram é bem conhecido: “Assim como seus rostos são diferentes, suas opiniões são diferentes” (Talmud Yerushalmi Berachot, Capítulo 9, Coluna3, Halachah 1). Portanto, como eles poderiam ser como um homem com um coração?

Se nós estamos dizendo que todos estão preocupados com suas próprias necessidades, nós descobrimos que é impossível ser como um só homem. Certamente eles não são um como o outro. Contudo, se todos anulam seus próprios domínios, e estiverem preocupados apenas em beneficiar o Criador, então, suas opiniões não são individuais, uma vez que toda a individualidade foi anulada, e todos entram no domínio privado.

E esta é a ideia do que estava escrito, “o conhecimento dos habitantes é oposto ao conhecimento da Torá”. Isso ocorre porque o conhecimento da Torá é a anulação dos domínios privados, como os sábios disseram: “A Torá não é sustentada, exceto por alguém que se mata por ela”. Quando ele se mata por ela, isto ocorre por seu próprio benefício, e tudo o que ele faz é apenas em prol do céu. E isso é chamado de preparação para receber a Torá.

Nós sentimos a realidade dentro do nosso vaso, que é chamado desejo de prazer. Cada um serve este vaso, que ele recebe desde o início, e faz de tudo para preenchê-lo. Eu sempre faço um cálculo: quanto de esforço tenho que fazer para o benefício esperado? Vale a pena ou não vale a pena fazê-lo? Quanto eu preciso investir para ver o preenchimento dentro do meu vaso? É assim que existimos de momento a momento.

A minha dependência do meu vaso só pode ser anulada se nos conectarmos uns com os outros, e se concordarmos com isso, se começarmos a encontrar novos espaços na conexão entre nós que não sentíamos antes.

Afinal de contas, nós olhamos para tudo do ponto de vista do nosso desejo egoísta que domina toda a matéria, nos níveis inanimado, vegetal, animal e humano. Desta forma, nós obtemos impressões da nossa realidade interior, embora nos pareça ser uma realidade externa. Na verdade, este é o meu mundo interior que está gravado no meu desejo pessoal de prazer.

Os níveis inanimado, vegetal, animal e humano da natureza são os níveis 0, 1, 2, 3, 4: os níveis do meu desejo de receber onde sinto a minha realidade. Meu ego se encontra entre eu e os outros, separando-nos e fazendo com que eu me sinta só.

Se eu tento anular esta tendência de modo a poder chegar à conexão com o Criador através desta anulação eu descubro que há outro espaço que é diferente do espaço do desejo de receber egoísta. Eu começo a sentir que estou num novo espaço, num mar de forças de doação.

Todas essas forças que são descobertas na anulação do ego, me trazem a sensação do Criador, e, apesar de eu ter uma leve impressão disso, a fim de realmente descobri-Lo, eu preciso de um meio mais forte. Afinal de contas, eu só posso anular o ego e usá-lo em prol da doação através da força superior. Eu descubro que não tenho chance, nenhuma possibilidade, de alcançar a anulação pessoal através dos meus próprios poderes e compreensão.

Assim, está escrito: “A Torá não é sustentada, exceto por alguém que se mata por ela”. No entanto, a fim de me matar em prol da Torá, em outras palavras, em prol da correção, eu exijo a força superior. Como está escrito: “E a regra dos proprietários é o oposto da regra da Torá”. Quando uma pessoa começa a obter observações através do poder da Luz, tanto suas emoções como seu intelecto se tornam novos e completamente diferentes.

Assim, ela entende que todas as contradições que tinham eram apenas estímulos para a busca de soluções. No entanto, resolvê-los só é realmente possível através da Luz Superior.

De acordo com o ramo e a raiz, nós estamos no início do feriado de Shavuot, a festa da entrega da Torá. O feriado de Shavuot começa à noite e é dividido em dia e noite. Noite simboliza os dias de exílio, que são reunidos para a noite de Shavuot, de modo que nós aprendemos na noite de Shavuot porque queremos terminar o exílio e chegar ao seu fim.

Depois disso, nós decidimos que provavelmente já investimos o suficiente na anulação pessoal, e, assim, chegamos ao dia e à noite, os mesmos Kelim se transformam em Kelim de revelação. É assim que chegamos ao festival de Shavuot, a festa da entrega da Torá, e desde então, gradualmente, podemos avançar e constantemente corrigir todos os defeitos e aprender o quanto podemos ser como o Criador quando descobrimos como somos diferentes Dele.

Essa diferença entre a verdade e a imagem nos dá profundidade na compreensão do Criador, e, a partir desta profundidade, chegamos à adesão.

Da Preparação para a Lição Diária de Cabalá 01/06/14