O Que É Odioso Para Você, Não Faça Aos Seus Amigos

Dr. Michael LaitmanExistem dois princípios: Hillel disse: “O que você odeia, não faça ao seu amigo”, e o rabino Akiva disse: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O primeiro princípio refere-se à Bina, que é dividida em duas partes:

• Uma é neutra, a principal coisa para ela é não prejudicar ninguém. Eu sempre vigio a mim mesmo, a fim de ser um “bom menino”, aparentemente para “pairar sobre a terra”, sem envolver o meu ego. Eu não tenho nenhuma camisa? Bem, eu não preciso disso. Eu moro na “floresta”, longe de todos, e não me comunico com ninguém. Assim, sigo o princípio: “O que você odeia, não faça ao seu amigo”. Evito causar qualquer dano aos outros, assim como não gostaria de ser prejudicado por eles. Estas são as três primeiras Sefirot de Bina.

• Isto me leva à “continuação da frase original”, para as sete Sefirot inferiores de Bina, para os vasos de recepção. Agora, eu verifico a mim mesmo com relação ao assunto de “falsificar”: Talvez eu, de alguma forma, prive os outros? Talvez eu não contribua para o bem que eles poderiam receber? Isso ainda não toca meu “principal capital egoísta”. Eu não estou pronto ainda que sacrificar alguma coisa de mim, mas já me sinto a necessidade de ajudar os outros. Enquanto eu não corrijo o meu desejo de receber, eu já adiciono algo ao desejo de doar. Devido às fases anteriores da correção, eu começo a reconhecer as oportunidades para beneficiar os outros: “Ah, ele pode ganhar aqui e isso vai trazer-lhe bem”. Eu contribuo para essas oportunidades. Esta é a fase de transição que vai me levar à verdadeira dádiva.

Por enquanto, não é a doação real, nem abnegação em prol do outro. Por exemplo, eu ganhei cinco mil dólares no mês passado, e só dois mil é suficiente para mim. Surge a pergunta: Se eu seguir o princípio “o que você odeia, não faça a seu amigo”, eu devo dar três mil dólares para o outro?

A resposta é não. Afinal de contas, eu não trabalho com os vasos de recepção, não renuncio aos meus, mas continuo totalmente na propriedade da misericórdia (Hassadim) e apenas contribuo para o bem dos outros. Eu tenho um bom coração e estou pronto para ajudar os outros, mas não à minha custa. Assim, eu trabalho com o egoísmo no nível 0, nível 1 e, parcialmente, no nível 2 de Aviut (a “espessura” do desejo), mas não no desejo do AHP, que pertence aos níveis 2, 3 e 4.

A parte superior do meu vaso, o meu desejo total de desfrutar, são os vasos de doação (248 desejos), e na parte inferior são os vasos de recepção (365 desejos). Os vasos de doação estão no estado de Hafetz Hesed (HH), na propriedade de misericórdia, e querem doar a fim de doar, mas os vasos mais baixos recebem a fim de doar. Assim, na primeira parte, eu realizo a “purificação”, e na segunda parte a correção, tornando-me semelhante ao Criador pelas propriedades. Aqui, eu já formo a minha semelhança humana: a imagem humana, semelhante ao Criador.

Em geral, esse desejo corrigido com a intenção altruísta é chamado de “alma”.

Assim, o princípio de Hillel pertence à parte superior do vaso, e o princípio do Rabi Akiva à parte inferior. Claro que, em qualquer caso, eu trabalho com o meu egoísmo e deve superá-lo. No entanto, o trabalho de acordo com o primeiro princípio não exige que eu sofra prejuízos, desista de meus bens, e esta é a sua diferença fundamental.

É importante lembrar que estamos falando de uma pessoa que quer aderir ao Criador (C), e é por isso que ela pergunta: “Como posso conseguir a adesão? Como posso entrar no mundo superior, na espiritualidade?”. Primeiro essas perguntas empurram a pessoa nos vasos de recepção, para a linha de esquerda, e depois a levam ao princípio de Hillel. Mais tarde, esta decisão a leva novamente e a deixa trabalhar com seus desejos egoístas.

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Este caminho é descrito no exemplo de um convertido que vai a um sábio para pedir conselhos. Primeiro, ele pede que Shamai o ensine a amar o próximo como a si mesmo, mas é recusado porque é impossível atingir a meta de uma só vez. Em seguida, ele vai a Hillel e pede a ele para explicar todo o método Cabalístico enquanto ele está sobre um pé, ou seja, para descrever os meios de avanço por uma única regra. Em resposta, Hillel formula o princípio de “o que você odeia, não faça a seu amigo”, ou seja, ele esclarece que ações são necessárias para isso.

Assim, de acordo com a lei da criação, o princípio ou adesão com o Criador é dividido em duas partes:

• “O que você odeia, não faça a seu amigo”;

• “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.

Se eu avançar de forma consistente de acordo com esta ordem, eu vou finalmente atingir o amor pelo Criador.

Pergunta: Seguindo o princípio “o que você odeia, não faça a seu amigo”, eu realizo ações físicas. Como posso combinar isso com a intenção correta?

Resposta: O mesmo princípio funciona em nosso mundo, no mundo espiritual, na vida cotidiana e entre os amigos. Não importa em que ambiente eu esteja, eu devo ficar no nível desse ambiente e tentar me comportar da mesma forma como eu quero que eles se comportem em relação a mim. Consequentemente, no grupo, eu sigo os desejos dos amigos e seu objetivo, e no trabalho, eu ajusto minha atitude aos desejos dos meus colegas. E eu faço isso em todos os lugares.

Eu me coloco na situação do outro e, assim, meço a minha atitude com relação a ele, e isso já é doação. Na verdade, eu não desejo mal a mim mesmo, e assim, com certeza trarei benefício para o outro.

Isso é mais do que um exercício; isso já é uma ação, a correção. Não importa se eu atuo egoisticamente. Não pode ser de outra forma. Minhas ações sempre resultam do egoísmo. No entanto, com essa abordagem, elas atraem para mim a Luz que Reforma e, então, eu mudo. É por isso que é dito que o coração segue as ações. Primeiro, eu atuo de acordo com o ditado de Hillel, e, depois, a Luz vem e me corrige.

Pergunta: Portanto, nós poderíamos dizer que o critério do meu avanço é a medida do amor ao próximo que eu alcanço?

Resposta: Claro, como poderia ser de outra forma? Os graus espirituais são diferentes justamente na sua medida de doação.

Pergunta: Nos últimos quatro ou cinco anos, eu só fui capaz de entender que não sou bom. A única coisa que posso fazer é tentar não prejudicar os outros. Nada mais.

Resposta: Se você está pensando em como não causar danos aos outros, você chegou longe. A aceitação deste pensamento na sua cabeça é uma grande conquista.

Pergunta: Na verdade, doar a fim de doar também é egoísta, porque no final, eu desejo o bem para os outros apenas porque desejo o bem para mim. Isso só me fornece uma vida mais confortável.

Resposta: Então, por que a humanidade ainda não adotou esse princípio? O problema é que isso é repugnante à nossa natureza, que exige que os outros se sintam mal. Nós vemos como países inteiros chafurdam em conflitos bobos, a base dos quais é o orgulho primitivo. Isto custa uma quantidade enorme de recursos, bilhões em investimento, um monte de nervos e problemas. Não obstante, em geral, o mundo age egoisticamente, e nada nele poderia ser chamado de “doação em prol da doação”.

Pergunta: Eu acho que a “doar a fim de doar” é algo ingênuo, abstrato. O que é isso na realidade?

Resposta: É uma ação dirigida contra a vontade, contra meu egoísmo. Ela exige que eu incline a minha cabeça, sinta o outro, fique no seu lugar, “experimente a mim mesmo” e ele em mim mesmo. Aqui, você precisa de um profundo entendimento de psicologia.

O princípio “o que você odeia, não faça ao seu amigo” compõe a metade de todo o método, metade da correção da alma. Tendo implementado-o, eu subo para o nível do Partzuf Abba ve Ima do mundo de Atzilut, eu obtenho as Luzes de Hassadim. Elas contêm a iluminação de Hochma, porque eu anulo o meu egoísmo.

Para não causar danos ao outro, eu devo parar, trabalhar em mim mesmo. Eu lhe faço um favor — não apenas às minhas custas, sem entregar os meus bens, mas pelo comprometimento e concordando em seu benefício. Em nosso mundo, essas ações são pensadas para ser generosas e benevolentes, e ainda pensamos que somos capazes de realizá-las altruisticamente.

De qualquer forma, com a abordagem correta, com a ajuda da Luz que Reforma, elas gradualmente me guiam ao longo do caminho. Cada vez, o meu desejo de doar cresce, enquanto eu busco o meu próprio interesse, busco recompensa, mas a Luz me leva ao verdadeiro pagamento.

Eu repito, nós devemos realizar ações, a Luz vai seguir as ações, e mudanças virão depois da Luz. No início, eu purifico meus vasos da intenção egoísta. Assim, mesmo as minhas piores ofenças se transformam na categoria de equívocos. Então, eu prossigo diretamente para a correção, construindo minha equivalência humana a partir de um “material” limpo.

Assim, “o que você odeia, não faça ao seu amigo”. Este é todo o método, e se você tomar esse caminho, ele vai levar você à meta.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 30/05/13, Escritos do Baal HaSulam