Inveje Mais Os Outros

Dr. Michael LaitmanPergunta: Você diria que a quantidade e a qualidade do nosso esforço dependem da nossa inveja dos amigos?

Resposta: Sim, também depende da sua inveja. Diz-se: “Inveja, luxúria (cobiça) e honra (respeito) tiram a pessoa deste mundo”.

Nós podemos nos perguntar o que há de tão bom nesses atributos, o que pode ser pior e mais censurável do que perder a sua forma humana? Uma pessoa que é invejosa pode prejudicar os outros, e ela gosta de pisar neles e destruí-los.

Em suma, nós estamos falando de atributos negativos, mas são eles que realmente tiram a pessoa deste mundo e a levam para o mundo superior. Afinal de contas, eles me mostram o verdadeiro ego.

De que outra forma eu posso estabelecer minhas conexões com os outros, se não sinto inveja, luxúria, e um desejo por honra? Se eu não tenho esses atributos, eu não preciso de nada; eu posso viver em algum lugar nos subúrbios e, por vezes, ir às compras ou fazer diferentes coisas para prover minhas necessidades básicas e voltar para casa.

Mas, de repente, nesta tranquilidade, eu descubro que invejo os outros; eu quero ter as mesmas coisas que eles têm, e ainda mais, a fim de parecer superior a eles. Então eu passo a viver na cidade e iniciar uma “carreira”…

É impossível avançar sem revelar os meus próprios atributos maus. Nós só devemos entender que eles são uma “ajuda contrária”. Nós não devemos impedi-los, mas sim deixá-los sair, como Baal HaSulam diz: “Eu estou feliz com a revelação do mal”.

Pergunta: Como podemos combinar sentir inveja dos amigos e pedir, não para mim, mas para eles?

Resposta: A inveja dos amigos é um grande catalisador para o meu avanço; mas, avançar para onde? Rumo à doação. Isso não significa conquistar maiores realizações do que eles no nível corpóreo; eu quero ter sucesso no nível espiritual. Na espiritualidade, o sucesso depende de quanto eu anulo o meu “eu”. Quando quero avançar, eu organizo tudo o que recebi dos amigos através da inveja, cobiça e desejo por honra, e começo a entender que o avanço espiritual significa, na verdade, transcender a mim mesmo.

Assim, eu recebo dos amigos um desejo de ascender, mas não o interpreto corretamente: ascender significa subir acima de mim mesmo e ser incorporado a eles. Assim, o grupo é uma “ajuda contrária”, que evoca um despertar negativo em mim, que eu transformo em positivo, para, finalmente, voltar à conexão com os amigos.

Aqui eu tenho um novo problema: o desejo cresce de novo, e eu repito todo o processo…

Pergunta: Como posso eu dirigir a inveja, a cobiça e o desejo por honra na direção certa? Afinal, é muito fácil justificar a mim mesmo em perseguir a meta correta e, finalmente, cair na escuridão e distorção ao longo do caminho. Como posso construir os limites internos que me dirigem, além do professor, do grupo e dos livros?

Resposta: Você tem que se anular perante os amigos. Como resultado da anulação, você evoca a inveja, a cobiça, o desejo por honra dentro de você. Você abre os olhos e começa a examinar as coisas e não apenas as deixam seguir em frente.

Caso contrário, você se encontra na inveja, luxúria e desejo por honra no nível corporal. Você quer ser diferente, subir acima dos amigos. Mas o grupo é construído de tal forma que não vai deixar você cair nisso. De qualquer forma, você vai mudar, uma vez que aqui a atmosfera é especial e as pessoas estão lidando com a busca interior. Portanto, a sua atitude para com os amigos assume gradualmente uma forma mais correta. Então, até mesmo novos amigos recebem aqui a direção certa e aspiram à verdade, e não ao lucro habitual para si.

Pergunta: Mas cada um dos amigos recebeu as condições ideais para avançar. Portanto, o que há para invejar?

Resposta: Eu quero incluí-los dentro de mim. Em cada um deles há algo de especial, pois, caso contrário, não estariam aqui. Assim, eu quero a mesma coisa, ou seja, quero ser Adão, um ser humano.

As condições ideais não são motivo para relaxar, mas sim motivo para extrair o bom de tudo, de todos os estados e amigos.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 10/03/13, “Introdução ao Livro do Zohar