O Verdadeiro Lugar Para Uma Pessoa

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que significa o termo “lugar” de acordo com a sabedoria da Cabalá, tanto por parte da Luz como por parte do desejo?

Resposta: O Criador criou o desejo de receber em sua forma bruta inicial. Em seguida, a Luz começou a trabalhar dentro do desejo de receber. Ela gerou o desejo de receber e depois começou a aparecer cada vez mais nele. Então, o desejo de receber começou a mudar em qualidade, passou por cinco fases de desenvolvimento e começou a assumir diferentes formas, enriquecidas com diferentes atributos e facetas.

Assim, ele chegou a um estado chamado de “lugar”. Isso significa que ele é diferente daquilo que o preenche. O preenchimento não é o primeiro e nem a Luz, mas o “lugar” que ela entra.

Eles deveriam ter se separado, pois é dito: A menos que a Luz se separe do vaso uma vez, é impossível determinar algo. Mas, quando ela se separa uma vez, eles já são duas coisas distintas, e agora é possível identificar a “Luz” e o “vaso” separadamente e também estudar a conexão entre eles. É assim que o “lugar” é criado, mas não é o suficiente; é possível derramar um pouco de bebida num jarro, por exemplo, e enchê-lo até o topo. O Criador quer que esse “lugar” sinta a Ele e sinta quem Ele é.

Imagine que você tenha feito um jarro de barro, e agora quer que este jarro sinta quem o fez e com que finalidade. Além disso, ele quer receber o enchimento exato: suponha que ele não concorde em receber água, leite ou vinho, mas precisa de petróleo. Em seguida, de acordo com o que escolhe, ele é enchido e rejeita todos os outros enchimentos. Isso significa que o “lugar” também deve diferenciar entre o que é bom e ruim, ou em outras palavras, ser um “sábio egoísta” que depende do seu ego que foi criado pelo Criador.

Em seguida, o Criador quer que esse desejo prefira por si mesmo a natureza oposta, escolhendo-a por sua livre vontade. Ele tem que “formar” a si mesmo, se organizar de modo que possa agir por si mesmo de maneira oposta, à medida que constrói a si mesmo de novo. Se o desejo adquire essa habilidade, ele começa a agir novamente e a se encher, e é chamado de Adam, que se assemelha (Domeh) ao Criador.

É como se o desejo gerasse a si mesmo de novo pelo seu próprio livre arbítrio, e escolhesse cada passo que realiza, cada enchimento, e cada forma. Por um lado, tudo vem dele e não depende de ninguém, e, por outro lado, tudo é completo e está em doação. Isso é chamado de “lugar”. Essa é a deficiência que precisamos. Até então, não estamos sequer cientes de quantos estados temos que percorrer para chegar a esses discernimentos…

Pergunta: Existe uma conexão entre o “local” e o ambiente?

Resposta: Para que o desejo seja independente, atue livremente em seus discernimentos, em sua percepção, ele é dividido em dois sistemas: eu e fora de mim. No sistema interno, existe apenas uma centelha, e no sistema externo, há o mundo inteiro. Na medida em que a pessoa usa o “mundo” corretamente, ela aumenta sua centelha. Na medida em que quer usar o mundo de uma maneira oposta, de forma errada, ela diminui a centelha. Ela verifica a si mesma e aprende de acordo com a sua atitude para com o mundo, o ambiente.

Além disso, a pessoa tem a sabedoria da Cabalá (professor, livros, e grupo), e tudo isso é para ajudá-la a se realizar de forma consciente e não apenas pelo sentimento. Afinal, se nós aprendermos com nossos sentimentos, isso vai levar a toda uma cadeia de falhas, a uma via muito lenta e cruel das cinco fases de desenvolvimento. Se a pessoa se desenvolve através do ambiente, então o ambiente se torna para ela o professor, os livros, o grupo e o Criador. Ela se desenvolve pelo “caminho da Torá”, pelo caminho da Luz que Reforma.

A diferença é que pelo caminho da Luz, ela traz seu próprio componente de desenvolvimento e com isso desenvolve a imagem do Criador dentro de si. Ela começa a se relacionar com a realidade não como uma criatura, mas como o Criador: “Como eu uso o grupo, o professor, os livros e o Criador, todas as forças que me influenciam, para me estabelecer corretamente?”.

Assim, nós desenvolvemos o ser humano em nós e avançamos corretamente no caminho mais curto e fácil para todos. Então, a deficiência para avançar, que cada vez nós estabelecemos de novo, é chamada de um verdadeiro “lugar”, e é um lugar que devemos alcançar.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/01/13, “A Paz”