O Mundo Todo É A Face Do Criador

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Introdução ao Livro do Zohar“, Item 33: E você deve saber que qualquer satisfação do nosso Criador em doar às Suas criaturas depende da medida em que elas O sentem — que Ele é o doador, e que Ele é aquele que lhes dá prazer; pois Ele recebe grande prazer delas, como um pai brincando com seu filho amado, na medida em que o filho sente e reconhece a grandeza e exaltação de seu pai, e seu pai mostra-lhe todos os tesouros que preparou para ele.

Pergunta: Por que é tão importante para as criaturas sentir que é o Criador quem lhes dá prazer?

Resposta: As criaturas só conseguem sentir aquilo com que elas têm uma equivalência de forma. Se elas quiserem sentir o Criador como aquele que doa, elas têm que entender o que significa isto; elas têm que ser incluídas na doação e realmente subir a essa altura. Daí elas vão receber esse prazer, o mesmo nível de existência e poder de vitalidade que o Criador possui.

Pergunta: Aqui há o exemplo do pai brincando com o filho, querendo que ele O considere como a fonte de todos os prazeres. Isso parece ser um ato muito egoísta.

Resposta: Mas pode haver outro exemplo de uma atitude semelhante: o pai teve o filho não para apreciá-lo, mas para levá-lo à bondade. O pai faz tudo que está em seu poder até que o filho cresça para doar a ele. Então, quando o filho cresce e recebe todos os tesouros do pai, compreendendo e sentindo toda uma existência eterna, isto traz contentamento ao pai. Isto significa que, se o Criador desfruta, é sinal de que eu alcancei a perfeição. É assim que você deve ver: que isso se origina do Seu amor.

De nossa parte, nós temos que tentar trazer contentamento a Ele e trazer doação total e infinita à força superior. Nós recebemos as deficiências dela, desejos vazios, e dela recebemos as Luzes que corrigem essas deficiências, transformando-as de “a fim de receber” em “a fim de doar”. Assim, nós avançamos em direção à equivalência com o Criador. Esta é a única maneira correta e desejável pela qual podemos avançar. Assim, nós sentimos a força da vida espiritual que nos preenche, chamada Luz.

Este processo está descrito em nossa linguagem, na linguagem corporal, e assim parece que o Criador chora e sente pena se não agirmos como deveríamos ou se não acompanharmos o ritmo desejado. Assim, os Cabalistas transmitem as reações que provocamos Nele por nossas ações indesejadas. No entanto, se formos bem sucedidos, eles dizem que Ele fica feliz.

De uma forma ou de outra, “a Torá falou na linguagem dos humanos”. É daí que surge o exemplo do pai, que intencionalmente muda sua expressão em relação ao seu filho, expressando assim insatisfação, desejo ou felicidade, a fim de permitir ao filho estabelecer a conexão com ele. Mas isto é apenas uma expressão, uma vez que o próprio pai provoca diferentes estados e humores no filho, e é ele quem cria as circunstâncias que acompanham o seu crescimento. O filho obedece totalmente ao seu pai, interna e externamente. Portanto, diferentes imagens surgem diante dele: ele também vê que seu pai é sério, risonho, insatisfeito ou satisfeito.

Em geral, todo o meu mundo interior e o meu ambiente é o Criador. Dentro, isto está totalmente oculto de mim, e do lado de fora eu posso atribuir o papel principal ao destino e até mesmo à força superior, apesar de ainda não vê-la. O objetivo é entender onde está o “corte”, a diferença, onde está o “eu” aqui.

Diz-se: “Não há outro além Dele”. O Criador envia-me tudo que eu sinto internamente; Ele controla meus pensamentos e desejos e tudo o que acontece comigo, como eu recebo isto e como respondo ao que está acontecendo. Num raio-x, eu posso ver que não tenho controle sobre nada, que Ele controla tudo.

Então, o que sou eu? “Eu” é o ponto que quer revelar o Criador. É isso! É um ponto que está fora do Criador, o ponto de separação, de quebra, o ponto do meu “eu”, minha base, sobre a qual eu preciso descobrir o Criador e Sua unicidade.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/07/12, “Introdução ao Livro do Zohar