O Mundo À Minha Volta: Sou Eu Sob Uma Lupa

Dr. Michael LaitmanA diferença entre a percepção espiritual e a percepção corporal reside no fato de que a pessoa sente que o mundo espiritual está dentro dela, em seu desejo de receber, e o sentimento de que o mundo que está fora dela não pertence a ela é deste mundo. A diferença é determinada pelo ego, que distancia certos atributos que estão em mim e parece colocá-los do lado de fora. Esta separação é criada por causa da quebra dos desejos, que os tornou estranhos e distantes entre si, como se não fizessem parte dos interesses egoístas dos outros e daqueles que estão opostos ao seu próprio desejo.

Mas é exatamente por esta razão que nós temos uma chance de nos conectar, como no início, no estado final corrigido, mas agora com o sentimento, compreendendo e alcançando a sua existência em sua profundidade total. Afinal de contas, nós passamos um longo caminho de reconhecimento em direção ao estado final, comparando o que sentimos dentro e fora de nós.

Isto é possível graças ao fato de que o meu ego me separou e lançou milhões de meus atributos para longe de mim: os atributos dos níveis inanimado, vegetal, animal e humano, que eu sinto como estranhos. Agora, graças ao fato de que eu os comparo a mim mesmo e forço para me aproximar, querendo ou não, eu intensifico meus sentimentos e aumento meu entendimento, até que começo a amar todos os outros.

Quando eu os trago de volta para dentro de mim eu adquiro tal percepção ampla da realidade que abrange todo Ein Sof (Infinito), 125 graus espirituais.

Basta pensar como são ocultos e imperceptíveis todos os processos que ocorrem dentro de nós. Porém, do lado de fora, eu imediatamente presto atenção e reajo fortemente a qualquer mudança, mesmo a mais leve delas, seja boa ou ruim. Afinal, o meu ego as aumenta como se olhasse para elas com uma lupa.

Com relação ao que acontece dentro de mim, meu ego não é tão exigente como para o que acontece for. Portanto, eu sou tão sensível a tudo o que acontece ao meu redor, mas se a mesma coisa acontecesse dentro de mim, eu nem sequer notaria. A pessoa não conhece a si mesma, não sente e não vê a si mesma como os outros a vêem. Às vezes, é um verdadeiro choque para ela descobrir o que os outros pensam dela. Eles abrem seus olhos, e ela não pode acreditar que seja bem assim.

Nós não nos conhecemos! Nós não sentimos a nós mesmos e não sabemos os nossos próprios atributos. Nós só queremos nos satisfazer, mas não estamos familiarizados com as complexidades internas. Enquanto que tudo o que acontece fora nos preocupa, e apaixonadamente julgamos aqueles que agem de determinada maneira com relação a nós e contemplamos o que devemos fazer sobre isso.

Portanto, graças à quebra, que levou todos os meus atributos internas para fora e deixou apenas um desejo muito pequeno dentro de mim, eu posso começar a trabalhar com o que me parece externo para trazê-lo de volta para dentro, a fim de conectar a Luz e o vaso num desejo. Graças a isso eu adquiro uma percepção muito fina, já que tenho que levar em conta e entender cada estranho. Eu posso odiá-lo, mas tenho que amá-lo quando transformo toda a minha percepção no outro pólo.

Tal entendimento me recompensa com uma Luz que é 620 vezes mais forte e a compreensão de onde estou e o que eu sinto. Esta é a diferença entre o mundo de Ein Sof, que foi inicialmente criado pelo Criador, no qual o ser criado era apenas um pequeno ponto, e o nosso mundo. Nós temos que aumentar esse pequeno ponto até Ein Sof, adicionando tudo o que está do lado de fora, trazendo o mundo inteiro para dentro, de acordo com a regra: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 01/06/12, O Zohar