Quando O Sol Não Abandona O Zênite

Dr. Michael LaitmanPergunta: Pesquisas mostram que 80 por cento da humanidade acredita no poder superior que controla tudo. Por que nós não podemos explicar às pessoas que tipo de poder ele é e o que ele quer? É muito mais interessante do que as chamadas para o amor.

Resposta: Nós não temos nada a explicar. A força superior é a Natureza, a lei, uma força tão  inflexível quanto a força da gravidade. Ela é o Absoluto que é Bom, faz o Bem, e não muda.

Se esta força é invariável, é como se inexistisse. A ausência de mudança parece anulá-la.  É como viver sob o sol, sempre preso no zênite. Não há nenhuma forma de  levá-lo em conta se ele está, e sempre estará lá. Ele simplesmente é, e isso é tudo.

Em nossa vida, fazemos cálculos com base no que deve mudar, nos avanços dos quais dependemos. É uma outra questão se falamos de algo permanente e indestrutível, do qual dependemos constantemente, a tal ponto que isso não pode ser chamado de dependência.

Isto é o que o “Criador” é. É por isso que é tão difícil explicar isso às pessoas. Na realidade, nós oramos não para Ele, mas para nós mesmos. Nós buscamos como mudar, e Ele é sempre imutável. Claro, eu irei mudar se eu desejo isso, e para fazer isso, eu não preciso levá-Lo em conta. Ele é Bom e faz o Bem, e ao lado Dele eu sou como uma criança mimada cujos pais lhe dão amor absoluto, enquanto ela faz o que lhe agrada e fica fora de controle, sabendo que nada de ruim vai lhe acontecer.

Assim, nosso problema é como explicar às pessoas que o Criador é como um muro sólido e simplesmente existe. Você pode saltar na frente dele, abanar os braços, este é o seu trabalho e o muro ainda está edificado sobre você.

A pessoa mal pode imaginar isto: “Então, com quem eu estou lidando? Isso significa que não há ninguém para perguntar”. Como nós podemos explicar para aqueles que acreditam no poder superior, de que não faz sentido orar ao “Criador” mutável que faria melhor hoje do que ontem. Isto significa dizer que ontem ele me fez mal?

Na realidade, nós lidamos com Aquele que é Bom e faz o Bem para o malvado e o justo. Mas para a pessoa, isto significa que, independentemente de ela ser boa ou ruim, o resultado será o mesmo.

Uma pessoa comum está constantemente sujeita a mudanças. O tempo todo, ela se compara com o mundo, tentando calcular os resultados de mudanças internas e externas. Ela não entende o que significa a Força universal, geral, grande e imutável. Isto ilude nossos órgãos dos sentidos, porque eles estão “sintonizados” para mudanças ao invés da condição estática. Eu só não vejo o que não muda, não desaparece da minha vista.

É por isso que nós não podemos explicar às pessoas o que o “Criador” é. Às vezes, eu digo que o “Criador” é a Natureza, que Ele é imutável, e não há ninguém para quem orar; que a oração é um autojulgamento. Em resposta, eles estão prontos para me fazer em pedaços. Este é o problema: nós julgamos a nós mesmos, enquanto outros pedem ao Criador por mudança: “Eu joguei uma moedinha no Seu cofrinho, agora me salve das angústias”.

Ao falar do Criador como a lei inflexível da natureza, nós negamos à pessoa a possibilidade de recorrer a Ele. A pessoa não vê que ela tem que mudar. A nova “dose” forte de desenvolvimento é necessária para que a pessoa comece a se comportar de forma diferente.

O que quer que nós falemos, incluindo a crise, nós essencialmente explicamos às pessoas o caminho do sofrimento: “Como alternativa, haverá problemas, e não vale a pena. Vamos mudar”. Isso não é uma mentira, mas também não é a verdade.

Nós devemos dizer algo mais à pessoa que vem para a sabedoria da Cabalá, desejando alcançar a meta da criação: “Você tem que estar acima disso. Não importa se isso é bom ou ruim, você tem que se elevar pela fé acima da razão. Você não deve condicionar suas ações ao sofrimento ou prazer. Isto não é doação. A fé acima da razão significa que você se eleva acima da recompensa. Ou você trabalha para escapar do mal e alcançar o bem no futuro? Você está esperando a compensação? Você quer atingir o propósito da criação para si, em vez de dar prazer ao Criador?”.

Por outro lado, a quem nós supostamente agradamos, se o Criador é a lei? Este é um momento delicado em nossas explicações

Da Lição Diária de Cabalá 17/106/11, “O Corno do Messias”