Percepção Da Realidade: De Newton A Cabalá

Dr. Michael LaitmanNós vivemos em um mundo bastante confuso. E as pessoas se perguntam sobre onde elas vivem, onde elas existem. Geralmente, nós não fazemos essas perguntas ao longo do curso de milhares de anos. Nós pensamos que o mundo em que vivemos é este mundo. Esta concepção é chamada de “percepção do mundo de acordo com Newton”.

Depois, à medida que nós avançamos em nosso estudo da natureza, descobrimos que outros seres, que são diferentes dos seres humanos, percebem o mundo de outras maneiras: cobras o percebem sob a forma de pontos de calor; cães o percebem como uma nuvem de cheiros; abelhas o percebem dividido em vários setores, e assim por diante. Em outras palavras, cada ser percebe o mundo de maneiras diferentes e é orientado de acordo com suas sensações. E isso não nos impede de existir em uma única dimensão, onde todos percebemos o mundo de formas totalmente diferentes.

Depois, surgiu um paradigma diferente. Einstein veio e provou que tudo é relativo: tempo, espaço, movimento, e que não há nada absoluto. Em outras palavras, a nossa percepção da realidade é apenas nossos hábitos, e nós podemos percebê-la de uma forma completamente diferente.

Se tivéssemos que nos mover a uma velocidade muito rápida, se tivéssemos que orbitar em torno de grandes massas celestes, o tempo e o espaço se tornariam deformados, e nós sentiríamos, veríamos e perceberíamos a nós mesmos de maneira totalmente diferente. Esta é a percepção da realidade de acordo com Einstein, que é a teoria da relatividade: Tudo é relativo ao homem. O próximo cientista, Hugh Everett, provou que o mundo que percebemos em relação a nós, isto é, que depende de nós, praticamente não existe; nós o construímos em nossas sensações.

Então surgir a sabedoria da Cabalá, a qual foi ocultada por quase 6.000 anos, e estava sempre escrito em seus livros que nem nós nem o mundo existem como nós o percebemos; tudo é apenas relativo aos nossos sentidos. Se mudássemos os nossos sentidos, o mundo mudaria.

Em outras palavras, de acordo com a teoria de Einstein, há um observador e o objeto de observação. Segundo a teoria de Hugh Everett, há um objeto e um observador, ambos mudando constantemente, e nós somos capazes de perceber algo intermediário entre eles. Mas nós também podemos perceber “exigindo” (por exigência), de acordo com nossas qualidades internas. É disso que fala a Cabalá.

Por que precisamos de todo esse conhecimento? Nós precisamos dele para que possamos, finalmente entender onde nós vivemos, o mundo em que existimos. Surgiram filmes como “Matrix” e “What the Bleep Do We Know” (Quem Somos Nós?), que transmitem concepções e idéias de que a dimensão que percebemos através dos nossos sentidos físicos não é a dimensão em que vivemos.

Nós temos visão, audição, paladar, olfato e tato. Nós percebemos o que se enquadra no âmbito destes cinco sentidos. A nossa imagem do mundo é baseada nisso.

Mas se nós tivéssemos que começar a nos separar destes sentidos, a imagem do mundo  começaria a diminuir e desaparecer. Em outras palavras, o que percebemos não é o que atualmente existe fora de nós, mas nossas reações, nossas influências internas, as chamadas “perturbações” em relação às coisas que não entendemos.

Mas, que mundo nós perceberíamos se nos libertássemos dos nossos cinco sentidos? Este é o local onde a Cabalá vem e nos diz como podemos nos elevar acima desses cinco sentidos e começar a perceber o mundo de forma diferentes, complementar. Nós podemos começar a perceber a natureza, o mundo, do jeito que ele existe fora de nossos corpos, fora de nossos cinco sentidos, além do mundo onde existimos agora em nossos corpos como qualquer organismo vivo.

Nós temos um princípio dessa percepção, também chamado de “ponto no coração”. Esse não é nem um coração nem um ponto nele. Isso é simplesmente um nome para um sentido rudimentar e adormecido que temos. Nós podemos desenvolver e usá-lo a fim de começar a perceber o mundo que podemos imaginar fora de nossos corpos.

Assim, a Cabalá fala sobre o mundo que existe na realidade fora de nós, fora de nossos cinco sentidos, fora do fluxo de informações que entra em nós. É por isso que é chamada de “Cabalá” (“recepção”), um guia para a aquisição de uma percepção verdadeira da realidade atual.

Da Palestra Pública em Berlin 27/01/2011