Onze Anos Após Arosa, Parte 3

Laitman_115_06De “A Crise e Sua Solução” (Relatório do Fórum de Arosa)

Como podemos evitar o aprofundamento da crise?

Para superar o aprofundamento da crise, é necessário:

1. Reconhecer a existência da crise.
2. Revelar suas causas.
3. Perceber a existência de uma alternativa e a possibilidade de sair da crise.
4. Criar um plano para sair da crise.
5. Implementar o plano.

Em janeiro de 2006, quando esse relatório foi preparado, a crise ainda não tinha se manifestado. Portanto, ele era apenas uma advertência de que o mundo estava entrando em crise e conselhos sobre como evitá-la, a fim de não se chegar às manifestações que vemos hoje onze anos depois.

Hoje, é impossível esconder a crise, embora algumas de suas manifestações estejam ainda escondidas das pessoas e parte da crise ainda não seja aparente, mas em potencial. A crise se espalhou pela indústria, o comércio, os sistemas financeiros e políticos, a estrutura de controle da elite financeira sobre as massas, a educação e a família – ou seja, todas as áreas da sociedade humana.

Pode parecer que se trata de crises diferentes que afetam cada uma de suas regiões e que é possível tratá-las separadamente. No entanto, há apenas uma crise no relacionamento do homem com a sociedade humana, que deve se tornar cada vez mais integrada e interconectada. Se começarmos a corrigir esse problema, vamos corrigir cada crise individual que está se manifestando hoje.

Em essência, trata-se de uma crise da humanidade, e não de qualquer coisa estranha. A crise está enraizada na sociedade humana que vive na Terra, ou mais precisamente, nos países mais desenvolvidos da América do Norte, Europa e Ásia. A razão para a crise – a relação do homem com a sociedade – é porque nos sentimos como indivíduos, ao invés de nos sentirmos parte integrante da sociedade humana.

Durante toda a história milenar da humanidade, considerou-se normal que uma pessoa se sentisse especial, afastada dos outros e não obrigada a ninguém. Pelo contrário, ela aspirava a usar os outros tanto quanto possível e, com isso, avançar.

É exatamente essa aspiração egoísta que motiva todas as realizações humanas, e era considerada uma qualidade útil. A sociedade humana evoluiu devido ao fato de que havia pessoas que a usavam porque estavam puxando a sociedade para frente.

Todo o desenvolvimento era devido ao uso do egoísmo humano. Todas as grandes descobertas – novos continentes, energia, eletricidade e drogas – aconteceram precisamente porque as pessoas que as descobriram queriam ganhar poder, dinheiro e conhecimento, que são operados pelo seu egoísmo.

Isso foi muito encorajado pela sociedade porque a pessoa que se esforçava para inventar, descobrir e criar algo novo, estava ajudando os outros e os arrastando consigo.

No entanto, hoje, esse motor parou de funcionar e até mesmo começou a girar na direção oposta, e nós precisamos perceber isso.

Todo o tempo, até recentemente, o egoísmo humano era um elemento em desenvolvimento, um fator positivo no desenvolvimento da humanidade. Mas a partir de um determinado momento no tempo – poderíamos dizer a partir de meados do século XX, ou mais precisamente, a partir da criação do Clube de Roma, em 1968, a humanidade começou a descobrir que os atos egoístas causam danos.

É como uma fruta que amadurece e depois começa a apodrecer se continuarmos a usá-la como fazíamos antes.

Hoje, o mundo percebeu que há uma crise, mas não vê qualquer saída dela, e, portanto, todo mundo está tentando não falar sobre isso. Afinal, políticos, governantes e cientistas não querem mostrar a sua fraqueza e incapacidade de gerir. Eles querem acreditar que podem lidar com a crise.

Agora, toda a esperança está com o novo presidente dos EUA. Tudo isso é necessário para garantir que isso não funcione para ele também. No entanto, dessa forma, será confirmado que essa crise não tem solução no nível ordinário, humano.

Se a causa da crise é o egoísmo humano, só a correção da relação do indivíduo com a sociedade pode nos tirar da crise e permitir a existência contínua da humanidade. Caso contrário, a natureza nos ensinará rudemente o caminho do sofrimento e das guerras.

Não se trata de uma crise técnica causada pela falta de organização de alguns sistemas materiais, mas sim de uma crise humana, no nível humano. Portanto, para sair da crise, não precisamos estabelecer um sistema que seja deste mundo; precisamos corrigir a atitude do homem em relação à natureza, à sociedade e toda a sua existência.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 10/01/17Lição sobre o Tema, “Mismah Arosa”, (Documento de Arosa)