“Sanduíche” De Relações

laitman_243_05Nossa tarefa é usar todas as nossas forças e qualidades apenas para doação aos outros e organizar uma sociedade onde todos trabalham não para si mesmos, mas apenas para o bem comum. Ao contrário do Criador, nós somos criados como um desejo de receber e sentimos prazer quando satisfazemos certos desejos, tais como comida, sexo, família, riqueza, fama, poder e conhecimento.

A realização espiritual não pertence a sua própria satisfação, mas sim à criação de um vaso de recepção completamente diferente, porque tudo dentro de nós é temporário em duração e limitado no espaço. Se uma pessoa preenchesse os outros, mas sentisse que eles não são outros, mas ela mesma e seus filhos, então ele teria uma possibilidade ilimitada de preenchê-los e, assim, desfrutaria ainda mais do que se recebesse para si mesma.

Portanto, tudo o que está faltando é simplesmente a sensação de que todas as pessoas no mundo são as criaturas mais preciosas para nós e que temos uma oportunidade de dar a elas, cuidar delas e, assim, desfrutar constantemente. Vamos ter um incentivo para viver, produzir, e trabalhar por elas, porque isso nos preenche.

Claro, tudo isso é egoísta, como no caso dos nossos filhos, porque eles são muito mais importantes para nós do que nós mesmos. Isso é evidente inclusive nas relações em nosso mundo; afinal de contas, se a mãe precisa salvar seu filho, ela está pronta para fazer qualquer coisa.

No entanto, imaginar pessoas que são “estranhas”, sem qualquer relação comigo, como alguém que está muito perto, é um problema. O problema não é sequer imaginar, porque, nesse caso, eu iria trabalhar para elas como para os meus próprios filhos e netos e assim permaneceria no mesmo nível animal, como qualquer pessoa nesse mundo. Essa não é uma correção espiritual.

A correção espiritual é quando eu começo a perceber o universo inteiro como dependendo de mim e sinto todas as pessoas não apenas como uma família. É ainda impossível expressar isso porque não existem experiências adequadas neste mundo.

O fato é que, como resultado de estudar Cabalá, quando nos reunimos no ambiente Cabalístico sob a influência do método de conexão que realizamos com os outros, uma força positiva especial aparece na sociedade. Ela existe na natureza, mas está oculta de nós. Essa é a força do Criador; portanto, é dito que o Criador está escondido. Ninguém O conhece, sente ou vê. Mas se tentarmos nos conectar entre nós como uma família, nós atraímos Sua revelação, e essa força positiva, anti-egoísta, começa a construir conexões entre nós.

Ela não elimina a nossa mútua oposição egoísta, mas constrói uma conexão acima dela, demonstrando que somos um todo único comum. Dessa forma temos um “sanduíche”, ou seja, dois níveis de relações. No nível inferior, eu ainda odeio os outros, concorro com eles, e os empurro para longe de mim ainda mais do que antes. E no nível acima, de repente começo a sentir que tenho comunhão, integridade, unidade e reciprocidade com eles.

Estes dois tipos completamente opostos de relações entre eu e as outras pessoas cria um sistema espiritual dentro de mim chamado de “o amor cobre todas as transgressões”. Se eu estou em tal estado interno de dois níveis, então, o estado superior, quando eu quero dar aos outros e me preocupo com eles, é chamado de fé, a qualidade de doação, amor e sensação do meu próximo como a mim mesmo. Está acima de minha atitude egoísta anterior em relação às pessoas que eram estranhas e opostas a mim.

Essa é a implementação da Torá chamada – ama o próximo como a ti mesmo – porque então o amor cobrirá todas as transgressões. Isso significa que o amor não anula o egoísmo, mas apenas o cobre desde cima.

Existem duas camadas em uma pessoa simultaneamente, e quando elas interagem lhe dão a oportunidade de começar a sentir o mundo superior entre as qualidades de rejeição/ódio e atração/amor. A Torá nos leva a isso.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 20/07/16