Por Que Não Consigo Entender O TES?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Eu sinto um completo desapego do TES (Talmud Eser Sefirot). Eu não consigo entender nem senti-lo. Quando eu o leio, eu me sinto muito frustrado. Existe uma maneira de lidar com isso?

Resposta: E com razão. Afinal de contas, você vê que tudo escrito lá não está claro para você, não se “relaciona” com você.

Quando nós estudamos qualquer ciência que pertença a este mundo, nós lemos devagar, tentamos compreender, ouvir, “digerir” a mesma página ou uma parte dela muitas vezes, e, por fim, a compreendemos. Nós podemos desenhar no papel, criar um modelo, ou vê-la em algum lugar, ou perguntar aos outros sobre algo que não entendemos ainda.

Aqueles que conhecem as respostas vão nos mostrar como ela funciona, mas também trarão exemplos: este é um átomo, tem elétrons e prótons. Este é um acelerador, ele acelera átomos, bate neles e eles se rompem com seus núcleos e saltam de um lado para outro… Nós não vemos esta imagem, mas podemos imaginar bolas “saltando”.

Quando nós estudamos a espiritualidade, nós simplesmente não entendemos nada. Tudo o que diz respeito à espiritualidade acontece num reino totalmente diferente, num plano diferente, em outra dimensão, em propriedades e qualidades opostas.

Tudo o que temos é o nosso cérebro (um computador vazio) e um “programa” egocêntrico que encheu nosso cérebro desde que nascemos. Nós observamos tudo por este prisma. Nós não somos capazes de ler textos que são tão diferentes, nem entendemos o que estes textos nos dizem. Isto é porque nós somos executados por diferentes tipos de software.

Como exemplo, vamos pegar um computador normal com um sistema operacional “Windows”. Nós tentamos rodar um sistema operacional diferente no computador, digamos “Linux”. No entanto, ele não tem software para fazer isso, de modo que o computador não tem “nenhum indício” do que está acontecendo com ele. Esta nossa tentativa cria uma bagunça total no computador, nada mais.

O mesmo se aplica a nós. Nós somos programados internamente. As conexões entre a nossa memória e células lógicas já foram estabelecidas. Nós lemos com nossos olhos, mas internamente sentimos que estamos lendo. Assim, devemos ter um programa interno que seja “compatível” com a informação recebida, como num computador. Pura e simplesmente, não há mais nada além disso.

Portanto, a informação que digitalizamos com os nossos olhos contém um volume diferente e “se assenta” num grupo diferente de células, que não está na mesma rede com os dados informativos e suas relações que estão em mim. Nós lemos as informações que se baseiam na doação, em “sair de si mesmo”. No entanto, é uma informação totalmente diferente que não está em nós. Nós não temos uma máquina interna para compreendê-la.

Há pessoas que ainda gostam de ler, entender, que literalmente “mastigam” o granito da ciência. Nós temos um aluno que é assim; a propósito, ele é um grande amigo nosso, embora seja um grande “nerd”. Eu sempre o uso como exemplo de quão forte alguém realmente busca o conhecimento.

Eu também fui um deles. Eu pensava que conquistaria tudo através do aprendizado, e na medida em que entendesse o material que estava estudando com meu cérebro, iria revelar e alcançar a Cabalá como qualquer outra ciência deste mundo. Como resultado, eu bati numa parede e senti uma enorme repulsa ao TES.

Eu levei alguns anos para entender a sexta e a sétima porções do TES, o mundo de Nekudim. Da oitava parte em diante eu não compreendia nada! Em outras palavras, isso não vivia em mim, porque eu não tinha esses elementos dentro de mim.

Há pessoas que estudam TES e ficam muito felizes com isso, porque não têm uma demanda interna para atingir a realização, ou seja, não têm nenhum ponto no coração. E eu tenho um ponto no coração e isso requer que eu sinta as coisas que estudo. Eu tenho que sentir e formá-las internamente, não basta para mim imaginá-las como um modelo básico, eu tenho que sentir o mundo inteiro que elas descrevem para mim.

Se este mundo não estiver presente dentro de nós, não vamos entender nada. Portanto, aquele que fica frustrado e irritado por não entender, é realmente uma boa alma. No entanto, ninguém vai entender esse material até se “atualizar”, reestruturar seu “programa” interno e, além do software que o executado, é adicionada outra linguagem de programação chamada de “sistema espiritual”.

Então, tudo vai ficar bem. Conforme o nosso progresso espiritual interno, nós vamos perceber o que está escrito neste livro, porque ele vai falar sobre nós mesmos, nossas sensações, os sentimentos vívidos mais íntimos e os estados que nós passamos. Há mais revelação, sensação mais forte, profundo entendimento, percepção e conexão com o universo e com outras pessoas que leem TES quando começamos a revelar Kelim, vasos, ferramentas, que surgem em nós.

Então, por favor, continue se incomodando, não com o TES, mas consigo mesmo. Afinal, se você está com raiva, isso significa que você já chegou a uma fase em que é capaz de reorganizar-se, a fim de “acomodar” este material; isso significa que esta estrutura em breve se tornará sua. Você vai sentir essas sensações dentro de si mesmo. Você será capaz de dizer que esses sentimentos particulares são Aba ve Ima, os outros são ZON, outros são pequenos (Katnut) ou grandes (Gadlut) estados, e alguns são a Luz Circundante ou Interna. Tudo existe em você! Não é externo, mas interno, porque o mundo inteiro está dentro de nós. Você vai começar a ver que todo mundo que está ao seu redor está, na verdade, dentro de você e você vai se expandir para todo o universo.

Da Lição Diária de Cabalá 25/08/13, Perguntas e Respostas com o Dr. Laitman